Olá, seja bem-vindo! Muito obrigado pela sua visita!

domingo, 23 de setembro de 2018

GENTE NOSSA: Sérgio Ferreira: o locutor esportivo

Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando SÉRGIO FERREIRA, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 131, pág. 7, em 10 de Novembro de 1995. A foto extraída do Jornal Perfil é de autoria de Alceu Solano Peyerl.


---------------------------------------------


Sergio Ferreira (foto de autoria de Alceu Solano Peyerl, publicada no Jornal Perfil, em 10/11/1995)

GENTE NOSSA traz esta semana a figura popular de Sérgio Ferreira, nome intimamente ligado ao esporte local e regional e a Câmara de Vereadores de Rio Negrinho.
  
“Quero frisar aqui nesta reportagem um fato digno de nota. É o seguinte: pela primeira vez, de uma maneira eficiente e digno de nota, os lares rio-negrinhenses tiveram a oportunidade de ouvir em suas casas a irradiação da partida realizada domingo p.p.; só temos que elogiar a iniciativa do Gerente da ZYR-4 Sr. Irineu Bruski, que não poupou esforços, para que este anseio de tantos, fosse realizado o que foi com pleno exito. Este na locução desportiva, o jovem e entusiasta, Sérgio Ferreira, que embora sendo a primeira vez, que tal gênero de transmissão, fizera saiu-se maravilhosamente bem. Desenrolou a lingua durantes os 90 minutos numa linguagem fluente e clara, parabéns, jovem Sérgio, nossos emboras senhor Gerente.* Desejamos que seja profícua tão elogiável iniciativa promulgada pela nossa tradicional R-4”. 

Este destaque faz parte da coluna “Notícia de Rio Negrinho”, publicado pelo jornal “A Notícia” de Joinville de 12/03/1960, do correspondente – Christado R. Lima que fazia menção a primeira transmissão esportiva, realizada pela então ZYR-4 Rádio Rio Negrinho, numa partida de futebol realizada no antigo estádio “Paulo Hatschbach” do E.C. Continental, onde atualmente está localizada a montadora de helicópteros da Ceramarte, numa partida entre Continental e Vila Nova, no dia 06/03/1960, quando o Continental venceu por 01 a zero, com gol de Lelo (Gonçalves).

Sergio Ferreira com um time infanto juvenil, provavelmente em meados da década de 1950 (Foto do acervo de Eladio Peyerl)


Para realização desta proeza várias peripécias foram feitas, desde a energia elétrica que não havia no campo, como transmissor emprestado de Curt Beher de São Bento do Sul, além da montagem improvisada da cabine, coberto de lona, onde o escaldante sol, que derreteu o narrador – Sérgio Ferreira, tendo ao lado como comentaristas Euclides Ribeiro (Quito) e Irineu Bruski, utilizando um só microfone com um cabo de 02 a 03 metros.


Cabine de transmissão da ZYR-4 Rádio Rio Negrinho, no estádio da Sociedade Esportiva Ipiranga (Foto do acervo de Eladio Peyerl)

Mesmo antes da primeira narração esportiva, o jovem Sérgio, então com 18 anos, já vinha de 02 a 03 anos, mesmo trabalhando na indústria de calçados Rubi, fazendo um programa semanal, às terças-feiras, às 18:30 horas, denominado “Marcha do Esporte”, portanto, desde muito novo, foi ligado a área de esportes.

As transmissões esportivas iniciadas pela Rádio, foi um entretenimento a mais aos rionegrinhenses, pois aos domingos havia danças no Salão Central de Otto Dettmer ou o matinê do cinema a tarde.

Como narrador esportivo, Sérgio Ferreira, já atuou, além da Rádio Rio Negrinho, na Rádio São José de Mafra, Rádio Difusora de Rio Negro e Rádio Clube de Canoinhas.

Seu arquivo das anotações das partidas de futebol são inúmeras, algumas marcantes, como em 18/12/77, no estadio São Januário (RJ), quando jogaram Vasco da Gama e Joinville, para a Rádio Rio Negrinho, com início as 17:00 horas, onde o goleador Roberto Dinamite marcou o gol do Vasco e Taquito empatou para o JEC, com arbitragem de Dulcidio Vanderlei Bosquila.  Chegou inclusive a transmitir partidas internacionais, como Brasil e Uruguai, no Estádio Couto Pereira, em Curitiba, onde fizeram a proeza de tirar a Rádio Globo do ar, ao desligarem um cabo.  

Em Campos Novos, levado para fazer propagando política o acaso fez inclusive transmitir uma partida de futebol, na inauguração da rádio local, onde o locutor contratado não apareceu no momento da transmissão e Sérgio foi requisitado. 

