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domingo, 22 de junho de 2014

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (24)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.

MÓVEIS CIMO. (Parte 2).

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. A CIMO parecia ter um potencial sólido, inesgotável e indestrutível mesmo diante das crises financeiras que se enfileiravam de tempos em tempos em nosso País. Ela satisfazia a todos os gostos através dos decênios e continuava evoluindo em perfeita consonância com as exigências de cada geração. Do móvel mais singelo ao mais aristocrático e funcional – mostraremos alguns - nos lares, nos cinemas, nas repartições públicas, nos bares e nas escolas, a linha CIMO firmava-se na preferência do povo. Eram três grandes fábricas e inúmeros revendedores em todo o Brasil. Sua marca inconfundível tinha tudo para permanecer por durante muitas e muitas décadas com seu cada vez maior sucesso e, talvez, tornar-se, se não a maior, mas uma das maiores fábricas de móveis do mundo. No entanto, quis o “destino” que assim não fosse. Hoje, resta-nos apenas gratas lembranças, como a do bolso do operário que, no início do mês, no dia do pagamento, ia para casa cheio de dinheiro para comprar tudo o que sua preciosa família precisasse e como a do seu imponente patrimônio que abrangia uma tão grande área que mais parecia uma cidade.

Aqui, mais de mil trabalhadores ganhavam o pão de cada dia que sustentava, e muito bem, suas famílias. O tempo de ouro de Rio Negrinho foi este, quando a Cimo funcionava a todo vapor. De várias cidades vizinhas vinha gente trabalhar na Cimo. Alguns ficavam definitivamente morando aqui. Outros subiam a serra de trem no começo da semana e só voltavam para suas cidades, também de trem, no final da semana. Por exemplo, o pessoal de Jaraguá do Sul fazia isso. Hoje tudo mudou! É gente de Rio Negrinho que vai trabalhar em Jaraguá e em outras cidades vizinhas! 
A Móveis Cimo exportava móveis para todo o Brasil e também para o exterior. Era considerada a maior fábrica de móveis da América Latina. Empregava milhares de empregados na matriz e filiais. A Cimo orgulhava-se de ter sempre prestado o melhor de sua colaboração aos empreendimentos de valor surgidos em várias partes do País que era um produto da fé e do trabalho de homens e mulheres que consagraram os sacrifícios de uma existência inteira ao progresso do País. Naquele ano (1955) a experiência constante de 30 anos de serviços conferia-lhe um alto padrão de qualidade dos seus artigos. A maioria dos duzentos cinemas em funcionamento na Capital paulista possuía poltronas CIMO.
CROQUI DA MÓVEIS CIMO DE RIO NEGRINHO. PUBLICADO NA “REVISTA MÓVEIS CIMO” DE MAIO DE 1955.
A SERRARIA DA MÓVEIS CIMO EM 1955. Observe que há somente uma casa no morro ao fundo.
UMA CIDADE CHAMADA MÓVEIS CIMO DENTRO DE OUTRA CIDADE NA DÉCADA DE 50
CINE REGÊNCIA, EM SÃO PAULO, MOBILIADO COM 1.600 POLTRONAS CIMO TIPO RIO NEGRINHO ESTOFADAS EM COURO. Estas poltronas eram macias e confortáveis. Sua fabricação impecável permitia assistir a filmes e shows por horas a fio sentados nelas sem cansar. Porém, antes de fabricar móveis tão confortáveis e modernos, a Cimo fabricava móveis mais artísticos – década de 30 e 40 – que eram bem aceitos e, com eles, a fábrica foi evoluindo, crescendo até tornar-se uma grande potência industrial.
MÓVEIS FABRICADOS PELA CIMO ATÉ A DÉCADA DE 40. Antes das poltronas estofadas a Cimo fabricava móveis entalhados artisticamente que eram muito apreciados e disputados pelos clientes mais sofisticados. Técnicas avançadas traziam muita fama à Cimo.
INTERIOR DO “TEATRO ALUMÍNIO” EM SÃO PAULO COM AS POLTRONAS “ROXI” COM ASSENTOS ESTOFADOS. Estas poltronas deram ao teatro a distinção inimitável dos móveis Cimo. A elegância, o conforto e a praticidade atraíam o público aos espetáculos e cinemas da época nas grandes cidades. Assim, uma coisa puxava outra. A fama da Cimo atraía novos clientes, estes, por sua vez, por exemplo os cinemas, atraíam multidões para seus recintos e todo mundo saía ganhando, inclusive os operários da Cimo que eram recompensados com bons salários mensais pelo trabalho bem feito.
BAIRRO BELA VISTA NA DÉCADA DE 40. CORREÇÃO. Na semana passada publicamos esta foto e localizamos a casa, atualmente demolida, que aparece em primeiro plano na Rua Carlos Hantschel, no lado oposto da sua real localização porque pensamos que a rua que aparece no morro nos fundos da fotografia seria a Rua Hugo Fischer – a rua da Escola Aurora -. No entanto, posteriormente conversando com pessoas que conheceram a casa naqueles idos tempos, descobrimos que a referida casa realmente estava no outro lado da Rua Carlos Hantschel, ao lado de onde hoje se encontra a Comercial Moreira e pertencia ao Sr. Augusto Telma. A casa que aparece parcialmente já abaixo, à esquerda, também demolida, pertencia ao Sr. João Moreira, pai da proprietária do Mercado Moreira. A rua aos fundos, no morro, é a Rua Santa Catarina no Bairro Bela Vista. Note a diferença do bairro antigo – década de 40 -  com a atual. Compare a foto antiga com a seguinte.
BAIRRO BELA VISTA ATUALMENTE (2014). Esta fotografia foi clicada do mesmo lugar da anterior, focalizando o mesmo ângulo. As mudanças foram tantas que o lugar tornou-se irreconhecível. Compare as fotos!

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Com estas amostras de apenas alguns dos tipos de móveis que a Cimo fabricava, estamos ilustrando o retumbante sucesso que a nossa querida Cimo fez de norte a sul do Brasil. Não era para ter falido assim tão melancolicamente! Que Pena! Muitas pessoas dizem que, com o falecimento dos principais grandes diretores Martin e Carlos, que eram rígidos e profundos conhecedores da disciplina administrativa dos negócios e no andamento geral da produção, a Cimo teve uma reviravolta, uma guinada suicida que a derrubou do cume ao fundo do poço. Imagine se Rio Negrinho ainda tivesse essa grande “máquina de fazer empregos” quanta gente não mais estaria nas ruas desempregada e sem rumo! Por hoje é só! Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

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