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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (47)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 21/11/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Na edição passada descrevemos a viagem divertida e desastrada da piazada da Rua do Sapo à Barra Velha no começo da década de 70. Naquele tempo as coisas eram muito diferentes de hoje. Algumas eram mais fáceis, outras mais difíceis, como para viajar, por exemplo. Antes, quando não havia asfalto, nem para Joinville, nem para Corupá, uma viagem de ônibus até Joinville levava horas pela rodovia de terra e, quando chovia, era um caos. Muitos veículos encalhavam sendo necessário ser puxados por tratores ou parelhas de cavalos e isso levava uma boa fatia do dia. Dependendo da quantidade de chuva muitos trechos ficavam totalmente intransitáveis não sendo possível viajar nesses dias.

CAMINHÕES ENCALHADOS NA ANTIGA ESTRADA DONA FRANCISCA, ENTRE SÃO BENTO DO SUL E JOINVILLE. Imagine-se preso na lama no meio do mato e faça os cálculos!
UMA VIAGEM DE IDA E VOLTA DE CARROÇÃO ATÉ JOINVILLE DEMORAVA UM MÊS. Pessoa doente em estado grave, sendo levada à Joinville, morria na viagem. Hoje, tudo é bem mais fácil: rodovias asfaltadas, terceira faixa facilitando a movimentação dos veículos leves, BR 101 duplicada, postos de combustíveis à beira da estrada, etc. Para mostrar as dificuldades daquela época (1956), iniciamos na semana passada uma matéria sobre funcionários do Grêmio da Móveis Cimo de Curitiba que planejavam há muito tempo conhecer o Rio de Janeiro. Hoje estenderemos um pouco mais o texto referente à matéria.
CONSTRUÇÃO DA IMPERIAL ESTRADA DONA FRANCISCA. Imagine o esforço e sofrimento dos nossos antepassados para abrir uma estrada. A maioria dos trabalhos pesados era executada a muque. Os trabalhadores deviam ser fortes. Dormiam no mato, enfrentavam chuva, calor e frio, mosquitos e até feras perigosas além de serpentes peçonhentas, longe da família por longo tempo, às vezes sem comida suficiente, doenças e tantas outras dificuldades que as pessoas do mundo de hoje nem imaginam. Os avanços e as facilidades, dos quais hoje usufruímos, é dívida nossa àqueles heróis incansáveis e determinados. 
RIO NEGRINHO ERA ASSIM. Nesta foto, de Rio Negrinho nos primórdios, podemos identificar o antigo prédio da Intendência que mais tarde virou Prefeitura onde hoje é a Praça do Avião, e um amontoado de casas. Nota: as fotos 1, 2, 3 e 4 foram extraídas do livro História de Rio Negrinho, do Dr. José Kormann.
EXCURSÃO AO RIO DE JANEIRO. O início do texto diz: “O Grêmio Móveis Cimo de Curitiba levou no mês de Setembro seus associados ao Rio de Janeiro, concretizando assim, um velho e acalentado sonho, da Diretoria em exercício. A idéia desse magnífico passeio começou a despontar há muito tempo e foi se assoberbando aos olhos de todos, mesmo diante da indiferença dos mais céticos que julgavam um sonho grande demais para se tornar realidade. Mas, eis que em fins de Agosto um movimento diferente principiou a empolgar os “gremistas” e uma agitação nova sentiu-se no ar, como feliz expectativa de grandes projetos, em vias de transformarem-se em esplêndida realidade. De fato, os primeiros passos concretos estavam sendo dados, os primeiros entendimentos estavam sendo levados a efeito, em vista da época oportuna que se oferecia em princípios de Setembro. Depois de demoradas conversações com as diferentes empresas de transporte aéreo, ficou decidido optar pela Real-Aerovias e assim foi fixada a partida para o dia 3 de Setembro, às 15 horas. As vinte pessoas que compunham o grupo embarcaram no Aeroporto Afonso Pena, num sábado frio e nebuloso, que contrastava com o calor e entusiasmo que transparecia no semblante de cada um. A viagem transcorreu calma e às 18:30hs um rendilhado de luzes se descortinava aos atônitos olhos dos excursionistas e as emoções se sucediam a cada passo, enquanto Guanabara fugia rápida e a aterrissagem se procedia...”. Percebe-se, no texto, a ansiedade e a inquietação do grupo de viajantes durante o desenrolar do processo na tentativa de conseguir realizar o sonho maravilhoso, tal era a dificuldade para conseguir tal intento! 
