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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

BLOG RIO NEGRINHO NO PASSADO: ATINGIMOS 130 MIL VISUALIZAÇÕES !

Num processo lento de aprendizado, a primeira publicação do BLOG RIO NEGRINHO NO PASSADO foi realizada em 02 de outubro de 2009 e em 02 de maio de 2014, às 22 horas, foi alcançado a marca histórica de 100.023 visualizações. Neste período de 54 meses com 100 mil visualizações, deu-se uma média de 1851 visualizações/mês ou 61 visualizações/dia, atingindo vários países, além do Brasil, como Estados Unidos, Alemanha, França, Portugal, Rússia, Reino Unido, Canadá, Espanha, Dinamarca, Cingapura, e, Japão, entre outros, visitaram nosso Blog.
No último dia 12 de janeiro de 2015 atingimos outra marca importante, a de 130 mil visualizações, contabilizando neste período de 250 dias, entre 02/05/2014 e 12/01/2015.
Neste período verificou-se uma média de 3.750 visualizações/mês ou 120 visualizações/dia, portanto, um significativo incremento no interesse pelos assuntos históricos de nossa terra.
Com alegria verificamos que a média anterior de 61 visualizações/dia aumentou para 120 visualizações/dia.
Nestas 130 mil visualizações destacamos os principais países com suas respectivas pesquisas:

Brasil – 99.289; Estados Unidos – 12.901; Alemanha – 12.031; França – 941;  Rússia – 532; Índia – 384; Portugal – 369; Reino Unido – 292;  China – 290; e, Canadá – 245.

Sinto-me recompensado por este fato! Não podia de deixar de compartilhar com os amigos o acontecido. O objetivo de fomentar o resgate histórico de nossa terra vai aos poucos sendo atingido. Obrigado a todos e a todas! Um abraço!
Aos amigos e amigas compartilho uma foto com vista parcial de nossa terra, ao início da década de 1970, que me foi recentemente enviada pelo amigo Sven Han Sen, natural de Rio Negrinho, que atualmente mora em Ehra, Niedersachse, Alemanha!

Vista parcial de Rio Negrinho, ao início da década de 1970,
com destaque a antiga Móveis Cimo
 (Foto: enviada por Sven Han Sen)

sábado, 17 de janeiro de 2015

ANCESTRAIS DO IMIGRANTE BENEDICTO BAIL !


Benedicto Bail, imigrante alemão, nascido em 30/11/1854,
chegou em São Bento do Sul em 1874, e ali faleceu
em 28/02/1928 (Foto: acervo do autor deste Blog) 

Nota do Blog: O presente texto é de autoria do pesquisador histórico Henrique Fendrich, publicado originalmente no jornal “Folha do Norte" de São Bento do Sul, publicado em 06/01/2015, a quem agradecemos, vem complementar um texto publicado neste Blog, em 08/12/2014, com o título "80 Anos do Falecimento do Imigrante Benedicto Bail".

Resuminho do que descobri sobre a família do Benedicto Bail, publicado na Folha do Norte de 06/01/2015. 
_______

