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sábado, 20 de março de 2021

NOSSA HISTÓRIA: DESFILE SEMANAL DE CARROCEIROS PELA CIDADE DE RIO NEGRINHO

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 19/03/2021, na edição nº 5.364, pág. 6, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: Texto com base em publicações do Blog Rio Negrinho no Passado sob a administração do colaborador desta coluna semanal, em depoimentos de João Kormann e de pesquisas do Autor da Coluna.

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Uma vez por semana, mais precisamente as sextas-feiras, os colonos, propiciavam um verdadeiro desfile de carroças, vindos principalmente das localidades mais próximas da cidade de Rio Negrinho, como Colônia Olsen, Rio Casa de Pedra, Queimados, Rio dos Bugres, Salto e Campo Lençol.

Imagem do início de década de 1940, do desfile semanal de carroças de colonos, na esquina da Praça do Avião (Foto do acervo de Foto Weick)


Eram agricultores que traziam seus produtos à venda, como lenha, ovos, manteiga, queijo, feijão, milho, carne de porco, que eram entregues nos comércios da cidade, a exemplo de Luiz e Eduardo Neidert, Urbano Murara, Francisco Ruckl, João Boelitz, Margarida Meyer, Arnoldo Ricobom, Jorge Quandt, Evaldo Treml, Arlindo Carvalho, Carlos Kirschbauer e José Brusky Jr., entre outros.

Nesta imagem vê-se José Vicente Thomáz (dir.), carroceiro na entrega de lenha às residências de Rio Negrinho, oriunda principalmente da Móveis Cimo. (Foto do acervo de Vitoria Vicente Thomáz – em memória)


Nesta época nem se pensava em fogões a gás, mas todos movidos a lenha, que era comprada da Móveis Cimo, de serrarias, ou, ainda dos colonos.

Os produtos vendidos pelos agricultores não eram pagos em moeda corrente e sim com outros produtos, a exemplo de café, açúcar, sal, querosene para os lampiões, e tecidos para confecção de roupas. Nesta época era muito difícil a roupa feita em larga escala e industrialmente, e, sim feita por costureiras.

Imagem de uma aula de Corte e Costura, onde vê-se, a partir da esq.: Geni Dettmer, Irmgard Treml, Marta Meister, Frau Quandt, Andira e Rene Ritzmann (Foto: Acervo de José Luimar Meyer)


Este desfile de carroças, que se iniciava ainda de madrugada, trazia até a cidade os seus condutores, onde faziam as suas negociadas e retornavam vagarosamente as suas residências, num ritmo bem mais tranquilo que os nossos dias, não sem antes darem realizarem parada às margens do rio dos Bugres, para aqueles que moravam na Colônia Olsen e região, para darem águas aos cavalos, fazerem o “fristick”, fumar um palheiro ou cachimbo e botarem a prosa em dia com seus vizinhos.

Com a implantação do supermercado e dos produtos industrializados essa maneira de se comercializar, que vinha se arrastando por mais de 40 anos, foi definhando, se encerrando este ciclo ao início da década de 1970.

Imaginemos, a população então acostumada pelo sistema tradicional, onde o comerciante atrás de um balcão atendia o freguês, empacotando e pesando as mercadorias, cobrando somente no final do mês pelas famosas cadernetas e de repente, o balcão é eliminado, o cliente é obrigado a servir-se e no mesmo ato pagar.

Este novo sistema de autoatendimento, tão comum em nossos dias, começou a ser implantado em Rio Negrinho, a partir de 1960, com a Comercial Miner, inspirado em centros comerciais maiores, foi um dos primeiros em Santa Catarina, ideia trazida pelo empresário Milton Jorge Zipperer de suas viagens a Alemanha. Essa história em outro momento voltaremos a focar.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nossa terra! Obrigado!

domingo, 14 de março de 2021

NOSSA HISTÓRIA: “OMERI F. C.”

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 12/03/2021, na edição nº 5.363, pág. 6, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: Texto com base em publicações do Blog Rio Negrinho no Passado sob a administração do colaborador desta coluna semanal.

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Contexto - Nas décadas de 1950 a 1970, até por falta de outras opções de lazer, o futebol se constituía numa opção para jogadores e sua fiel torcida. Assim os principais clubes da cidade de Rio Negrinho, que se rivalizavam, eram o IPIRANGA, CONTINENTAL, VILA NOVA e o OMERI.

Flâmula comemorativa dos 10 anos do Omeri F.C.

Nessa época, gloriosa para o futebol da nossa região, os campos de futebol atraiam grande número de torcedores. As torcidas, não raras vezes, acompanhavam seus times para outras cidades, tal era o gosto pelo futebol.

Omeri - O clube de futebol OMERI FUTEBOL CLUBE, sigla de Oficina Mecânica Rio Negrinho, foi fundado em 15 de novembro de 1957 (ou 1958), tendo como um dos principais fundadores José Carlos Pscheidt, sócio fundador daquela empresa.

