quinta-feira, 1 de maio de 2014

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (7)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho (em 2013).


CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Rio Negrinho tem muitas histórias para contar. Sua história é relativamente recente pois é um município novo, no entanto, nesse pouco tempo, muita gente escreveu maravilhas nas páginas da sua história. Hoje, veremos, resumidamente, dois principais assuntos: Os Primórdios do Movimento Educativo de Rio Negrinho e o Cine Rio Negrinho. Ao fixarem residência, os primeiros habitantes desta localidade (Rio Negrinho), cogitaram logo de fundar uma escola para seus filhos. Nela, naturalmente, o ensino todo era ministrado em língua alemã. Mais tarde, subvencionada a escola, tinha dois professores, um público, isto é, mantido pelo governo, e outro particular que ensinava a língua alemã. Em 7 de Dezembro de 1919, reuniram-se os chefes de família, resolvendo construir um edifício e fundar a escola. O Sr. Luiz Scholz, veterano de Rio Negrinho, ofereceu um terreno próprio para a escola e também para a igreja Católica que recebeu a pedra fundamental em 6 de Julho de 1924. Em maio de 1920 o prédio escolar estava pronto e foram inauguradas as aulas, sendo professora pública Dona Adelia da Costa Ferreira e professor particular o Sr. Roberto Hoffmann. Em Setembro de 1933 ainda funcionava a referida escola com uma matrícula de 158 alunos, tendo como professores: Ricardo Hoffmann, Dulcira Machado e Maria Gonçalves. Com a instalação do Grupo Escolar “Professora Marta Tavares”, em 17 de Setembro de 1933, foram incorporados os alunos ao mesmo, sendo designado o professor Adolfo da Silveira como seu primeiro Diretor. A primeira foto mostra o Grupo Marta Tavares em 1933. Em 1948, o Grupo Escolar contava com 485 alunos em 13 classes, sendo 11 de Curso Primário e duas classes de Curso Primário Complementar. Fora estas, havia duas classes supletivas para adultos e adolescentes, com matrícula de 43 alunos.

