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sábado, 16 de outubro de 2021

NOSSA HISTÓRIA: ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2000, EM RIO NEGRINHO

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 15/10/2021, edição nº 5.394, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: Esta publicação foi postada originalmente em 02/07/2012 no Blog Rio Negrinho no Passado, que retrata alguns aspectos da campanha eleitoral municipal a prefeito de Rio Negrinho no ano 2000. Os dados eleitorais foram extraídos do TRE/SC.

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Mauro Mariani e Almir Kalbuch, candidatos a prefeito e vice pela coligação PMDB/PSDB/PTB


Através da Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/1997, aprovada pelo Congresso Nacional, foi estabelecido o instituto da reeleição no ordenamento jurídico-eleitoral brasileiro, admitindo-se a possibilidade do Presidente da República, Governadores e Prefeitos municipais disputarem a reeleição para o mandato seguinte, condicionada as eleições imediatamente subsequentes ao primeiro mandato e somente por uma vez. Esta norma foi aplicada pela primeira vez nas eleições de 1998 para presidente da República e para governadores dos Estados, e, posteriormente, nas eleições municipais de 2000.

Portanto, usando o instituto da reeleição consecutiva, no ano de 2000, concorreu a reeleição, o então prefeito municipal Mauro Mariani (PMDB), tendo como seu vice o empresário Almir José Kalbusch, numa coligação entre PMDB/PSDB/PTB. Como seus adversários concorreram ao cargo de prefeito o ex-prefeito Guido Ruckl (PFL), tendo como vice a ex-vereadora Yelva Albuquerque (PPB), numa coligação entre PFL/PPB e concorrendo em chapa única o PT, com Valdemiro Hackbart, tendo como vice a sra. Eloí Machado Fernandes.

Guido Ruckl e Yelva Albuquerque, candidatos a prefeito e vice pela coligação PFL/PPB


A eleição municipal de 2000 se apresentava com alguns aspectos relevantes: 1 - Rio Negrinho esperava uma grande disputa eleitoral, envolvendo o ex-prefeito Dr. Romeu Ferreira de Albuquerque e Mauro Mariani. Dr. Romeu emprestara apoio importante a Mauro Mariani nas eleições de 1996 e acalentava o sonho de retornar a Prefeitura nas eleições de 2000. Infelizmente Dr. Romeu veio a falecer ao início de 2000; 2 - o governo do então prefeito Mauro Mariani detinha um alto índice de aprovação popular, somado ao seu carisma pessoal; 3 - a coligação entre PFL e PPB, sugerida pelas lideranças estaduais, aos dois partidos historicamente rivais a nível municipal, representados Guido Ruckl e Yelva Albuquerque, viúva do ex-prefeito Dr. Romeu Albuquerque, não foi bem entendida e aceita pela população rionegrinhense, azedada por ações judiciais movidos um contra outro, quando ambos no exercício do cargo de prefeito; 4 - o PT, se apresentou com candidatura sem coligação, de um trabalhador e de uma dona de casa, sem um conhecimento maior junto à comunidade; 5 - Mauro Mariani e Guido Ruckl já foram os maiores protagonistas na disputa eleitoral à Prefeitura, nas eleições de 1996.

Valdemiro Hackbart e Eloí Machado Fernandes, candidatos a prefeito e vice pelo PT


Como resultado eleitoral se apresentou como prefeito reeleito Mauro Mariani, com 12.997 votos, representando 65,6% dos votos válidos; Guido Ruckl, com 6.261 votos, representando 31,6% dos votos válidos; e, Valdemiro Hackbart, com 541 votos, representando 2,7% dos votos válidos.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nosso município! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: SOCIEDADE DE CANTORES DE RIO NEGRINHO (3)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 08/10/2021, edição nº 5.393, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: Para elaboração do presente artigo coletamos informações da Professora Marilene Baum, Glicia Murara Neidert e de Mário Baumer, a quem agradecemos. Tivemos ainda, o apoio do amigo Bibi Weick na disponibilização da foto publicada.

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Publicação extraída do facebook “Momentos de Rio Negrinho”, em 22/06/2020, onde se vê (de cima para baixo) a sede do Men Chor de Rio Negrinho (MCRN), em 1937; a seguir a agência do Banco do Brasil em 1984 e a última, a atual agência do Sicoob (Foto: acervo de Bibi Weick)


Destino Final – Como vimos nos artigos anteriores o Men Chor de Rio Negrinho - Sociedade de Cantores de Rio Negrinho -, foi fundada em 28 de junho de 1928 e extinta em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial, por força de ato do Governo Federal, assim como outras entidades assemelhadas, com o temor que os associados alemães pudessem ter alguma ligação com o nazismo.

Haveria suspeitas de simpatia pelo nazismo entre os membros do Men Chor de Rio Negrinho que ensejasse o seu fechamento? Até a presente nenhum registro foi encontrado que aponte nesta direção. Este tema tão sensível e delicado quanto a possíveis simpatias em nossa cidade ao nazismo e ao integralismo certamente merecerão por parte dos nossos historiadores um estudo mais acurado.

O destino da sede do MNRN, inaugurada em 1937, após a extinção desta entidade em 1942, foi a sua utilização como cinema por Jorge Zipperer Júnior (Nono), até a inauguração do seu próprio prédio em 22/11/1947, à rua Jorge Zipperer.

Posteriormente, com objetivo de trazer uma nova opção educacional, as irmãs da “Congregação das Irmãs de São José de Chambéry”, sediadas em Curitiba, se estabelecem em Rio Negrinho em 1947, para a criação de um Jardim de Infância e se utilizaram deste prédio do MNRN para esta finalidade.

O Educandário Santa Terezinha se utiliza deste prédio até fevereiro de 1952 para as suas aulas, quando se transfere para o prédio próprio, o atual prédio do Colégio Cenecista São José de Rio Negrinho.

Novas mãos - Para viabilização da construção do futuro Salão Paroquial Padre Dehon e do Educandário Santa Terezinha, a Paróquia Santo Antonio realiza uma permuta com o terreno de Martha Scholz da Luz, onde estava estabelecido a sua pensão, e esta adquire o prédio do MCRN, onde passa a residir com sua família. A pensão da Dona Martha ficava situado onde está situado o Salão Paroquial Padre Dehon.

Mais tarde, a partir de década de 1950, a Sociedade Esportiva Ipiranga passa a alugar da dona Martha, a ex-sede do MCRN, como sua sede social, daí o conhecimento popular como “sede do Ipiranga”, mas na realidade o prédio sempre foi pertencente a Dona Martha e mais tarde a sua filha Dona Adélia da Luz Souza. Ao formato inicial do prédio sofreu ampliações.

Entre outras atividades a “sede do Ipiranga” sediou muitos encontros esportivos e culturais, principalmente de grandiosos bailes, de cunho mais elitista, contrapondo-se com o “Salão Dettmer”, de cunho mais popular.

A partir do início de 1980, a “sede do Ipiranga” foi demolida, e o terreno foi vendido ao Banco do Brasil que construiu a sua sede em 1984, destruída pelo incêndio no ano 2000.

