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quinta-feira, 19 de abril de 2018

GENTE NOSSA: HIPOLITO BRINIAK


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando Hipolito Briniak, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 126, pág. 8, em 06 de outubro de 1995. A foto reproduzida no texto original do Perfil é de autoria do repórter Alceu Solano Peyerl.


GENTE NOSSA não poderia deixar de homenagear os heróis da classe operária, na figura de um imigrante que adotou Rio Negrinho a 65 anos. Trata-se do ucraíno-brasileiro Hipolito Briniak.

Imigrantes – Filho de pequeno proprietário rural, com cerca de 12 morgos, correspondendo a 30.000 m2, seu pai – Teodoro, foi soldado na 1ª Guerra Mundial, durante 4 anos, falecendo por ironia em plena 2ª Guerra Mundial, vítima de bala perdida. 

Nasceu Hipólito na Ucrânia, próximo a divisa polonesa, à 14 de março de 1910, numa família de 7 irmãos. Estudou durante 03 invernos de 05 meses, nas línguas polonesa, russa e ucraína, conforme a dominação que se encontrava o país.


Hipólito Briniak (foto do acervo do Jornal Perfil, de autoria de Alceu Solano Peyerl)



Atestado de vacinação e saúde de Hipólito Briniak, expedido em 14/11/1929,
pelo Consulado do Brasil em Varsóvia (do acervo de Lourival Briniak)


Definindo-se como curioso e corajoso, em companhia de 2 amigos, deixou a terra natal, para ganhar dinheiro no Brasil e posteriormente retornar.

Chegou de navio ao Rio de Janeiro em 05 de fevereiro de 1929, dirigindo-se a São Paulo, onde tinham cartas de conhecidos como referência. Aí começa a proeza para se fixar no País.

Ao encontrar o endereço conhecido o mesmo havia se mudado.  Imagine 3 jovens imigrantes, com costumes e línguas diferentes, tentando fazer algum contato numa metrópole como São Paulo.

Como alternativa então se encaminharam para Ponta Grossa, pois tinham notícias de outros imigrantes conterrâneos que lá moravam.  Trabalharam em Ponta Grossa, na Estrada de Ferro durante 6 meses, quando terminou a empreitada, se deslocaram para Erval, localidade próxima a Porto União, dali partindo para Paranaguá, localidade onde trabalharam na construção de um túnel para estrada de ferro, durante 09 meses.

Terminada esta empreitada, se dirigem a Jaraguá do Sul, Blumenau e Itajaí a procura de trabalho. Nesta última cidade tiveram o dissabor na espera de um suposto trabalho, durante 2 meses, quando acaba o dinheiro. Resolveram ir a Florianópolis, onde pretendem pedir passagens de navio se deslocarem ao Rio Grande do Sul. Foram atendidos numa repartição pública, onde foram bem tratados, mas apenas receberam pernoite, comida e alguns trocados para a viagem, pois resolveram ir a Rio Grande do Sul a pé.

Caminharam neste rumo cerca de 50 km., quando encontram-se com 3 imigrantes que vinham em sentido contrário, desaconselhando o percurso. Retornam então a Blumenau, Pomerode, Jaraguá do Sul, subindo pela estrada férrea até chegar a Rio Negrinho, todo este trajeto feito a pé.

Chegaram em Rio Negrinho em 15 de abril de 1930, onde pernoitaram num galpão próximo a Estação ferroviária.  Acordaram no dia seguinte ao som de um apito de fábrica, da firma “Zipperer”, onde resolveram solicitar emprego, sendo imediatamente contratados.

Trabalharam então durante algum tempo numa seção conhecida como descascadeira, transferido mais tarde para a seção de serra-fita, sendo mais tarde promovido a encarregado da seção de sala-máquinas onde permaneceu por 25 anos.

Trabalho – Nesta época não havia legislação trabalhista em vigor, trabalhava-se cerca de 10 horas por dia, e mais 4 horas de serão, que eram pagas no mesmo valor. 

O pagamento mensal era na forma de vales, que eram recebidos num armazém da empresa, dirigido por Carlos Weber e José Zipperer Neto, e alguns trocados em moeda corrente para cobertura de outras necessidades.

