sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (35)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 29/08/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.

UM POEMA PARA RIO NEGRINHO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. (Texto de Celso). Há cem anos atrás Rio Negrinho era uma pequena vila, como mostra a primeira fotografia desta edição. Hoje, Rio Negrinho está alinhavado com traços de cidade evoluída, como mostra a segunda fotografia, muito diferente de quando uma floresta densa, onde as copas verde-escuro dos extensos pinheirais se entrelaçavam num abraço da natureza intacta. 
Aqui viviam os índios Xokleng junto a animais selvagens e bandos variados e multicores de papagaios tagarelas e de gralhas azuis. Viviam em paz consigo mesmo e com seu habitat protegidos pelas asas verdes da mãe natureza que acalentava seus filhinhos. 
Mas um dia, por volta de 1880 ou um pouco antes, o homem civilizado sentiu ao longe, o cheiro silvestre das riquezas que encobriam todo Planalto Norte Catarinense. Rio Negrinho ainda lembra, quando há cem anos trás, os homens altos e magros da Estrada de Ferro, armados de serras, machados, guindastes e até de locomóveis, penetraram nestas terras derrubando impiedosamente as colunas altas e verdes. 
Aquele estrondo soturno e estrepitoso que enchia os ares e as matas foi presenciado pela pacata selva virgem e por seus habitantes atônitos diante de fato tão estranho. Eram copas verdejantes sendo espedaçadas, galhos robustos rompidos, troncos rijos de grandes araucárias tombados, imbuias e cedros cortados ao meio. 
Este rincão foi riscado ao meio, de ponta a ponta, por linhas de ferro frias e indiferentes, mas depois as pessoas se encantaram com a grande serpente de rodas de ferro que ronronava sobre trilhos, soltava baforadas pelo grande nariz em cima da cabeça e desenhava um sinuoso e sobrepujante rastro aéreo acinzentado por entre as barrancas e por entre o rasgo na extraordinária floresta enquanto entoava a belíssima, melodiosa e característica canção, muito parecida com uma doce saudade, aquele “piuuiii” que soava afetuosamente nos seus ouvidos e nos seus corações.
Lá e cá picadas foram abertas pelas tropas que vinham, passavam e seguiam adiante seus caminhos. Índios foram afugentados e massacrados pelos tacapes dos brancos que trovejavam e cuspiam fogo. 
No entanto, muitos forasteiros se enamoraram destas belas paisagens e aqui se aquerenciaram produzindo uma tão numerosa família qual novo Abraão. Assim, nas margens frescas do pequeno rio, um ponto branco, pintado pelo casario e pelas pilhas de madeira extraídas da exuberante floresta, foi se formando e crescendo como um pulmão sadio, enchido do ar puro da manhã campesina. 
Breve, a clareira aberta na encosta do rio, com a face voltada para o sol nascente, transformou-se em pequena vila que foi batizada com o nome do mesmo principal rio que a cortava. 
Então, a vila deixou de ser selva cerrada e rio cristalino para se tornar Rio Negrinho-cidade, agora já sem boa parte da sua verde pele, mas alegre e feliz, qual criança, porque foi criada pela fé firme e pela perseverança dos destemidos e resolutos desbravadores.
RIO NEGRINHO MUITO ANTIGO – DATA INCERTA – Pelo aspecto, diríamos que esta fotografia foi tirada nos anos entre 1910 e 1920. As residências eram quase todas de madeira e possuíam sótão, e nos fundos, cada casa tinha uma “patente” (banheiro de madeira). As cercas eram de ripas de madeira. Muitas casas ainda tinham janelas de pau. A casa, erguida a meio metro do chão de terra, era sustentada por esteios ou tocos de árvores para isolar o assoalho do chão de terra. Uma pequena escada de madeira dava acesso ao piso da cozinha que era o lugar mais usado para entrar em casa. As ruas, verdadeiras vielas, mais pareciam largos carreiros de terra. Quando chovia, a lama por todos os cantos era um “Deus nos acuda”. Há relatos que para ir à missa aos domingos, muita gente ia descalço e só calçava os sapatos na frente da porta da igreja, por dois motivos: para não sujar os sapatos e para economizá-los porque em certa época da nossa história, não havia lojas que vendessem sapatos e era o sapateiro quem fabricava calçados masculinos e femininos. Hoje em dia, a profissão de sapateiro está quase extinta, assim como, leiteiro, telefonista, alfaiate, parteiras e outras. Nota do Blog: A presente foto deve se situar entre 24/06/1918, data da aquisição do terreno de 25 alqueires pela então Jung e Cia. (futura Móveis Cimo), pois somente a partir desta data que houve a ocupação da atual área central de nossa cidade, e, 04/11/1923, data da mudança de Jorge Zipperer a sua residência, atualmente conhecida como Casarão Zipperer, pois, nesta imagem não se vê ainda o mencionado Casarão.