Atualmente neste terreno encontra-se edificado a agência do Sicoob Credinorte de Rio Negrinho.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nosso município! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: SOCIEDADE DE CANTORES DE RIO NEGRINHO (2)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 1º/10/2021, edição nº 5.392, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: O presente artigo, com adaptações, foi publicado originalmente no Blog Rio Negrinho no Passado, em 14/03/2010. Na próxima edição pretendemos apresentar alguns aspectos do Men Chor de Rio Negrinho – MCRN (Sociedade de Cantores de Rio Negrinho).

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Membros do Men Chor de Rio Negrinho (MCRN), em 1937 (Foto e identificação de Bibi Weick)


Nos moldes de outras colônias com imigração alemã, como vimos no artigo anterior, a exemplo de Joinville, Blumenau e de São Bento do Sul, em 28 de junho de 1928, foi fundada a Men Chor de Rio Negrinho (Sociedade de Cantores de Rio Negrinho).

A finalidade desta entidade era a de incentivar o canto, as festas, a camaradagem, a alegria e a diversão, funcionando também, entre os sócios uma pequena orquestra, proporcionando e organizando boas festividades ao longo dos anos.

Nos dias 1 e 2 de fevereiro de 1936 foram realizados a solenidade e comemoração do lançamento da pedra fundamental no local a ser construída sua nova sede, contando com a presença de um grupo de Joinville, que consistia da Seção de Canto “Sängerbund-Concordia” (da Liga de Sociedades) e a Sociedade de Canto “Liederkranz”, se organizaram, juntamente com as três Sociedades de canto de Blumenau, “Concordia”, “Liederkranz” e “Eintracht”. Esta sede oficial da MNRN foi inaugurada em 1937.


Sede do Men Chor de Rio Negrinho (MCRN) (Foto: acervo de José Luimar Meyer)


A entidade foi fechada durante a 2ª Guerra Mundial, pois o Governo Federal, a exemplo de outras entidades, com associados alemães, temia que pudessem ter alguma ligação com o nazismo.

Este prédio mais tarde foi utilizado, a partir de 1947, pelas irmãs da “Congregação das Irmãs de São José de Chambéry”, na implantação das primeiras turmas do Educandário Santa Terezinha e posteriormente sede do Sociedade Esportiva Ipiranga.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nosso município! Obrigado!

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

NOSSA HISTÓRIA: SOCIEDADE DE CANTORES DE RIO NEGRINHO (1)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 24/09/2021, na edição nº 5.391, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: O presente artigo foi publicado originalmente no facebook - Grupo São Bento no Passado, em 14/09/2021, de autoria da pesquisadora histórica joinvillense Brigitte Brandenburg, a quem agradecemos. Na próxima edição pretendemos apresentar alguns aspectos do Men Chor de Rio Negrinho – MCRN (Sociedade de Cantores de Rio Negrinho).


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Uma excursão de corais a Rio Negrinho, e seus contratempos – 1936

Quando alguém faz uma viagem, tem algo para contar, especialmente quando se trata de uma viagem de trem, e da linha de S. Francisco.

Sede da Men Chor de Rio Negrinho (MCRN) (Foto: acervo de Vera Grimm)


Nesta, um grupo de Joinville, que consistia da Seção de Canto “Sängerbund-Concordia” (da Liga de Sociedades) e a Sociedade de Canto “Liederkranz”, se organizaram, juntamente com as três Sociedades de canto de Blumenau, “Concordia”, “Liederkranz” e “Eintracht”, e se uniram para uma excursão, a convite da SOCIEDADE DE CANTORES DE RIO NEGRINHO, nos dias 1 e 2 deste mês, para a solenidade e comemoração do lançamento da pedra fundamental no local a ser construída sua nova sede.

Apesar da Direção das Sociedades de Joinville haver solicitado antecipadamente, junto à administração da Estrada de Ferro em Jlle, que colocassem à disposição deste grupo, no mínimo, dois vagões extras, os componentes do grupo, no total de 93 cantores, sem contar os outros convidados já citados, tiveram que embarcar em vagões já ocupados que vieram de São Francisco.

Mas muito pior ocorreu, quando, em Jaraguá, aguardavam os convidados de Blumenau, com total de 70 pessoas. Apesar de reclamações de todos os lados, também ali foi-se obrigado a embarcar no trem lotado, para pelo menos alcançar a Estação “Hansa”, onde conforme prometido em Jaraguá, haveria um vagão de passageiros à disposição para acoplar ao trem.

Imaginem: um vagão 1° classe com 42 lugares, e um vagão 2° classe com 56 lugares, tomados por aproximadamente 230 pessoas !!

Em HANSA recebemos a triste notícia de que ali também não havia vagão de passageiros à disposição, mas devido às muitas reclamações, resolveram anexar um vagão usado para transportar gado (Viehwagen). Após ter sido este vagão dotado de caixas, bancos de todos os tipos e carregado de passageiros, o trem movimentou-se no seu tão afamado “Schneckentempo” (“ritmo de lesma”) para levar seus passageiros aos seus locais de destino através da “Serra Romântica”.

Tudo ia muito bem, até que tomamos conhecimento, na Estação RIO VERMELHO, de que vagões extras não poderiam ser anexados devido à queda de uma barreira. Novamente foi necessário anexar um vagão de carga para os passageiros e a viagem seguiu adiante, sem que a administração da ferrovia tomasse consciência da situação.

E esse tipo de coisa ocorre na era do progresso! Estaria mais do que na hora para que a direção da Ferrovia S.P.R.G. tomasse providências para demonstrar mais preocupação com o conforto de seus passageiros, considerando-se os altos preços que se paga pela passagem.

Com uma hora de atraso o trem chegou a Rio Negrinho. ............

Publicado em 13/02/1936, nr. 13, pg. 3, Kolonie Zeitung. Artigo em alemão, com o título original: “Eine Sängerfahrt mit Hindernissen”. Trad. BB.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nosso município! Obrigado!

sábado, 25 de setembro de 2021

NOSSA HISTÓRIA: MEMÓRIAS DE NOSSA MÚSICA (2)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 17/09/2021, na edição nº 5.390, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: O presente artigo, com adaptações, foi escrito em meados de 1984, com base em depoimentos de João Froehner (*27/02/1899 +20/05/1993) e de Alvino Anton (*15/03/1913 +08/10/1998), e de pesquisas do autor desta coluna, quando este exercia o cargo de Diretor do Museu Municipal de Rio Negrinho. Este artigo apresenta alguns aspectos e personalidades que ao longo de nossos primórdios desenvolveram a música de nossa terra.

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Bandinha Tureck em 05/04/1926, na gruta do Rio dos Bugres (Foto: acervo do Ivo A. Liebl e informações de Affonso G. Froehner – em memória)


João Froehner e os primórdios das bandinhas na Colônia Olsen – (cont.) Um dos motivos que Rodolfo Tureck o convidou para trabalhar na serraria, foi que João tinha noções de clarinete e estava nos planos de Rodolfo na formação de uma bandinha. Foi daí que em 1919 surgiu a Banda Tureck, com as seguintes pessoas: José Anton, Eduardo Anton, João Pscheidt, Antonio Pscheidt, Emilio Tureck, João Froehner, Rodolfo Tureck e Carlos Tureck. Esta Bandinha tornou-se desde logo a atração em toda a redondeza, animando bailes, festas, casamentos, tanto na Colônia Olsen, em Rio Negrinho e até no Lageado.

