quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (44)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 31/10/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Rio Negrinho, até chegar a ser o que é hoje, passou por várias fases boas e ruins. Mas, de fase em fase, progrediu, mudou, evoluiu e, nessa evolução, apareceram muitos benefícios que fazem o conforto dos seus habitantes. Por exemplo, as ruas antes eram de terra, barro, pó e desníveis no chão às vezes complicavam a vida das pessoas, como quando iam à missa, chegavam na igreja com os sapatos cheios de barro. Há relatos de pessoas que só calçavam os sapatos na porta da igreja de modo a mantê-los limpos durante as cerimônias; Hoje, quase todas as ruas tem asfalto. Antes ia-se para escola a pé, no frio e na chuva e algumas delas eram distantes da casa do aluno; Hoje há ônibus escolares, os pais tem automóvel e em cada bairro há pelo menos uma escola. Antes, o atendimento de saúde resumia-se a um único hospital e uma farmácia no centro da cidade; Hoje, há um grande hospital e postos de saúde em todos os bairros. Obviamente, o progresso acontece paralelo ao aumento da população, mas a evolução nem sempre trás benefícios, como por exemplo, o trânsito, principalmente nas ruas centrais, que está se tornando complicado para os usuários de veículos e para os transeuntes. A cidade de Rio Negrinho atual está irreconhecível para quem a viu há 50 anos, salvo em alguns pontos aqui e ali. Vejamos algumas fotos de antes e de hoje e façamos a idéia de como era a vida naqueles tempos. Aqui, a primeira foto mostrando a extinta Sociedade de Cantores.  

SOCIEDADE DE CANTORES. Esta casa, sita à rua Luiz Scholz, era o ponto de encontro da elite rionegrinhense. Aqui aconteciam bailes, apresentações teatrais e muitos outros eventos culturais e sociais. Enquanto que no Salão Lampe rolava os bailões, onde a massa popular se divertia, na Sociedade dos Cantores os bailes eram endereçados à alta sociedade da cidade. É claro que as pessoas mais simples podiam freqüentar o local, mas, em certas ocasiões, não o faziam porque não se sentiam à vontade no meio dos “ricos”. E foi nesse local que aconteceu o primeiro causo de hoje.

História nº 1. MAS QUE BARBARIDADE, TCHÊ! Lá pelos anos 50 e 60, não se passava um sábado sem um bom baile. Era sábado. O baile estava animado. Os cavalheiros educadamente convidavam as damas para a dança. A banda, escolhida a dedo, animava a festa com boas músicas. Tudo muito chique, as pessoas com trajes a rigor, falavam dos seus negócios, das suas empresas e das suas conquistas enquanto saboreavam um bom vinho em finas taças de cristal. Lá na rua passava um cavaleiro de Volta Grande, negociador de gado bovino, bailomaníaco de carteirinha assinada e vendo que lá dentro rolava um baile, pensou: “É hoje que eu forro a guaiaca!”. Não titubeou, amarrou seu cavalo no poste da rua e, sem saber do sistema social da cidade e que aquele era baile de sociedade, adentrou no recinto, inseriu-se no meio do pessoal, arranjou um lugar para sentar, pediu uma pinga e ficou observando tudo o que se passava. Ele, portando bombacha, camisa com lenço no pescoço, chapéu grande, bota de boiadeiro e facão na cinta, não estava vestido a caráter como todo mundo ali de terno e gravata. Era evidente o contraste entre o cavaleiro e os cavalheiros! Mas parece que não deu bola para este detalhe e tomava sua cachacinha com a maior tranqüilidade. Em certa altura do campeonato, viu lá num canto uma moça bonita, toda empererecada e sorridente, pensando que ela sorria para ele, pensou: “-Putcha lá vida, hoje eu vou lavá a égua!”. Encheu-se de coragem e resolveu tirá-la para dançar. Convidou-a: “Vamo se atracá nessa dança, dona?”. Ela, meio sem jeito, assustada e surpresa, aceitou o convite, pois achou que seria perigoso “dar balaio” para um sujeito bem tosco e estranho como aquele.

RUA LUIZ SCHOLZ NA DÉCADA DE 60. Os números na fotografia facilitam ao leitor a localização do Salão da Sociedade dos Cantores. Nº1- local do Salão; nº2- esquina da rua Luiz Scholz com a Travessa Domingos Ferreira de Lima; nº3 - canto do muro do Colégio São José. Detalhes: rua de terra, mão dupla, dois semáforos instalados, um em cada lado da esquina, poucos trechos dos passeios calçados, automóveis estacionados em qualquer lado da via sem problema nenhum, pois pouca gente possuía veículo automotor, por isso vemos poucas garagens, muros com “bicos” de 90° (ângulos retos) nas confluências das ruas, exceto um deles nesta rua. Hoje, os mesmos devem ser arredondados; fios de eletricidade instalados diretamente dos postes às casas, algumas cercas de madeira. Mesmo no centro da cidade ainda se faziam hortas nos quintais das casas.
A MESMA ESQUINA DA RUA LUIZ SCHOLZ COM A TRAVESSA DOMINGOS FERREIRA DE LIMA - 2014. Tudo mudado! O salão da Sociedade dos Cantores ficava lá onde está estacionado o ônibus. O salão foi destruído pelo fogo e no lugar edificou-se outra construção, onde funcionava o Banco do Brasil, que também foi consumida por incêndio e hoje o terreno está baldio. Veja a foto seguinte.
TERRENO BALDIO ONDE ESTAVA A SOCIEDADE DOS CANTORES. Este, onde está o ônibus, e o terreno ao lado, onde havia um hotel, estão baldios no centro da cidade.
CENTRO DA CIDADE NA DÉCADA DE 50. Esta foto obtida do livro História de Rio Negrinho, do Dr. José Kormann, página 122, nos mostra bem a realidade de Rio Negrinho contrastando com a de hoje. Tudo diferente!  
O MESMO LUGAR NO CENTRO DA CIDADE – 2014. Que mudança em quase setenta anos! Hoje, se uma carroça circulasse pelo centro da cidade seria motivo de matéria de jornal e, além do espanto das pessoas, causaria um engarrafamento sem precedentes. Já pensou se os cavalos, assustados pelos buzinaços dos automóveis, disparassem no meio do trânsito, ultrapassando carros e caminhões. Imagine a situação do carroceiro, desesperado e sem controle sobre os animais...! –“Ôôôôaa, ôôaa, desgraçados! Se eu sair vivo dessa, prometo dar um saco de milho prá cada um de vocês!”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Há muitas histórias para serem contadas enquanto comparamos o passado com o presente. As fotos facilitam a imaginação. Mas, você consegue imaginar Rio Negrinho daqui a cinqüenta anos?
Por hoje é só! Obrigado! Um forte abraço de Celso e outro de Mariana. Fique com Mamãe e Papai do céu!

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