Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 29/08/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.
UM
POEMA PARA RIO NEGRINHO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS. (Texto
de Celso). Há cem anos atrás Rio Negrinho era uma pequena vila, como mostra a
primeira fotografia desta edição. Hoje, Rio Negrinho está alinhavado com traços
de cidade evoluída, como mostra a segunda fotografia, muito diferente de quando
uma floresta densa, onde as copas verde-escuro dos extensos pinheirais se
entrelaçavam num abraço da natureza intacta.
Aqui viviam os índios Xokleng
junto a animais selvagens e bandos variados e multicores de papagaios tagarelas
e de gralhas azuis. Viviam em paz consigo mesmo e com seu habitat protegidos
pelas asas verdes da mãe natureza que acalentava seus filhinhos.
Mas um dia,
por volta de 1880 ou um pouco antes, o homem civilizado sentiu ao longe, o
cheiro silvestre das riquezas que encobriam todo Planalto Norte Catarinense.
Rio Negrinho ainda lembra, quando há cem anos trás, os homens altos e magros da
Estrada de Ferro, armados de serras, machados, guindastes e até de locomóveis,
penetraram nestas terras derrubando impiedosamente as colunas altas e verdes.
Aquele estrondo soturno e estrepitoso que enchia os ares e as matas foi
presenciado pela pacata selva virgem e por seus habitantes atônitos diante de
fato tão estranho. Eram copas verdejantes sendo espedaçadas, galhos robustos
rompidos, troncos rijos de grandes araucárias tombados, imbuias e cedros
cortados ao meio.
Este rincão foi riscado ao meio, de ponta a ponta, por linhas
de ferro frias e indiferentes, mas depois as pessoas se encantaram com a grande
serpente de rodas de ferro que ronronava sobre trilhos, soltava baforadas pelo
grande nariz em cima da cabeça e desenhava um sinuoso e sobrepujante rastro
aéreo acinzentado por entre as barrancas e por entre o rasgo na extraordinária
floresta enquanto entoava a belíssima, melodiosa e característica canção, muito
parecida com uma doce saudade, aquele “piuuiii” que soava afetuosamente nos seus
ouvidos e nos seus corações.
Lá e cá picadas foram abertas pelas tropas que vinham,
passavam e seguiam adiante seus caminhos. Índios foram afugentados e massacrados
pelos tacapes dos brancos que trovejavam e cuspiam fogo.
No entanto, muitos forasteiros
se enamoraram destas belas paisagens e aqui se aquerenciaram produzindo uma tão
numerosa família qual novo Abraão. Assim, nas margens frescas do pequeno rio,
um ponto branco, pintado pelo casario e pelas pilhas de madeira extraídas da
exuberante floresta, foi se formando e crescendo como um pulmão sadio, enchido
do ar puro da manhã campesina.
Breve, a clareira aberta na encosta do rio, com
a face voltada para o sol nascente, transformou-se em pequena vila que foi
batizada com o nome do mesmo principal rio que a cortava.
Então, a vila deixou
de ser selva cerrada e rio cristalino para se tornar Rio Negrinho-cidade, agora
já sem boa parte da sua verde pele, mas alegre e feliz, qual criança, porque
foi criada pela fé firme e pela perseverança dos destemidos e resolutos
desbravadores.
ESQUINA DA RUA JORGE ZIPPERER COM A RUA CARLOS WEBER - 2014. O mesmo lugar da foto anterior 70 anos depois. Fica evidente a grande evolução desencadeada neste período (1944-2014). |
CONSIDERAÇÕES
FINAIS. (Texto de Mariana). O que hoje apresentamos são alguns
momentos desse lindo e aprazível pedaço de céu, de cujo solo fecundo brotam as
sementes plantadas pelas mãos calejadas dos que trabalharam e trabalham na
lavoura e de cuja mãos hábeis dos labutadores saem as novas conquistas. Terra
de berços ilustres, onde nasceram homens de têmpera de aço e fibra gigantesca.
Assim é Rio Negrinho, doçura que fica no alto das montanhas da Serra do Mar e
que tem o condão de conquistar o coração de quem venha a conhecê-lo!
Por hoje é
só! Obrigado! Um abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do
Céu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário