terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (38)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 19/09/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.


CREPÚSCULO!

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. No crepúsculo de Rio Negrinho, a certeza de que, os primeiros 134 anos são apenas o começo. Num esforço conjunto, a cada nova manhã se renovam as forças geradoras do progresso que fizeram de Rio Negrinho, por longo tempo, a “Capital dos Móveis” de toda a América Latina, um título, que apesar de lhe ter sido arrancado, por certo orgulhará seu povo ainda por muitos anos.
O mesmo crepúsculo, também dá a certeza de que, mesmo sob tantos bombardeios das intempéries que se abateram sobre a cidade, Rio Negrinho continuará crescendo e fazendo, a cada dia, seu povo mais feliz. E olha que, bem analisado, esta doce fatia da Serra do Mar é um pequeno paraíso para se viver bem!
Continuemos hoje, falando da música em nossa região que já veio com os primeiros habitantes, arrojados estrangeiros que aqui depositaram toda a confiança na conquista da felicidade e que, um após outro, transformaram a grande floresta em uma cidade linda, cheia de vida e, esta mesma música, ainda se perpetua em nossos tempos valorizando cada tijolo aqui cimentado e cada toco de árvore arrancado do chão para dar lugar a um pilar que, com outros, sustentaria as moradas destes heróis.

