Nota do Blog: Com muita satisfação, damos continuidade a publicação da série “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho. O presente texto foi escrito durante o período da grande enchente, ocorrida entre 07 e 14 de junho de 2014, e publicado em 27 de junho do ano passado. Num primeiro momento poderíamos achar um despropósito a presente publicação, mas, a lembrança destes momentos difíceis sofridos por nossa comunidade, reaviva a cobrança necessária perante as autoridades competentes para a busca de uma solução desta grave e periódica catástrofe.
ENCHENTE: RETRATOS DA DESTRUIÇÃO!
CONSIDERAÇÕES INICIAIS. A natureza fez um desmanche! As águas
baixaram e a destruição apareceu maior do que se esperava. Casas, móveis,
eletrodomésticos, eletrônicos, livros, fotografias e outras lembranças e quase
tudo o que ficou debaixo da água perdeu-se. O desastre foi tão rápido que pegou
a maioria das pessoas de surpresa. Ninguém esperava que de repente sua casa
desaparecesse na lama. Até carros e caminhões entraram na contabilidade das
perdas e danos. Foi como se um grande e poderoso furacão tivesse passado
arrasando tudo. No sábado, dia 6 de Junho, as chuvas caíam torrencialmente, sem
parar, dia e noite. No domingo, dia 8, já não havia mais o que fazer! Foi
assim: primeiro a fúria inclemente desabou sobre nossas cabeças, ou melhor,
sobre nossas casas. Em seguida, a chuva parou e deparamos com paisagens
diferentes refletidas sobre as águas, algumas de rara beleza. O espelho d’água
convidava a tristes reflexões. Parecia tudo tão calmo, silencioso, sossegado,
mas melancólico! Depois, as águas baixaram e os cenários de guerra acirraram os
ânimos de todas as maneiras: terror, raiva, desespero, dó, pressa, lamúria,
susto, espanto, solidariedade, esperança, desânimo, medo, incertezas e todo
tipo de emoções e sentimentos que aparecem nas pessoas que se vêem envolvidas
direta ou indiretamente numa situação catastrófica. O pior é que o “inimigo”- a fúria da natureza - é muito forte e
imprevisível, contra o qual o ser humano é impotente e pequeno e quase nada
pode fazer para defender-se dele. A inteligência dá ao ser humano condições de
defesa até certo ponto como, por exemplo, construir em lugares mais altos,
inventar aparelhos que antecipadamente detectem intempéries danosas – os quais
se temos estão inoperantes -, construir estradas e pontes mais elevadas acima
do nível das enchentes, ação rápida de embarcações e caminhões no transporte
dos pertences dos flagelados, construir um anel viário que ligue os bairros e
outras providências. Disso tudo isso ainda não lançou-se mão na prática. E,
ainda não inventaram nada que faça a chuva parar. Assim fomos vítimas, mais uma
vez, e não vai ser a última, de uma “bomba” que caiu pesadamente sobre nossa
cidade causando o que veremos a seguir. Hoje mostraremos alguns desabamentos
entre tantos outros. Na próxima edição colocaremos em pauta infortúnios e
perdas totais.
ALGUMAS
CONSTRUÇÕES QUE DESABARAM. Além destas há muitas outras.
MURO DO ANTIGO HOSPITAL, SITUADO NO CENTRO. |
CASA NA RUA CARLOS WEBER, SITUADA NO CENTRO. |
PARTE DE CONSTRUÇÃO AO LADO DA PONTE NO CENTRO. |
CASA NA ESQUINA DAS
RUAS JOSÉ ZIPPERER NETO COM
A TEODORO MARTINS DE OLIVEIRA, AO LADO DOS
CONSULTÓRIOS DE CARDIOLOGIA E ODONTOLOGIA.
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CASA
NA RUA JULIA HLAWATSCH, BAIRRO BELA VISTA, PRÓXIMO AO VIADUTO SOBRE A VIA FÉRREA. |
CASA NA RUA JULIA HLAWATSCH, BAIRRO BELA VISTA, PRÓXIMO AO VIADUTO SOBRE A VIA FÉRREA. |
CASA
AO LADO DA SEDE DO JORNAL DO POVO NA RUA OTTO DETTMER, BAIRRO BELA VISTA. |
LOJA DE EMBALAGENS NA
RUA ROBERTO MARTIN,
PRÓXIMO À PONTE DO GIBACO.
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CASA
NA RUA 13 DE DEZEMBRO, BAIRRO VILA NOVA, PRÓXIMO AO POSTO NACEO. |
CASAS NA RUA 13 DE
DEZEMBRO, BAIRRO VILA NOVA.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS. É com “nó no
coração” que dedilhamos no teclado do computador estas considerações finais.
Diante de tanta desgraça, quem esteve fora das águas da enchente, o máximo que
pode sentir é uma tremenda pena dos flagelados e lhe fica mais fácil
administrar tais sentimentos e, talvez, até ajudar naquilo que for possível.
Mas, fica muito difícil entender o que se passa no coração de quem bebeu desse
amargo cálice e que perdeu tudo o que tinha em poucas horas. Esse foi envolvido
numa violenta desarmonia entre ele e o mundo que o cerca. Quem não teve seus
bens atingidos, por mais que se esforce, não tem condição de entender a fundo a
dor da pancada que a natureza desferiu impiedosamente em muitos dos nossos
irmãos flagelados. Nem de longe se pode imaginar quão pesada ficou uma simples
cadeira que o desventurado carregava até o monte de lixo lá fora à beira da
rua. Cada ida e vinda de casa até o lixo transformou-se num penoso calvário. Conhecemos
muita gente que não mais voltou para casa por falta de absolutas condições e
que vai gastar parte do seu salário no aluguel de outra casa e que não tem
mínimas condições de reformar ou reconstruir sua residência destruída. E agora?
Como fica? Só Deus sabe e o tempo vai responder! Com fervorosas orações por
quem sofre encerramos este comentário. Por hoje é só! Um abraço de Celso e
outro de Mariana! Confie e fique com Mamãe e Papai do Céu!
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