Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto e as respectivas fotos de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho (em 2013).
CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Há 60 anos não havia nenhuma estrada
pavimentada na cidade de Rio Negrinho (a primeira via pública a ser pavimentada foi a rua Jorge Zipperer, com paralelepípedos, em 1962). Uma delas, a Rua Jorge Lacerda (conhecida como rua do Sapo)
tinha duas grandes valetas, uma em cada lado, que serviam como esgoto a céu
aberto para o escoamento das águas que vinham dos morros e dos dejetos das
casas que beiravam a via dos dois lados. A valeta do lado direito, no sentido
para o centro, era mais profunda e dentro dela, de vez em quando, caiam bêbados
e até automóveis que passavam por ali. Talvez a visão mais interessante nesta
rua, naqueles tempos, era a passagem das boiadas. A manada de centenas de bois
e vacas tocada pelos boiadeiros a cavalo, ao som dos chicotes e dos berrantes
ocupava completamente as ruas. Se um dia conseguirmos alguma foto do fato a
divulgaremos e, então, veremos uma cena –da boiada na rua- que jamais se
repetirá em nossa cidade. Não
havia água encanada, as moradias eram abastecidas por poços cavados em algum
lugar perto da casa. Veja a seguir, uma das casas, onde mora Francisco Grossel
e sua esposa Isabel Cristina, na Rua do Sapo, ainda conserva o poço bem cuidado
nos fundos do quintal. A água do poço era límpida e abundante, podia ser
alcançada facilmente com um balde nas mãos estendendo o braço para dentro do
poço.
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POÇO EM RESIDÊNCIA NA RUA DO SAPO.
Naquele tempo todas as casas tinham um poço.
Os mais profundos exigiam manivela e corda para que o balde alcançasse a
água. Os poços podiam atingir até 20 metros de profundidade ou mais.
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BURACO QUENTE. Neste lugar, hoje aterrado
e por onde passa a Rua Otília Virmond Olsen, no bairro Cruzeiro, era o então conhecido "Buraco Quente", que foi batizado com este
nome exatamente por causa das constantes confusões e brigas que o tornaram
famoso. Lá, também, atuava uma benzedeira, a Dona Davina, para onde acorria
muita gente que acreditava em benzimento para curar seus males: dores,
encostos, feitiços, etc.
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"BURACO QUENTE" EM 1976. Lá no fundo da
paisagem, no ângulo superior à direita, era o "Buraco Quente" à 37 anos atrás.
Nessa época havia poucas casas por lá. Já tinha passado o tempo do
fervo. Naquela casa em frente com sótão, no lado de lá da rua Jorge Lacerda (na
fotografia), era o bar de Walfrido Carvalho. Note as bicicletas dos
“fregueses” encostadas na parede do bar! As valetas já estavam entubadas.
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NA ESQUINA DA RUA JORGE LACERDA COM A RUA FLORIANO WANTOWSKI, NO LUGAR DESTA CASA, ERA A
ANTIGA TORREFAÇÃO DE CAFÉ. Ao lado da torrefação uma área gramada era
ocupada como campinho de futebol onde a piazada se divertia. E olha, que café mais gostoso era moído ali! Sem mistura nem
produtos alteradores, os grãos puros produziam café de primeira linha prá Rei
tomar! O aroma da moagem podia ser sentido lá do meio da rua e dava uma
vontade danada de tomar café em quem passava por lá!
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O CARTÓRIO DE VAGEMIRO (LÁDIO) JABLONSKI, (o
único da cidade) funcionou por muitos anos na rua Jorge Lacerda, neste lugar em frente àquele poste de luz, no
terreno daquele casarão atual. Tive o "prazer" de quebrar um vidro da janela do
cartório com um “certeiro” pelotaço de cetra (estilingue). É que errei o poste
e, por azar, a janela estava na linha do poste! O pelote (bolinha de barro
amarelo seco) foi parar lá dentro, no colo do Sr. Pedro Jablonski, funcionário
do cartório e irmão do "tio Ladio". Logo depois ele apareceu lá em casa e mostrou o pelote para meu
pai, aí quem ficou com pelote fui eu! Ai, ai, ai! Que vara de
marmelo mais doída, meu!
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PONTE DOS IMIGRANTES (Ponte do Evaristo), em
1976. Dois veículos tinham dificuldades em passar ao mesmo tempo na ponte.
Aqui um acidente envolvendo um caminhão que abalroou um Fordinho 29, em novembro de 1976.
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PONTE DOS IMIGRANTES EM 2013. Veja que
foi alargada facilitando a passagem dos veículos. Olhe como a paisagem está
mudada. E que mudança!
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GRANDE ENCHENTE DE 1983, PRÓXIMO AO COLÉGIO SÃO
JOSÉ. Rio Negrinho tem um povo guerreiro; a cidade foi afogada por duas
grandes enchentes, mas ninguém desanimou: tudo foi novamente reconstruído e
refeito. A foto mostra a enchente de 1983 próximo ao Colégio São José. Quem
poderia adivinhar que nove anos depois (1992) viria outra enchente ainda maior
que esta?
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O MESMO LUGAR HOJE (2013). Vista parcial da rua Luiz Scholz, com muita
luta tudo ficou ainda mais bonito!
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CONSIDERAÇÕES FINAIS. Estamos felizes
por você acompanhar nossas reportagens sobre Rio Negrinho antigo e agradecemos
a todos que nos agraciam com novas idéias. Por hoje é só! Um forte abraço de
Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!
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