Em 1925, com a venda da serraria e a mudança de Rodolfo para Lageado e João Froehner mudou-se para a localidade de Corredeiras, onde foi trabalhar na serraria de Paulo Schlemm, a bandinha se desfez, e com os remanescentes formou-se a Banda São Pedro, que funcionou entre 1926 e 1927 e era composta pelas seguintes componentes: José Munch, Eduardo Anton, Otto Maros, José Naderer, João Froehner, Max Anton e José Anton.

Quando se desfez a Banda São Pedro outra a sucedeu, foi a Banda Pscheidt, de 1927 a 1930 e era composta com Henrique Pscheidt, José Pscheidt, Antonio Pscheidt, Eduardo Anton, José Munch, Emilio Tureck e Carlos Benedito Pscheidt.

Enquanto funcionava a Banda Pscheidt outra banda surgiu na localidade de Colônia Olsen, foi a Banda Anton, que foi de 1929 a 1934, sendo componentes Willy Pscheidt, José Anton (maestro), Alvino Anton, Otto Maros, Max Anton, Francisco Anton, Osvaldo Anton, Antonio Pscheidt e José Liebl.

Bandinha Tureck em março de 2018 (Foto: extraída do site da Bandinha Tureck)

Algumas características dos bailes e casamentos – Os bailes desta década dos anos 1920 tinham algumas características esquecidas no tempo, aqui lembradas: 1 - o baile se iniciava por volta das 18 horas e se encerrava às 6 horas do dia seguinte ou mais; 2 - como não havia veículos automotivos a locomoção se dava por carroças; 3 – o convite de casamento era muito especial, sendo feito pelos pais ou irmãos do noivos e se fazia, onde a pessoa que realizava o convite batia a porta do convidado, pedia licença e desenhava uma flor na porta, fazia o convite, despedia-se e na saída da porteira arrancava da pistola e dava um tiro pro ar, demonstrando a alegria; 4 - nas festas de casamento que normalmente ocorriam nos sábados, a banda começam as atividades às 6 horas da manhã e prosseguiam noite afora, até às 6 horas da manhã de domingo; 5 - num casamento, cada vez que chegava um convidado era de praxe que os donos da casa servi-lhes um chopp (cerveja) acompanhado de uma música em sua homenagem; 6 - quando uma música apresentada pela banda foi muito apreciada, era comum solicitar “bis”, ou seja, a reapresentação daquela música; 7 - a meia noite, nos bailes era colocado um lenço sobre o lampião do meio da salão e ao sinal do pistão, todos deixavam vazia a pista de dança, pois era a hora do “damen ball” ou “cachimã”, que era a dança em que eram as mulheres em que tomavam a iniciativa da dança, durante uma a três músicas tocadas; 8 – nos bailes um mesmo casal não dançava a noite inteira, mas, tanto o homem como a mulher dançava com todos, pois, eram todos conhecidos, a grande maioria vizinhos.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos históricos de nossa região! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: MEMÓRIAS DE NOSSA MÚSICA (1)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 10/09/2021, na edição nº 5.389, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: O presente artigo, com adaptações, foi escrito em meados de 1984, com base em depoimentos de João Froehner (*27/02/1899 +20/05/1993) e de Alvino Anton (*15/03/1913 +08/10/1998), e de pesquisas do autor desta coluna, quando este exercia o cargo de Diretor do Museu Municipal de Rio Negrinho. Este artigo apresenta alguns aspectos e personalidades que ao longo de nossos primórdios desenvolveram a música de nossa terra.

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Colônia Olsen e a música dos primeiros tempos – Como já escrevemos em outra oportunidade, a partir do início do século XX houve uma verdadeira “invasão” de novos colonizadores a Rio Negrinho. Estes novos colonizadores, na sua grande maioria, descendentes de imigrantes europeus de São Bento do Sul, diante da escassez da oferta de terras naquele território. Com esta “invasão” se formou a Colônia Miranda, Colônia Olsen, a colônia de Rio dos Bugres e a colônia no Rio do Salto. Estas colônias surgem antes mesmo do surgimento da futura Vila de Rio Negrinho, em 1910, e revigorada a partir de 1918, com a vinda da Jung & Cia. (futura Móveis Cimo). Especificamente no tocante a Colônia Olsen, muito próprio ao espírito dos novos colonizadores, forma-se os primeiros conjuntos musicais, na forma de bandinhas. Não eram músicos no sentido literal, mas eram agricultores, com alguma formação e conhecimento musical e que nos finais de semana se reuniam e ajudavam a amenizar a dura vida do campo.

Rosália Pscheidt e João Froehner (Foto: acervo de Ivan Ornelo Floriani)


João Froehner e os primórdios das bandinhas na Colônia Olsen – Nascido em plena Alemanha, a 27/02/1899, João Froehner é filho de Edmundo e Anna Maria Froehner. Quando da emigração o governo alemão estava incentivando a emigrarem devido ao excesso de população do País e sua falta de terras.

João se estabeleceu com os seus pais em Corupá ficando lá até os 18 anos, quando veio tentar a sorte serra acima, onde o seu irmão Max, já estava morando na localidade de Boa Vista.

Rosália Pscheidt Froehner (centro) e seus filhos Affonso, Erica, Erna e Edmundo (Foto: acervo de Vilma Froehner Hantschel)


Entre 1917 e 1919 trabalhou em Rio Negrinho com seu irmão Max e devido as difíceis condições do irmão foi trabalhar a convite com Rodolfo Tureck. Este à época estava construindo uma serraria em sociedade com o irmão Carlos e João ajudou primeiramente na construção do prédio e depois nos afazeres da serraria. Esta serraria ficava situada onde está a atual serraria “Olsen & Fischer”, na localidade de Queimados.

Banda Pscheidt, em 1928, na Colônia Olsen, no qual vemos, a partir da esq., sentados: Carlos Tureck, Profº João Naderer (maestro), Henrique Pscheidt e José Pscheidt; em pé: Carlos Benedito Pscheidt, Antonio Pscheidt (Antoninho), José Munch e Antonio Pscheidt (Antonhão) (Foto: acervo de Willy Pscheidt – em memória, e informações de Affonso G. Froehner)


João Froehner casou-se com Rosalia Pscheidt, em 16/01/1924, e tiveram 4 filhos: Affonso Gerhard, Edmundo, Erna e Erica. Faleceu em Rio Negrinho, em 20/05/1993, com 94 anos. Sua esposa Rosalia faleceu em 2007, com 104 anos.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história musical de nosso município! Obrigado!

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

NOSSA HISTÓRIA: APIRIO (2)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 03/09/2021, na edição nº 5.388, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: O presente artigo, com pequenas adaptações, foi publicado originalmente na coluna GENTE NOSSA, do Jornal Perfil (edição nº 158, pág. 10, de 24/05/1996), abordando aspectos históricos da apicultura em nosso município. As informações complementares foram prestadas por Ivo Antonio Liebl, atual presidente da APIRIO.


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Apicultor Afonso Gerhard Froehner e sua "barba" de abelhas, primeiro presidente da APIRIO


Invasão de abelhas – (...) Estabelecidas as abelhas africanas, começa o cruzamento com as abelhas locais, as quais também ficam igualmente bravas, provocando ataques e mortes de animais, aves e até de pessoas, trazendo a preocupação aos apicultores, de como enfrentar este problema.

