sábado, 28 de abril de 2018

GENTE NOSSA: ESTER ZIPPERER


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando ESTER ZIPPERER, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 130, pág. 10, em 03 de novembro de 1995.



GENTE NOSSA destaca na pessoa de Ester Zipperer os primórdios  da radiodifusão em nosso Município. Os fatos relatados são lembranças de fatos históricos em nossa cidade.

Ester Silva Zipperer (foto do acervo de Jussara Zipperer)


       
Rio Negrinho, década de 1940. Pequena Vila, distrito de São Bento do Sul. Imaginamos que as fontes de informações e notícias eram bastante precárias, com poucos leitores de jornais. Televisão, nem  cogitava-se. Havia sim, um pequeno número de habitantes com rádio, ponto de curiosidades e aglomeração da vizinhança para ouvir notícias e música. Isto sem contar, o fato muito relevante que foi a 2ª Guerra Mundial, pois inúmeros habitantes eram descendentes de alemães, e o conflito poderia atingir de uma certa maneira a todos.

Ao findar a guerra a necessidade de acompanhar os fatos de modo mais rápido e trazer a população um lazer, fez quatro moradores de Rio Negrinho se unissem. Foi o caso que juntou – Arthur Meyer, Péricles Porto Virmond (Didi), Bernardo Olsen Neto (Bernardinho), e Egon Hussmann (gerente do Banco INCO e radioamador), num empreendimento inédito. Para termos uma idéia o município sede de São Bento do Sul, somente 30 anos depois implantou a sua rádio. Portanto, uma obra pioneira na região. Ao iniciar a obra não com objetivos de ganhar dinheiro, mas para trazer diversão à laboriosa população de Rio Negrinho, isto em 1948.

A ZYR-4, prefixo com que ficou conhecida a Rádio Rio Negrinho, entra em caráter experimental transmitindo primeiro as noites da semana e durante todos os dias de domingo, tendo como primeiros locutores – Euclides Ribeiro (Quito) e Irene Hussmann (esposa de Egon), esta por sinal, mulher de uma grande cultura e música, que abrilhantava os programas tocando ao vivo com vários instrumentos musicais.

Passado algum tempo, tanto Didi como Bernardinho resolvem desistir da sociedade e Egon Hussmann foi transferido para São Bento do Sul, ficando somente o sócio remanescente Arthur Meyer, expandindo as atividades iniciais.

Vários locutores e apresentadores marcaram a fase inicial da rádio, como por exemplo, Otto Weiss Filho (Otinho), que mantinha um programa musical, com acordeon, instrumento musical, coqueluche da época; a Orquestra da Móveis Cimo com apresentação aos sábados; outro programa ficou famoso e perdurou muitos anos, o chamado “Cortesias”, onde era de praxe os amigos, parentes e conhecidos homenagear-se uns aos outros, pelos aniversários, casamentos e festejos, que era apresentado todos os dias, na parte da tarde.

A equipe de locutores foi se formando, alguns permaneceram por mais tempo e outros não, mais marcaram época, como Léo Silva – expedicionário, provindo de Rio Negro, que fazia o programa sertanejo; Nelson Rosembrock – que fazia o programa noticioso e mais tarde projetou-se em Blumenau; Hanz Bann, que fazia o programa alemão, com patrocínio do Laboratório Catarinense; Ester Silva (depois Zipperer), técnica de locução e posteriormente locutora; as irmãs Georgina e Célia Kaminski; João Fernando Luckow e Maria José Duarte (Zezé).


Imagem de Ester Silva na locução da Rio Negrinho, ao final da década de 1940 (foto reproduzida do Jornal Perfil)


Imagem de Ester Silva na locução da Rio Negrinho, ao final da década de 1940 (foto do acervo de Jussara Zipperer) 


Cantores famosos no Brasil também sucesso por aqui como Emilinha Borba, Isaurinha Garcia, Marlene, Angela Maria, Chico Alves, Carlos Galhardo, Pedro Vargas e os inesquecíveis Tonico e Tinoco.

Como a moda da época, nossa Rádio, também tinha um auditório, para aproximadamente 60 lugares, onde realizados alguns programas famosos na época, que como o de calouros, onde os inscritos cantavam ou declamavam, principalmente músicas sertanejas, acompanhados de viola e acordeon. 

O auditório ficava lotado, pois era realizado aos domingos, as 10:00 horas, com apresentação de Léo Silva, principalmente depois do término da missa, ficando pessoas do lado de fora para ouvir as apresentações.

Ester (Silva) Zipperer, nascida em 1932 em Rio Negrinho, filha do popular José Lino (de saudosa memória), iniciou as atividades na Rádio Rio Negrinho, aos 16 anos, permanecendo no período de 1948 a 1952, quando casou-se com Ingomar Zipperer. Residiu no interior do nosso Município, mudando-se posteriormente para Rio dos Cedros, onde manteve atividade com hotel.