Recentemente, com a disponibilização on line dos registros paroquiais da antiga Boêmia, foi possível descobrir as origens da família de Benedikt Bail, o noivo do primeiro casamento “alemão” de São Bento. Diz a história que Benedikt ficou órfão muito cedo, informação que ainda não foi possível confirmar. Já se sabe, no entanto, a origem do seu sobrenome “Bail”, grafia que parece ter sido adotada apenas após a sua vinda ao Brasil, pois em todos os registros europeus ele aparece como “Bayerl”. Este era o sobrenome da sua mãe, Maria Anna Bayerl, nascida na aldeia de Haidl am Ahornberg, atual Zhŭří, na República Tcheca. Maria não chegou a se casar com o pai de Benedikt, razão pela qual os filhos passaram a adotar o sobrenome materno.
O pai de Benedikt chamava-se Peter Haderer, possivelmente natural de Stadl, na Baviera. Trabalhava como amolador e era filho de Georg Haderer e Margaretha Hendl, também bávaros. Peter Haderer morou com Maria Anna Bayerl em um terreno na aldeia de Holzchlag, atual Paseka, justamente onde Benedikt veio ao mundo aos 30.11.1854, sendo batizado em Gutwasser, atual Dobrá Voda. Na ocasião seus pais já haviam tido a filha Barbara Bayerl, que imigraria ao Brasil casada com Franz Pöschl. Posteriormente, tiveram uma filha chamada Margaretha Bayerl, que morreu ainda bebê.
A mãe de Benedikt era filha de Wenzel Bayerl e Barbara Schreiner, também naturais de Haidl am Ahornberg, neta paterna de Joseph Bayerl e Theresia Schmid, e neta materna de Georg e Theresia Schreiner, esses últimos moradores de Rathgebern, atual Radkov. O último Bayerl que se tem conhecimento é o pai de Joseph, chamado Johann Georg Bayerl, que foi casado com Katharina Löffelmann e faleceu em Haidl am Ahornberg com cerca de 60 anos em 1793. Theresia Schmid, a esposa de Joseph Bayerl, era filha de Mathias Schmid e Anna Maria Schwarz.
São esses os ancestrais descobertos até o momento. Abaixo, uma antiga imagem de Haidl am Ahornberg, a terra de origem dessa família Bail/Bayerl.

PRIMEIRA ERVATEIRA DE RIO NEGRINHO!


Edgar Ilton Hantschel e o pacote de CHIMARRÃO HANTSCHEL
(Foto do acervo do autor do Blog)
Pacote de CHIMARRÃO HANTSCHEL
(Foto do acervo do autor do Blog)
Nota do Blog: O presente texto é uma reprodução da reportagem do “Jornal dos Bairros – RIO NEGRINHO”, publicado na 1ª semana de Setembro de 2008 (Edição nº 6), com enfoque ao bairro Quitandinha, de autoria do repórter Ricardo Baum, a quem agradecemos. Esta foi uma feliz iniciativa da empresa RN Jornalismo Ltda., proprietária do vintenário Jornal Perfil de nossa cidade. A afirmação feita por Edgar Ilton Hantschel, filho de Rodolfo, quanto a primeira ervateira de Rio Negrinho, expresso neste artigo, necessariamente exigirão maiores estudos futuros que poderão corroborar esta tese levantada. Rodolfo Hantschel, nascido em 1902, é filho de Carlos Hantschel e Maria Stuber, imigrantes alemães, que vieram residir em Rio Negrinho, por volta de 1890. Foi casado com Hulda Ritzmann, e teve seis filhos: Zelia, Durvaldo, Leonidas Sergio, Edgar Ilton (Eka) e Valdir José (Titsi). Morador do bairro Quitandinha, foi marceneiro, agricultor e dono de ervateira. Faleceu em 1968.

Rodolfo Hantschel e sua esposa Hulda defronte a sua
residencia no bairro Quitandinha
 (Foto do acervo de Edgar Ilton Hantschel)
Quando Edgar Hantschel, o popular “Eka” tinha seis de idade, por volta de 1945, seu pai Rodolfo Hantschel, construiu a primeira ervateira de Rio Negrinho. A construção foi realizada no bairro Quitandinha. A cidade passou a ter um referencial em erva, o “Chimarrão Hantschel”. Naquele tempo, Eka conta que sua avó (Maria Hantschel) tinha em casa, ervas que faziam os chás e o chimarrão. A erva era feita no carijó, onde era socada em um pilão com os pés. “Era um jeito mais fácil e rápido de se trabalhar”, comentou Eka. Pela erva muito boa, diversos amigos e conhecidos de Rodolfo Hantschel começaram a pedir ervas, para o manuseio do chá e chimarrão. Daí surgiu a idéia de montar um pequeno galpão para a fabricação de ervas grossas para chá e finas para o chimarrão.

