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domingo, 29 de julho de 2018

GENTE NOSSA: JASCHIN


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando ELADIO PEYERL, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 147, pág. 10, em 08 de março de 1996. Neste texto da coluna GENTE NOSSA, foi inadvertidamente utilizado o nome do grande goleiro russo Yashin como Jaschin, considerado pelos meios desportivos o melhor de todos os tempos em sua posição.


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Enfocamos nesta semana a figura de um dos grandes desportistas rio-negrinhenses, Eladio Peyerl. Sua vida profissional confunde-nos com a história da Comercial Miner, onde completou recentemente 40 anos de atividades, somente nesta empresa. Casado com a incansável Maria Bernadete Gonçalves, pai de Débora e Diane.

Eladio Peyerl (Imagem extraída de Rede Social)

LEITE – Nascido em Rio Negrinho à 06 de novembro de 1942, filho de Luiz e Anita Peyerl, de família que labutava com dificuldades, Eládio, já desde pequeno já colaborava nos afazeres e a sua principal função diária era a entrega do leite em garrafa, de uma pequena criação de vacas. Nestes tempos era a única forma de adquirir o leite, cabendo o produtor ainda a fazer a entrega ao consumidor, sendo quase inconcebível o leite empacotado pelo sistema atual. Apesar do pequeno lucro, a venda do leite, ajudava na renda doméstica, que de outra parte vinha do emprego do pai, junto ao açougue de Willy Beckert.


Família de Eládio Peyerl, a partir da esq. Diane Mari, Débora, Luiz Dornel Nossol Jr., Amanda Cristina Schoeffel, Eládio e Maria Bernadete  (Imagem extraída de Rede Social)


Eládio fez seus únicos estudos no curso primário no Educandário Santa Terezinha, situado nos primeiros anos ainda no prédio localizado no local do atual Banco do Brasil e posteriormente no atual prédio do Colégio São José.

40 ANOS – Quando termina o curso primário, convidado por Ernani Froehner, começa a trabalhar com 14 anos, no então Escritório Miner (hoje Comercial Miner), em 20 de fevereiro de 1956. O seu único calçado, uma chuteira, que utiliza no seu primeiro dia de trabalho, obrigando-se a ir até a loja do “Tongui”, para retirar as travas, pois era impossível andar sem escorregar.

O Escritório Miner, fundado em 1952, pelas mãos de Milton Zipperer e Alvaro Spitzner, tinha como atividades – escritório de contabilidade, venda em consignação de eletrodomésticos, seguros e vendas de armas e munições.


Duas empresas co-irmãs: Minersol Supermercados e Comercial Miner (Imagem do autor do Blog)

Ao final da década de 50, a vida na cidade era morosa, permitia até que as atividades fossem paralisadas em meio do expediente, para uma pescaria fortuita, deixando uma placa aos possíveis clientes, que no “caso de necessidade os procurassem no rio, que estavam pescando”.

Com o tempo começam as mudanças. Em 1960, já como Comercial Miner, inspirado em centros comerciais maiores, Milton Zipperer traz uma idéia inovadora para a cidade, implantar um supermercado. Ora a nível de Santa Catarina, praticamente não havia este sistema de vendas. Imaginemos, a população acostumada pelo sistema tradicional, onde o comerciante atrás de um balcão atendia o freguês, pesando as mercadorias e cobrando somente no final do mês pelas famosas cadernetas e de repente, o balcão é eliminado, o cliente é obrigado a servir-se e no mesmo ato pagar.

 Era uma mudança brusca, que demorou algum tempo a absorver-se. Os fregueses muitas vezes eram “puxados” para experimentar esse novo modismo. Outro problema apresentava-se, como por exemplo, os produtos vendidos das indústrias para o comércio eram fornecidos a granel, como feijão, arroz, açúcar, trigo, banha, mel, querosene etc., obrigando o comerciante a empacotar e envasilhar em medidas menores para servir o consumidor final. A pouca moeda circulante era outra agravante, pois em Rio Negrinho girava praticamente em torno da Móveis Cimo e outras pequenas empresas, com pouco dinheiro circulando. A saída encontrada foi adotar a sistemática de vales das empresas ou fichas, com cobrança apenas nos finais dos meses.

Para as entregas das mercadorias foram adquiridas duas motocicletas, que foi adaptado engates para tração de gaiotas e os eletrodomésticos entregues por uma camionete F-100 alugada do “Zépi” Zipperer. Aos poucos a Miner foi se firmando e expandindo-se com filiais em Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e Rio Negrinho, conquistando uma cativa clientela. Nos bons tempos de baixa inflação, os eletrodomésticos eram possíveis financiar em até 36 meses.


