Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS. COMO É BOM SER CRIANÇA. Os tempos mudam, tudo evolui para
melhor ou para pior, mas nada fica exatamente como está. Fui professor por
quase quarenta anos e presenciei as enormes mudanças que aconteceram nesse
tempo. Houve transformações radicais. Até uns trinta anos atrás, a maioria das
escolas nem muro tinha ou, se tinha, os portões permaneciam abertos o tempo
todo sem que houvesse nenhuma preocupação com vândalos, de qualquer espécie. As
crianças brincavam livremente nos enormes pátios das escolas. Hoje, os pátios
diminuíram de tamanho, tomados por construções como, novas salas de aula,
quadras cobertas e os muros altos necessários para proteção contra atentados de
toda ordem e, também, para suprir novas necessidades criadas pelo aumento
gradativo da clientela. Além disso, o mundo criou novas ameaças que trazem real
perigo à segurança mesmo dentro de uma escola. Criaram-se leis e costumes,
muitos deles exagerados, que inibem a liberdade infantil. Por exemplo, quase
não se vê mais árvores nos pátios escolares, pois pensa-se que, se alguém subir
na árvore, poderá cair de lá e ferir-se. Lembro muito bem que apenas uma vez,
uma menina caiu de um galho baixo de um pé de pêra que havia no pátio do
Educandário Santa Teresinha e apenas arranhou-se um pouco e mesmo durante todo
o longo período que lecionei em muitas escolas, nunca vi ninguém cair de uma
árvore. Hoje é muito mais perigoso andar nas ruas! E olha que a molecada
brincava adoidada nos barrancos e nas árvores. Que tempo maravilhoso quando se
podia testar nossas habilidades de criança e melhorar a coordenação motora em
todos os sentidos. Observe as duas fotos a seguir, que cliquei, lá pelos anos
oitenta, na Escola Lucinda Maros Pscheidt, no bairro Vista Alegre. A escola nem
muros tinha e as crianças improvisavam pequenos parques de diversões. Com tijolos
e tábuas montavam um precário trampolim onde cada uma ficava numa extremidade
da tábua. Uma delas saltava sobre sua extremidade da tábua e a outra,
impulsionada pela tábua e pelas próprias pernas elevava-se aos ares num
prazeroso, espetacular e fantástico salto. Quando esta caia de volta sobre sua
extremidade o mesmo acontecia com a outra criança da outra extremidade. Isso é
ser criança livre de influências bobas de adultos medrosos mal preparados para
a vida e que impõem suas fraquezas às crianças viçosas que precisam expandir
suas potencialidades físicas, mentais e espirituais!
ESCOLA LUCINDA MAROS PSCHEIDT EM 1980. Já tinha cerca, mas era de tela simples. Hoje é
cercada por muros e vigiada para proteger-se de vandalismos que são comuns
contra as escolas.
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RUA ADOLFO OLSEN EM 2014. Vista de quase do mesmo ângulo da foto anterior. No lugar do
pátio, o ginásio de esportes. A Cruz que era de madeira foi substituída por uma de concreto em 2007.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS. No processo evolutivo sempre há avanços e retrocessos! Pessoas que viveram nos tempos passados, lembram de muitas coisas boas que não permaneceram, como cinema, teatros, parques, bons bailes, natação em rios limpos, viagens de trem com passagens baratinhas. Nos comboios lotados iam passageiros para Mafra, Corupá, Jaraguá, Joinville e São Francisco do Sul em gostosas e saudosas viagens pela Serra do Mar. Obviamente, hoje, o transporte é bem mais rápido, mas menos seguro. Na guerra do trânsito morre muita gente! É o alto preço que se paga pelo progresso! A impressão é que o ser humano não preparou-se devidamente para acompanhar a evolução! Por hoje é só! Muito obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Papai e Mamãe do Céu!
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