Rodolfo Hantschel e filhos, defronte ao prédio da ervateira
(Foto: acervo de Edgar Ilton Hantschel)
“Vários amigos que tinham comércios, pediam a erva a meu pai para a venda”, comentou Edgar.  Conforme ele, após erva socada, era sapecada no “barbaquá”, um grande secador em dois fornos com 15 metros de comprimento. Após este procedimento, a erva era encaminhada ao malhador, onde funcionava a base de roda d’água.  Depois as ervas ficavam guardadas em um depósito para que quando tivesse um pedido, elas eram retiradas do depósito para mais uma vez serem socadas. Daí eram entregues em sacos de estopa. No começo, os sacos de estopa eram vendidos abertos.  Anos depois, foi adquirido a nova embalagem do Chimarrão Hantschel, de um quilo.  Estas embalagens eram produzidas em Florianópolis.
As famosas ervas eram distribuídas em São Bento do Sul, Jaraguá do Sul e Joinville. Além disso, passavam por Rio Vermelho, Corupá, Serra Alta e outras localidades. “O pessoal da cidade comentava que quando batia o vento forte, conseguiam sentir o cheiro de erva de longe”, contou Eka. Após chegar ao sucesso de tantos pedidos, Eka conta que a força da água não vencia mais fazer com que a erva ficasse malhada para a venda, assim, Rodolfo comprou o motor a gasogênio, combustível usado em motores de carros antigos. “Primeiro era feito no fogão a lenha, que queimava para produzir o gás, mas dava muita fumaça, então resolveu trocar para a gasolina”, disse Eka.
Vista das edificações da ervateira Hantschel
(Foto: acervo de Edgar Ilton Hantschel)
Por volta de 1954, Hantschel adquiriu um gerador de luz elétrica para sua fábrica, dando mais força e potencia ao motor a luz elétrica para o funcionamento do malhador.  A Ervateira Hantschel se encerrou em 1968, quando Rodolfo Hantschel ficou doente e acabou falecendo meses depois.  Seus filhos já haviam se casado e transferido para outra cidade, com isso a ervateira não teve continuidade.
Segundo Eka, no Quitandinha existia apenas a Ervateira, um moinho de trigo e salão de festas de Linus Tureck, onde aconteciam diversos bailes da cidade. “Não havia outra coisa boa além dos bailes que o salão oferecia”, comentou Hantschel.  Entre diversos grupos musicais, se apresentaram a Bandinha Tureck e Banda Weiss, que até hoje fazem sucesso na cidade”.

domingo, 11 de janeiro de 2015

PERSONALIDADES DE NOSSA HISTÓRIA: QUEM FOI OTTO CARLOS HEINECKE?

Otto Carlos Heinecke, esposa Cristina e sua filha Waltrudis
(Foto: acervo de Heinz Heinecke)
Otto Carlos Heinecke, na localidade de Rio Casa de Pedra
 e a colheita da mandioca destinado a fabricação
de farinha (Foto: acervo de Heinz Heinecke)
Otto Carlos Heinecke, na localidade de Rio Casa de Pedra
 e o moinho destinado a fabricação de farinha de
 mandioca (Foto: acervo de Heinz Heinecke)
Otto Carlos Heinecke e amigos num mutirão, na localidade de Rio Casa de
Pedra, na construção de um galpão (Foto: acervo de Heinz Heinecke)

Nota do Blog: Recentemente este Blog publicou uma matéria sobre a origem da denominação do Bairro Quitandinha, no qual todos os entrevistados apontam para uma singela quitanda destinada a venda de frutas e verduras, situada às margens da Estrada Dona Francisca, no alto do Bairro Quitandinha, construída por Otto Carlos Heinecke, nos idos de 1945. Alemão de nascimento, muitos ainda lembram de sua pessoa em sua moradia às margens da Rod. Br-280, próximo a entrada da empresa Sólida. A seguir escrevemos um pouco sobre a sua história.