A solução começa, com a vinda a São Bento do Sul do conhecido líder apicultor Helmuth Wiese, em 1966, proferindo uma palestra sobre este assunto, despertando o interesse imediato da Afonso Froehner, Afonso Weiss, Bruno Mulhbauer e Renaldo Maros, tomando conhecimento de novas técnicas para tratamento com este novo tipo de abelha, com o uso de fumigador, máscara, macacão e luvas, antes quase não conhecidos ou utilizados.

1º Encontro Estadual do Mel de SC realizado em Rio Negrinho, em outubro de 1969, vendo-se a partir da esq. Vagemiro Jablonski (prefeito), Helmuth Wiese (apicultor) e Aldemir Tavares (repórter da Rádio RN) (Foto: acervo de Ivo A. Liebl)


Em torno das novas técnicas de criação das abelhas africanas outros apicultores unem-se, tanto que em 1969, Rio Negrinho sedia o 1º Encontro Catarinense de Apicultores, contando com o apoio total do então prefeito Vagemiro Jablonski.

9º Encontro Estadual do Mel de SC – local Salão da Colônia Olsen, no Centenário de Rio Negrinho, em 24/04/1980 (Foto: acervo de Ivo A. Liebl)


Desde então, já foram realizados 18 encontros estaduais, e Rio Negrinho, sediou novamente este encontro em 1980, na festa do Centenário.

APIRIO – Fortalecidos com o evento, surge a ideia de formar uma associação local de apicultores, que ocorre em 31/01/1981, com a denominação de Associação dos Apicultores do Norte Catarinense – APIRIO, com cerca de 33 fundadores, elegendo-se como primeiro presidente – Afonso G. Froehner, o qual é reeleito até 1994, quando assume o atual presidente Ivo Antonio Liebl.

Atualmente a APIRIO congrega cerca de 100 produtores, estimando-se que há em Rio Negrinho, cerca de 5.000 colmeias, produzindo em média anual 75.000 kg de mel, 400 kg de própolis e 2.500 kg de cera.

Fato preocupante que a produção de mel vem caindo nos últimos anos, em virtude do desmatamento e o reflorestamento quando é praticado, na grande maioria de pinus, é impróprio a produção de mel. A média anual que já foi de 30 kg por colmeia/ano, hoje não atinge a média de 15 kg por colmeia/ano.

Notas complementares:

1 – Helmuth Wiese, nasceu em 08/07/1926, em Marcílio Dias – SC, foi professor, servidor público do Estado de SC. Especializado e um entusiasta da apicultura. Foi Diretor do Instituto de Apicultura – IASC, presidente da Confederação Brasileira de Apicultura e escritor de livros e estudos sobre a apicultura. Faleceu no dia 15/10/2002, em Florianópolis – SC.

2 – Afonso Gerhard Froehner, apicultor e ex-vereador, um dos fundadores e 1º presidente da APIRIO, faleceu em 11/05/2010. O atual presidente da entidade é Ivo Antonio Liebl (reeleito desde 1994).

3 - Atualmente a APIRIO congrega cerca de 50 produtores, estimando-se que há em Rio Negrinho, cerca de 5.000 colmeias, produzindo em média anual 75.000 kg de mel, 400 kg de própolis e 2.500 kg de cera. A média anual por colmeia/ano atualmente é de 15 kg por colmeia/ano. O mel da bracatinga atualmente é o de maior procura.

4 – O número de apicultores diminuiu ao longo destes últimos 25 anos, motivado pela expansão da área reflorestada e da área de pastagem do município.

5 – O produtor Silvio Schoeffel é o apicultor com maior número de colmeias de Rio Negrinho.

6 - Até o ano de 2019 foram realizadas cerca de 34 edições do encontro catarinense de apicultura. O 34º Encontro Catarinense de Apicultores e Meliponicultores aconteceu em 16/17 de agosto de 2019, na cidade de São Joaquim. Devido a pandemia não foram realizadas os encontros presenciais em 2020 e 2021.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos históricos de nossa região! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: APIRIO (1)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 27/08/2021, na edição nº 5.387, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: O presente artigo, com pequenas adaptações, foi publicado originalmente na coluna GENTE NOSSA, do Jornal Perfil (edição nº 158, pág. 10, de 24/05/1996), abordando aspectos históricos da apicultura em nosso município. As informações complementares foram prestadas por Ivo Antonio Liebl, atual presidente da APIRIO.

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Como homenagem ao dia do apicultor, no dia 22 de maio, GENTE NOSSA trás breve histórico da apicultura local simbolizado por Afonso G. Froehner, grande incentivador, fundador e presidente por diversas gestões da APIRIO, associação de apicultores local.

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Pioneiro José Brey e sua esposa Carolina Raab

Apicultura primitiva – A primeira pessoa que se tem notícia, a se instalar com abelhas em Rio Negrinho, foi José Brey, no ano de 1886, vindo do Lençol, município de São Bento do Sul; segundo afirmam os antigos, José Brey obteve sucesso com as abelhas, porém, em 21 de junho de 1891, deu-se a maior enchente vista até então em Rio Negrinho, semelhante as enchentes ocorridas em 1983 e 1992, a qual levou todas as caixas de abelhas, mas quando baixaram as águas, a aproximadamente 100 metros do local onde estavam as abelhas, foi encontrado uma das colmeias, enroscada em galhos de árvores, e com esta, José Brey recomeça a produção apícola, conseguindo chegar em 1914, a possuir 360 colmeias.

Este precursor labutou com apicultura até 1929, quando faleceu, ficando a responsabilidade ao filho José Brey Filho, até o ano de 1950 e logo após para Antonio Brey, até 1985.

Apicultura moderna – A partir de 1926, começaram a serem feitos os primeiros aperfeiçoamentos nas técnicas de trabalhar com abelhas, quando João Augustin e Roberto Martin iniciaram criação de abelhas em caixas equipadas com quadrinhos e cera alveolada. Já em 1927, José Brey Junior construiu a primeira centrífuga para extração do mel de favos e ainda no mesmo ano que João Augustin e Roberto Martin adquiriram em sociedade, uma prensa para cera, a qual foi trazida da Alemanha pelo pastor luterano Wilhelm Quast.

José Brey Jr. e sua esposa Anna Augustin


Esses equipamentos acima, os primeiros utilizados em Rio Negrinho, estão hoje em poder de Isidorio Augustin, continuador dos serviços apícolas de João Augustin e Roberto Martin, até nossos dias.

Invasão de abelhas – A partir de 1960, chega a São Paulo, as primeiras matrizes de abelhas africanas. Dali, começam a migrar pouco a pouco, para diversas regiões do País, chegando ao Rio Negrinho, por volta de 1965, provocando inquietações junto a população, visto que uma das características deste tipo de abelha é a agressividade e braveza, diferente das abelhas europeias, até então existentes. (segue na próxima edição)

Apicultor Ivo Antonio Liebl presidente da APIRIO (Foto: autor do Blog)


Notas complementares:

1 – Isidorio Augustin encerrou as atividades apícolas em 2014, e faleceu em 01/12/2017. Seus filhos Élcio, Sérgio e Rogério dão seguimento a esta preciosa tradição familiar.