GRUPO ESCOLAR PROFESSORA MARTA TAVARES EM 1933. Nos idos de 1948 havia 8 escolas isoladas com 336 alunos no interior de Rio Negrinho e uma escola isolada no bairro Vila Nova com 118 alunos. Também funcionava, como Instituição Educativa, a Sociedade de Escoteiros de Rio Negrinho, que tinha como chefe o professor Arnaldo de Almeida Oliveira que conseguiu agrupar 43 meninos para a prática das atividades escoterísticas. Naqueles tempos as escolas eram inspecionadas, inclusive as isoladas do interior, por um inspetor que ia de escola em escola a cavalo ou charrete. Conta-se uma história, que considero piada, de uma dessas visitas de inspeção. O inspetor ao se aproximar de uma escola, ouviu um barulhão vindo de dentro da escola isolada. Resolveu, então, apear do cavalo e para não ser detectado fez o trajeto final esgueirando-se a pé até a janela da escola. Olhando para dentro da sala de aula viu toda a turma pulando sobre as carteiras, fazendo voar os papéis e cadernos e em cima da mesa do professor o maior garotão da turma pulava feito doido. Aí o inspetor não se conteve: entrou na sala, puxou o piazão de cima da mesa do professor e o arrastou para a cozinha, logo ao lado da sala de aula e disse: -“você vai ficar preso aqui até a chegada do professor”. Passado meia hora, um garotinho abriu a porta da cozinha e suplicou: -“ Sr. Inspetor, o senhor poderia soltar o nosso professor prá começar a aula?”.  
ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA MARTA TAVARES EM 2013.
CINE RIO NEGRINHO, EM 1947. Esta casa de diversão foi palco de muitos espetáculos além dos filmes que rodavam pelo menos 4 ou 5 vezes por semana. De vez em quando no palco, em frente à grande tela de cinema, apresentavam-se artistas de circo, músicos, comediantes e promoviam-se festivais de música com premiação para os vencedores. O Cine foi inaugurado em 22 de novembro de 1947, com uma lotação de 550 poltronas tipo Roscy. Situado à rua Jorge Zípperer, em frente onde hoje é a Praça do Avião, atraía milhares de espectadores principalmente nos filmes de Mazzaroppi. Possuía um equipamento sonoro cinematográfico duplo modelo “Pathé” marca Solidus. O salão de projeção era enfeitado por uma bonita instalação elétrica com jogo de luzes de cores verde, vermelha e natural, toda indireta. A iluminação externa, também dava um lindo aspecto ao belo prédio. Nos domingos, os matinés, filmes das 14 horas, quase sempre lotavam o salão. Ali, aconteceram muitas histórias como a de um rapaz que levava foguetes, (fogos de artifício), subia na galeria e os estourava em plena sessão por cima das cabeças das pessoas. Lembro, certa vez, num filme de guerra, quando o canhão (no filme) foi apontado para a platéia e disparou um tirambaço com um estrondo de fazer tremer a sala inteira, no mesmo instante o rapaz dos foguetes mandou sobre as cabeças dos espectadores uma bomba de foguete que estourou no mesmo momento do tiro do canhão. Foi aquele estardalhaço de gritos de desespero de uns e risadas de outros. Esta cena valorizou muito a ida ao cinema naquela noite. Em outras oportunidades sempre havia alguém que acendia verdadeiras bombas debaixo das poltronas da mulherada levando a platéia à loucura. Imagine, num filme de guerra ou do Drácula, a platéia concentrada no escuro do cinema e, de repente, tudo sendo incendiado ao vivo por cima e ao redor com estouros rimbombando pertinho dos ouvidos. Era coisa para muita gente molhar as fraudas! Num belo dia, quando o fogueteiro preparava-se para acender mais um foguete, lá em cima na galeria, a polícia grudou nele e o levou preso. Na verdade, a polícia só chegou até ele pela denúncia de um “amigo da onça”. Nos filmes de Mazzaroppi a fila para adquirir ingresso ia até lá em baixo na igreja Matriz e no outro lado da portaria a fila ia para além de onde hoje está o prédio da Caixa Econômica Federal. Como dissemos, Rio Negrinho tem muitas histórias para contar. E merecem ser contadas!
FINAL DE DESFILE DO COLÉGIO SÃO JOSÉ NO INÍCIO DA DÉCADA DE 1970. Este é o último pelotão neste desfile. Observe o rigor na formação e no passo. Não há ninguém, neste pelotão feminino, com o passo errado, mesmo estando de volta nos passos finais, já em frente ao colégio e sem platéia para apreciá-los. Na foto seguinte, também, o pelotão masculino de outra escola está impecável! É que naquele tempo o civismo era levado a sério! Observa-se que a rua Luiz Scholz ainda sem pavimentação, mas tinha um sinaleiro, mesmo com os poucos veículos na época!
DESFILE CÍVICO DE 07 DE SETEMBRO PASSANDO PELA PRAÇA DO AVIÃO. Realmente, é incontestável o fato de que naquela época o estudo e o civismo eram levados bem mais a sério que nos dias de hoje! Disso ainda voltaremos a falar! Esta foto reproduz um momento do desfile cívico de 07 de setembro, do Colégio São José, ao final da década de 1960.
EDUCAÇÃO FÍSICA FEMININA NO PÁTIO DO COLÉGIO SÃO JOSÉRepare no rigor dos exercícios. Já bem cedinho, às 7 horas da manhã, antes das aulas, iniciava a educação física, mesmo nos dias frios de geada no inverno. E “ai” de quem faltasse nessa aula! Se hoje, isso acontecesse, logo apareceriam pais de alunos reclamando da “barbaridade” e “maltratos” impostos aos seus filhos. É isso mesmo! Há muitos pais que não querem ver seus filhos se esforçando em alguma coisa e, com isso, criam uns baitas moleirões e arruaceiros! Ainda mais nos tempos de agora em que a piazada só quer saber de jogar bola na hora da educação física e brincar com telefone celular e vídeo game! Poucos dão valor aos exercícios sérios e atividades saudáveis. (Adendo do Blog: Nesta foto de 1960, mostra a professora (Nilse Zipperer), ministrando uma aula de educação física às alunas do então Educandário Santa Terezinha. Nota-se que a professora, por ser uma escola de pertencente a religiosas, no exercício de sua função, trajava uma saia e as alunas um calção, bem mais largo, que não deixavam salientar o lado feminino. Assim eram os usos e costumes dessa época, oriundos de princípios morais ainda aflorantes. Aos fundos vemos a Igreja Matriz Santo Antonio, com uma residencia de madeira, posteriormente demolida)
CONSIDERAÇÕES FINAIS. Quem viveu há mais tempo sabe que as mudanças comportamentais evoluíram para pior, muito pior. A moleza “imposta” aos jovens e crianças aumentou assustadoramente. Observe pelos desfiles cívicos de hoje: não há mais formação, nem passo acertado e fica no “vai quem quer”. Chegou a ponto ridículo de certas escolas pedirem autorização aos pais para os filhos desfilarem. As amostras de Rio Neginho como era e como é pode nos ajudar a configurar uma idéia melhor de como podemos voltar atrás e dar uma educação melhor aos nossos filhos! Algumas das fotos apresentadas ainda usaremos em outras oportunidades para versar sobre outros assuntos como, por exemplo, na foto nº 6 aparece a casa paroquial, aos fundo da igreja, que logo foi substituída pela Casa Paroquial construída no corpo da igreja. Continue acompanhando nossas reportagens. Tem muita coisa interessante! Obrigado pela sua companhia e por hoje é só! Um abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

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