Filho de Carlos e Ida Heinecke, Otto Carlos Heinecke nasceu na cidade de Witzenburg, na Alemanha, à 04 de março de 1898. Serviu no exército alemão durante a 1ª Guerra Mundial, imigrando após esta data, rumo ao Brasil, via Uruguai, se estabelecendo em Santa Cruz do Sul (RS) e mais tarde subindo ao estado do Paraná numa temporada em Londrina.
Se estabeleceu em Rio Negrinho por volta de 1932. Residiu na localidade de Rio Casa de Pedra, onde se casou em 03/08/1935, com Cristina Tureck, filha de José Tureck e Bertha Tureck.

Otto Carlos Heinecke e seus filhos Heinz, Waltrudis e Eraldo, num singelo teatro no salão da Quitandinha, pelos idos de 1948 (Foto: acervo de Heinz Heinecke)
Permaneceu naquela localidade até 1945, quando adquiriu às margens da Estrada Dona Francisca um terreno, onde veio a construir uma edificação destinado a um salão de bailes e na sua parte frontal, um anexo, destinado a venda de frutas e verduras e de botequim, uma pequena quitanda. Esta quitandinha, serviu de referencial para ser conhecido aquela região, o atual alto do bairro da Quitandinha.
Heinecke, morou até 1950, no bairro Quitandinha, quando mudou-se para a localidade Santa Rosa, município de Francisco Beltrão (PR), onde ficou por 4 anos, retornando a Rio Negrinho, passando a residir na região central da cidade e mais tarde às margens da atual Rodovia Br-280, onde morou até a sua morte em 17/09/1987.
Neste terreno às margens da Rod. Br-280 edificou sua residência, e ao lado pequenas edificações, uma destinada a fabricação de seus famosos bonecos de barro e a outra destinada a um salão de festas, denominado Sanssouci.
Seus bonecos de barro ficaram famosos e eram vendidos em frente a sua moradia, e em toda região.

Salão Sanssouci, situado ao lado da moradia de Otto Carlos, numa das festas
destinada aos amigos e conhecidos. (Foto: acervo de Heinz Heinecke)
Quanto ao prédio denominado Sanssouci, destinado a pequenas festas, onde reunia amigos e conhecidos, era uma homenagem ao antigo palácio de Verão de Frederico o Grande, Rei da Prússia, em Potsdam, mesmo à saída de Berlim. É frequentemente incluído na lista dos palácios alemães rivais do Château de Versailles (extraído do site Wikipédia).
De espírito alegre, irrequieto e empreendedor, Otto Carlos foi de profissão pintor de paredes, pintor de paisagens e fabricante de bonecos de barro. Esta tradição, de pintor de paredes foi mantida pelo filho Heinz e é seguida pelo neto José Carlos.
A fabricação de bonecos e vasos, até hoje é feita pelo seu filho Heinz, atualmente morador na localidade de Lageado, município de Rio Negro.

Otto Carlos Heinecke com seu vizinho e amigo Afonso Spitzner, numa
das festas no Salão Sanssouci (Foto: acervo de Heinz Heinecke)

Otto teve 4 filhos: Waltrudis, nascida em 1938; Heinz, nascido em 1940, casado com Zilda Wunsch; Eraldo, nascido em 1942 (já falecido); e, Margarida, nascida em 1944 (já falecida).

Heinz Heinecke, seus bonecos de barro e as peripécias nas bicicletas

Waltrudis Heinecke, Heinz Heinecke e sua esposa Zilda Wunch
(Foto: acervo do autor do Blog)
Os três irmãos Heinz, Eraldo e Margarida, filhos de Otto Carlos, se tornaram conhecidos por seguirem a profissão de pintor de paredes de pai.
Heinz e o irmão Eraldo também se tornaram conhecidos pelas peripécias em corridas de bicicletas. Para eles as bicicletas eram um veículo diário de transporte, portanto, acostumados ao seu uso.