Também em Concórdia, nos Jogos Abertos, fez narração de partida de futebol de salão para TV de Lages, pois o locutor da emissora ficou afônico, onde sentiu de perto as diferenças entre a transmissão de rádio e TV.

Como destaques do futebol em Rio Negrinho, entre outros relembra como Hermes Wolff, Albino Burlikoski (Três Barras), Vino, Sacola, Branco, Luiz Buchmann, Sava, Valmor Bublitz, Raul Zipperer, da Sociedade Esportiva Ipiranga; Gralha, Alemão, Lelo Gonçalves, Bopi Lehner, Zito Brunnquel, Osni Quandt, Nene Baum e Kidi do E.C. Continental; Osmar “Garabina” Jablonski, Lito Tavares, Irineu Bruski e Miguelzinho do G.E. Vila Nova; Paulo Tureck, Traudio Tureck e Nike do ex-Omeri.

Como repórteres e comentaristas de Sérgio Ferreira, entre outros já participaram: Osni L. Quandt, Aldemir Tavares, Orestes Schier, Renato Carvalho, Norberto Murara, Irineu P. Bruski, Raimundo J. Veiga e Euclides Ribeiro (Quito).

Não podemos deixar de destacar o seu cotidiano na Câmara de Vereadores onde foi diretor legislativo e assessor de imprensa, durante 27 anos*, colaborando com diversas legislaturas, acompanhando de perto a política do Município.

Sergio Ferreira, assessor da Câmara de Vereadores, na posse do Prefeito Paulo Beckert, em 1977 (foto do acervo de Doris Piccinini - em memória)

Hoje aposentado das atividades da Câmara, continua com as transmissões esportivas para a Rádio Rio Negrinho e Rádio São José de Mafra, já se passando 35 anos de sua primeira transmissão esportiva, como narrador, com o entusiasmo empolgante que lhe é peculiar.

_______________________________________

Notas complementares do Blog:

* Sergio Ferreira nasceu em Rio Negro-PR à 24 de junho de 1941 e faleceu em 05 de janeiro de 1998. Deixou viúva Marta Melnik. Tinha dois filhos.

* Sergio Ferreira fez a sua primeira transmissão esportiva na Rádio Rio Negrinho, com apenas 18 anos de idade;

* Sergio Ferreira foi diretor legislativo e assessor de imprensa da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho durante 27 anos, entre os anos de 1964 e 1991; em homenagem póstuma, a Câmara de Vereadores denominou a sua Sala de Assessoria de Imprensa de "Sérgio Ferreira", em março de 1998;


Porta de entrada da Sala da Assessoria de Imprensa da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho com a placa alusiva a Sérgio Ferreira (foto do autor do Blog)


Fac-símilie da justificativa do Projeto de Decreto Legislativo da denominação de Sérgio Ferreira da Sala da Assessoria de Imprensa da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, de autoria dos vereadores Léo José Levandoski e Yelva S. Albuquerque (foto do autor do Blog)


Fac-símilie do Decreto Legislativo da denominação de Sérgio Ferreira da Sala da Assessoria de Imprensa da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, assinado pelo vereador/presidente Abel Schroeder (foto do autor do Blog)


* Foi colaborador de vários jornais de nossa região;

* Foi candidato a vereador nas eleições de 1988, pelo antigo PDS, não logrando êxito, obtendo 62 votos.

sábado, 1 de setembro de 2018

PERSONALIDADES DE NOSSA CIDADE: MARCILIO DETROZ, O “SEU” DUDA


Nota do Blog: Durante mais de 55 anos, nossa cidade de Rio Negrinho acolheu um campoalegrense, que aqui encontrou o seu caminho, Marcilio Detroz, mais  conhecido, como “seu” Duda. A presente biografia tem por base o texto publicado “NOTICIÁRIO DE RIO NEGRINHO” (edição nº 754, de 03/09/1989), de autoria do Paulo Gonçalo Ronconi, a quem “em memoria” agradecemos, atualizado com fotos e informações da família, complementado com pesquisa do autor deste Blog.

--------------------------------------------

Nascido em 23 de agosto de 1916, na cidade de Campo Alegre, Marcilio Detroz, mais conhecido como Duda, é filho de Francisco e de Emilia Stelzner Detroz, veio a residir em Rio Negrinho com 15 anos de idade, ao inicio de 1932. Oriundo de uma numerosa família de 09 irmãos, com o pai já falecido, e por falta de opções de trabalho na sua cidade de origem, veio buscar o sustento em nossa cidade, seguindo os passos dos irmãos Argemiro, Eduardo, José, Frederico e Moacir, que aqui já estavam residindo.


