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quinta-feira, 15 de maio de 2014

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO ! (15)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. O PRESENTE É CONSEQUÊNCIA DO PASSADO. Se hoje temos ruas pavimentadas é porque foram feitos projetos baseados nas necessidades que apareceram com o passar do tempo. Por exemplo: antes, pelas ruas da cidade circulavam as carroças que levavam pessoas para passear; levavam mercadorias para diversos endereços; traziam os produtos dos colonos da roça para a cidade – a primeira foto mostra isso – levavam doentes para os hospitais de Joinville ou para outras cidades em viagens que, de ida e volta, demoravam semanas; enfim os cavalos e carroças andavam nas estradas de chão que, quando chovia, tornavam-se praticamente intransitáveis fazendo com que as viagens se transformassem em verdadeiros e amargos padecimentos. Quantas vidas poderiam ser salvas se houvesse maior facilidade de locomoção! Depois apareceram os caminhões, os automóveis e as motocicletas que, nas estradas ruins, encalhavam e os transtornos causavam novos padecimentos. Viu-se, então, a necessidade de pavimentá-las de modo que os atoladores não mais causassem problemas. Tudo evoluiu à medida da necessidade. Tudo modernizou-se, tudo tornou-se mais fácil, muito mais fácil. Hoje temos rodovias asfaltadas ligando Rio Negrinho com todas as cidades vizinhas – menos a SC 422 - e estas, também, são ligadas por asfalto com outras cidades de modo que, por exemplo, podemos rodar de Rio Negrinho até Belém do Pará somente por asfalto. Assim, as coisas evoluíram em todas as outras esferas do convívio humano.  As três primeiras fotos mostram a confluência da Rua Jorge Zípperer com a rua Carlos Weber em três épocas diferentes. A primeira foto – das carroças - foi tirada entre 1937 e 1943, aproximadamente; a segunda é de 1944 – enterro de Jorge Zípperer - e a terceira é atual.
CONGESTIONAMENTO DE CARROÇAS –DEPOIS DE 1937 E ANTES DE 1944. Na esquerda, no alto, já existia o Grupo Escolar “Professora Marta Tavares” que foi instalado em Setembro de 1933. Também já havia o casarão da esquina, construído em 1937, onde hoje funciona a Ótica Visual. Este fato nos leva à certeza que esta foto foi clicada entre o final de 1937 e antes de 31 de Janeiro de 1944 que é a data do enterro do Sr. Jorge Zípperer que a segunda foto mostra. Este lugar é a confluência da atual rua Jorge Zípperer com a rua Carlos Weber. Naquele tempo, provavelmente no final da década de 30, a rua Jorge Zípperer não tinha este nome por que o homem que emprestou seu nome à rua ainda era vivo. A cena das carroças repete-se hoje, mas com automóveis que entopem a referida via causando engarrafamentos modernos. No entanto, aquele acúmulo de carroças só acontecia nos finais de semana, nas sextas-feiras ou nos sábados de manhã, quando os agricultores vinham para a cidade para vender seus produtos da roça como, milho, feijão, aipim, batata, leite, manteiga, queijo, carne, etc. Porque a maioria do comércio concentrava-se no centro da cidade, era ali que as carroças estacionavam. Dá para imaginar o cheiro que ficava impregnado nas ruas causado pelos cocôs dos animais que puxavam as carroças. E, depois, o trabalhão que dava para limpar a rua que, provavelmente, era trabalho da prefeitura! Hoje vamos muito além disso: o cheiro exalado pelos canos de escape dos carros movidos à óleo diesel é prá lá de ruim – uma poluição do capeta! - e, juntamente com os gases que escapam dos motores de combustão à gasolina, faz muito mais mal que os cocôs de cavalos. Presenciei muitas cenas engraçadas quando da instalação do primeiro semáforo nesta esquina: ao sinal vermelho as carroças, que ainda circulavam de vez em quando por esta via, tinham que parar. Como a troca era repentina, os condutores não conseguiam frear os cavalos a tempo, então tudo se complicava. Em qualquer dia desses, conto a história de uma dessas situações adornadas pela música “Pára, Pedro” que fazia sucesso em todo o país. Dei tanta risada que até doeu a barriga! Fique imaginando quantas histórias eram contadas quando tantos colonos se encontravam, “batata prá cá, batata prá lá!” E a colonada, quando voltava para casa, levava um montão de histórias e fofocas que dava para a semana inteira e ainda sobrava assunto! Um divertimento dos tempos antigos!