Corrida de bicicletas promovida pela Comercial Miner, pelos idos de 1963, com o patrocínio da fábrica de bicicletas Monark (Foto: acervo de Heinz Heinecke)

Lá pelos idos de 1962/1963 a Comercial Miner promoveu disputas ciclísticas. Uma delas de ida e volta entre a cidade de Rio Negrinho até a ponte do rio Preto, na qual Heinz Heinecke ficou colocado em terceiro lugar. E na outra, de ida e volta, entre Rio Negrinho e o trevo de Oxford em São Bento do sul, na qual os irmãos Heinz e Eraldo se colocaram em primeiro e segundo lugar.

Imagem de Eraldo Heinecke em exibição ciclística
(Foto: acervo de Heinz Heinecke)

Heinz com sua irmã Waltrudis atualmente moram no Lageado, num sitio onde foi plantador de tabaco, e atualmente está dedicando um antigo afazer de seu pai, a fabricação artesanal de bonecos, vasos e outros produtos de barro.

Bonecos de barro artesanais de fabricação de Heinz Heinecke
(Foto: acervo do autor do Blog)

Vasos de barro artesanais de fabricação de Heinz Heinecke
(Foto: acervo do autor do Blog)

Casas de passarinhos artesanais de fabricação de Heinz Heinecke
(Foto: acervo do autor do Blog)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

IRMA TEIXEIRA CUBAS, 100 ANOS DE VIDA: A HISTÓRIA DE UMA MULHER BATALHADORA E VENCEDORA!

Irma Teixeira Cubas, na véspera dos 100 anos de idade.
(Foto: acervo do autor)
Irma Teixeira Cubas, na véspera dos 100 anos de idade.
(Foto: acervo do autor)

Nota do Blog: O presente texto é uma reprodução da página do Jornal Perfil de Rio Negrinho, publicado em 09/01/2015 (Edição nº 4086), de autoria da repórter Katia de Oliveira, a quem agradecemos.


Dona Irma completa 100 anos de vida no sábado

Dona Irma Teixeira Cubas mora na rua Adolfo Olsen, no bairro Cruzeiro, em Rio Negrinho. É uma senhorinha com semblante carinhoso e amigável, querida por adultos e por muitas crianças, que fazem questão de cumprimenta-la quando ao passar na rua, a veem sentada na varanda. O rosto da dona Irma momento algum revela sua idade. Quem para e conversa com ela, logo percebe a voz e a consciência lúcida, que carrega as lembranças mais remotas. Sim, quem conhece dona Irma dificilmente vai imaginar que sábado ela completará 100 anos.
E mais surpreendente ainda é ver como ela, que já enfrentou dezenas de dificuldades, está nervosa e ansiosa às vésperas de completar seu centésimo aniversário.  Nervosa, ela pensa numa reunião singela para comemorar a data, ao lado de familiares  e amigos.
Mãe de quatro filhos – Donato, Hilário (vivos), Orlando e Uriel (já falecidos) -, ela recebeu nossa reportagem em sua casa. Apontou para o lugar em que a repórter devia sentar no sofá de sua sala, sentou em sua cadeira predileta e, na companhia dos amigos Osmair Bail e Orita Fernandes do Amaral e do filho Donata, ela abriu seu coração.
Contou histórias, as suas histórias, chorou, sorriu, colocou a mão no coração por diversas vezes, respirou fundo e continuou seus relatos, respondendo também a algumas perguntas. Deu lições de vida e mostrou que ela própria é uma referencia com quem se tem muito a aprender. Afinal completar 100 anos não é para qualquer pessoa.

“Nunca pensei que ia chegar nessa idade”