2 – A sede da Associação dos Apicultores do Norte Catarinense – APIRIO fica situada à rua D. Pio de Freitas, 1047, bairro Centro, em Rio Negrinho.

3 – O presidente da APIRIO, desde 1994, é o apicultor Ivo Antonio Liebl.

4 – O produtor de mel mais antigo em atividades de Rio Negrinho é o agricultor Alfredo Pscheidt, morador da localidade Rio Casa de Pedra, desde 1955.

5 – Nossa cidade, desde 1970, é sede da ICEAL, empresa especializada em produtos destinados a apicultura, fundada por Mário Baumer, hoje, com 92 anos.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da apicultura de nosso município! Obrigado!

sábado, 21 de agosto de 2021

NOSSA HISTÓRIA: O EMBATE ENTRE INDÍGENAS E O PIONEIRO ANTONIO FERREIRA DE LIMA (3)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 20/08/2021, na edição nº 5.386, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Prosseguimos com a matéria iniciada nos artigos anteriores que trata sobre o confronto entre indígenas e o pioneiro Antonio Ferreira de Lima, ocorrido no outono de 1883, morador da localidade de Rio do Salto.

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Roberto Ferreira de Lima, um dos filhos do pioneiro Antonio Ferreira de Lima (Foto extraída do livro Rio Negrinho - Raízes da Comunidade) 


Confronto – No artigo anterior tratamos de quem foi o pioneiro Antonio Ferreira de Lima e sua composição familiar, e, ainda, da larga faixa de terras que este adquiriu ao início de 1880, na localidade de Rio do Salto.

Recém instalado em sua imensa propriedade em terras inóspitas ainda por desbravar, onde os vizinhos mais próximos estavam situados a 4 ou 5 km. de distância, e a vila mais próxima, a de Lençol, situava-se a 10 km., Ferreira de Lima em 1883, planta a sua primeira ou segunda safra de milho e feijão.

Neste cenário inóspito, Ferreira de Lima se depara com uma cena, que para um pai de família, se torna das mais terríveis, o risco de vida de sua esposa grávida e de seus filhos, com a invasão roças e de suas terras por indígenas.

Qual a reação de um pai diante deste fato? A defesa acima de tudo de sua família, provocando uma grande fatalidade.

Temos por um lado os indígenas que durante centenas de anos circulavam livremente em todas as paragens do planalto norte, e de repente vão sendo cerceados por todos os lados, na sua busca de alimentação.

Por outro lado, temos os colonizadores, que gradativamente, vão se estabelecendo nesta região, incentivados pelo Governo e por particulares, desbravando regiões inóspitas e bravias, na maioria das vezes despreparados para o devido trato com os indígenas e psicologicamente antepostos a eles.

Diante desta situação em que por um lado, temos uma família acuada e por outro lado temos um grupo tribal que variava de 50 a 300 pessoas, num confronto mortal quase inevitável. Isso, que ao nosso o que ocorreu.

Até por economia de espaço, não iremos detalhar o embate entre Antonio Ferreira de Lima e os indígenas, mas os interessados poderão encontrar esta descrição nos livros “LEMBRANDO A MORTE DE ANTONIO FERREIRA DE LIMA” de autoria do Professor José Kormann, e ‘RIO NEGRINHO RAÍZES DA COMUNIDADE” do ex-prefeito Nivaldo Simões de Oliveira.

Data do Confronto – Até a presente data não se tem certeza da data precisa de quando ocorreu este confronto entre a família de Antonio Ferreira de Lima e os indígenas.

Nas nossas pesquisas não encontramos o registro de óbito de Ferreira de Lima, tanto em São Bento do Sul, Rio Negro ou Joinville. Mas uma data comumente aventada, é que o fato tenha corrido no outono de 1883, mais precisamente ao início de maio daquele ano, partindo da data de óbito de sua filha Paulina, recém nascida, ocorrido em 06/02/1884.

Outro registro encontrado é do casamento de Joaquim Ferreira de Lima, ocorrido em 21/02/1925, com Maria Gonçalves da Maia, em que o noivo declara que era filho de Antonio Ferreira de Lima, falecido em 14/12/1883. O certo, portanto, o fato fatídico ocorreu no ano de 1883.

Bugreiro? – A definição de bugreiros comumente aceita é que são indivíduos especializados em atacar indígenas, contratados pelos governos imperiais das províncias do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Partindo desta definição, com base na vasta bibliografia existente dos estudiosos sobre a questão indígena em Santa Catarina não encontramos qualquer menção a família de Antonio Ferreira de Lima como bugreiros.

A única ressalva encontrada, é apontada pelo imigrante Josef Zipperer Senior, afirmando que os embates entre indígenas e a família Ferreira de Lima eram fortuitos, pois os bugres “vinham lhes roubar o gado” e a família Ferreira “reagiam e se defendiam”, não se configurando, com a terminologia de bugreiros, anteriormente apontada. (cfe. Livro São Bento no Passado, de autoria de Josef Zipperer Senior, pág. 26).

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos históricos de nossa região! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: O EMBATE ENTRE INDÍGENAS E O PIONEIRO ANTONIO FERREIRA DE LIMA (2)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 13/08/2021, na edição nº 5.385, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Prosseguimos com a matéria iniciada no artigo anterior que trata sobre o confronto mortal entre indígenas e o pioneiro Antonio Ferreira de Lima, ocorrido no outono de 1883, morador da localidade de Rio do Salto.

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Possidonio Ferreira de Lima, um dos filhos do pioneiro Antonio Ferreira de Lima (Foto: acervo do Autor)


Quem foi Antonio Ferreira de Lima – No artigo anterior tratamos ainda que superficialmente sobre aspectos da vida indígena, sobre a vinda dos primeiros colonizadores brasileiros e europeus à nossa região e sobre o clima psicológico de confronto reinante entre os “brancos” e os índios.

Como já tratamos em outra ocasião a vinda da família de Antonio Ferreira de Lima à nossa região se dá por contrato do Brigadeiro Franco para “vigiar” as suas terras, em meados de 1874, por conta de possíveis invasões. Num primeiro momento os Ferreira de Lima se estabelecem na localidade de Campo Lençol, e por volta de 1883, se estabelecem na localidade de Rio do Salto, em terras adquiridas dos descendentes do Brigadeiro Franco.

Antonio Ferreira de Lima, é nascido em São José dos Pinhais, filho de Crispim Ferreira de Mello e Anna de Lima. Casou-se com 20 anos de idade, em São José dos Pinhais, em 11/12/1860, com Maria Evangelista de Faria, filha de João Evangelista de Faria e Celestina Maria do Espírito Santo.

Teve como filhos, nascidos em São José dos Pinhais: Roberto (nascido em 1858), Manoel (nascido em 1862), Joaquim (nascido em 1865), Serapião (nascido em 1867), Possidonio (nascido em 1871), Maria das Dores (nascida em 1873), Francisca (nascida em 1874); e, como filhos nascidos em Rio Negrinho: Ines (nascida em 1876), Lucinda (nascida em 1879), Thereza (nascida em 1880) e Paulina (1884). Nem todos os seus filhos chegaram a vida adulta.

