sábado, 7 de março de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (51)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 19/12/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.

O QUE SE FOI E O QUE FICOU! (II)

Considerações Iniciais. Rio Negrinho foi fundada no bruto sertão junto às margens do rio que lhe deu o nome. A formação do povoado foi muito ajudada pela construção da estrada de ferro e a construção da estrada Dona Francisca que deram alento à instalação da fábrica de móveis que mais tarde veio a ser a grandiosa Móveis Cimo que propiciou ao pequeno povoado tornar-se vila e depois cidade. Cada colono que aqui se instalava, construía sua casa, às vezes de pau-a-pique. Algumas eram de tábuas horizontais, outras de tábuas verticais e outras ainda mistas (das duas maneiras).
No início de tudo, raramente construía-se em alvenaria porque a madeira era abundante, estava em todos os lugares, ali pertinho de onde se queria construir e, também, porque era material barato.
Mais tarde, já decorridos alguns anos, desde a chegada dos primeiros imigrantes, por exemplo, na década de 20 e 30, aos poucos as casas de alvenaria foram aparecendo, construídas por aqueles de maior estabilidade financeira. Temos alguns exemplos de construções antigas demolidas e de outras que ainda existem e que retratam nosso passado.
Algumas fotos, que hoje apresentamos, foram obtidas bem nos primórdios, quando os primeiros imigrantes começaram suas atividades na região.
RESIDÊNCIA DOS PRIMEIROS COLONOS, CONSTRUÍDA COM TÁBUAS HORIZONTAIS. Muitos dos imigrantes europeus trouxeram este modelo de casa do lugar de onde vieram e o copiaram sentindo-se, assim, mais perto da sua terra natal. Os telhados eram compostos de tabuinhas encaixadas umas nas outras. Em muitos casos até as paredes eram de encaixe, sem nenhum prego. Em São Bento do sul, ainda hoje, temos casas construídas nesse sistema e que podem ser apreciadas bem de perto. Nota do Blog: imagem de moradia de imigrante de São Bento do Sul, que foi levada por Jorge Zipperer em sua viagem à Bohêmia, para mostrar as condições de vida dos mesmos, em 1938. (Foto: acervo de Elvira Schiessl da Silva, publicada no Blog Rio Negrinho no Passado em 25/10/2012)
CASA DE MADEIRA MODELO MISTO – HORIZONTAL E VERTICAL. Tudo, naquele tempo, era feito manualmente, desde cortar as árvores à machadadas e escavar a terra para arrancar os cepos das árvores cortadas. Os colonos tinham que fatiar as toras à custa de serrotes e serras na força braçal para conseguir tábuas. Não havia máquina alguma para auxiliar na árdua tarefa. Todos os diques, casas, ranchos, cercas, estradas e carreiros eram trabalhados no muque. Note o detalhe do telhado dessa casa: a cumeeira tem uma dobra em forma de triângulo. Quem assim procedia nesse tipo de construção queria mostrar destaque e comunicar que era gente importante. Digamos, era um procedimento vaidoso. Mesmo na simplicidade, a família toda labutava de sol a sol para tirar seu sustento da terra, plantando aipim, milho, frutas, batata, feijão, etc. Quase não havia animais de tração e de carga para facilitar o trabalho duro na roça. Esses colonos sabiam das dificuldades que enfrentariam na nova terra, mas o faziam com amor, determinação e com grande dose de heroísmo. Nada, nem chuva, nem sol e nem geada impedia que executassem sua missão de colonizar a terra e criar a família! Olhe bem na foto e imagine que tudo o que você vê foi feito com suor e sofrimento! A mata virgem foi transformada em benefícios pelos bravos desbravadores! Nota do Blog: imagem de moradia de imigrante de São Bento do Sul, que foi levada por Jorge Zipperer em sua viagem à Bohêmia, para mostrar as condições de vida dos mesmos, em 1938. (Foto: acervo de Elvira Schiessl da Silva, publicada no Blog Rio Negrinho no Passado em 25/10/2012)
CASA DE ALVENARIA. Casas de alvenaria e com varanda na frente como esta permaneceram e, ainda hoje, são parte das paisagens típicas do interior. Eram construídas por famílias mais abastadas. Nota do Blog: imagem de moradia de imigrante de São Bento do Sul, que foi levada por Jorge Zipperer em sua viagem à Bohêmia, para mostrar as condições de vida dos mesmos, em 1938. (Foto: acervo de Elvira Schiessl da Silva, publicada no Blog Rio Negrinho no Passado em 25/10/2012)
CENTRO DA VILA DE RIO NEGRINHO NO INÍCIO DA DÉCADA DE 30. Este retrato mostra a rua hoje denominada Jorge Zípperer. A maioria casas era de madeira. Até a ponte da matriz sobre o rio Negrinho (que não aparece na foto, mas que está logo após a curva) era de madeira. À esquerda vê-se a Padaria Flora, talvez a primeira padaria da cidade.
PONTE DE MADEIRA SOBRE UM DOS RIOS DE RIO NEGRINHO, NOS PRIMÓRDIOS. Há homens sobre a ponte, provavelmente fazendo reparos.
MUSEU CARLOS LAMPE, NO CENTRO DE RIO NEGRINHO. Esta construção de madeira horizontal, que pertencia à família de Jorge Zípperer, sobreviveu no tempo, foi tombada e reformada, mas precisa de cuidados especiais para que permaneça por muitos anos enchendo os olhos da nossa gente e dos turistas. 
HOTEL RIO NEGRINHO, PRIMEIRO HOTEL DA CIDADE. Construído à rua Dom Pio de Freitas (1910), não mais existe. Deu lugar à construção sita em frente à travessa que liga as ruas São Bernardo e Otília Virmond Olsen, esta última passa na parte de baixo da Escola Marta Tavares.
CASA DE TÁBUAS FINAS HORIZONTAIS NA RUA SÃO BERNARDO. Esta bela casa ainda está lá do mesmo jeito que foi construída. É um patrimônio da História de Rio Negrinho. Nota do Blog: esta casa foi construída em 1931, por Martin Ilg, guarda-livros da empresa de Luiz Bernardo Olsen. 
CASA DOS PAIS DO FALECIDO HANS (JOÃO) BOELITZ E AVÓS DO VEREADOR OSNI BOELITZ, NA RUA DOM PIO DE FREITAS. Na década de 50, o casal de simpáticos velhinhos Boelitz, vendia picolés e pirulitos pelas ruas da cidade.  A casa deles (foto), ao lado da valeta que vinha da Rua do Sapo, continua de pé e bem conservada. Ela retrata os velhos tempos em que Rio Negrinho desfrutava de absoluta tranqüilidade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS. Se você tiver fotos ou objetos dos seus falecidos pais e avós, não os destrua, mas sim, conserve-os com muito carinho, pois são produtos da sua própria história e fazem parte da sua vida. Na verdade, são documentos da evolução desde seus antepassados até você. Ame o que é seu! Por hoje é só! Obrigado!
Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

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