Natural da cidade de Campo Alegre, dona Irma Irma enfrentou muitas dificuldades e admitiu que ela mesmo se surpreende por ter ido tão longe. “Nunca pensei que ia chegar nessa idade. Todos os meus parentes se foram e eu que sofri tanto, estou aqui”, destacou.
Ela revelou que passou por muitas dificuldades financeiras quando morava no interior de Campo Alegre. “Meu marido chegou a me deixar várias vezes com as crianças em casa, sozinha, sem comida, os filhos chorando.... Em uma delas, me contaram que estava viajando com outra senhora, que tinham ido para Curitiba, enquanto nós estávamos naquela situação”, lamenta-se, com olhar vago no horizonte.
O marido foi assassinado em um bar de Campo Alegre (em 1944). “Eu tinha os três pequenos e o caçula na barriga ainda. Tive que sair com eles, lá do meio do mato (localidade de Postema), a pé, para reconhecer o corpo.  Já sofri muito”. “Ficava com o bebê no colo, com medo que  chorasse e um bugre viesse mata-lo”, recorda ela.
Sozinha, no meio do mato, como disse, dona Irma foi até mesmo cercada por bugres, que por algumas vezes ficavam rodeando sua casa. Na época ela tinha um filho pequeno, bebê ainda e viveu horas de pânico. “Era muita pobreza. Meu filho nasceu em uma manjedoura, tinha frestas na casa e os bugres ficavam à espreita. Eu tinha medo que um deles matasse bebê, pois diziam que os bugres matavam crianças e ficava horas lá, com ele no colo, para que não chorasse”, diz ela.

Grupo Escolar Profª Marta Tavares, local de trabalho de Dona Irma
(Foto: acervo de Foto Weick)

Em 1951, ela chega a Rio Negrinho

E o sofrimento foi contínuo até que em 1951 sua irmã, a professora Selma Teixeira Graboski, que lecionava Educação Física na Escola Marta Tavares, em Rio Negrinho, a convidou para trabalhar na escola como servente.

Professora Selma Teixeira Graboski, irmã da dona Irma
(Foto: acervo da família) 
O convite foi aceito e lá veio dona Irma, de Campo Alegre, com seus quatro filhos. Aqui sua vida se estabeleceu. Mas o começo não foi nada fácil. “Chegue sem nada. Não tinha dinheiro nem para comida. Mas minha irmã, como era bem conhecida na cidade, falou com dona Mause Olsen, que deixou eu comprar no mercado dela para pagar 30 dias depois, quando receberia o primeiro salário. Foi graças a ela e a ajuda de outras pessoas que conseguimos sobreviver aqui”, revela.
No mercado do seu Urbano Murara, relatou que comprou por muito tempo também. E tem um orgulho. “Nunca fiquei devendo nada para ninguém”, falou, antes das lágrimas rolarem de seu rosto. “A gente chora de alegria, chora de felicidade. São muitas lembranças”, desabafou.

“Às vezes tinha comida, mas não tinha lenha”

Só que nem tudo se resolveu tão facilmente para dona Irma. “As vezes tinha comida, mas não tinha lenha e naquela época não havia fogão a gás. Foi um tempo muito difícil”.  Como não podia ficar sem comer e nem deixar que os quatro filhos sem comida, ela deu um jeito de conseguir a lenha por algumas vezes. A iniciativa, da forma como foi feita, foi para ela motivo de muita vergonha durante anos. Até que um dia resolveu confessar o erro e pedir perdão. “Na escola eles compravam caminhões de lenha da Móveis Cimo. Quando eu não tinha lenha, umas três ou quatro madeirinhas escondido e colocava em uma bolsinha. Eu tinha vergonha de pedir, mas não tinha vergonha de pegar. Era uma situação humilhante. Até que um dia contei para dona Orita.  Ela ficou brava comigo e perguntou por qual motivo não contei que precisava de lenha, pois ela compraria para nós”.

Donato Cubas - filho, Osmair Bail - vizinho e amigo, Professora
Orita Fernandes do Amaral - amiga e vizinha, e dona Irma
(Foto: acervo do autor do Blog)
Durante 21 anos dona Irma trabalhou na Escola Marta Tavares e conquistou a todos – professores, funcionários, alunos e pais de alunos. Com humildade, disse que nunca imaginou que era notada. “Não imaginava que reparavam em mim. Sempre gostei das pessoas, tanto dos adultos quanto das crianças e tratava a todos com muito carinho”. “Há dois anos, quando completei 98 anos, professores do Marta, alunos, funcionários, fizeram um grupo e realizaram umas festa de aniversário para mim aqui em casa. Chorei muito, a Naira até chegou aqui no portão tocando violão”, relembrou.