Segundo registros existentes, ele migrou em meados de 1874, de São José dos Pinhais para Rio Negrinho, acompanhado de sua família, esposa e sete filhos, tendo fixado residência num primeiro momento na localidade de Campos do Lençol, até 1880, quando adquiriu dos descendentes do Brigadeiro Manoel de Oliveira Franco, onde fixou residência, uma extensa área de terras, na localidade de Rio do Salto, com aproximadamente 1.000 alqueires, com frente para o Rio do Salto, fundos com o travessão das terras da Sociedade Colonizadora Hanseática, de um lado dividindo com o Rio Negrinho e de outro com o travessão das terras do Brigadeiro Franco, com a seguinte descrição, constante em escritura pública: “Um terreno de campos, matos e ervas, com mil e quinhentos braços de frente e três mil braços de fundo, limitando-se pelo Rio do Salto, Rio Negrinho, linha da Colônia São Bento e outros terrenos”.

Composição familiar dos Ferreira de Lima, em 1883 - A família Ferreira de Lima, ao início, era composta pelo seu patriarca Antonio (então com 43 anos), sua esposa Maria Evangelista (então com 42 anos), e os filhos: Roberto (então com 23 anos), Manoel (então com 21 anos), Joaquim (então com 18 anos), Serapião (com 13 anos), Possidonio (com 12 anos), Maria das Dores (com 10 anos), Francisca (com 9 anos), Ines (com 7 anos), Lucinda (com 4 anos) e, Thereza (com 3 anos). Sua esposa estava grávida da filha Inês, nascida em fevereiro de 1884.

Portanto, a família era composta basicamente por 5 adultos, e 4 crianças, e, ainda, provavelmente, com algum empregado e até um escravo. Tinham por objetivo o plantio e a criação de gado. Os moradores mais próximos estavam estabelecidos a cerca de 10 km. de distância.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da vinda do pioneiro Antonio Ferreira de Lima a nossa região! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: O EMBATE ENTRE INDÍGENAS E O PIONEIRO ANTONIO FERREIRA DE LIMA (1)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 06/08/2021, na edição nº 5.384, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Francisca Ferreira de Lima, uma das filhas do pioneiro Antonio Ferreira de Lima e seu marido José da Cruz Veiga (Foto: acervo do Autor)


Contexto Histórico Regional – O estabelecimento do pioneiro Antonio Ferreira de Lima e sua família, em 1874, nas terras de Rio Negrinho ocorre num contexto de vários fatores que precisam ser analisados, que passaremos a analisar, para que possamos ter uma visão do conjunto no que culminou neste embate mortal.

Visão Geral da Vida Indígena - Todas as terras de nossa região eram ocupadas pelos índios Xokleng. A sua ocupação se estendia do Rio Grande às proximidades dos campos de Curitiba e Guarapuava, os vales litorâneos e as bordas do planalto sul brasileiro. Os Xokleng, são também conhecidos pelas denominações de Bugre, Botocudo, Aweikoma, Xokrén e Kaigang. O termo Bugre é usado no Sul do Brasil para designar qualquer índio, inclusive com aplicação muitas vezes de modo pejorativo.

Os Xokleng como um povo tinham sua língua, cultura e território que eram diferentes dos outros povos indígenas e viviam em grupos, não muito amistosos entre si. A tribo Xokleng era formada por diversos grupos, que variavam de 50 a 300 pessoas.

Eram nômades e suas rotas de perambulação eram realizadas de acordo um período sazonal, dependendo exclusivamente da natureza para sua sobrevivência, da caça de animais e aves e da coleta de mel, frutos e raízes silvestres, obrigando-se com isso a dominar um enorme território, com contornos não muito definidos. Passavam o inverno no planalto e no verão desciam para o vale.

Portanto, este modo de ser nômade e sem fronteiras vivida durante séculos pelos indígenas é interrompida e cerceada gradativamente pela vinda de colonizadores vindos do Paraná e de colonizadores europeus.

A Ocupação Pelos Colonizadores – A ocupação das terras de São Bento do Sul se dá de maneira direcionada, através da vinda de imigrantes europeus, a partir de 1873. Ao passo que a ocupação das terras de Rio Negrinho, de propriedade do Brigadeiro Manoel de Oliveira Franco, se dá a partir de 1874, com o objetivo de “vigiar” essas terras de possíveis invasores.

Com estas colonizações formalizadas aumentou a área territorial ocupada pelos brancos, diminuindo drasticamente as terras ocupadas tradicionalmente ocupadas pelos Xokleng, os expulsando daqui para outras regiões. Este movimento por um lado de um aumento das áreas colonizadas e a diminuição das áreas ocupadas pelos indígenas levou a colonizadores e índios ao confronto inevitável, pois os indígenas tinham uma vida nômade, dependendo exclusivamente da natureza, e com a ocupação das terras pelos colonos, a fome e a inanição passaram a serem ameaças constantes para eles, levando-os a depredar e de passar a se prover de alimentos em roças e pastos dos civilizados.

Clima Psicológico de Confronto - Entre os colonizadores criou-se um clima psicológico e ideológico no qual os índios foram apresentados como “selvagens desalmados”, “vadios”, “assassinos”, “ladrões”, e que não eram “exatamente humanos”, que tudo faziam para matar o branco, propagado aos quatro ventos, via oral ou alardeado pela imprensa. A narração de fatos envolvendo brancos e índios eram descritos em detalhes, com ampliação em regra desmesurada dos prejuízos causados em vidas, animais e propriedades. Tudo isso para legitimar e justificar um verdadeiro massacre e extermínio indígena pela ação dos colonos e de “bugreiros”.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da vinda do pioneiro Antonio Ferreira de Lima a nossa região! Obrigado!



NOSSA HISTÓRIA: ELEIÇÃO MUNICIPAL A PREFEITO DE RIO NEGRINHO EM 1992 (2)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 30/07/2021, na edição nº 5.383, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Na semana passada falamos sobre as eleições para prefeito de Rio Negrinho, em 1992. Num primeiro momento, abordamos as candidaturas de Romeu Ferreira de Albuquerque, que já havia sido prefeito anteriormente, e de José Kormann, que era candidato que representava o então prefeito da cidade, Guido Ruckl. Hoje traremos também outras duas candidaturas que fizeram parte daquela eleição.

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Paulo Gonçalo Ronconi e Luiz Eusebio Stoeberl, candidatos a prefeito e a vice em 1992


Um aspecto interessante desta eleição foi a inédita e até então impensável coligação realizada entre os dois partidos arquirrivais na política local, entre o PDS e o PMDB. O PMDB que vinha de duas amargas derrotas com o candidato Oscar Correa Vellasques, em 1982 e 1988, foi liderado nas eleições de 1992 pelo ex-vereador Antonio Zaleski, que decidiu em convenção sair de vice de Albuquerque.

A novidade ficou por conta da candidatura a prefeito do jovem empresário Mauro Mariani, pelo então recém fundado PTB, e ainda, o lançamento da candidatura de Paulo Ronconi, ex assessor de Albuquerque na Prefeitura, pelo PSDB.

O maior embate eleitoral se dá entre os correligionários de Kormann e Albuquerque, enquanto Mauro e seus apoiadores surgiram com novas propostas confrontando-se com as propostas dos antigos mandatários. Ronconi com pouco espaço de tempo no programa eleitoral se ateve a apresentar propostas e a defender o concorrente Albuquerque.

