terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (26)

Nota do Blog: Com muita satisfação, damos continuidade a publicação da série “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho. O presente texto foi escrito durante o período da grande enchente, ocorrida entre 07 e 14 de junho de 2014, e publicado em 27 de junho do ano passado. Num primeiro momento poderíamos achar um despropósito a presente publicação, mas, a lembrança destes momentos difíceis sofridos por nossa comunidade, reaviva a cobrança necessária perante as autoridades competentes para a busca de uma solução desta grave e periódica catástrofe.

ENCHENTE: RETRATOS DA DESTRUIÇÃO!

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. A natureza fez um desmanche! As águas baixaram e a destruição apareceu maior do que se esperava. Casas, móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, livros, fotografias e outras lembranças e quase tudo o que ficou debaixo da água perdeu-se. O desastre foi tão rápido que pegou a maioria das pessoas de surpresa. Ninguém esperava que de repente sua casa desaparecesse na lama. Até carros e caminhões entraram na contabilidade das perdas e danos. Foi como se um grande e poderoso furacão tivesse passado arrasando tudo. No sábado, dia 6 de Junho, as chuvas caíam torrencialmente, sem parar, dia e noite. No domingo, dia 8, já não havia mais o que fazer! Foi assim: primeiro a fúria inclemente desabou sobre nossas cabeças, ou melhor, sobre nossas casas. Em seguida, a chuva parou e deparamos com paisagens diferentes refletidas sobre as águas, algumas de rara beleza. O espelho d’água convidava a tristes reflexões. Parecia tudo tão calmo, silencioso, sossegado, mas melancólico! Depois, as águas baixaram e os cenários de guerra acirraram os ânimos de todas as maneiras: terror, raiva, desespero, dó, pressa, lamúria, susto, espanto, solidariedade, esperança, desânimo, medo, incertezas e todo tipo de emoções e sentimentos que aparecem nas pessoas que se vêem envolvidas direta ou indiretamente numa situação catastrófica. O pior é que o “inimigo”- a fúria da natureza - é muito forte e imprevisível, contra o qual o ser humano é impotente e pequeno e quase nada pode fazer para defender-se dele. A inteligência dá ao ser humano condições de defesa até certo ponto como, por exemplo, construir em lugares mais altos, inventar aparelhos que antecipadamente detectem intempéries danosas – os quais se temos estão inoperantes -, construir estradas e pontes mais elevadas acima do nível das enchentes, ação rápida de embarcações e caminhões no transporte dos pertences dos flagelados, construir um anel viário que ligue os bairros e outras providências. Disso tudo isso ainda não lançou-se mão na prática. E, ainda não inventaram nada que faça a chuva parar. Assim fomos vítimas, mais uma vez, e não vai ser a última, de uma “bomba” que caiu pesadamente sobre nossa cidade causando o que veremos a seguir. Hoje mostraremos alguns desabamentos entre tantos outros. Na próxima edição colocaremos em pauta infortúnios e perdas totais. 

ALGUMAS CONSTRUÇÕES QUE DESABARAM. Além destas há muitas outras.

MURO DO ANTIGO HOSPITAL, SITUADO NO CENTRO.
CASA NA RUA CARLOS WEBER, SITUADA NO CENTRO.
PARTE DE CONSTRUÇÃO AO LADO DA PONTE NO CENTRO.
CASA NA ESQUINA DAS RUAS JOSÉ ZIPPERER NETO COM
 A TEODORO MARTINS DE OLIVEIRA, AO LADO DOS
 CONSULTÓRIOS DE CARDIOLOGIA E ODONTOLOGIA.
CASA NA RUA JULIA HLAWATSCH, BAIRRO BELA VISTA,
 PRÓXIMO AO VIADUTO SOBRE A VIA FÉRREA.
CASA NA RUA JULIA HLAWATSCH, BAIRRO BELA VISTA,
 PRÓXIMO AO VIADUTO SOBRE A VIA FÉRREA.
CASA AO LADO DA SEDE DO JORNAL DO POVO NA RUA
 OTTO DETTMER, BAIRRO BELA VISTA.

LOJA DE EMBALAGENS NA RUA ROBERTO MARTIN,
 PRÓXIMO À PONTE DO GIBACO.
CASA NA RUA 13 DE DEZEMBRO, BAIRRO VILA NOVA,
 PRÓXIMO AO POSTO NACEO.
CASAS NA RUA 13 DE DEZEMBRO, BAIRRO VILA NOVA.


CONSIDERAÇÕES FINAIS. É com “nó no coração” que dedilhamos no teclado do computador estas considerações finais. Diante de tanta desgraça, quem esteve fora das águas da enchente, o máximo que pode sentir é uma tremenda pena dos flagelados e lhe fica mais fácil administrar tais sentimentos e, talvez, até ajudar naquilo que for possível. Mas, fica muito difícil entender o que se passa no coração de quem bebeu desse amargo cálice e que perdeu tudo o que tinha em poucas horas. Esse foi envolvido numa violenta desarmonia entre ele e o mundo que o cerca. Quem não teve seus bens atingidos, por mais que se esforce, não tem condição de entender a fundo a dor da pancada que a natureza desferiu impiedosamente em muitos dos nossos irmãos flagelados. Nem de longe se pode imaginar quão pesada ficou uma simples cadeira que o desventurado carregava até o monte de lixo lá fora à beira da rua. Cada ida e vinda de casa até o lixo transformou-se num penoso calvário. Conhecemos muita gente que não mais voltou para casa por falta de absolutas condições e que vai gastar parte do seu salário no aluguel de outra casa e que não tem mínimas condições de reformar ou reconstruir sua residência destruída. E agora? Como fica? Só Deus sabe e o tempo vai responder! Com fervorosas orações por quem sofre encerramos este comentário. Por hoje é só! Um abraço de Celso e outro de Mariana! Confie e fique com Mamãe e Papai do Céu!

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