Carteira de sócio do OMERI F.C. (Acervo de Affonso G. Froehner - em memória)

Carteira de sócio do OMERI F.C. (Acervo de Affonso G. Froehner - em memória)


A sede do OMERI e seu estádio situavam-se à rua Dona Francisca, próximo a ponte sobre o rio dos Bugres. Seu estádio de futebol era denominado “Max Anton”, em homenagem ao então cedente do terreno. Motivo de muito orgulho do então bairro Rio dos Bugres, infelizmente foi extinto ao final da década de 1970. Em seu uniforme eram adotadas as cores verde e amarelo.

Imagem dos atletas João Pereira (J. Silva) e Itamar Simões (Puio), com o uniforme do OMERI. Aos fundos vê-se a casa de Max Anton, proprietário do terreno do OMERI (Foto: acervo de João Pereira)


Como os times de futebol em nossa cidade eram compostos de atletas amadores, principalmente de final de semana, que eram trabalhadores das empresas, portanto, gente com poucas condições financeiras, tornava-se comum os clubes buscarem "padrinhos" na aquisição de camisas de seus times.

Time do OMERI FC, em 20/07/1969, no estádio do Ipiranga, onde vemos a partir da esq., agachados: Antonio Barbosa (Nico), Hary Dums, Celso C. Carvalho, Itamar Simões, João Pereira (J. Silva) e Joaquim Vicente; em pé: Luiz Schukosky, Ernesto Anton, José Moreira, Vadico Barbosa, João Barbosa, Raul F. Lima, Luiz Moreira, Ary Neppl, Traudio Tureck, Antonio E. Floriani, José Padilha e Eugenio Tureck (Orge). (Foto do acervo de João Pereira)


Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nossa terra! Obrigado!

domingo, 7 de março de 2021

NOSSA HISTÓRIA: “HOTEL E SALÃO LAMPE”

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 05/03/2021, na edição nº 5.362, pág. 6, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

Publicado em 07/03/2021 - Atualizado em 16/05/2021

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Nota do Autor: Texto com base no livro “Rio Negrinho que Eu Conheci” de autoria do ilustre professor José Kormann e informações de Braulio Lampe (em memória), Elli Norma Olsen e Florinda Almira da Silva (Dona Flori), a quem agradecemos.

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Quem passa na Avenida dos Imigrantes vê com surpresa, o prédio da Prefeitura Municipal, inaugurada em 1996, construída no estilo country dos antigos saloon’s do velho oeste. De onde surgiu essa inspiração?

Roberto Lampe *22/01/1871 +11/05/1937


A fonte da inspiração do estilo do prédio é oriunda do edifício denominado primeiramente de “Hotel e Salão Lampe” e mais tarde de “Hotel e Salão Dettmer”, situado bem no centro da cidade de Rio Negrinho, defronte a Igreja Matriz Santo Antonio, exatamente onde encontra-se a agência do Bradesco.

Salão Lampe e Hotel Central (Acervo Leoni Tureck)


Este prédio foi construído Roberto Lampe, iniciado por volta de 1922, logo após a seu retorno dos Estados Unidos, onde morou e após 2 anos, retornou em virtude das baixas temperaturas. O prédio foi inaugurado em 15 de agosto de 1926, serviu de hotel, salão de bailes e ponto de irradiação artística, esportiva e cultural.

Na mesma data da inauguração do Salão, também foi inaugurado o campo de futebol do Rio Negrinho Foot Ball Club, localizado ao final da rua Willy Jung. O Salão Lampe foi sede deste clube, que além do futebol, mantinha uma biblioteca com centenas de livros, grupo teatral, ginástica e uma orquestra. Por curiosidade o Rio Negrinho Foot Ball Club tinha o seu próprio hino, que foi musicado pelo maestro Max Jakuch e letra de Carlos Schramm e tinha como cores o azul e branco.

Prédio da Prefeitura de Rio Negrinho (Fonte: Redes Sociais)


O Hotel e Salão Lampe foi sucessivamente administrado posteriormente à Roberto Lampe, por Frederico Lampe e Leopoldo Ribeiro, João Neumann, Afonso Olsen e por fim, Otto Dettmer.

O Hotel e Salão Dettmer (antes Salão Lampe) serviu por muitos anos de local de salão de bailes, treinamento e de exibições para esportistas de várias idades.

Imagem do incêndio do Hotel e Salão Dettmer, ocorrido em 08/12/1973 (Fonte: Redes Sociais)


Em 8 de dezembro de 1973 Rio Negrinho perde um dos ícones do seu patrimônio, o Hotel e Salão Dettmer, que foi totalmente consumido por um incêndio simplesmente aterrador. Mais tarde, o terreno foi adquirido pelo Bradesco, onde está sediado a sua agência local.

Nota complementar do Prof. Osny Zipperer:

Em 25 de junho de 1925, talvez num dos primeiros eventos que aconteceram no SALÃO LAMPE, foi o "banquete" servido em homenagem à inauguração do novo Distrito de Rio Negrinho, com a presença de parte da população e do Sr. Superintendente Luiz de Vasconcelos, deputado para o Congresso Estadual.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nossa terra! Obrigado!