A eleição apresentou o seguinte resultado final: Romeu Ferreira de Albuquerque com 5.789 votos (40,28%), José Kormann com 4.407 votos (30,66%), Mauro Mariani com 3.856 votos (26,82%) e Paulo Gonçalo Ronconi com 321 votos (2,24%).

A eleição de Albuquerque se deu principalmente com o apoio da classe popular, contra o apoio de grande parte da classe empresarial e do apoio aberto de um destacado padre local, dados a Kormann.

Quanto a apresentação da candidatura de Paulo Ronconi no pleito municipal de 1992, segundo comentários à época, somente foi lançada como uma alternativa a uma possível cassação da candidatura de Albuquerque, fato que não ocorreu.

Mauro Mariani e Abel Schroeder, candidatos a prefeito e a vice em 1992


A surpresa ficou por conta da prestigiosa votação recebida pelo jovem empresário Mauro Mariani, ficando apenas 551 votos do segundo colocado, pavimentando a sua trajetória as próximas eleições.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nossa terra! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: ELEIÇÃO MUNICIPAL A PREFEITO DE RIO NEGRINHO EM 1992 (1)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 23/07/2021, na edição nº 5.382, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Apresentamos alguns aspectos da eleição municipal ocorrida em 03/10/1992 a prefeito em Rio Negrinho. Obviamente muitos outros aspectos num estudo futuro devem merecer a atenção.

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Prof. José Kormann e Octavio Possamai, candidatos a prefeito e vice em 1992


A eleição municipal em Rio Negrinho de 1992 se apresentou como um puro embate comparativo entre a Administração 1989/1992 do Prefeito Guido Ruckl e a Administração 1983/1988 do Prefeito Romeu Albuquerque.

Vivendo ainda num período em que a legislação eleitoral, ainda não previa o instituto da reeleição, o professor, ex-vereador e então vice-prefeito José Kormann se apresentou como o candidato do prefeito à época Guido Ruckl.

Guido Ruckl que se elegeu em 1988 como uma figura nova na política, não conseguiu deslanchar a sua administração, marcado principalmente pela forte influência do empresariado local e por suas repetidas lembranças do seu antecessor Dr. Romeu Ferreira de Albuquerque, chegando inclusive a mover uma ação judicial ao seu antecessor com uma série de acusações, que se arrastou ao longo de vários anos na justiça.

Dr. Romeu Albuquerque e Antonio Zaleski, candidatos a prefeito e vice em 1992 


Dentro deste clima político na disputa ao cargo de prefeito se apresentaram a eleição como candidatos: o professor, ex-vereador e então vice-prefeito José Kormann pela coligação “ALIANCA TRABALHO E ACAO POR RIO NEGRINHO”, composta pelos partidos PFL/PRN (Partido da Frente Liberal/Partido da Reconstrução Nacional), sendo o seu a vice o empresário Octavio Collodel Possami; o médico, ex-vereador e ex-prefeito Dr. Romeu Ferreira de Albuquerque pela coligação “ALIANCA TRABALHO E ACAO POR RIO NEGRINHO” composta pelos partidos PDS/PMDB (Partido Democrático Social/Partido do Movimento Democrático Brasileiro), tendo como vice o escriturário e então vereador Antonio Zaleski; o jovem empresário Mauro Mariani pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), tendo como vice o professor Abel Schroeder; e o advogado e ex-assessor municipal Paulo Gonçalo Ronconi pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tendo como vice o empresário Luiz Eusébio Stoeberl.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nossa terra! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: ÍNDIOS EM NOSSA REGIÃO (3)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 16/07/2021, na edição nº 5.381, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Prosseguimos a apresentação da presença indígena em nossa região. Não é nossa meta opinar quanto a forma desordenada da ocupação pelas colônias de terras por onde vagueavam os indígenas, assunto que desperta inúmeras interpretações e apaixonadas controvérsias.

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Relato da presença indígena em SC e na região pelo Presidente da Província, em 1877

“Em começo de 1877, o Presidente da Província de SC Alfredo d'Escragnolle Taunay entregava o governo a seu substituto legal Dr. Herminio Francisco do Espirito Santo e falava dos índios: “grande quantidade deles pertencentes as tribos dos Botocudos, Coroados e Puris, vagam ainda pelas florestas das serras de Lages, e são vistos ora na estrada daquele nome, ora nas picadas abertas ultimamente com o desenvolvimento das colônias Blumenau e Joinville. Parecem frequentar mais habitualmente a serra do Trombudo, o Tayo, o vale do Itapocú, aparecendo as vezes ao sul da província, e, Araranguá.

No começo dos estabelecimentos coloniais ao norte, esses índios, por várias ocasiões atacaram as propriedades, procurando sobretudo assaltar as pessoas isoladas, e roubar gado e roupas.

Repelidos e acossados, foram se tornando mais cautelosos e esquivos, deixando durante anos inteiros, de incomodar os colonos.

Entretanto, de certa época para cá recomeçaram com suas tentativas de agressão, ou por espirito de vingança, ou por sentirem expelidos de regiões, que pela abundancia de caça, como no Itapocú, Ihes proporcionavam cômoda existência”. (Primeiro Livro de Jaraguá, Frei Aurélio Stulzer, pág. 15)


Embate mortal entre indígenas e a família do pioneiro Antonio Ferreira de Lima, em 1883:

Um fato marcante em nossa região, nessa questão foi a morte pelos índios do pioneiro Antonio Ferreira de Lima, ocorrida no outono de 1883, de que vamos abordar futuramente em artigo próprio.


Crianças indígenas aprisionadas em São Bento e doados em 1883:

“Noticias locaes. Selvagens. Foram enviados ao Sr. Delegado deste Termo pelo Subdelegado de S. Bento, trez bugrinhos, ali aprisionados dos selvagens que ameação os moradores daquella colônia. A mais velha das crianças é um menino de 9 anos mais ou menos, e as outras duas meninas, de 5 e 2 anos. Entregues, por ordem do Exmo. Chefe de Policia, ao Sr. Dr. Juiz de órfãos deste Termo, S. S. deu tutores a esses pequenos, do menino, nomeou tutor o Sr. Jacob Schmalz, da primeira menina o Sr. Delegado de Policia, Ludowico von Lasperg, e da terceira o Dr. Wigando Engelke.

