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sábado, 21 de fevereiro de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (39)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 26/09/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.

CAUSOS E BARBARIDADES!

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Há muitas formas de contar a história de um povo. Uma das mais importantes e esquecidas é justamente através dos causos. E, olha que Rio Negrinho tem muitas histórias para contar! Uma coleção de causos não é um livro de histórias em linhas, presas em um único fio de tempo e, geralmente, mostrando apenas uma versão dos fatos como se fosse um monólogo. São fragmentos colhidos aqui e ali sem preocupação com a linearidade, o tempo e o espaço. Dispor-se a fazer uma coleção de causos é construir uma colcha de retalhos onde as histórias são vistas no mesmo espaço e no mesmo tempo. Neste jornal, já temos contado muitos causos acontecidos em Rio Negrinho, como a Batalha da Rua do Sapo, Fúria no Buraco Quente, Égua fujona, A Bicicleta Esquecida e tantos outros. Hoje, aproveitando o assunto “bandas e conjuntos musicais”, contaremos alguns causos relacionados ao primeiro conjunto de guitarra fundado em nosso município: Os Temíveis.

OS TEMÍVEIS. Era 1967. O primeiro conjunto musical de guitarras de Rio Negrinho foi inicialmente constituído pelos quatro rapazes que aparecem na foto e eram considerados “os cabeludos”, mas que nada tinham de cabeludos, nem mesmo os cabelos: Marinho, Celso, Vergílio (in memórian) e Juarez.
OS TEMÍVEIS. Com o passar do tempo fez-se necessário a inclusão de um cantor e para tal foi escolhido Célio Dums (in memórian), na foto, o último da direita. Também, completou o conjunto um bom baterista que não aparece na foto. Os Temíveis atuaram nos meios musicais por longo tempo, abrilhantando eventos, bailes e festas. Este conjunto tem muitas histórias para contar. Vejamos algumas delas ilustradas pelos desenhos de Celso Carvalho. 
História nº2. FOGO NA RÁDIO. Numa apresentação dos Temíveis na Rádio Rio Negrinho, a aparelhagem do conjunto foi plugada numa só entrada eletrônica da mesa sonoplasta, criando sobrecarga elétrica à mesma. Naquele tempo a mesa de som da Rádio funcionava com válvulas, aquele tubos de vidro que mais tarde foram substituídos pelos transistores, depois pelos circuitos integrados e, hoje, pelos chips eletrônicos. Na metade do programa o sonoplasta, no meio de uma fumaceira que mais parecia o caldeirão do inferno, acenava desesperadamente tentando avisar que a mesa sonora entrara em pane porque não suportara a sobrecarga dos aparelhos dos Temíveis. Foi um curto-circuito sem tamanho que tirou a Rádio do ar por uma semana inteira até que tudo fosse consertado. O desenho ilustra o momento do incidente quando os Temíveis se apresentavam na sala de locução, separada da sala de operação de som por uma janela de vidro.
FUGA ESTRATÉGICA. No momento do incidente os Temíveis recolheram seus aparelhos e sumiram do mapa até que a poeira baixasse. Ninguém os viu em lugar nenhum por mais de uma semana. Mais tarde, já com o trem na linha de novo, voltaram a tocar suas músicas nos programas radiofônicos. Só mesmo os Temíveis para tirar uma rádio do ar por uma semana!  
História nº3. SAPATEADO SELVAGEM. Vergílio acabara de chegar em casa com seu violão em baixo do braço quando seu pai arrebatou-lhe o instrumento e dizendo estar cheio dessa história de cabeludos dançou um rock em cima do violão que virou cacos em instantes. Nem as dançarinas do Faustão dançam tão bem como um velhote enfurecido! A única peça que sobrou inteira foi o braço e com ele o conjunto fez uma guitarra de madeira. E não vai que deu certo? Viu como dá para transformar cacos e jóia? Hoje, guitarra está exposta num museu em Joinville.
História nº4. AÍ, BARBUDOOO! (TROMBADA DE BICICLETAS). Era o ano de 1970, numa quinta-feira à noite na rua José Zipperer Neto. Naquela rua, bem na baixada, ainda hoje há um buraco no lado da via férrea (veja foto) e outro buraco no outro lado da rua. Por baixo da rua há tubos por onde passam as águas vindas da Rua Jorge Lacerda (Rua do Sapo) e que escoam no rio Negrinho. A foto foi clicada durante o dia para que o leitor reconheça com facilidade o lugar exato da história que lhes será contada! Era noite escura, sem lua. De um lado, sentido Ceramarte-Centro, descia um ciclista em alta velocidade, sem farol na bicicleta (ciclista A). Do outro lado, sentido Centro-Ceramarte, também descia outro ciclista em alta velocidade, mas com o farol da bicicleta aceso (ciclista B). Acontece que o ciclista A, pilotava no escuro e na contra-mão e parece que não percebeu a bicicleta do ciclista B, com farol aceso, vindo na sua direção e este, ciclista B, também não! Aí não deu outra. Não houve tempo prá mais nada! Pimba! Crásss! Catapimba! Bem de frente! Lá se foi o ciclista B, o do farol, prá valeta com bicicleta e tudo! O ciclista A, que caiu no meio da rua, mais que depressa embarcou no seu veículo, acionou o motorzinho tocado a feijão e procurou arredar a carcaça do local do crime. O outro, também rapidamente, levantou-se com a cara cheia de barro, aliás, com o corpo inteiro cheio de barro, arrastou prá cima o que restou da sua magrela e, ainda meio tonto, sem saber exatamente o que tinha acontecido, percebeu seu oponente se afastando, arranjou forças para gritar um desaforo para seu colega de trombada, só, que nervoso e confuso, em vez de gritar “Aí, Barbeirooo!”, “gritou: Aí, Barbudoooo!” Sabe que até tem lógica, porque barbudo e barbeiro sempre se encontram, não acha? O fato mais fantástico e que só foi percebido mais tarde, em casa, foi que na confusão as bicicletas foram trocadas – A levou a bicicleta B e B levou a bicicleta A. E pior: nenhum dos dois fez questão de destrocá-las, talvez por medo ou porque um não sabia quem era o outro! Nota: O desenho ilustrativo na foto obviamente está um pouco exagerado, com o intuito de fazer graça, pois a bicicleta não ficou assim tão destruída! 

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Histórias reavivam lembranças que, por sua vez, modificam comportamentos. Cada causo reporta a épocas distantes e pode dar novos significados e, também, influenciar significativamente a vida de quem recorda. Os causos transportam pessoas aos tempos que não voltam mais e que agora são pura saudade. Fazem pensar como as comunidades se formaram e refletir como tudo tem se transformado ou para melhor ou para pior, por exemplo, as estradas de terra cederam espaço para estradas asfaltadas, cercas de ripas de madeira foram substituídas por elegantes muros de ferro, alumínio ou alvenaria, etc. 
Por hoje é só! Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

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