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domingo, 8 de abril de 2018

GENTE NOSSA: FRAU MAROS


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando Luiza Pscheidt Maros – a Frau Maros, publicado originalmente no Jornal Perfil, ano IV, edição nº 158, pág. 10, em 31 de maio de 1996. A foto reproduzida no texto original do Perfil foi em preto e branco.



Com Luiza Maros, GENTE NOSSA, homenageia a figura afável da primeira pessoa, com que temos contato aos nascermos, a parteira.


Missão – A tendência natural do ser humano é achar que um fato é importante, quando envolve um grande estrondo publicitário ou estardalhaço. Porém, muitas vezes, um fato pequeno reveste-se de um simbolismo de grande importância.  Esta comparação cabe também as pessoas.  

Dá-se muitas vezes importância aos líderes políticos, esportistas, religiosos etc. que projetam-se ao estrelato, porém, outros, na singeleza diária, tem um papel fundamental, este é o caso da missão da parteira, a qual destacamos – Luiza Maros, mais conhecida como Frau Maros.

Luiza Maros, ladeada pela irmã Guisela Anton e a amiga Maria Pscheidt


Nascida à 27 de junho de 1920, na localidade de Lençol (São Bento do Sul), filha de José e Catarina Pscheidt, mudam-se para Rio Negrinho, residindo primeiro em Corredeira e posteriormente em Colônia Olsen, quando Luiza, em 1942, casa-se com Alfredo Maros.

Sonho – Ainda menina, Luiza acalentava o sonho de ser irmã de caridade, mas estes anseios não se realizam, porque na região não havia religiosas que a encaminhassem. 

Uma vez casada, começa a sentir que além de dona de casa, deveria ajudar os mais necessitados, e aos poucos, atende principalmente crianças doentes, com remédios caseiros e “esfregações”.  Aos poucos começava entender a sua vocação.

Partos – Rio Negrinho, da década de 1950 tinha apenas um médico, que atendia os casos de doença. Para os casos de gravidez, não havia acompanhamento médico, como nos dias atuais, sendo na maioria das vezes, segredo entre marido e mulher.  Os partos eram feitos diretamente nas casas das famílias, por parteiras, chamando-se o médico só nos casos mais graves. 

Além do mais, Rio Negrinho, na época, uma cidade operária, as famílias não tinham condições financeiras de pagar o tratamento médico e o parto, só pessoas de posses davam-se ao “luxo” de fazer em hospitais.  

Outro costume, era que as parturientes, logo após o parto, ficavam os primeiros nove dias na cama, alimentando-se da tradicional sopa de galinha, que era comida obrigatória.  

As parteiras, verdadeiras abnegadas, faziam como vocação, chamadas, deslocavam-se a pé, de dia ou a noite, com sol e chuva, calor ou frio, praticamente sem nenhuma remuneração. Dentre estas abnegadas, citamos entre outras -  Alvine Luize Boelitz, Mônica Galikoski, Verônica Virgoch e Luiza Maros.

– Especificamente, Frau Maros, começa a atividade de parteira, por volta de 1950, quase por acaso, quando uma vizinha em véspera do parto, solicita sua companhia, até a vinda da parteira Verônica Virgoch, moradora próxima ao Cemitério Municipal.  Como esta era idosa e o deslocamento feito a pé, o parto deu-se antes da chegada da parteira, obrigando a Frau Maros a atende-la. 

Imagem de Nossa Senhora do Bom Parto (Foto extraída da internet)


A partir deste primeiro parto, por mais de 20 anos, outros 2.800 partos se sucederam, dos quais cerca de 12 casais de gêmeos, vários bairros e no interior do município.  Muito religiosa, afima com alegria, que todos os partos feitos por ela, nunca faleceu em suas mãos um recém-nascido ou parturiente, atribuído a este fato, a proteção de Nossa Senhora do Bom Parto, invocação que sempre fazia.  

Com a inauguração do novo prédio do Hospital do Município*, os partos passam lá serem feitos sendo assim mesmo, por diversas requisitada a sua presença, pela confiança das grávidas, nela depositada ao longo dos anos. 

Ainda como parteira, trabalha como funcionária do Hospital, de 1975 a 1978, quando encerra a sua missão. Hoje com 78 anos, viúva, com problemas de artrose que a impede de locomover-se, vive das lembranças, das alegrias do dever cumprido.  A ela nossos respeitos e admiração.

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Nota complementar do Blog:

A parteira Luiza Pscheidt Maros, mais conhecida como Frau Maros, foi casada com Alfredo Maros, e teve 4 filhos, Elvira, Lucinda, Alvino e Landila. Faleceu com 85 anos, em 27 de outubro de 2005, e encontra-se enterrada no cemitério da Colônia Olsen, em Rio Negrinho.


* O prédio hospitalar da então Associação Hospitalar Rio Negrinho foi inaugurado em 1966, e está localizado na rua Carlos Weber, hoje de propriedade da Prefeitura Municipal. As tratativas da construção do atual prédio hospitalar de Rio Negrinho deu-se somente a partir de 1997.

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