Nota do Blog: Durante mais de 50 anos, nossa cidade de Rio Negrinho acolheu um gaúcho de Venâncio Aires, que aqui veio encontrar seu caminho, o seu trabalho pelo que ficou conhecido, como Gaúcho Pipoqueiro. Mais tarde desenvolveu seus dotes de cronista, que foram mais de 100 textos publicados, na voz do radialista Ivo Stoeberl pela Rádio Rio Negrinho e semanalmente no Jornal Perfil. A presente biografia tem por base o texto do livro “O AMANHECER” (2010, págs. 13 a 21), de autoria do consultor e professor Marcos Alberto von Bahtem, a quem agradecemos pela gentileza, atualizado e complementado com informações e fotos do autor do Blog.
Nascido em 19/09/1933, no
povoado de Marechal Teodoro, nas proximidades da cidade de Venâncio Aires – RS, veio a residir em Rio Negrinho desde 1953.
Filho de Reinoldo e Olivia
Kretschmer, um casal de pequenos agricultores, Ery foi criado pelo primo de seu
pai, o seu tio Emilio Kretschmer. Desde jovem trabalhava com seu tio Emilio na
lavoura. Seguindo os passos do seu irmão Bruno, que se estabelecera em Rio Negrinho em 1949,
Ery se estabeleceu em Rio Negrinho em 1953, primeiramente trabalhando como
chacareiro do sr. Helmuth Weber na criação de porcos na localidade de Rio dos
Bugres, onde se encontra a Fazenda Evaristo. Anos mais tarde começou o trabalho
atuou como pedreiro, com seu cunhado Armin Lehner, pelas cidades de Rio
Negrinho, São Bento, Joinville e Jaraguá.
Ajudou inclusive a construir a ampliação do Seminário São José de Rio
Negrinho.
Ery casou-se em 1958 com Olivia
Brey, e pouco tempo depois uma quitanda, conhecida como a “Quitanda do Gaúcho”,
na esquina do Casarão Zipperer, no mesmo espaço onde antes funcionava um posto
gasolina. Quem abastecia frutas e verduras do mercado público de Curitiba era
seu irmão Bruno, o que garantia fartura de produtos frescos no
estabelecimento. Na Quitanda também era
oferecida a venda o caldo de cana, ou a guarapa, salvo melhor informação, foi o
primeiro a oferecer estes serviços na cidade.
Ery Kretscher e seu irmão Bruno, entremeado pelo famoso cachorro "Kalunga", em 1961, em frente a Quitanda do Gaúcho (Foto: acervo de Hercilia Lehner) |
Deixou a quitanda por volta de
1970, passou a dedicar-se unicamente a agricultura. Nesta época começou a atividade que lhe
consagraria na comunidade: a venda de pipocas. No início comercializava a
guloseima em Rio Negrinho e São Bento do Sul, e para isso tinha dois carrinhos,
um para cada local. Bem quisto nos dois municípios, fluente em alemão,
conversador, bem educado, Gaúcho Pipoqueiro, como ficou conhecido, tinha o dom
de cativar os seus fregueses, principalmente as crianças. Seu ponto oficial em
Rio Negrinho era em frente a Igreja Matriz Santo Antonio, mas tinha presença
garantida nas promoções futebolísticas. Como complemento vendia aipim, milho e
raiz forte a dezenas de clientes, Geralmente fazendo as entregas de bicicleta.
Walcir V. Senna, Gaúcho Pipoqueiro, Osmair Bail, e as meninas Caroline Patrícia (colo) e Ana Letícia Bail, em março de 1996, defronte a Igreja Matriz Santo Antonio. (Foto: acervo do autor deste Blog) |
Gostava muito de futebol, aliás,
um dos temas favoritos de suas conversas e torcedor fanático do colorado
gaúcho.
Em pleno regime militar, em
1966, Ery concorreu a vereador de Rio Negrinho, pelo antigo MDB, obtendo uma
razoável votação, porém, não obtendo sucesso.
Além de pipoqueiro, Ery, a
partir da década de 1970, deu início a uma série de crônicas, a primeira delas
foi a respeito do cachorro “Kalunga”, do irmão Bruno. Outros foram abordando
seu time de coração, o Internacional. Mas, somente em 1994, a paixão por
escrever viria a receber um estímulo definitivo, com a queda do avião da
esquadrilha da fumaça, ocorrido no dia 1º de maio de 1994, em Rio Negrinho. O
texto chamou a atenção do locutor Ivo Stoeberl, que o transmitiu pela Rádio Rio
Negrinho. A gravação foi editada em estúdio, com o toque de silencio da
aeronáutica, dedicado aos últimos combatentes falecidos, ao fundo. Belíssimo,
tocante, de arrancar suspiros. Foi o despertar
de uma série de crônicas, que daí em diante foram mais de 100, veiculadas pela
Rádio Rio Negrinho na voz do locutor Ivo Stoeberl, e pelo Jornal Perfil de Rio
Negrinho, semanalmente entre 1994 e 2005.
Gaúcho Pipoqueiro defronte ao Colégio Cenecista São José de Rio Negrinho, em setembro de 2002 (Foto: acervo do site do Colégio São José) |
No ano de 2000, Ery viu-se
acometido por um câncer, sendo internado em Curitiba, freado num primeiro
momento a evolução da doença, ressurgindo a doença três anos depois, passando
por momentos difíceis a partir do último semestre de 2005, submetendo-se a
sessões na câmara hiperbárica, mas não obtendo sucesso.
Ery infelizmente veio falecer em
05 de março de 2006, aos 72 anos, no Hospital de Rio Negrinho. Foram mais de 30
anos, como vendedor oficial de pipocas de Rio Negrinho, e escritor com mais de
100 crônicas. Foi sepultado no cemitério Jardim Parque da Colina, deixando a
sua esposa Olivia, dois filhos, Gilson e Marcos e duas netas.
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