DIFICULDADES

Dona Irma também contou que quando seu pai ficou doente em Campo Alegre ela não tinha dinheiro para ir até a cidade visitá-lo. Mas nem por isso se intimidou. “Pegava o trem aqui em Rio Negrinho descia na Estação do Rio Vermelho em São Bento do Sul e de lá íamos a pé até Campo Alegre. Eram cerca de quatro horas e meia de viagem, carregando malas, atendendo as crianças pequenas, no frio, no calor. Diziam que por aquela serra tinha até leão, mas eu enfrentava tudo para ver meu pai”. Como precisava trabalhar na segunda-feira, não tinha outra opção a não ser pedir carona para voltar para Rio Negrinho. “A gente ficava na estrada, pedindo carona para os caminhoneiros”.
Apesar de ter sofrido muitas experiências dolorosas, dona Irma sorri. Principalmente quando se lembra que mesmo com todas as dores que sentiu no corpo e  na alma, nunca pensou em fazer mal para ninguém. E é com a certeza e a serenidade de quem tem a consciência tranquila que ela deixou uma mensagem para todos. “Nunca se faz o mal a ninguém, porque cedo ou mais tarde ele volta para quem o fez”, diz a quase centenária mulher. 

Repórter Katia de Oliveira, do Jornal Perfil, por ocasião da entrevista
com a centenária Dona Irma (Foto: acervo do autor do Blog) 

FESTA NA ESCOLA

Dona Irma finalizou dizendo que pretende viver quantos anos mais Deus lhe der. E, quem sabe, no sábado não será ainda surpreendida aos 100 anos? É o que deve acontecer. Pois seus amigos lhe preparam uma festa que acontecerá sábado (10/01/2015) às 15h30 no Ginásio da Escola Marta Tavares, no Cruzeiro. Segundo dona Orita do Amaral e Osmair Bail, que fazem parte do grupo, as pessoas, que comparecerem ao evento, podem presentear dona Irma com fraldas geriátricas, material higiênico para idosos e toalhas de banho brancas. Todo material será doado para a ala de geriatria da Fundação Hospitalar. O pedido foi feito pelos familiares de dona Irma, que preferiram fazer uma festa solidária, já que cuidam da senhora, provendo todas as suas necessidades.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

QUAL A ORIGEM DA DENOMINAÇÃO DO BAIRRO QUITANDINHA ?

Vista parcial do Bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor do Blog)
Vista parcial do Bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor do Blog)
Vista parcial do Bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor do Blog)
Vista parcial do Bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor do Blog)
Vista parcial do Bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor do Blog)
Vista parcial do Estádio do Esporte Clube Continental
(Foto: acervo do autor do Blog)
Vista da Praça Eugenio Tureck (Orge), no Bairro Quitandinha
(Foto: acervo do autor do Blog)
Vista parcial da Pousada das Araucárias, situada no Bairro Quitandinha
(Foto: acervo do autor do Blog)
Vista da EBM Profº Quiliano Martins, situada no Bairro Quitandinha
(Foto: acervo do autor do Blog)
Vista do Ginásio de Esportes Mário Tureck, situado no Bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor do Blog)
Vista do Posto de Saúde Municipal, situado no Bairro Quitandinha
(Foto: acervo do autor do Blog)
Vista da Igreja São João Batista, situada no Bairro Quitandinha
(Foto: acervo do autor do Blog)
Nota do Blog: Na busca de informações, sobre a origem da denominação do bairro Quitandinha, recentemente estivemos entrevistando alguns moradores e ex-moradores daquele bairro, entre os quais destacamos: Edgar Ilton Hantschel (Eka), 75 anos, nascido e criado no bairro Quitandinha, filho de Rodolfo Hantschel, descendente da tradicional família Hantschel; Laurindo Zeithammer (Tulo), 76 anos, filho de Otto Zeithammer, morador do bairro Quitandinha nas décadas de 1940 e 1950; João Kormann, 72 anos, nascido na Colônia Olsen, e atual proprietário do terreno onde estava localizado a quintanda e o salão de bailes, que originou a denominação de Quitandinha; e, Osvaldo Hubl (Ossi), 66 anos, filho de Francisco Hubl, oriundo da Estrada da Serra, em São Bento do Sul, morador desde 1955 do bairro Quitandinha.