TURMA DA SAPOLÂNDIA NA PRAIA DE BARRA VELHA EM 1971.  Neste local, ainda hoje há barcos de pescadores. Pois bem, voltemos à Barra Velha, em 1971 (veja a foto), quando nosso querido trapalhão Juvelino transformou uma de suas peripécias em tragédia que quase lhe foi fatal, por causa de um pequeno descuido.
JUVELINO SENDO SUGADO PELA FURIOSA ONDA. As ondas batiam com força na pedra. O mar recuava, e quando voltava a onda da frente, empurrada pelas que vinham atrás, produzia essa explosão de água que vemos na foto. Juvelino, depois de ter recebido dentaduras novas (as velhas ele perdeu nas ondas da praia), mudou de idéia e resolveu voltar mais uma vez para a praia. Estávamos apreciando a fúria das ondas nas pedras, Juvelino encheu-se de coragem e pediu que o fotografassem em cima da pedra (a da fotografia) quando uma onda explodisse. Assim ele apareceria na foto em frente ao turbilhão de água. Na verdade, se tudo desse certo, a fotografia ficaria espetacular! Nosso herói postou-se de pé em cima da rocha lisa esperando uma grande onda. Lá veio uma, bem grande, e quando ela explodiu a fotografia foi clicada, mas o inesperado aconteceu: Juvelino foi engolido por ela e desapareceu atrás da pedra. Em questão de segundo o repuxo do mar o levou sem que ninguém pudesse ajudá-lo, pois tudo aconteceu num piscar de olhos! A violência da água, no vai e vem, o jogava contra as pedras, prensando-o e produzindo muitos ferimentos graves. Agoniados, pensamos que tivesse morrido! Na fotografia original, Juvelino não aparece, pois já havia sido levado para o mar, mas fizemos uma montagem com a fotografia verdadeira para que se possa ver o que aconteceu. Todos os que sabiam nadar correram até o local do acidente, fizeram uma corrente, os de trás seguravam os pés dos da frente e, com muito cuidado e esforço, o resgataram todo cortado da cabeça aos pés, sangrando muito. Puxa! O cara foi tão sortudo que não quebrou nem um osso do corpo! Talvez, se não fosse imediatamente socorrido, não sairia vivo dali! Imediatamente foi levado ao hospital onde passou por uma série de cuidados e, teve que ser parcialmente anestesiado para limpar as feridas e para que os curativos fossem aplicados, levou uns trinta pontos pelo corpo. O coitado saiu do hospital mais enfaixado que múmia do Egito! Teve que ficar de molho mais de mês em casa e tomar um caminhão de remédios até sarar! Mais tarde, perguntamos-lhe como, no incidente, não perdeu as dentaduras no agito do mar e ele nos garantiu que desta vez apertou bem os lábios para que as dentaduras não lhes escapassem. Essa é demais! Até parece que estava mais preocupado com a prótese dentária do que com a própria vida! 

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Depois de muitos anos passados após o fatídico passeio, conversando com Juvelino, percebi que ele não guardou nenhum trauma do trágico acidente no qual quase perdeu a vida, e até acha graça de quando pensou que o mar era uma grande enchente, de quando montou guarda das suas lingüiças, de quando ficou entalado na cerca de ripas e de quando perdeu as dentaduras, o boné e os óculos nas ondas da praia, mas guardou as boas lembranças dos amigos e dos dias que passou com eles. Assim deveríamos ser, como Juvelino: viver de boas coisas e superar todo mal que nos aflige, sempre olhando para o futuro! 
Por hoje é só! Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

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