quinta-feira, 5 de março de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (50)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 12/12/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.


O QUE SE FOI E O QUE FICOU!

Considerações Iniciais. Rio Negrinho evoluiu e transformou-se de pequena vila em cidade com leve ar de moderno centro urbano. Alguns edifícios mais altos despontam aqui e ali. No entanto, ainda pode-se andar tranquilamente por quase todas as ruas da cidade, sem medo de ser assaltado, a não ser o trânsito que está virando incômodo, principalmente no centro da cidade, de resto, tudo mais reflete paz e sossego.
Mostraremos, hoje, algumas imagens raríssimas do nosso passado e, também, algumas casas que permanecem como eram, apesar do tempo e outras que não mais existem.
Iniciaremos pela rua Jorge Lacerda e imediações e, noutra oportunidade, avançaremos para outros bairros como mesmo objetivo. Osni Muhlbauer, amigo nosso, nos forneceu duas fotos antigas raríssimas da Rua Jorge Lacerda (rua do Sapo), ao qual agradecemos.
RUA JORGE LACERDA (Rua do Sapo) EM CONFLUÊNCIA COM A RUA DOM PIO DE FREITAS E VISTA PARCIAL DO BAIRRO CERAMARTE NA DÉCADA DE 70.  Aqui vemos a Ceramarte dez anos após o incêndio que a levou às cinzas. Os proprietários souberam dar a volta por cima e, em pouco tempo, multiplicaram em muitas vezes seu patrimônio. O nº 1 mostra a esquina da rua Dom Pio de Freitas com a rua Dom Pedro II. O nº 2 mostra a residência do Sr. Engelberto Stiegler (falecido) que hoje pertence aos herdeiros. 
O MESMO LOCAL – 2014. Aqui, também, os nºs 1 e 2 , mostram o mesmo lugar. Compare as duas fotos e veja que diferença entre os tempos antigos (1970) e os de hoje (2014).
A MESMA ESQUINA (Nº 1) PROVAVELMENTE NA DÉCADA DE 40. Nesta rara foto voltamos no tempo lá para os idos anos 40. Repare que além da confluência das ruas Dom Pio de Freitas e Dom Pedro II não há nenhuma construção. Mais tarde, naquele vazio, no meio dos morros, o Sr. Hornick construiu uma fábrica de móveis, que hoje não existe mais. Vemos a pontinha do telhado da serraria do Sr. José Bail e parte do pátio com madeiras empilhadas. No lugar desta serraria, hoje encontra-se o Posto de Combustível “Nosso Posto”.
RUA DO SAPO NA DÉCADA DE 40. Esta é a foto mais antiga da Rua do Sapo que temos em mãos. A valeta da esquerda, na fotografia, era bem funda. A da direita era mais rasa e dentro dela crescia, abundantemente, muito mato e agrião. O pessoal da rua colhia o agrião para servir como salada nas refeições em casa. Provavelmente não havia contaminação porque as “patentes” eram construídas quase sempre no fundo dos quintais, longe das valetas nas quais só escoava as águas vindas dos morros.
RUA DO SAPO, TAMBÉM NA DÉCADA DE 40. Esta foto, fornecida pelo Sr. Osni Muhlbauer, também é muito antiga. Vê-se à esquerda, em primeiro plano, a torrefação de café, onde se produzia o Café Rio Negrinho, bom prá chuchu. O café era puro, moído ali mesmo com os melhores grãos, sem mistura de outros ingredientes. Na frente da torrefação, numa noite escura um homem foi assassinado com umas dez facadas, depois de terem discutido num bar próximo do local do crime e, meio bêbados, ali se enfrentaram. Os  moradores próximos, ouviram a vítima gritar várias vezes: “Não me mate! Não me mate!” Quando o pessoal saiu para socorrê-lo, o homem já estava morto. E foi neste mesmo local que aconteceu “A batalha da Rua do Sapo” já contada neste mesmo jornal em outra oportunidade. No outro lado, depois do poste, vemos o Cartório de Vagemiro Jablonski, o único cartório da cidade. Naquele tempo tudo se resolvia num só cartório. As duas construções acima citadas não mais existem. As pessoas na foto são - na moto, na garupa: Bruno Muhlbauer; ao lado da moto: Urbano Muhlbauer e no meio da rua: Osvaldo Muhlbauer. Não conseguimos identificar o piloto da moto. Nesta rua, de vez em quando, passavam grandes boiadas que vinham do interior do município, tocadas por boiadeiros a cavalo e que as levavam para fazendas do Paraná. Em muitos dos casos, o comboio de cavaleiros, cavalos, cachorros e bois andavam semanas a fio até chegarem ao destino final.
ENCHENTE NA RUA DO SAPO EM 1960. Nesta foto, também fornecida pelo Sr. Osni Muhlbauer, vemos uma das freqüentes enchentes na Rua do Sapo. Esse fato se repete ainda nos dias de hoje, basta uma boas enxurrada para que a rua fique alagada causando transtornos aos moradores e comerciantes. Se até então o problema das enchentes na Rua do Sapo não foi solucionado, provavelmente, não mais o será, pelo menos a curto ou médio prazo. Em primeiro plano, na foto, à direita, a casa dos Muhlbauer que ainda existe um pouco modificada. Já adiante o cartório Jablonski e a seguir, no mesmo lado, a Borracharia do falecido Artur Purim. As pessoas que pudemos identificar são: na frente, à esquerda: Sr. Abílio Gadotti (falecido); na porta da varanda: o garotinho Osni Muhlbauer, aos 8 ou 9 anos de idade.
RUA JORGE LACERDA (RUA DO SAPO), 2014. Nesta rua poucas casas permanecem. Uma delas é a dos Muhlbauer que já foi modificada (aquela entre os dois carros).
CASA CONSTRUÍDA POR FERNANDO TURECK NA DÉCADA DE 40 (A FOTO É DE 1975). Esta baixada entre os morros era um banhadão. Para que as casas pudessem ser construídas era preciso aterrar o local. Pense no esforço dos nossos descendentes, pois tudo era feito com serviço braçal porque não havia máquinas. Esta casa ainda existe, embora um pouco modificada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Rio Negrinho, aos poucos vai se projetando para o futuro. Dia a dia as modificações acontecem aqui e ali. Nesta evolução, algumas amostras do passado estão sendo conservadas, mas muitas e muitas se foram e não voltam mais. E, destas que ficaram, quantas serão sacrificadas em nome do progresso?!
Obviamente, ninguém quer viver nas condições precárias do passado – pouco comércio, ruas de terra, pouca luz elétrica, sem televisão, telefone e outras mordomias do presente – mas se faz mister preservar a memória do passado através da conservação de bens patrimoniais  para que não se perca o gosto por nossas raízes!
Por hoje é só! Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do céu! 

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