CREPÚSCULO. O crepúsculo dá a certeza de que, mesmo sob tantos bombardeios das intempéries que se abateram sobre a cidade, Rio Negrinho continuará crescendo e fazendo, a cada dia, seu povo mais feliz.
BANDINHA ANTON (BANDA SÃO PEDRO) – 1930. Esta banda de 1928 a 1938 era chamada de Banda São Pedro. Além do árduo trabalho na roça, que era a atividade do sustento das famílias, os colonos arranjavam tempo para formar uma banda, dinheiro para comprar os instrumentos musicais, tempo para ensaiar e tempo para abrilhantarem festas e eventos. Geralmente, as bandas tinham longo tempo de vida. Um dos fatores determinantes para tal longevidade era a necessidade de lazer, pois não havia TV, cinema, teatro e eram raros os momentos de descontração. Quando muito, a diversão do povo eram as festas promovidas pelas igrejas, e que festas bonitas! Nesta foto, a banda estava em frente ao Salão Lampe na comemoração da vitória da Revolução Getulista, em 1930. Da esquerda para a direita: 1-Willy Pscheidt, 2-José Anton, 3-Alvino Anton, 4-Otto Maros, 5-Max Anton, 6-Francisco Anton, 7-Antonio Pscheidt, 8-Osvaldo Anton e 9-José Liebl. Podemos observar que todos tocavam instrumentos de sopro, todos tinham chapéu, alguns usavam calça meia-canela, mas todos vestidos decentemente, os mais velhos usavam bigodes e veja a moda da gola do paletó, bem larga. Hoje o Banco Bradesco possui entrada para funcionários no mesmo lugar do Salão Lampe, à direita, visto de frente. (Nota do Blog: Segundo depoimento de Alvino Anton, carroceiro, músico e político, prestado ao autor do Blog Rio Negrinho no Passado em setembro de 1995, a Banda Anton teve como fato marcante a comemoração da vitória getulista em 1930, na festa liderada em Rio Negrinho por Eduardo Virmond, líder político da época. Nesta comemoração estava presente e retornando o então voluntário naquela revolução - José Hantschel. Note-se que os músicos ostentavam lenços vermelhos ao redor do pescoço, emblema maragato, que Getúlio Vargas adotou, como símbolo dos revolucionários).
SOCIEDADE DE CANTORES DE RIO NEGRINHO – DATA INCERTA. Aqui, nesta casa, havia um salão de baile, um palco para os músicos e para apresentações de teatro, dança e outras manifestações artísticas. Reunia-se nela a elite de Rio Negrinho em bailes e apresentações comemorativas. Situava-se à rua Luiz Scholz, era um prédio de madeira que foi consumido pelo fogo. No lugar construiu-se outro prédio onde funcionava o Banco do Brasil e que novamente foi consumido por incêndio (Nota do Blog: Esta foto deve-se se situar ao final da década de 1930).
QUARTETO DO DIA. Fundado em 1956, na apresentação radiofônica da ZYR7 Rádio Rio Negrinho, tinha o objetivo de divulgar a música de harmônica (gaita de boca) com violão, instrumentos estes que executavam com maestria fazendo com que cada página musical se transformasse numa jóia sonora que encantava os ouvidos e a alma do ouvinte. Naquele tempo, a Rádio Rio Negrinho era absoluta em nossa cidade e através dela os artistas locais divulgavam suas obras musicais. Todos escutavam rádio, pois não havia televisão e na parte de baixo do prédio da Rádio havia um auditório para as pessoas apreciarem os artistas que se apresentavam ao vivo. Na foto aparecem da direita para a esquerda: 1-Ernesto Luko Junior (locutor da Rádio), 2-Norberto Murara (harmônica), 3-Gerold Lichtblau (harmônica), 4-Félix Briniack (harmônica) e 5-Arnaldo Rodrigues de Lima (violão). O efeito popular para quem se apresentasse num programa radiofônico era semelhante aos da televisão nos dias de hoje.
BANDINHA SÃO PEDRO VISITANDO A GRUTA DO RIO DOS BUGRES. (Data incerta) Nesta interessante fotografia, já meio apagada pela ação do tempo, vemos os seguintes músicos: (da esquerda para a direita): José Münch, Eduardo Anton, Otto Maros, João Naderer, João Frohener, Max Anton e José Anton. O nome do cachorro não sabemos! (Nota do Blog: Segundo informações transmitidas por Affonso Gerhard Froehner (falecido em 11/05/2010) ao administrador do Blog Rio Negrinho no Passado, a presente foto é de 05/04/1926, e na verdade trata-se da Bandinha Tureck, que constitui-se num dos mais antigos conjuntos musicais de Rio Negrinho. Nesta imagem vemos esta Bandinha em visita a bela gruta de Rio dos Bugres, festejando a segunda-feira de Páscoa, composta pelos seguintes membros, a partir da esq. José Munch, Eduardo Anton, Otto Maros, João Naderer, João Froehner, Max Anton e José Anton)
OS TEMÍVEIS. Fundado em 1968, foi o primeiro conjunto musical de guitarras da nossa cidade. Os quatro primeiros integrantes fundadores (na fotografia da esquerda para a direita) foram: Marinho Nossol, Celso Carvalho, Vergílio Ricobom e Juarez Garcia. Naquele tempo guitarristas eram mal vistos pela sociedade que os consideravam “cabeludos” mais ou menos o equivalente a maconheiros dos nossos tempos modernos. Essa história, contaremos em detalhes na próxima edição.
BANDINHA MIRIM – 1985. Aqui, a garotada fazia uma apresentação na estação ferroviária para os turistas. O regente da banda era Carlos Alberto Pinto Júnior. Esta iniciativa receptiva deveria permanecer até os dias de hoje, pois seria um ponto positivo para Rio Negrinho, mas infelizmente não mais acontece com freqüência. Que pena! Algo tão bonito não poderia perder-se no tempo!
JAZ BANDINHA GUARANI DE RIO PRETO FUNDADA EM 1957. Esta foto foi cedida ao Museu Carlos Lampe por Noemi Schade Schoeffel. Os músicos são: da direita para a esquerda em pé: 1-Alfredo Tureck, 2-Mario Schoeffel, 3-Teodomiro Schoeffel, 4- Cyrillo Schoeffel, 5-Bruno Schoeffel, 6-Antonio Vicente Thomaz (maestro), 7- Edy Schoeffel, 8-Paulo Beckert (sentado à esquerda) e 9-Braulio Schoeffel (sentado à direita).

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Quanto mais uma cidade cresce, mais necessário se faz conservar sua história para que não se percam no tempo suas raízes, principalmente as culturais que sustentam o progresso de um povo esclarecido e inovador.
Assim como as raízes de uma árvore são seus pés, a cultura de um povo também são seus pés e suas pernas. Cada cidadão de uma cidade deveria estar comprometido com a preservação do seu patrimônio histórico e defender com unhas e dentes esse resguardo.
Por hoje é só! Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu! 

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