Nota do Blog: Este texto foi escrito com base nos depoimentos de Alfredo Hantschel e de Erna Ema Hantschel, filhos de Carlos Hantschel, em agosto de 1984, ao servidor municipal Osmair Bail, então Diretor do Museu Municipal de Rio Negrinho; várias informações constantes do presente texto foram confirmadas recentemente junto ao Cartório de Registro Civil de São Bento do Sul e Rio Negrinho e na lista de imigrantes do Arquivo Histórico de Joinville.
Carlos Hantschel considerado como um dos primeiros imigrantes europeus a Rio Negrinho, é nascido em 27 de julho de 1863, em Luksdorf, paróquia de Reinewitz, Bohemia, filho de Valentin Hantschel e Bárbara Hubner, vindo sozinho ao Brasil com 18 anos, em companhia de outras famílias imigrantes, já que na época não era permitido menores imigrarem sem a sua família. Com 22 anos voltou a sua terra natal para visitar os seus pais (1).
Retornou em definitivo ao
Brasil, sozinho, com 25 anos, através do Vapor “RIO”, com saída de
Hamburgo, Alemanha, e chegada em São Francisco do Sul, em 17/10/1888.
Chegando a Joinville foi
procurar emprego na casa comercial de Paulo Bohem, que disse infelizmente não
ter serviços ali. Mas para sua sorte, logo após a sua saída, chegou a esta casa
comercial Luiz Buchmann, morador e comerciante em Campo Alegre, que veio a Joinville
fazer compras e também a procura de um sapateiro. Imediatamente foi-lhe dito que a poucos
instantes tinha estado ali um recém chegado que era sapateiro a procura de
emprego e dirigindo-se a porta foi apontado, não muito distante, o imigrante
Carlos. Chamado de volta por Luiz Buchmann foi convidado a trabalhar no alto da
serra, em Campo Alegre, e Carlos concordou imediatamente, partindo sozinho
naquele rumo, alcançado por Buchmann já no alto da serra.
Com o passar do tempo, sendo
Campo Alegre passagem entre Joinville e São Bento do Sul, resolveu visitar seus
patrícios imigrantes, emprestando um tordilho mais bonito e vir até Lençol e
ali ficou durante uma semana, levando a acreditar a Buchmann que Carlos não
mais retornasse ao trabalho. Mas Carlos retornou e ficou em Campo Alegre mais
uma temporada. Provavelmente nesta
visita a Lençol que conheceu a família de Carlos Stuber e a sua futura mulher
Maria (2).
De Campo Alegre, antes mesmo de
casar-se veio a Rio Negrinho, em 1890, onde construiu a sua casa num terreno
adqurido de Gustav Hillemann e seu irmão, descendentes de alemães, que eram
oriundos de Rio Negro e aqui estavam morando um certo tempo. Gustav morreu aqui em Rio Negrinho em
consequência de mordida de cobra e o irmão resolveu voltar a Rio Negro,
deixando suas terras abandonadas. Gustav Hillemann e seu irmão eram
solteiros.
Estas terras adquiridas por
Carlos Hantschel dos Hillemann, engloba toda a região do Bairro de Bela Vista,
com as seguintes divisas: com início na estrada Dona Francisca, junto a um
ribeirãozinho, ao lado da casa do Posto Rio Negrinho, descendo pelo
ribeirãozinho até encontrar o rio Negrinho, daí descendo pelo rio Negrinho até
encontrar a foz do rio dos Bugres, daí subindo pelo rio dos Bugres até
encontrar a ponte na Estrada Dona Francisca, seguindo pela Estrada Dona
Francisca até encontrar o ponto inicial no ribeirãozinho, atual Posto Rio
Negrinho.
Aqui em Rio Negrinho abriu uma
sapataria com alguns aprendizes, entre eles Henrique Hatschbach, Francisco
Anton e Carlos Pscheidt. Junto a
sapataria montou um rústico restaurante para atendimento dos tropeiros, em que
os aprendizes faziam também as vezes de cozinheiros.
Carlos Hantschel casou-se em
22/07/1893 (casamento religioso), com Maria Stuber, em São Bento do Sul. Maria
era filha de Carlos Stuber e Theresia Altmann, nascida em 01/07/1873, em Santa
Catharia, Bohemia. Maria era irmã, por parte de mãe, de José Brey. Carlos e
Maria celebraram o casamento civil somente em 22 de agosto de 1900, portanto,
sete anos mais tarde do casamento religioso.
