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terça-feira, 3 de abril de 2012

Capitão Osmar Romão da Silva (Parte 1)

Nota do autor deste blog: A rua defronte a entrada principal do Colégio Cenecista São José de nossa cidade é denominada de Rua Capitão Osmar Romão da Silva. Quem foi este personagem é a pergunta que muitas vezes fazemos. Para maior conhecimento de nossos seguidores reproduzimos a matéria recentemente publicada no site São Bento no Passado, do amigo Henrique Fendrich, pelo qual agradecemos.

"O Capitão Osmar Romão da Silva foi prefeito de São Bento do Sul entre os anos de 1945 e 1947. Ao assumir a prefeitura, contava com 32 anos idade. A pouca idade não torna Osmar o prefeito mais jovem de São Bento do Sul apenas porque Otair Becker, ao assumir a prefeitura em 1966, tinha 31 anos. Osmar teve uma vida agitada e interessante, e veio dar as caras na cidade para tratar de problemas de saúde. Acabou não conseguindo e faleceu durante o seu mandato. Teve tempo de idealizar e organizar na cidade a Rádio Timbira, uma das pioneiras na região norte de Santa Catarina. Começo aqui um relato sobre a vida do personagem, tendo como fonte principalmente este e este site.
Osmar Romão da Silva nasceu em Florianópolis aos 23.10.1912. Foi o primeiro filho de Paulino José da Silva, dono de uma panificadora no bairro da Trindade, e sua esposa Alípia Ferreira da Silva. Os pais logo se mudaram para São José. O “Duduca”, como era conhecido em casa, demonstrou cedo ter habilidade para as letras e, ainda rapazote, foi trabalhar como revisor no jornal “O Estado”, de Florianópolis.
Estimulado por amigos, fez o exame de seleção para a Escola de Sargentos de Infantia do Exército. Foi aprovado e fez o curso de dois anos no Rio de Janeiro. Promovido a 3º sargento, serviu no 14º Batalhão de Caçadores de Florianópolis. Já era 2º sargento quando foi aprovado em terceiro lugar no concurso da Força Pública do estado, em 1931. Foi comissionado 2º tenente. Liberado peça força federal, foi efetivado no primeiro posto da força policial.
Em dezembro de 31, foi nomeado delegado de polícia em Chapecó, permanecendo até julho do ano seguinte, quando a Força Pública do estado foi colocada à disposição para agir durante a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Osmar e os demais homens embarcaram num vapor até São Francisco do Sul e de lá seguiram de trem. O tenente Osmar recebeu três citações individuais por seu desempenho em combate, tendo sido comissionado no posto de 1º tenente.
Durante o conflito, escreveu numa pequena caderneta uma espécie de “Diário de Campanha”, de cunho fortemente social, e que foi publicado postumamente. Eis um trecho significativo desse livro:
“… Ah! Desumanidade dos homens. Vês, tu que és chefe, quantos cadáveres pelos campos? Olha para as trincheiras. Olha, vê milhares de homens sob a chuva de arma na mão, para matar o seu companheiro. Pensa e com as mãos na consciência medita sobre a viuvez e a orfandade esmolando pelas ruas, cadavérica, faminta e maltrapilha. Olha e vê, tu a quem defendemos, o espetáculos horroroso e desumano, tétrico e desolador que enfeia a história nacional. Eras tu, chefe, que deverias estar nestas sepulturas, onde se deitam agora milhares de seres vivos, recordando, talvez, sob a chuva que lhes cai nas costas, com tristeza, o pedaço de teto, embora feio, sem pintura, esquecido do mundo e sem riquezas, mas, asseado e feliz onde se agasalhava com a mulher e os filhos. Tu que expões à morte milhares de vidas, devias ser correto, estar também comendo carne com sal e bolacha dura. Sacrificas a nação e a maltratas, matando seus filhos… ”
Ao terminar o confronto, retornou as suas atividades na Força Pública, tendo sido o 1º secretário da primeira diretoria do seu Clube de Oficiais. Aos 25.02.1933, casou-se com Maria de Lourdes Mayworm. Aos 27 de julho foi promovido a 1°. tenente. Em novembro foi enviado para Curitibanos como delegado de polícia, cargo que viria a ocupar também em Lages, Herval, Cruzeiro (atualmente Joaçaba), Araranguá, e em Canoinhas por duas vezes.
Em fevereiro de 1934 nasceu a sua primeira filha. No mesmo ano foi indicado para ingresso na Maçonaria, na Loja Capitular “Regeneração Catharinense”. Recebeu o Grau de Companheiro Maçom e depois foi diplomado. Entre 1935 e 1936, como comandande interino da 1ª Companhia Isolada, em Herval, introduziu na sede da subunidade melhoramentos, como biblioteca, farmácia, enfermaria e escola.
Osmar era um intelectual cuja cultura que transparece em seus escritos só podia ser fruto de muita leitura e estudo. Na Força Pública, esteve ligado às atividades de ensino e aperfeiçoamento profissional. Escrevia sobre diversos temas, com destaque para sensibilidade com que tratava das questões sociais e humana.
Em agosto de 1938, fez uma seleção de crônicas e lançou um livro “Miséria”. Na crônica-título, Osmar diz:
“Miséria – não é só esse estado infeliz que leva o mendigo a estender a mão para pedir um níquel. Nem a situação do esfaimado que solicita uma ‘bóia’. Nem a do desgraçado que dorme na calçada (…) Miséria não é somente o dilema: morrer de fome, abraçado à filharada faminta e esquelética, ou furtar, para não sucumbir (…) Miséria não é só isto. É muito mais. Miséria não é simplesmente o estômago que almoça e não janta (…)
Que é então, também, miséria? Miséria é a causa disso. É o desperdício de centenas de contos de réis, assim, assim… É o trust que aumenta o preço do açúcar e faz a banha custar os olhos da cara. É a impaludação das populações do litoral. É queimar-se café, quando milhares de bocas não o provam, porque não o têm. Miséria é a treva de nosso interior (…)”
Este livro lhe rendeu trinta dias de prisão, aplicada pelo Comando Geral a mando do Secretário de Segurança Pública, provavelmente porque nele Osmar criticava a criação de um novo imposto pela Interventoria Estadual, a taxa de educação e saúde". (Fonte: site São Bento no Passado/Henrique Fendrich em 30/03/2012)

CONTINUA…

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