Sentiu de perto a repercussão da implantação das leis trabalhistas como a jornada de 8 horas, o salário mínimo, junto com a empresa. Trabalhou na Móveis Cimo durante 45 anos.

Medalha comemorativa de lembrança dos 25 anos de trabalho concedido pela Móveis Cimo a Hipolito Briniak (acervo de Lourival Briniak)


Lembranças – Rio Negrinho, em 1930, lembra que havia 3 casas de alvenaria, a de Luiz Olsen, Carlos Lampe e Leopoldo Ribeiro. 

A rua Jorge Zipperer tinha poucos moradores como: Max Jantsch – sapateiro, Bernardo Wolff – alfaiate, Max Simm – botequim, Arthur Meyer – alfaiate e Inácio Gonchoroski (ao lado da ponte); do outro lado (em frente) tinha uma sapataria, Willy Beckert – açougue, Pedro Simões de Oliveira – barbearia e Francisco Araújo – intendente à época, Carlos Lampe e o comércio da firma “Zipperer”.

Os casos de pacientes doentes eram encaminhados a São Bento do Sul, levados por trem, deslocando-se num dia, pousando naquela localidade e retornando somente no dia seguinte. Eram as dificuldades de então.

Casamento – Hipólito casou-se em 1934, com Laura Witt (que veio a falecer em 1946) e teve como filhos: Vladimir, Félix e Olga (casada com Afonso Gruber); mais tarde casou-se com Zoraide Nascimento e teve como filhos: Mario e Lourival.

Hipolito e sua esposa Zoraide em 1995 (imagem do acervo de Lourival Briniak)


Estabeleceu-se em 1940, no bairro Bela Vista, onde havia poucos moradores como André Dums, Max Henning, Emilio Witt e José Hackbart. 

Dos amigos imigrantes, um retornou logo em seguida a Ucrânia, onde morreu como soldado na 2ª Guerra Mundial e o outro mudou-se para Curitiba, morrendo solteiro, prestes a retornar à terra natal. Sente-se feliz, pois dos 3 imigrantes, pode contemplar 5 filhos, 13 netos e 10 bisnetos.

Imagem da festa comemorativa dos 50 anos de casamento de Hipolito e Zoraide, ocorrida em 1996 (Imagem do acervo de Lourival Briniak)


De fato, não foi um curioso, mas um grande corajoso, hoje rio-negrinhense, que merece nossa admiração.


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Nota complementar do Blog:

* Hipólito Briniak, é nascido na localidade de Smyków (condado de Sokalski), Ucrânia. A aldeia está localizada na parte noroeste da região de Lviv e na parte oriental da região de Sokal. A localidade de Smyków está localizado a 22 km da cidade de Sokal e a 125 km de Lviv (fonte Wikipédia). Filho de Theodor e Maria Briniack, em 14 de março de 1910, faleceu em Rio Negrinho, em 26/01/2000, Hipólito, está sepultado no Cemitério da Paz de Rio Negrinho;

** Hipólito Briniak aposentou-se na Móveis Cimo em 01/01/1964 e trabalhou mais 10 anos na mesma empresa;

*** Hipólito foi casado em primeira núpcia com Laura Witt, nascida em 18/07/1913 e falecida em 09/11/1946, e tiveram como filhos Vladimir, Félix e Olga (casada com Afonso Gruber); viúvo, casou-se com Zoraide de Souza Nascimento, nascida em 04/04/1914 e falecida em 10/12/2009, e tiveram como filhos Mario e Lourival;

**** Nos festejos de 07 de setembro de 1994, após a denominação oficial de Avenida dos Imigrantes, a via pública situada defronte ao prédio da Prefeitura, o então prefeito Dr. Romeu Albuquerque fez uma justa homenagem a vários imigrantes, entre eles, o sr. Hipólito Briniak.

Imagem do palanque dos festejos cívicos de 07/09/1994, no momento da homenagem ao imigrante Hipólito Briniak, pelo então prefeito Dr. Romeu Albuquerque (imagem do acervo de Lourival Briniak)

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