NOSSA HISTÓRIA: FRANCISCO KWITSCHAL, O “MALER”, NOSSO PRIMEIRO PINTOR!

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 26/02/2021, na edição nº 5.361, pág. 8, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Nota do Autor: Texto publicado originalmente em 21/11/2012, no Blog Rio Negrinho no Passado, com base em entrevistas, realizadas em novembro de 1984, com Paulo Hatschbach, e Emilia Kwitschal Paul, netos de Francisco Kwtischal, ao servidor municipal Osmair Bail, então Diretor do Museu Municipal de Rio Negrinho, complementados com informações extraídos do Cemitério Municipal de Rio Negrinho e dos sites do Arquivo Histórico de Joinville e familysearch. Francisco Kwitschal pode ser considerado um dos primeiros pintores de nossa cidade.

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Imagem de 1915, com os casais (esq.) Francisco Kwitschal e mulher Amalie, e sua filha Amalia (atrás); Henrique Hatschbach e sua mulher Sophia, com os filhos Sophia e Paulo. (foto: acervo de Similinda Sofia H. Salomon)

Filho de Josef e de Theresia Palla, Francisco (Franz) nasceu em Reichenau, Boêmia, em 1842, imigrando para o Brasil, em julho de 1876, através do Navio Vandália, com sua esposa Amalie (então com 33 anos) e a filha Maria, então com 2 anos. Era de religião católica. Era pintor de profissão, que já exercia na Europa.

Veio acompanhado de toda a família, seu pai, Josef, já viúvo, então com 72 anos; seus irmãos Josef, então com 34 anos, casado com Barbara e sua filha, Bertha, então com 9 meses, e Carl, então com 23 anos, solteiro.

Estabeleceu-se na localidade de Lençol, em São Bento do Sul, por volta de 1879, na Estrada do Lago. Logo ao estabelecer-se sentiu o drama a adaptar-se a nova vida, ou seja, sem nenhuma experiência em trabalhar à terra, vindo a morar numa modesta palhoça feita de taquaras, que pouco tempo depois pegou fogo, queimando todos os pertences e documentos.

Para arranjar dinheiro nos primeiros tempos trabalhou na construção da Estrada Dona Francisca, onde iniciavam a jornada de trabalho às 6:00 horas da manhã e seguiam até às 18:00 horas, indo e voltando a pé de Lençol até o local de trabalho.

Trabalhou nesta obra até a Estrada encontrar o rio dos Bugres, em Rio Negrinho, isto em 1880, não deixando de fazer as plantações em seu lote de terras. A partir desta data começou a exercer a sua verdadeira profissão, a de pintor.

Suas pinturas eram de toda a natureza, principalmente quadros sacros, que estão espalhados por várias capelas e igrejas de toda a região, principalmente de São Bento do Sul e Rio Negrinho. Os mais renomados, são os quadros da Via Sacra, que estão expostos na Igreja Matriz Santo Antônio de Rio Negrinho, foram pintados por Francisco, por encomenda de José Brey, que os doou a primitiva Capela da cidade, em 1926.

Quadro de umas das estações da Via Sacra exposta na Igreja Matriz Santo Antonio de Rio Negrinho, de autoria de Francisco Kwitschal (Foto: Bibi Weick)

Além dos quadros pintava bandeiras, que eram panos nos quais eram pintados imagens de santos a serem hasteadas em festas, geralmente num galho de árvore. Os letreiros das placas de cemitério eram também de sua autoria.

Francisco residiu em Lençol até 1917, mudando-se daí para Rio Negrinho, em terras do filho Henrique, situadas onde encontra-se o Loteamento Paulo Beckert, no bairro Campo Lençol, de onde mais tarde mudou-se para a rua São Bernardo.

Aqui em Rio Negrinho continuou a exercer a sua obra, ainda não catalogada. Alguns quadros localizados recentemente, de autoria de Francisco, expostos em residências de seus descendentes, não se encontram assinados por ele, sabendo-se por tradição oral, que foram pintados por ele.

Quadro "Nossa Senhora Mãe de Jesus", de autoria de Francisco Kwitschal, pertencente a família de Adolar Pscheidt


Quadro "Sagrado Coração de Jesus", de autoria de Francisco Kwitschal, pertencente a família de Elisabeth Kwitschal Paul


Teve como filhos, Maria, nascida na Europa em 28/09/1874, casada com José Endler, e no Brasil, Henrique, nascido em 22/09/1878, e Sofia, nascida em 26/12/1880, casada com Henrique Hatschbach. Sofia e Henrique também foram moradores em Rio Negrinho, deixando aqui vários descendentes.

Francisco, faleceu em 20/02/1929, com 87 anos e sua esposa Amália, faleceu com 95 anos, 11/03/1932, e estão sepultados no Cemitério de Rio Negrinho.

Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos da história de nossa terra! Obrigado!