Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 04/09/2020, na edição nº 5.337 (pág. 7), do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores deste jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.
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Até a presente data não foi encontrada uma data que se possa afirmar do estabelecimento dos primeiros moradores em Rio Negrinho. Assunto bastante controverso e polêmico, pois, implica, eventualmente, numa discussão na fixação na data comemorativa da fundação de nosso município. Vamos tratar desta matéria.
O principal motivo para o Brigadeiro
Franco mandar os “capatazes com a
finalidade de vigiarem a terra”
situada
a oeste da Colônia de São Bento, foi o estabelecimento
dos
primeiros imigrantes na Colônia de São Bento, a partir de 23 de setembro de
1873. Obviamente, haveria um segundo motivo, que era a construção da Estrada
Dona Francisca, que fatalmente atrairia os olhares e a cobiça dos migrantes
brasileiros oriundos do Paraná e de outros aventureiros, sobre sua vasta área
de terras.
A
preocupação com os limites dos lotes da Colônia São Bento era real, fruto que
as terras vendidas aos colonos em algumas regiões não estavam bem definidas,
pois, o Governo da Província do Paraná, já havia titulados essas terras, ou por
simples invasão de migrantes nacionais.
Essas
preocupações estão expressas por Josef Zipperer Senior no livro “SÃO BENTO NO
PASSADO” (págs. 43/44): “As divisas das terras de colonização não
estavam, totalmente, demarcadas, e, em
breve, surgiram desinteligências com os vizinhos, proprietários das terras que
limitavam com as da Cia. Colonizadora”.
“O maior
confrontante era o sr. Maneco Franco, que veio com um agrimensor, de nome Ochs,
(ou Ox), acampando à margem do Rio São Bento, no cruzamento deste com a estrada
Dona Francisca, para fazer uma melhor demarcação das terras em litígio”.
Essas
divisas, pouco mais tarde foram abertas, por assim se expressa Zipperer, no
mencionado livro (Idem, pág. 24): “Sob a direção do engenheiro Alberto
Kröhne, uma grande turma nossa, integrada também por mim, foi abrir uma extensa
picada, rumo ao Sul, como divisa das terras da Cia. Colonizadora”. “O ponto de
partida foi onde hoje se ergue a localidade de Lençol e de lá, no rumo citado,
abrimos a referida e larga picada”.
Infelizmente Josef Zipperer Senior nas suas memórias transcritas no livro “SÃO BENTO
NO PASSADO” não citou a data da vinda de Franco, mas, pela descrição deduz-se
que foi ao final de 1873, ou, no início de 1874, logo a seguir da vinda dos
primeiros imigrantes europeus, em 23/09/1873, na Colônia São Bento.
Dentro desta análise é perfeitamente
deduzível, que os nossos primeiros moradores tenham vindo para assegurar a
posse das terras de Franco tenham aqui se estabelecido muito antes que 1875,
pois, certamente as assertivas “em 1875” ou “por volta de 1875”,
são oriundas da tradição oral, transpostas nos escritos ora existentes.
Muito mais, pois, se o objetivo era
assegurar a posse de suas terras, o mais prudente por parte do Brigadeiro
Franco, seria o envio urgente de prepostos logo após a chegada dos primeiros
imigrantes alemães em 23/09/1873, e não
aguardar, quase dois anos para se estabelecer moradores para “vigiarem”
suas terras. Assim, o envio ainda em 1874, foi uma resposta urgente, para o
início da vigilância de suas terras.
Em recentes pesquisas, encontramos
alguns documentos, que vem corroborar com essa hipótese:
1– José Santana de Oliveira, um dos
filhos de Gabriel Simões de Oliveira, batizou um filho (Guilherme), em
02/07/1874, na Igreja São Francisco Xavier de Joinville, nascido em 27/03/1874,
e se declarou como morador no Campo do Lençol. A Colônia de São Bento era
subordinada e atendida religiosamente por Joinville, sendo, que, os primeiros
atendimentos presenciais pelos sacerdotes joinvillenses ocorreram somente a
partir de março de 1876, obrigando os imigrantes, na busca dos batismos e
casamentos, a se deslocarem-se a Joinville;
2– O pioneiro Antonio Ferreira de
Lima batizou a sua filha Francisca, na paróquia de São José dos Pinhais em 06/08/1874,
e na mesma data, foi padrinho de batismo de um afilhado; posteriormente, após
um mês, em 14/09/1874, é testemunha de um casamento na Igreja de Joinville,
supondo-se com isso, que o mencionado pioneiro, já teria se transferido para
Rio Negrinho, entre agosto e setembro de 1874.
3– A primeira leva de colonos pela
Cia. Colonizadora em 1873 se deu na margem direita do rio São Bento e somente
em 1874, com a vinda de outras levas de colonos, houve a ocupação dos lotes à
margem esquerda do rio São Bento, portanto, próximo da linha divisória com as
terras de Franco.
4- O ex-prefeito municipal e
pesquisador histórico Nivaldo Simões de Oliveira, em seu livro “Raízes da
Comunidade” sustenta a tese, a de que os primeiros moradores a mando do
Brigadeiro Franco, vieram em 15/03/1874, trazendo como prova uma velha
caderneta de anotações, pertencente ao pioneiro Mathias Simões de Oliveira,
que, infelizmente, foi destruída, com grande parte do seu acervo, nas
desastrosas enchentes de maio de 1983.
Diante destes fatos, é plausível,
que a vinda dos primeiros moradores, possa ter ocorrido já a partir do primeiro
trimestre de 1874, com a vinda dos familiares dos irmãos Mathias e Gabriel
Simões de Oliveira; e, entre 06 de agosto de o começo de mês de setembro
daquele ano, a vinda do pioneiro Antonio Ferreira de Lima. Quanto ao pioneiro
Amaro Carvalho Machado, genro do pioneiro Gravi, pelos registros encontrados, acreditamos
que sua vinda somente ocorreu entre os anos de 1875 e de 1877.
Na próxima edição, vamos tratar de quem eram e onde se instalaram os nossos primeiros moradores? Quem foi o primeiro rio-negrinhense registrado? Obrigado!
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