ENTERRO DE JORGE ZÍPPERER (foto extraída do Blog Rio Negrinho no Passado). Este enterro aconteceu no dia 31 de Janeiro de 1944, quando as ruas da cidade foram tomadas por milhares de pessoas - a maioria trabalhava na Indústria de Móveis Cimo, que acompanharam o féretro até sua “ultima morada” aqui neste mundo. Esta triste caminhada aconteceu mais ou menos pelas nove ou dez horas da manhã, basta ver a posição das sombras: o Sol ainda está a leste, posição em que nasce. Naquele tempo os corpos eram transladados numa carroça fúnebre especial para enterros e o pessoal caminhava atrás dela até o cemitério. Você, que é dos tempos modernos, olhe bem para esta cena, quem sabe um parente seu – seu avô ou bisavo – não foi transportado assim! Hoje, as cidades cresceram, o mundo é outro, as pessoas vão para o cemitério acompanhando um enterro dentro de um veículo motorizado. Sabemos que esta segunda foto foi clicada tempos depois da primeira pelos seguintes fatos: A) na primeira foto ainda não existe o poste na curva em frente à praça; B) Na segunda foto há uma casa grande antes e outra depois da casa com telhado inclinada para a rua. C) Veja, na primeira foto, o telhado da segunda casa, ao lado do casarão, está bem mais velho que na primeira. D) Na esquina da praça, na primeira foto, não há tantas árvores como na segunda, sinal que elas cresceram ali, pois naquele tempo não era hábito plantar árvores em lugares assim. ALGUNS DETALHES INTERESSANTES: 1) Em sinal de respeito, no acompanhamento ao féretro, os homens levavam seus chapéus nas mãos, era época em que os pais ensinavam educação para os filhos e estes respeitavam aqueles! Tempo em que os filhos, ao sair ou chegar em casa diziam: “BÊNÇÃO, PAI! E os pais respondiam: DEUS TE ABENÇOE, MEU FILHO! Hoje, esses bonitos costumes quase não mais existem, basta ver a molecada de boné na cabeça dentro das escolas e, pior, alavancada por alguns professores que dizem: - “E o que tem isso? Deixe que eles façam uso da sua liberdade!”Foi mal, né?.. e até nas igrejas, isto quando se aventuram a entrar em uma delas para ver o que está acontecendo lá dentro! 2) Naquele dia do enterro o calor estava forte, pois vê-se muitas pessoas com sombrinhas abertas sobre as cabeças. 3) Todos se vestiam da melhor maneira possível até para um cortejo fúnebre – veja homens de gravata andando sob o calor do mês de Janeiro, no ápice do verão. 4) Era costume, no instantes em que o enterro passava, as portas do comércio e das casas serem fechadas literalmente, não sei se por respeito, por superstição ou por medo do morto. Note que o pessoal do casarão da esquina, aprecia o “desfile” da sacada, mas com as portas fechadas. Eu (Celso), em tempos de criança, presenciei tal fato quando passava féretro na frente da minha casa. Lembro que as histórias de fantasmas e almas penadas rolavam soltas por tudo quanto é canto! Ui, que medo! 5) Os únicos que iam na carroça eram o condutor, o ajudante e, obviamente, o morto. Os outros todos acompanhavam a pé. Ninguém de bicicleta ou com qualquer veículo, mesmo que fosse um rico dono de automóvel.
O MESMO LUGAR EM 2014. As únicas coisas que sobraram foram o casarão da esquina e o poste na curva da praça. Aliás, não é mais o mesmo poste, pois o anterior era “quadrado” e o atual, que está no mesmo lugar, é “redondo”! Sabia que antes tempos a maioria dos postes da cidade era de madeira? É que a madeira abundava nas matas e era o principal produto que alavancava a economia de Rio Negrinho! Olhe a primeira e a terceira foto. Em qual tempo você gostaria de viver? No antigo ou no atual? 
SEMÁFOROS NA ESQUINA DAS RUAS CAPITÃO OSMAR R. DA SILVA E LUIZ SCHOLZ –ESQUINA DO COLÉGIO SÃO JOSÉ.  Na década de 60 já havia dois semáforos, um em cada lado nesta esquina quando a rua ainda era de terra. Mas, ora bolas pipocas! Por quê “cargas d’água” puseram semáforos ali, se quase não passavam carros? Dava para deitar no meio da rua, contar até mil que não aparecia um único “roncador” para atrapalhar a contagem! Pouca gente tinha automóvel! A foto mostra o último pelotão feminino do Colégio São José no final de desfile de Sete de Setembro. 
TIME DO OMERI F.C. EM 18.12.1966. Aqui o OMERI inaugurava seu novo uniforme. Nessa época, gloriosa para o futebol da nossa região, os campos de futebol ficavam lotados de torcedores. As torcidas, não raras vezes, acompanhavam seus times para outras cidades, tal era o gosto pelo futebol. Mais adiante falaremos dos quatro principais clubes de futebol da nossa cidade: Ipiranga, Omeri, Continental e Vila Nova. Tem cada história!!
CONSIDERAÇÕES FINAIS. Uns dizem que o Rio Negrinho antigo era melhor para viver, sem banditismo, sem drogas; povo mais educado, mais tranqüilidade em tudo; nas ruas nem polícia precisava! Podia-se deixar a bicicleta lá fora na rua que no outro dia ela continuava lá no mesmo lugar! Não faltava nem comida e nem dinheiro. Havia emprego de sobra na Móveis Cimo. Tinha teatro, cinema, parques de diversão, circo de vez em quando. Para achar um namorado ou namorada sérios era mais fácil porque os pais cuidavam melhor dos filhos, etc. Outros acham que o Rio Negrinho de hoje é melhor, pois tem TV em casa e não precisa ir ao cinema para assistir a um filme, as estradas são pavimentadas, há farmácias e postos de saúde por toda parte, há comércio de tudo em quase todas as ruas,  há carros e motos fáceis de comprar e a locomoção é bem mais fácil, etc. Pois é! Cada um acha o que pensa! O importante é saber ser feliz e saborear o momento que vive para que a vida se transforme num paraíso, esteja quando e onde estiver! Agradecemos ao Sr. Osmair Bail que nos forneceu algumas fotos e dados sobre Rio Negrinho antigo! Por hoje é só! Um abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

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