Oxalá não fossem essas crianças as ultimas que, com meios brandos, se podesse arrancar da selvageria e trazer-se a civilização”. (Jornal GAZETA DE JOINVILLE, edição de 05 de setembro de 1883)

Apontamento do Cemitério Indígena na região de Serro Azul, município de Rio Negrinho, em 1886:

“No mapa do Patrimônio confeccionado em 1886 por Fernando Oppitz (p. 416) figura um “Cemitério dos Botocudos”, na Serra do Mar, um local para nós difícil de ser apontado. Em todo o caso para os lados do Rio Preto e muito perto da (conforme a legenda) linha imaginária do eng... (nome dilacerado e comido), ao sul, mas que deve ser Jourdan, uma vez que foi o único a medir naquele rumo”. (Primeiro Livro de Jaraguá, Frei Aurélio Stulzer, pág. 14)


Presença indígena no interior de Rio Negrinho:

A presença indígena ou “bugres” como eram denominados, são notados na região de Volta Grande e Cerro Azul, ao início do século XX, quando da colonização de Bernardo Olsen e dos irmãos Paulo e Rodolfo Ruckl. (VOLTA GRANDE, págs. 22 a 44, Prof. José Kormann)

Apontamentos de vereda e aldeamentos indígenas no mapa da Sociedade Colonizadora de 1849, em Hamburgo:

Na região sul do terreno de propriedade da Sociedade Colonizadora de 1849 em Hamburgo, conforme apontamentos no mapa editado em 1878, da Colonização de São Bento, denota-se a presença de uma vereda e dois aldeamentos indígenas, um pequeno e outro de maior porte. (Mappa do Districto da Colônia Dona Francisca e São Bento – 1878 Fonte do Mapa: Arquivo Nacional)


Presença indígena no Rio Preto, interior de Rio Negrinho, em 1892:

Os índios também se fizeram sentir. Na noite do dia 4 de setembro appareceu grande numero delles perto da casa do Sr. Werner Riekes em Rio Preto [hoje município de Rio Negrinho, naquela época parte da colônia de São Bento]. Os selvagens fizeram um barulho enorme, jogaram paus e pedras na casa do Sr. Riekes e bateram contra a porta. Alguns tiros disparados ao ar, afugentaram os bugres. Noticias de Bituva dizem que varias fazendas proximas foram invadidas por um bando de bugres, sendo roubado muito gado. (Jornal LEGALIDADE, em setembro de 1892)


Toponímia com nomes indígenas em Rio Negrinho:

Em nosso município de Rio Negrinho a toponímia com nomes indígenas não é tão vasta. Mas temos a localidade de Rio dos Bugres e o rio dos Bugres, cujas denominações são centenárias, certamente destacando a presença indígena em nosso município.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos históricos de nossa comunidade! Obrigado!

sábado, 24 de julho de 2021

NOSSA HISTÓRIA: ÍNDIOS EM NOSSA REGIÃO (2)

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 09/07/2021, na edição nº 5.380, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Prosseguimos a apresentação da presença indígena em nossa região.  Não é nossa meta opinar quanto a forma desordenada da ocupação pelas colônias de terras por onde vagueavam os indígenas, assunto que desperta inúmeras interpretações e apaixonadas controvérsias.

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Diversas são as bibliografias históricas que apontam e comprovam a presença indígena em nossa região. Vamos apresentar alguns fatos:

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Encontro do Eng. Carlos Pabst com os índios em 1855 

“Em uma das planícies bastante isoladas que comunica entre si por estreitas aberturas pela própria natureza, nas fraldas das montanhas e cercados de espesso matto virgem, encontrei uma horda da tribu dos Bugres bravios. O inesperado encontro de nossa comitiva com a horda de índios fê-los fugir, sem déssemos um só tiro”. (São Bento do Sul: Subsídios para sua história, Carlos Ficker, págs. 19 e 20)

 

Ofício do diretor da Colônia Dona Francisca (atual Joinville) em 1874, dirigido ao Presidente da Província de SC, solicitando a proteção por soldados da Colônia de São Bento (atual São Bento do Sul) 

"Direção da Colonia Dona Francisca, aos 17 de julho de 1874.

Illmo. e Exmo. Snr. Presidente.

..... Neste respeito peço a V. Excia. digne-se mandar estacionar no novo nucleo colonial de S. Bento hum destacamento de soldados ...... contra os assaltos dos bugres, que nas vizinhanças do nucleo colonial se acham em maior numero.

 

Deos Guarde a V. Excia. O Director int.° O. Doerffel".

(São Bento do Sul: Subsídios para sua história, Carlos Ficker, pág. 72)

 

Expedição de combate aos “bugres”, em 1874

“Poucos antes, em 3/1/1874, o Jornal Kolonie Zeitung, de Joinville, noticiava que havia partido no dia 28 de dezembro de São Bento a maior expedição aprovada pelo presidente da província, para combater os “bugres” que circulavam nas imediações de Joinville e Blumenau. A expedição era formada por 31 homens e era dirigida pelo vaqueano João dos Santos Reis”. (Os índios Xokleng: memória visual, Silvio Coelho dos Santos, pág. 26)

 

Encontro dos primeiros colonos de São Bento com indígenas

Dentre as memórias do colono Josef Zipperer Senior, entre 1873 e 1904, abordando fatos e curiosidades da época da fundação e povoação do município de São Bento do Sul, cujas memórias estão reproduzidas do livro SÃO BENTO NO PASSADO, reproduzimos um encontro entre os colonos com os indígenas na região da localidade de Lençol, que acreditamos tenha ocorrido nos primeiros anos da colonização, num período entre 1873 e 1876, que reproduzimos:

“Sob a direção do engenheiro Alberto Kröhne, uma grande turma nossa, integrada também por mim, foi abrir uma extensa picada, rumo ao Sul, como divisa das terras da Cia. Colonizadora”.

“O ponto de partida foi onde hoje se ergue a localidade de Lençol e de lá, no rumo citado, abrimos a referida e larga picada”.

“No decorrer deste serviço encontramos, abandonados à beira de um riacho, dezesseis ranchos de bugres, com indícios evidentes de uma retirada destes, como fossem, brasas quentes, nas proximidades de um dos ranchos, além de arcos quebrados e flechas”.

“Como estávamos no inverno, havia, ao redor das palhoças, montões de casca de pinhão, fruto que servia de alimento aos indígenas. Também não faltaram ossos de anta e de pássaros, que vinham provar, que os bugres, com seus arcos e flechas, eram caçadores bem mais eficientes do que nós, que usávamos a pólvora e o chumbo. Das penas de aves, jogadas, constatamos, nitidamente, que em sua maioria eram as da jacutinga, que também já conhecíamos como caça bem saborosa”.

“De bugres vivos nada vimos, como também não nos molestaram durante todo o trabalho, que durou várias semanas”.

“As palhoças dos aborígenes consistiam numas armações muito primitivas e destinadas, ao que me parece, a uma utilização sempre temporária. Escolhiam quatro arvorezinhas apropriadas, distantes entre uns três metros, desgalhavam os troncos, vergavam-nos de encontro uns dos outros, com a taquara uniam os topes e cobriam com a folha de sapé, ou de Papanduva, esta espécie de pequena pirâmide, que mal abrigava contra intempéries. Agrupavam-nas de quatro e quatro, de maneiras que contamos quatro grupamentos distintos de palhoças, naquele aldeiamento a que me referi”.

“A meu ver, como já disse, tratava-se sempre de moradas temporárias, condizentes mesmo com a vida nômade dos índios, que passavam o inverno no planalto, na abundância do pinhão e da caça, e, provavelmente, no verão, desciam a serra, onde, nessa época, se deliciavam com o palmito e frutas”.

“Resumem-se nisto os meus contactos com os habitantes selvagens desta terra, que, aliás, nunca chegaram a incomodar ou molestar algum dos nossos”.

“Já de modo diverso aconteceu anos mais tarde, quando da fundação da colônia Lucena, hoje Itaiópolis, para onde muitos de nossos compatriotas se mudaram. Famílias inteiras foram ali massacradas pelos índios, entre eles uma família Neppel”. (São Bento no Passado, Josef Zipperer Sen., págs. 24 a 26)

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos dos primeiros ocupantes de nossas terras! Obrigado!