Caminhão de entrega de mercadorias da Comercial Miner (Imagem do acervo de Salete e Ana C. Koehler)

A vida de Eládio, confunde-se com a história da empresa, pois mesmo aposentado desde 1987, continua as suas atividades normais, completando 40 anos, num mesmo emprego, lembrado com uma festa surpresa e placa comemorativa, oferecida pelos empregados e pela firma. Afirma que permaneceu nestes anos na empresa pelo bom ambiente e condições de trabalho, considerando a Miner a sua segunda família.


Manchete dos 60 anos de serviços na capa do Jornal Perfil em 07/03/2016 (Imagem extraída de Rede Social)

JASCHIN – Com 54 anos, Eládio ainda bate a sua bola, com a “turma do Seminário”, aliás podemos considera-lo um "fome de bola". Começa a jogar futebol ainda menino, no estádio antigo do Ipiranga, situado ao final da rua Willy Jung, atuando em qualquer posição, com exceção de goleiro, proibido pelo pai.


Dois atletas do Ipiranga, Alfredo Schiessl (Fredi) e Vitor Buchmann (dir.) (Imagem do acervo de Eládio Peyerl)


Time do Ipiranga, a partir da esq. (agachados): Deque, Raul, Vitor, Pedro Alves e Enio; (em pé): José Flores de Souza (Zé Polícia), Antonio, Orides, Valmor, Luiz, Vino, Zé Szabunia e Eládio (Imagem do acervo de Eládio Peyerl)

Num determinado jogo, Niki goleiro titular do Ipiranga não aparece e Eládio é convocado para goleiro, não sem antes de ter a permissão paterna para aquela partida, que de fato não aconteceu, ficando até hoje nesta posição. Graças a esta posição de goleiro que ganhou destaque participando em 1963, junto com Vitor Buchmann e José Cavalheiro Filho (Jéca) do Campeonato Catarinense de profissionais, pelo PERI de Mafra.

Lembra com nostalgia dos tempos que os jogadores atuavam pelo amor à camisa do clube, comprando as próprias chuteiras. Neste tempo não havia pagamento de “bicho” ou outra mordomia, exigida por alguns atletas atualmente. Pela Sociedade Esportiva Ipiranga foi campeão em 1960, 1966 e 1970/71.


Eládio Peyerl, ao lado do troféu do tri-campeonato conquistado pelo Ipiranga da Copa Miner, no início da década de 1970 (Imagem do acervo de Eládio Peyerl)

Tem passagens também no voleibol, basquete e grandes atuações como goleiro no futebol de salão. Incontestavelmente foi um dos melhores goleiros que passaram por nossa cidade, apelidado em determinada época de “Jaschin”, como exemplo do grande goleiro russo. Pelo excelente caráter, dedicação e companheirismo, merece o destaque de GENTE NOSSA.


Time de futebol de salão na cancha de cimento no Seminário São José, vendo-se a partir da esq. (agachados): Ivo Linzmeyer (Ratinho), Raul Zipperer e Vitor Buchmann; (em pé): Pedro Cavalheiro (Pepe), Eládio Peyerl e Valmor Bublitz; nos meados década de 1970 (Imagem do acervo de Eládio Peyerl)


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Nota complementar do Blog:

* A inauguração do supermercado em Rio Negrinho, foi um dos primeiros em Santa Catarina em auto atendimento, ideia trazida por Milton Zipperer de suas viagens a Alemanha;

Entrega da entrega da placa comemorativa por Sergio Zipperer - diretor da Comercial Miner  - a Eladio Peyerl pelos 61 anos de serviços prestados (Imagem extraída do Jornal Perfil - 07/11/2017)

** Eládio Peyerl trabalhou na Comercial Miner até 04 de abril de 2017, completando 61 anos nesta empresa; em 06/11/2017 a Comercial Miner prestou homenagem, entregando uma placa pelos 61 anos de serviços prestados;

*** A sociedade entre Milton Zipperer e Alvaro Spitzner perdurou até 1989, quando os sócios Milton e Sergio Zipperer ficaram com a Comercial Miner e Alvaro Spitzner e Valcir Etelvino ficaram com o supermercado, sob a denominação de Minersol Supermercado;

**** Em 1996 a agencia do Banco do Brasil de Rio Negrinho estava localizada à rua Luiz Scholz.