CENTRO DE RIO NEGRINHO ATUAL – 2014. Que diferença em cem anos! A única construção que permaneceu é a da esquina onde hoje é a Ótica Visual. Já temos até engarrafamento de trânsito; dificuldade para estacionar o carro; regras para atravessar a rua: semáforos, faixas de pedestres, placas sinalizadoras e de advertência; policiamento ostensivo nas ruas; acidentes com prejuízos materiais e mortes, etc. Nos tempos antigos acidentes de trânsito nem ao menos eram cogitados e só aconteciam se uma carroça passasse por cima de alguém, obviamente fato improvável. Compare mais algumas cenas antigas com as atuais e faça lá suas contas.
31 DE JANEIRO DE 1944 - FUNERAL DE JORGE ZÍPPERER. Jorge foi um dos criadores da indústria de móveis que viria a ser mais tarde a grande Móveis Cimo. A rua por qual passou o féretro de Jorge mais tarde levaria seu nome. Milhares de pessoas acompanharam o féretro até o Cemitério Municipal, no alto da Rua Pedro Simões de Oliveira.   A foto mostra a multidão circundando a praça que hoje é conhecida como praça do avião. Um dia que ficou marcado para sempre dada a importância desse inesquecível personagem na história de Rio Negrinho.
ESQUINA DA RUA JORGE ZIPPERER COM A RUA CARLOS WEBER - 2014. O mesmo lugar da foto anterior 70 anos depois. Fica evidente a grande evolução desencadeada neste período (1944-2014).
SERRARIA DO SR. JOSÉ BAIL NA DÉCADA DE 40. Tomamos a liberdade de publicar mais uma vez esta foto, devido a sua raridade e por ser este lugar, onde hoje é o "Nosso Posto" (de combustível), uma região da cidade totalmente modificada e irreconhecível comparada com os tempos antigos. Veja a próxima foto.
O MESMO LUGAR DA FOTO ANTERIOR, HOJE COMPLETAMENTE MODIFICADO E EVOLUÍDO. As grandes e bonitas construções em nossa cidade dão a ela um ar de pequena-grande Rio Negrinho. Na verdade, se olharmos com atenção, veremos que ela é linda e muito boa para morar.
AQUI ERA O ANTIGO HOSPITAL ATÉ A DÉCADA DE 60. Hoje, neste lugar, indicado pela flecha, está instalada a loja MM. Na época da foto, a rua Jorge Zipperer já não era de mão dupla para o trânsito e os automóveis estacionavam em aproximados 30° (trinta graus) em relação ao alinhamento do meio-fio, entravam de frente e saiam de ré. A primeira construção à esquerda era a Comercial Francisco Rückl que hoje é o Shopping Rückl.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. (Texto de Mariana). O que hoje apresentamos são alguns momentos desse lindo e aprazível pedaço de céu, de cujo solo fecundo brotam as sementes plantadas pelas mãos calejadas dos que trabalharam e trabalham na lavoura e de cuja mãos hábeis dos labutadores saem as novas conquistas. Terra de berços ilustres, onde nasceram homens de têmpera de aço e fibra gigantesca.
Assim é Rio Negrinho, doçura que fica no alto das montanhas da Serra do Mar e que tem o condão de conquistar o coração de quem venha a conhecê-lo!
Por hoje é só! Obrigado! Um abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

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