sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O ESTABELECIMENTO DOS NOSSOS PRIMEIROS MORADORES EM RIO NEGRINHO

 Nota do BlogApresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 04/09/2020, na edição nº 5.337 (pág. 7), do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores deste jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Reprodução parcial da coluna "Nossa História" de 04/09/2020 do Jornal Perfil Multi


Até a presente data não foi encontrada uma data que se possa afirmar do estabelecimento dos primeiros moradores em Rio Negrinho. Assunto bastante controverso e polêmico, pois, implica, eventualmente, numa discussão na fixação na data comemorativa da fundação de nosso município. Vamos tratar desta matéria.

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Nossos registros históricos sempre fizeram menção aos primeiros moradores como oriundos de São José dos Pinhais a Rio Negrinho em 1875” ou “por volta de 1875”, a mando de Manoel de Oliveira Franco, para “vigiarem” as suas terras. Também esses registros apontam como primeiros moradores as famílias dos irmãos Mathias e Gabriel Simões de Oliveira, Antonio Ferreira de Lima e de Amaro Carvalho.

O principal motivo para o Brigadeiro Franco mandar os “capatazes com a finalidade de vigiarem a terrasituada a oeste da Colônia de São Bento, foi o estabelecimento dos primeiros imigrantes na Colônia de São Bento, a partir de 23 de setembro de 1873. Obviamente, haveria um segundo motivo, que era a construção da Estrada Dona Francisca, que fatalmente atrairia os olhares e a cobiça dos migrantes brasileiros oriundos do Paraná e de outros aventureiros, sobre sua vasta área de terras.

A preocupação com os limites dos lotes da Colônia São Bento era real, fruto que as terras vendidas aos colonos em algumas regiões não estavam bem definidas, pois, o Governo da Província do Paraná, já havia titulados essas terras, ou por simples invasão de migrantes nacionais.

Essas preocupações estão expressas por Josef Zipperer Senior no livro “SÃO BENTO NO PASSADO” (págs. 43/44): “As divisas das terras de colonização não estavam,  totalmente, demarcadas, e, em breve, surgiram desinteligências com os vizinhos, proprietários das terras que limitavam com as da Cia. Colonizadora”.

“O maior confrontante era o sr. Maneco Franco, que veio com um agrimensor, de nome Ochs, (ou Ox), acampando à margem do Rio São Bento, no cruzamento deste com a estrada Dona Francisca, para fazer uma melhor demarcação das terras em litígio”.

Essas divisas, pouco mais tarde foram abertas, por assim se expressa Zipperer, no mencionado livro (Idem, pág. 24): “Sob a direção do engenheiro Alberto Kröhne, uma grande turma nossa, integrada também por mim, foi abrir uma extensa picada, rumo ao Sul, como divisa das terras da Cia. Colonizadora”. “O ponto de partida foi onde hoje se ergue a localidade de Lençol e de lá, no rumo citado, abrimos a referida e larga picada”.

Nota-se o clima de insegurança de invasão nas terras do Brigadeiro Franco como maior confrontante, em mais de 20 quilômetros de extensão com terrenos confinantes da Colônia São Bento. Esse clima de insegurança, fez com que Franco viesse pessoalmente a Colônia São Bento, trazendo o seu agrimensor, para “fazer uma melhor demarcação das terras em litígio”. Certamente que nessa vinda de Franco tenha tomado a decisão de mandar os seus prepostos para “vigiarem” as suas terras.

Infelizmente Josef Zipperer Senior nas suas memórias transcritas no livro “SÃO BENTO NO PASSADO” não citou a data da vinda de Franco, mas, pela descrição deduz-se que foi ao final de 1873, ou, no início de 1874, logo a seguir da vinda dos primeiros imigrantes europeus, em 23/09/1873, na Colônia São Bento.

Dentro desta análise é perfeitamente deduzível, que os nossos primeiros moradores tenham vindo para assegurar a posse das terras de Franco tenham aqui se estabelecido muito antes que 1875, pois, certamente as assertivas “em 1875” ou “por volta de 1875”, são oriundas da tradição oral, transpostas nos escritos ora existentes.

Muito mais, pois, se o objetivo era assegurar a posse de suas terras, o mais prudente por parte do Brigadeiro Franco, seria o envio urgente de prepostos logo após a chegada dos primeiros imigrantes alemães em 23/09/1873,  e não aguardar, quase dois anos para se estabelecer moradores para “vigiarem” suas terras. Assim, o envio ainda em 1874, foi uma resposta urgente, para o início da vigilância de suas terras.

Em recentes pesquisas, encontramos alguns documentos, que vem corroborar com essa hipótese:

1– José Santana de Oliveira, um dos filhos de Gabriel Simões de Oliveira, batizou um filho (Guilherme), em 02/07/1874, na Igreja São Francisco Xavier de Joinville, nascido em 27/03/1874, e se declarou como morador no Campo do Lençol. A Colônia de São Bento era subordinada e atendida religiosamente por Joinville, sendo, que, os primeiros atendimentos presenciais pelos sacerdotes joinvillenses ocorreram somente a partir de março de 1876, obrigando os imigrantes, na busca dos batismos e casamentos,  a se deslocarem-se a Joinville;

2– O pioneiro Antonio Ferreira de Lima batizou a sua filha Francisca, na paróquia de São José dos Pinhais em 06/08/1874, e na mesma data, foi padrinho de batismo de um afilhado; posteriormente, após um mês, em 14/09/1874, é testemunha de um casamento na Igreja de Joinville, supondo-se com isso, que o mencionado pioneiro, já teria se transferido para Rio Negrinho, entre agosto e setembro de 1874.

3– A primeira leva de colonos pela Cia. Colonizadora em 1873 se deu na margem direita do rio São Bento e somente em 1874, com a vinda de outras levas de colonos, houve a ocupação dos lotes à margem esquerda do rio São Bento, portanto, próximo da linha divisória com as terras de Franco.

4- O ex-prefeito municipal e pesquisador histórico Nivaldo Simões de Oliveira, em seu livro “Raízes da Comunidade” sustenta a tese, a de que os primeiros moradores a mando do Brigadeiro Franco, vieram em 15/03/1874, trazendo como prova uma velha caderneta de anotações, pertencente ao pioneiro Mathias Simões de Oliveira, que, infelizmente, foi destruída, com grande parte do seu acervo, nas desastrosas enchentes de maio de 1983.

Diante destes fatos, é plausível, que a vinda dos primeiros moradores, possa ter ocorrido já a partir do primeiro trimestre de 1874, com a vinda dos familiares dos irmãos Mathias e Gabriel Simões de Oliveira; e, entre 06 de agosto de o começo de mês de setembro daquele ano, a vinda do pioneiro Antonio Ferreira de Lima. Quanto ao pioneiro Amaro Carvalho Machado, genro do pioneiro Gravi, pelos registros encontrados, acreditamos que sua vinda somente ocorreu entre os anos de 1875 e de 1877.

Na próxima edição, vamos tratar de quem eram e onde se instalaram os nossos primeiros moradores? Quem foi o primeiro rio-negrinhense registrado? Obrigado!

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