Ester Silva Zipperer (foto do acervo de Jussara Zipperer)


De volta a Rio Negrinho estabeleceu-se com o bar e lanchonete “Ponto Chic”, o qual durante muitos anos foi “senadinho” da cidade.

Hoje recolhida aos afazeres do lar, e com atividades comunitárias junto à Casa da Amizade.

Outras lembranças – Guarda lembrança alegre do cinema local, onde desde criança, já no inicio dos anos 40, assistia filmes, no prédio onde está atualmente o Banco do Brasil e posteriormente a rua Jorge Zipperer, hoje infelizmente desativado.

Fato pitoresco, foi a de que uma assídua  frequentadora do cinema, muito obesa, ocupava a quase duas cadeiras da sala de sessões e, quando posteriormente no novo prédio, o proprietário “seu Nono” mandou confeccionar uma poltrona especial, mas espaçosa para a citada senhora.

Outra lembrança diz respeito a Marta Mlynarczyk, grande incentivadora do teatro do município, junto ao Grêmio Ipiranga, cujo trabalho cultural foi merecidamente reconhecido pela Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, ao aprovar projeto de lei em 07 de dezembro de 1992, denominando a Fundação Municipal de Cultura em sua homenagem (projeto de autoria do vereador Ignaur J. Wantowski).

  
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Nota complementar do Blog:

* A Rádio Rio Negrinho comemora a sua fundação em 25/08/1948 e funcionou até 23/11/2017 como rádio AM, ocupando primeiro como ZYR-4, posteriormente com a frequência 1570 AM, quando por exigência legal concluiu a migração de AM para FM, e passando a ocupar o dial 97,9 FM, concluindo o processo de Migração AM-FM. Atualmente Rio Negrinho, conta com mais duas emissoras de radiodifusão. A segunda foi fundada no dia 12/12/2008 pelo empresário e radialista Romildo Lima, denominada de Rádio Vitória de Rio Negrinho – Vitrine Fm. A terceira, denominada de rádio comunitária Energia FM 87.9 de Rio Negrinho, iniciou as suas atividades em 2012.


Prédio da Rádio Rio Negrinho - FM (foto do acervo do autor do Blog)


 ** Arthur Meier, natural de Jaraguá do Sul, filho de Alberto e Mathilde Kaunemberger Meier, nascido em 24/12/1910, foi alfaiate e comerciante, estabeleceu-se em Rio Negrinho, por volta de 1932. Foi um dos sócios/fundadores da Rádio Rio Negrinho. Faleceu em 20/03/1975. Casou-se em 18/09/1937, com Eugenia Kwitschal, nascida em 18/04/1917 e falecida em 22/03/1975.  Tiveram 3 filhos: Margit, Elfi e Goldwin. A Rádio Rio Negrinho – FM permanece de propriedade dos seus herdeiros.

Arthur Meier (foto do acervo do autor do Blog)


*** Ester Silva Zipperer, mais conhecida como Dona Ester, é filha de José Lino da Silva e Amalia Correa, nasceu em 28/12/1932 e faleceu 08/08/2010 e, está sepultada no Cemitério da Paz de Rio Negrinho. Foi casada com Ingomar Zipperer, filho de Afonso e Rosina Diener Zipperer, nascido em 25/09/1931 e falecido em 08/05/1975, e tiveram como filhos Yara, José Afonso, Jussara e Rodrigo, e ainda, Samuel (adotivo).

Foto do casamento de Ester Silva e Ingomar Zipperer, ocorrido em 1952 (foto do acervo de Jussara Zipperer)


Amalia Correa e Jose Lino da Silva (foto do acervo de Jussara Zipperer)


**** Em 1996 a agencia do Banco do Brasil estava localizada à rua Luiz Scholz.

***** O bar e lanchonete “Ponto Chic”, estava situado na rua Jorge Zipperer.

Imagem do prédio que abrigou o Bar e Lanchonete Ponto Chic, atual Loja Passo Certo (foto do acervo do autor do Blog)


****** A Fundação Municipal de Cultura de Rio Negrinho foi denominada de FUNDAÇÃO CULTURAL MARTA MLYNARCZYK, através da Lei nº 550, de 08/12/1992. Apesar desta mudança oficial da denominação, não houve nenhuma providencia concreta no sentido da alteração da nova nomenclatura, até que através da Lei nº 1091, de 11/08/1998, foi revogado a mencionada Lei nº 550/1992  e, sim, denominado o Edifício sede da Fundação Municipal de Cultura de Rio Negrinho, localizado à rua Carlos Hantschel, bairro Bela Vista, de "Edifício Marta Mlynarczyk - Dona Martinha", que permanece até a presente data.

Prédio da Escola de Música Profº Valdeci Maia, antes sede da Fundação Municipal de Cultura (foto extraída da internet)

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