Marcilio Detroz, em 1986 (foto do acervo de Ivone Detroz Rodrigues)


Imagem da carteira de trabalho de Marcilio Detroz (acervo de Ivone Detroz Rodrigues)

 Foi admitido como servente na Cia. M. Zipperer (futura Móveis Cimo) em 13 de janeiro de 1932. Com o alistamento militar, foi incorporado como voluntário neste serviço, em 02 de maio de 1936 até 20 de abril de 1937, no 5º Grupo de Artilharia de Dorso, sediado em Curitiba. Com o desligamento deste serviço voltou as atividades na empresa.

Marcilio Detroz no 5º Grupo de Artilharia de Dorso, em 1936 (foto acervo de Ivone Detroz Rodrigues)


Marcilio Detroz (sentado) no 5º Grupo de Artilharia de Dorso, em 1936 (foto acervo de Ivone Detroz Rodrigues)

Marcilio Detroz no 5º Grupo de Artilharia de Dorso, em 1936 (foto acervo de Ivone Detroz Rodrigues)


Em 19 de setembro de 1942 casou-se em Rio Negrinho com Annita Gertrude Eddelbuttel. Anita, era natural da Estrada Bomplandt, município de Corupá, filha de Frederico Eddelbuttel e de Adele Beyer, nascida em  17 de março de 1921. Tiveram 3 filhos, Irineu, Ivone e Amauri.

Casamento de Marcilio e Anita Detroz em 19/09/1942 (foto acervo de Ivone Detroz Rodrigues)

 Ela também era servidora da Cia. M. Zipperer, onde trabalhou entre 11 de novembro de 1937 e 15 de agosto de 1942. O novo casal passou a morar no bairro Vila Nova, próximo a Escola Jorge Zipperer, entre 1942 e 1953, transferindo-se posteriormente para a rua São Paulo, onde moraram até o seu falecimento.

Imagem da carteira de trabalho de Anita Detroz (acervo de Ivone Detroz Rodrigues)

Imagem de Anita Detroz, por volta de 1940 (acervo de Ivone Detroz Rodrigues)


Marcilio foi galgando diversos postos, até chegar a chefe de sessão de máquinas. Em maio de 1972, na cidade de Joinville, foi agraciado com o Certificado e a Medalha de Mérito de Segurança do Trabalho, por ter se distinguido em atividades relacionadas com a prevenção de acidentes, higiene e medicina do trabalho. Em todos os anos em que trabalhou, Marcilio Detroz nunca faltou e nem sofreu qualquer espécie de acidentes.

Imagem de Marcilio Detroz no trabalho, por volta de 1950 (acervo de Ivone Detroz Rodrigues)


Colaboradores da Móveis Cimo, ao final da década de 1940, onde vê-se a partir da esq.: Hipólito Briniak, Alberto Liebl, Helmuth Krambeck, Joaquim Faustino Nunes (Gibaco), Waldemar Voigt e Marcilio Detroz (Duda) (imagem do acervo de Ivone Detroz Rodrigues)

Imagem parcial da Móveis Cimo, na década de 1950 (imagem acervo de Fátima Hofmann)


A data de sua saída da Móveis Cimo foi marcada pelo fechamento definitivo desta empresa em 28 de fevereiro de 1982, sendo aposentado por tempo de serviço com 50 anos, um mês e dezessete dias de atividades naquela empresa.

Perfeição nos seus produtos era uma das marcas da Móveis Cimo (imagem parcial de Agenda/1971, extraída do acervo de Ademar José Beckert)

  
“Por ter demonstrado competência, honestidade, pontualidade, interesse e dedicação em todos os trabalhos que lhe foram confiados, bem que poderia ter sido homenageado em vida”, assim se lamentou Paulo Ronconi, com justa razão, em relação ao “seu” Duda, diante da ausência reconhecimento pelo trabalho que realizou.

“Seu” Duda não foi o único empregado que pode se orgulhar de ter trabalhado numa única empresa durante 50 anos, mas certamente são raros estes casos, com a seriedade que lhe era peculiar. Ele certamente foi um dos símbolos, entre muitos, que elevaram a Móveis Cimo, a produzirem os móveis de alta qualidade, conceituados em todo o Brasil. Passado mais de 36 anos da extinção desta empresa, que levou o nome de Rio Negrinho por todo o Brasil, até hoje ela é lembrada pelo alto conceito dos seus móveis.

Marcilio e Anita Detroz, os filhos Irineu, Ivone e Amauri e o seu neto Amauri Jr., em 1986 (foto do acervo de Ivone Detroz Rodrigues)


Duda faleceu em 24 de agosto de 1989, um dia após ter completado 73 anos de idade, e a dona Anita faleceu em 11 de outubro de 2008, com 87 anos.