Edgar Ilton Hantschel (Eka), 75 anos, morador do bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor)
Laurindo Zeithammer (Tulo), 76 anos, ex-morador do bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor)
João Kormann, 72 anos, morador do bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor)
Osvaldo Hubl (Ossi), 66 anos, e sua esposa Maria Natalia, moradores do bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor)

Qual a população do Bairro Quitandinha?
Conforme o censo 2010 (IBGE) a população do bairro Quitandinha é de 1.533 habitantes, distribuída entre homens e mulheres. A população masculina, representa 757 hab, e a população feminina, 776 hab. Sendo a população composta de 50,62% de mulheres e 49,38% de homens. Portanto, no bairro Quitandinha, existem mais mulheres do que homens. Sua área de 1,22 km2.

Faixa Hetária
População
Porcentagem
0 a 4 anos
120
7.8%
0 a 14 anos
417
27.2%
15 a 64 anos
1036
67.6%
65 anos e +
80
5.2%


Histórico da denominação do Bairro Quitandinha!
O que leva a determinada localidade ou lugar a ser denominada de uma ou outra forma? Muitas vezes é o imponderável. Provem muitas vezes do mais corriqueiro.  É talvez assim se explique o porque de nome de Quitandinha.
O Bairro de Quitandinha tem a Estrada Dona Francisca como sua principal via pública de acesso, ou melhor, esta rua é como se fosse a coluna dorsal e as demais ruas fossem as vértebras.

Otto Carlos Heinecke, imigrante alemão, construiu a quitanda e o salão do bailes, origem da denominação do bairro Quitandinha (Foto: acervo de Heinz Heinecke)
Lá pelos idos de 1945, ao tempo que a Estrada Dona Francisca, ainda era o principal elo de ligação rodoviário, entre Joinville e Mafra (a Rod. Br-280 só foi construída ao final da década de 1950), o alemão Otto Carlos Heinecke, construiu um pequeno salão bailes, e em anexo, na sua parte frontal uma barraquinha de madeira destinado à venda de frutas e verduras, às margens da Estrada Dona Francisca, bem próximo a Igreja São João Batista, naquele bairro.
Local exato onde situava-se a quitanda e o salão de bailes, 
no bairro Quitandinha (Foto: acervo do autor)
Esta quitanda, que na verdade era um singelo comércio de frutas e verduras, servindo as vezes de um pequeno botequim, batizou o atual bairro, seguindo suas atividades até por volta de 1950, quando o alemão Heinecke vendeu o imóvel a Max Finke.
Por sua Max Finke seguiu com o salão de bailes por algum transferindo mais tarde o empreendimento a Linus Tureck que o reformou e ampliou e mais tarde o vendeu para Engelberto Liebl, que pouco tempo depois vendeu o prédio e foi desmanchado lá pelos idos de 1963. Mas, a denominação de “Quitandinha” permaneceu.
Dentre os moradores mais antigos do Bairro Quitandinha são lembrados, na sua parte alta: Rodolfo Liebl (ferraria), Bernardo Kwitschal, Miguel Tascheck, Emilio Tureck, Otto Zeithammer, Henrique Maros, José Brand, Luiz Liebl e Francisco Hubl; e, na parte baixa: Rodolfo Tureck, Rodolfo Hantschel, José Staffen e Paulo Hatschbach.
Importante frisar que a “Quitandinha” era assim conhecida apenas na sua parte mais alta, e a parte baixa daquele bairro, era conhecido como “Rio dos Bugres”, e as duas partes foram englobadas oficialmente sob a denominação de Bairro Quitandinha, sob a Lei nº 259, de 01/12/1982.