Casado, Carlos continuou com as
atividades de restaurante e principalmente de sapataria, se deslocando
frequentemente a Rio Negro.
Fato importante, passado algum
tempo após o casamento, Carlos soube da venda das de João Bley, mas como não
tinha a quantia necessária, pedindo dinheiro emprestado a Jorge Schlem, mas,
não foi a sua surpresa que dias depois Schlem comprou estas terras, com a área
de 38.424.500,00m2, quase 1.600 alqueires, com a seguinte descrição: Inicio na
foz do rio dos Bugres no rio Negrinho, daí descendo pelo rio Negrinho até
encontrar o rio Negro, descendo por este até encontrar o rio Preto, subindo
pelo rio Preto até encontrar o rio Casa de Pedra, subindo pelo rio Casa de
Pedra cerca de 2.500 metros, daí seguindo por várias linhas secas até encontrar
o rio dos Bugres, daí seguindo cerca de 3.000 metros até encontrar a foz do rio
dos Bugres, no rio Negrinho, ponto inicial do terreno.
Jorge Schlemm residiu nessas
terras uma temporada, posteriormente adquiridas por Guilherme Xavier de Miranda
(morador do Paraná ?), que provavelmente emprestou o seu nome a localidade de
Colônia Miranda, iniciando uma divisão dessas terras, divididas em glebas,
cabendo a Carlos Hantschel a promover a venda desses lotes, muito provavelmente
na primeira década do século XX. Foi
nessa ocasião que adquiriu vários lotes, formando uma gleba de terras, a partir
do rio dos Bugres, seguindo pela Estrada Dona Francisca, até o atual Bairro São
Pedro, mais tarde partilhado aos seus filhos, por ocasião de seu falecimento.
A Estrada Colônia Miranda foi
construída nessa época. Dentre os primeiros moradores daquela região da Colônia Miranda, São Pedro e Rio Preto, estão João
e José Narloch, Willy Jantsch, Otto Jantsch, Adolfo Olsen, Augusto Goetler,
Francisco Senn, Antonio Ulhrich, Ladislau Kurowski, André Pscheidt, José
Jantsch, Paulo Wockvart, Max Frohener, Germano Preisleir, Reinaldo Brand, José
Penkal e Félix Kroll.
Com o intenso trabalho da
construção da Estrada de Ferro em 1910, Carlos abriu uma hospedaria junto a sua
casa, para abrigar os empregados da empresa realizadora dos serviços.
Morreu labutando nas suas
lidas, vitimado pelo diabetes, atendido pelo médico Dr. Ernesto Arndt, de São
Bento do Sul, com 55 anos, em 31 de janeiro de 1917, sendo sepultado no
Cemitério de Lençol. Deixou 8 filhos,
Carlos - nascido em 1894, Luiza - nascida em 1896, Herminia – nascida em 1899,
José – nascido em 1906, Maria – nascida em 1901, Rodolfo – Nascido em 1902,
Alfredo – nascido em 1910 e Erna Ema – nascida em 1912.
Depois da morte de Carlos sua esposa Maria, em companhia do seu filho mais velho Carlos, prosseguiram os negócios e o trabalho, encaminhando os filhos em várias profissões, como Rodolfo que aprendeu marcenaria, José que aprendeu ferraria, e Carlos, na profissão de vendedor.
Depois da morte de Carlos sua esposa Maria, em companhia do seu filho mais velho Carlos, prosseguiram os negócios e o trabalho, encaminhando os filhos em várias profissões, como Rodolfo que aprendeu marcenaria, José que aprendeu ferraria, e Carlos, na profissão de vendedor.
Maria Hantschel veio a falecer
aos 83 anos, em 28 de setembro de 1956, encontra-se sepultada no Cemitério
Municipal da Saudade de Rio Negrinho.
Uma das vias principais de nossa cidade, situada no bairro Bela Vista, homenageia com justa gratidão o Pioneiro Carlos Hantschel.
Uma das vias principais de nossa cidade, situada no bairro Bela Vista, homenageia com justa gratidão o Pioneiro Carlos Hantschel.
(Notas: 1- Pesquisando a listra
dos imigrantes compilada pelo Arquivo Histórico de Joinville, não foi
encontrado nenhum registro desta sua primeira viagem, para corroborar este fato.
Mas como este texto foi produzido com base em depoimentos, resolvemos anotar a
título de enriquecimento do trabalho. (2) É bem possível que ele conhecesse anteriormente
a família de Carlos Stuber, inclusive da
Europa, pois são da mesma região da Bohemia).
Nenhum comentário:
Postar um comentário