sexta-feira, 28 de agosto de 2020

NOSSA HISTÓRIA: REDUÇÃO DAS TERRAS DO BRIGADEIRO FRANCO

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 28/08/2020, na edição nº 5.336 (pág. 6), do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores deste jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

Reprodução parcial da coluna "Nossa História" de 28/08/2020 do Jornal Perfil Multi

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Originalmente com 24.800 alqueires, esta imensa gleba de terras do Brigadeiro Franco sofreu duas grandes reduções, com o estabelecimento da Colônia São Bento e com o dote da Princesa Isabel. Vamos tratar desta matéria.

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A REDUÇÃO DAS TERRAS DO BRIGADEIRO FRANCO

A imensa gleba de terras do Brigadeiro Franco, a partir de 1849, originalmente situadas entre a margem direita do rio Preto e a margem esquerda do rio São Bento, foi dividida, em consequência reduzida, em quatro partes: a primeira, se constituiu parcialmente, a partir de setembro de 1873, na Colônia São Bento; a segunda, se constituiu parcialmente, a partir de 1876, nas terras dotais da Princesa Isabel, a terceira, a favor do Governo Imperial, e o saldo remanescente, ficou de posse dos familiares do Brigadeiro Franco.

A OCUPAÇÃO DAS TERRAS DA COLÔNIA SÃO BENTO

A história da Colônia São Bento é oriunda do compromisso firmado em junho de 1855 entre o Governo Imperial brasileiro e o empreendimento privado alemão - Sociedade Colonizadora de 1849, em Hamburgo -, de colonizar além da Serra Geral, em 247 quilômetros quadrados, cerca de 2.000 colonos. Após uma primeira tentativa fracassada em Campo Alegre, em 1872, nos Campos de São Miguel, para logo transferir o núcleo colonial “para poucas mil braças para o oeste, onde se achariam terras de boa qualidade e férteis” (SÃO BENTO DO SUL – SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA, Carlos Ficker, pág. 33), voltando-se os olhos para as terras de São Bento.


Mapa da Colônia São Bento sobreposta às terras do Brigadeiro Franco (Crédito: Eng. Agrim. Emerson Miguel Schoeffel)


Depois de muitas peripécias, instalaram-se a 23 de setembro de 1873, os 70 primeiros colonos da Colônia Agrícola São Bento, em terras concedidas a Sociedade Colonizadora e em terras concedidas pela Província do Paraná. Dentre essas terras encontravam-se aquelas pertencentes ao Brigadeiro Franco, situadas à margem esquerda do rio São Bento.

Com a instalação da Colônia São Bento, a linha divisória das terras remanescentes agora dos herdeiros do Brigadeiro Franco, a Leste, antes situada na margem esquerda do rio São Bento, foi deslocada para o Oeste, próximo a margem esquerda do rio Serrinha (atual Bairro Lençol, em São Bento do Sul), em três linhas secas, da aproximadamente 20 km.

A OCUPAÇÃO DAS TERRAS DOTAIS DA PRINCESA ISABEL

 O Governo Imperial, para cumprimento da Lei nº 1904, 17/10/1870 e nº 2348, de 25/08/1873, contratou em 25/01/1876, o engenheiro Emilio Carlos Jourdan, para “verificação, medição e tombamento de 25 léguas quadradas, escolhidas nos vales do Rio Itapocú e do rio Negro”, para constituírem o patrimônio dotal da Princesa Isabel, e do seu marido o Conde d’Eu.

Efetivamente, a medição e demarcação dessas terras, iniciou-se em fevereiro de 1876 e terminada em maio daquele mesmo ano, formando uma só gleba, interligando as terras abrangidas pelo território de Corupá e das terras banhadas do vale do Rio Negro, ou seja, dentro do território de Rio Negrinho, atingindo as terras agora dos descendentes do Brigadeiro Franco, pois, este já havia falecido em 31/12/1875.

Dentro dos trabalhos apresentados pelo engenheiro Jourdan, além da medição e demarcação das terras da Princesa Isabel que avançou sobre as terras do Brigadeiro Franco, reduziu-as “a cinco léguas quadradas, ficando o mais a favor do Governo Imperial”. Ou seja, parte das terras formaram o dote da Princesa Isabel, e uma área ora indeterminada “a favor do Governo Imperial” (O Primeiro Livro de Jaraguá, Frei Aurélio Stulzer, pág. 52).

ÁREA REMANESCENTE DAS TERRAS DO BRIGADEIRO FRANCO

A imensa gleba de propriedade agora dos familiares do Brigadeiro Franco, a partir de 1876, restou como saldo remanescente, como divisas ao Norte o rio Negro, ao Sul, as terras da Princesa Isabel, a Leste, as terras da Colônia São Bento, e, a Oeste, o rio dos Bugres.

Com o encerramento desta negociação “antiga e difícil questão” finalmente pode-se regularizar-se as terras da Colônia São Bento e a constituição do dote da Princesa Isabel no Vale do Itapocú  interligando ao Vale do Rio Negro.

Na próxima edição, vamos tratar da vinda dos nossos primeiros moradores. Obrigado! 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

NOSSA HISTÓRIA: CAUSAS DAS DESCOBERTAS DE NOSSAS TERRAS PELO BRIGADEIRO FRANCO E SUA BIOGRAFIA

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 21/08/2020, na edição nº 5.335 (pág. 21), do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores deste jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

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Qual é a biografia do Brigadeiro Franco? Como e quais as causas das descobertas de nossas terras? Teria o Brigadeiro Franco outras terras em nossa região? Como foi a redução das terras do Brigadeiro Franco? Vamos tratar desta matéria.

