Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 09/07/2021, na edição nº 5.380, pág. 4, do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O Administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores daquele jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.
Prosseguimos a apresentação da
presença indígena em nossa região. Não é
nossa meta opinar quanto a forma desordenada da ocupação pelas colônias de
terras por onde vagueavam os indígenas, assunto que desperta inúmeras
interpretações e apaixonadas controvérsias.
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Encontro do Eng. Carlos Pabst com os índios em 1855
“Em
uma das planícies bastante isoladas que comunica entre si por estreitas
aberturas pela própria natureza, nas fraldas das montanhas e cercados de
espesso matto virgem, encontrei uma horda da tribu dos Bugres bravios. O
inesperado encontro de nossa comitiva com a horda de índios fê-los fugir, sem
déssemos um só tiro”. (São Bento do Sul: Subsídios para sua história, Carlos
Ficker, págs. 19 e 20)
Ofício do diretor da Colônia Dona Francisca (atual Joinville) em 1874, dirigido ao Presidente da Província de SC, solicitando a proteção por soldados da Colônia de São Bento (atual São Bento do Sul)
"Direção da Colonia Dona
Francisca, aos 17 de julho de 1874.
Illmo. e Exmo. Snr. Presidente.
.....
Neste respeito peço a V. Excia. digne-se mandar estacionar no novo nucleo
colonial de S. Bento hum destacamento de soldados ...... contra os assaltos dos
bugres, que nas vizinhanças do nucleo colonial se acham em maior numero.
Deos Guarde a V. Excia. O Director
int.° O. Doerffel".
(São Bento do Sul: Subsídios para
sua história, Carlos Ficker, pág. 72)
Expedição de combate aos “bugres”,
em 1874
“Poucos antes, em 3/1/1874, o Jornal Kolonie Zeitung, de Joinville, noticiava que havia partido no dia 28 de dezembro de São Bento a maior expedição aprovada pelo presidente da província, para combater os “bugres” que circulavam nas imediações de Joinville e Blumenau. A expedição era formada por 31 homens e era dirigida pelo vaqueano João dos Santos Reis”. (Os índios Xokleng: memória visual, Silvio Coelho dos Santos, pág. 26)
Encontro dos primeiros colonos de
São Bento com indígenas
Dentre as memórias do colono Josef Zipperer Senior, entre 1873 e 1904,
abordando fatos e curiosidades da época da fundação e povoação do município de
São Bento do Sul, cujas memórias estão reproduzidas do livro SÃO BENTO NO
PASSADO, reproduzimos um encontro entre os colonos com os indígenas na região
da localidade de Lençol, que acreditamos tenha ocorrido nos primeiros anos da
colonização, num período entre 1873 e 1876, que reproduzimos:
“Sob a direção do engenheiro Alberto Kröhne, uma
grande turma nossa, integrada também por mim, foi abrir uma extensa picada,
rumo ao Sul, como divisa das terras da Cia. Colonizadora”.
“O ponto de partida foi onde hoje se ergue a
localidade de Lençol e de lá, no rumo citado, abrimos a referida e larga
picada”.
“No decorrer deste serviço encontramos, abandonados
à beira de um riacho, dezesseis ranchos de bugres, com indícios evidentes de uma
retirada destes, como fossem, brasas quentes, nas proximidades de um dos
ranchos, além de arcos quebrados e flechas”.
“Como estávamos no inverno, havia, ao redor das
palhoças, montões de casca de pinhão, fruto que servia de alimento aos
indígenas. Também não faltaram ossos de anta e de pássaros, que vinham provar,
que os bugres, com seus arcos e flechas, eram caçadores bem mais eficientes do
que nós, que usávamos a pólvora e o chumbo. Das penas de aves, jogadas,
constatamos, nitidamente, que em sua maioria eram as da jacutinga, que também
já conhecíamos como caça bem saborosa”.
“De bugres vivos nada vimos, como também não nos
molestaram durante todo o trabalho, que durou várias semanas”.
“As palhoças dos aborígenes consistiam numas
armações muito primitivas e destinadas, ao que me parece, a uma utilização
sempre temporária. Escolhiam quatro arvorezinhas apropriadas, distantes entre
uns três metros, desgalhavam os troncos, vergavam-nos de encontro uns dos
outros, com a taquara uniam os topes e cobriam com a folha de sapé, ou de
Papanduva, esta espécie de pequena pirâmide, que mal abrigava contra
intempéries. Agrupavam-nas de quatro e quatro, de maneiras que contamos quatro
grupamentos distintos de palhoças, naquele aldeiamento a que me referi”.
“A meu ver, como já disse, tratava-se sempre de
moradas temporárias, condizentes mesmo com a vida nômade dos índios, que
passavam o inverno no planalto, na abundância do pinhão e da caça, e,
provavelmente, no verão, desciam a serra, onde, nessa época, se deliciavam com
o palmito e frutas”.
“Resumem-se nisto os meus contactos com os
habitantes selvagens desta terra, que, aliás, nunca chegaram a incomodar ou
molestar algum dos nossos”.
“Já de modo diverso aconteceu anos mais tarde,
quando da fundação da colônia Lucena, hoje Itaiópolis, para onde muitos de
nossos compatriotas se mudaram. Famílias inteiras foram ali massacradas pelos
índios, entre eles uma família Neppel”. (São Bento no Passado, Josef Zipperer
Sen., págs. 24 a 26)
Na próxima edição vamos continuar a publicação de aspectos dos primeiros ocupantes de nossas terras! Obrigado!