Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 18/09/2020, na edição nº 5.339 (pág. 7), do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores deste jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.
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Reprodução parcial da coluna "Nossa História" de 18/09/2020 do Jornal Perfil Multi
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Teria havido nos primórdios de Rio Negrinho uma família Cardoso, como uma grande proprietária de nossas terras? Vamos tratar desta matéria.
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Introdução
Genericamente, algumas passagens
históricas de Rio Negrinho nos apresentam a família Cardoso como sendo o “primeiro
dono de nossa região” ou, ainda, juntamente com os “Oliveira Franco”
como sendo as primeiras famílias a terem ocupado vastas área de nossas terras.
Também, nos é apresentada como dona
de um vasto latifúndio no qual as suas divisas são apresentadas como por “entre
o Rio dos Bugres, o Rio Preto, a Estrada Dona Francisca e seguindo a direção
sul do município até além das nascentes do Rio Preto”. E, que, nos
primórdios do século XX, essas terras foram vendidas a Bernardo Olsen,
comerciante e açougueiro em Lençol, e, que, ao fecharem o negócio essa família,
além de saldar as dívidas no comércio de Bernardo Olsen, ainda recebeu um saco
de farinha e o terreno estava pago.
Neste terreno adquirido por
Bernardo Olsen, foi construída a “estrada Colônia Olsen, respectivo São
Pedro, construída em 1905-1906 pelo colonizador Bernardo Olsen e os nossos
lavradores que localizou no terreno de 2000 alqueires que havia adquirido do
fazendeiro Antonio Cardoso...”. (Rio Negrinho Que Eu Conheci, págs. 58, 66
e 177; e, História de Rio Negrinho, págs. 12 e 44)
Teria sido a família Cardoso a
primeira proprietária de nossas terras?
Como já vimos anteriormente nesta
coluna NOSSA HISTÓRIA, ao nosso ver, está muito claro, que o primeiro
proprietário de nossas terras foi Manoel de Oliveira Franco – Brigadeiro Franco
-, descobertas em 1849, e, registradas em 1856, através de documento lavrado em
São José dos Pinhais-PR.
A vastidão das terras de Franco
compreendia boa parte territorial de Rio Negrinho e parte das terras de São
Bento do Sul, posteriormente, estas foram reduzidas, com a implantação da
Colônia São Bento, com o dote da Princesa Isabel e, ainda, outra parte,
destinada ao Governo Imperial. A Franco
restou 5 léguas quadradas, que compreendia entre o rio dos Bugres e as
proximidades do rio da Serra.
A
família Cardoso seria dona de um vasto latifúndio em nosso município?
Com a retomada da construção da imperial Estrada Dona Francisca, em 1880, gradativamente começa uma verdadeira “ocupação” das terras entre o rio dos Bugres e o Rio Preto, e entre o rio Negro até parte sul de nosso município, ao qual podemos denominar como a “Colonização do Rio Preto”.
Esses novos ocupantes, a partir de
1882, em sua grande maioria, são migrantes brasileiros vindos do Paraná, nos
moldes da colonização de Campo Alegre.
A colonização européia em nossas terras só começa aparecer fortemente a partir
dos primórdios do século XX.
Dentre essas famílias de migrantes destacamos
com sobrenomes bem brasileiros como Massaneiro, Carvalho, Castilho, Carneiro,
Cruz, Rodrigues, Martins, Pereira; e, dentre essas famílias aparece em 1883,
uma que em especial é o foco deste nosso estudo, a família de Antonio Cardozo
Leal.
Antonio Cardozo Leal, cremos ser de
origem paranaense, não se descobrindo até a presente data e onde foi o seu
nascimento, e, nem quem foram os seus pais, estimando-se o seu nascimento por
volta de 1840. Cremos que sua profissão era agrimensor.
Teve 5 filhos, num relacionamento
com Maria Leal, em união estável: Irineo, nascido em Curitiba em novembro de
1869; Anna Maria, nascida em Iguassú, em agosto de 1872; Francisco, nascido em
Curitiba, em junho de 1875; Luciana Maria, nascida em 07/05/1877, em Curitiba;
e, Guilherme, nascido em abril de 1881, em Curitiba.
Faleceu em Rio Negrinho, por volta
de 1915 (óbito deve ter ocorrido entre julho de 1915 e junho de 1916), e, supomos
que esteja sepultado no cemitério da Colônia Olsen.
As suas filhas - Anna Maria e
Luciana Maria - foram casadas com Serapião e Possidônio, respectivamente,
filhos do pioneiro Antonio Ferreira de Lima.
O primeiro registro encontrado de
Antonio Cardozo Leal em nossa região foi em 1883, com o óbito de sua mulher,
sepultada no Cemitério do Lençol, e, já, posteriormente em 1884, encontramos o
registro como padrinho de batismo em companhia de sua filha Anna Maria, dados como
moradores do Rio Preto. A partir desta data mais de 10 registros de batismo e
de casamento são encontrados, mas, dado a exiguidade do espaço dessa coluna,
deixamos de relacioná-los.
Reprodução do registro de batismo celebrado em 28/04/1884, na Capela de São Bento, nos quais são padrinhos Antonio Cardozo Leal e sua filha Anna Maria
A residência de Antonio Cardozo
Leal era situada na estrada do cemitério da Colônia Olsen, nas proximidades do
Rio Casa de Pedra. Adquiriu por apossamento uma grande gleba de terras, numa
faixa entre o Rio dos Bugres e o Rio Preto, situadas do lado esquerdo da Estrada
Dona Francisca, sentido Rio Negrinho/Mafra, seguindo a direção sul do município
até as divisas da localidade de Queimados, com a área de 56 milhões de metros
quadrados, regularizadas ao início do século XX.
Na
próxima edição, continuaremos analisando o personagem Antonio Cardozo
Leal, sempre mencionado como um dos
nossos primeiros grandes proprietários das terras de Rio Negrinho! Obrigado!