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Brigadeiro Franco (pintado por Kurt Boiger, em 1952 – extraído do livro “Personagens da História do Paraná” – Museu Paranaense - 2012)

Biografia: Manoel de Oliveira Franco, nascido em 1815, em Curitiba-PR, foi tenente-coronel da Guarda Nacional, cavaleiro da Ordem de Cristo, juiz municipal, juiz de paz e dos órfãos, deputado provincial por São Paulo e Paraná, diretor-geral dos índios da Província do Paraná, vereador, presidente da Câmara Municipal de Curitiba. Casou-se com Escolástica Joaquina de Sá Ribas, filha do Capitão Lourenço Pinto de Sá Ribas, considerado “um dos maiores proprietários de terras da região de Curitiba”. Faleceu em Curitiba – PR, em 31 de dezembro de 1875.

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Reprodução parcial da coluna "Nossa História" de 21/08/2020 do Jornal Perfil Multi

Como vimos anteriormente o nosso território encontrava-se situado dentro da região contestada, considerada pela Província do Paraná, como suas terras, dentro da área territorial do município de São José dos Pinhais.

Até a presente data não encontramos registros de como foram descobertas as nossas terras, mas, uma das hipóteses que levantamos, é que este descobrimento e posse deve-se a influência do sogro do Brigadeiro Franco, o Capitão Lourenço Pinto de Sá Ribas, que era “um dos maiores proprietários de terras da região de Curitiba”.

Como causa principal desta ocupação e posse, está a exploração da erva-mate, que na visão do professor e historiador Antonio Dias Mafra, “a partir do início do século XIX, inicia a sua produção em larga escala no Paraná”, constatando, “que o Paraná dominava a produção da erva-mate no Brasil”, concedendo, “títulos de propriedade a colonos paranaenses, para garantir posse dos ervais” (Antonio Dias Mafra – “Aconteceu nos Ervais” - Dissertação de Mestrado – 2008 – Universidade do Contestado – Campus Canoinhas).

É neste clima reinante, como região contestada entre Paraná e SC, insuflada pela exploração da erva-mate, que a Sociedade Colonizadora Hanseática, que já havia instalado a Colônia Dona Francisca – atual Joinville, instalou uma sua extensão às margens do rio São Bento, a Colônia São Bento, em setembro de 1873.

Além das nossas terras o Brigadeiro Franco, detinha vastas terras no território de Campo Alegre, segundo se depreende da narrativa do historiador Carlos Ficker, no seu livro “SÃO BENTO DO SUL – SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA” (pág. 34), afirmando, que na inspeção em 1865, do engenheiro Augusto Wunderwald, na região de Campo Alegre, relataconforme informações colhidas pelos moradores, o tal Maneco Franco se tornou proprietário das vastas áreas do Campo de São Miguel e Campo Jararaca”.

Esta tese é corroborada com as anotações por Eugenio João Herbst, no seu livro “Os Primórdios do Município de Campo Alegre” (págs. 12/13), no qual afirma, que as terras de Campo Alegre, em grandes glebas, foram requeridas do Governo da Província do Paraná, entre outros, por Manoel de Oliveira Franco, e que suas terras, ficavam mais perto da futura São Bento.

Também o colono Josef Zipperer Senior, ratifica a presença de Franco em Campo Alegre, nas suas reminiscências escritas entre 1873 e 1904, cujas memórias estão reproduzidas do livro SÃO BENTO NO PASSADO (págs. 58/59), trata da presença de Manoel de Oliveira Franco, com a anotação: “Assim, também eu e o meu irmão construímos uma casa para o sr. Maneco Franco, em Campo Alegre”.

Voltando ao nosso território, as terras do Brigadeiro Franco que inicialmente estavam situadas entre o rio Preto e o rio São Bento, sofreu uma redução drástica. Como vimos parte delas foi destinada a formação da Colônia São Bento, e outra parte destinada para demarcação, a partir de 1876, pelo Governo Imperial, de 25 léguas quadradas, localizadas nos Vales do Itapocú e do Rio Preto, para constituírem o patrimônio dotal da Princesa Isabel advindo do casamento com o Conde d’Eu.

 Na próxima edição, vamos tratar com mais amplitude desta redução. Obrigado!

GENTE NOSSA: EVARISTO STOEBERL, O PATRÃO EVARISTO

 Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando EVARISTO STOEBERL, também conhecido como Patrão Evaristo, publicado originalmente no Jornal Perfil (edição nº 132, pág. 9), em 17 de novembro de 1995. Como este artigo foi publicado anteriormente 1996, algumas palavras não estão de acordo com as novas regras ortográficas, em vigor a partir de janeiro de 2016.

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 Gente Nossa não poderia se furtar da homenagem, ainda que póstuma, ao empresário, agropecuarista, transportador e principalmente “patrão” do CTG,  um tradicionalista de primeira linha, - “Patrão Evaristo”. Infelizmente as lidas do céu reclamaram sua presença e a peleia da vida foi concluída na madrugada de 12 de novembro de 1995.

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Evaristo Stoeberl (Imagem publicada no Jornal Perfil de 17/11/1995)

EVARISTO STOEBERL, nasceu no interior do município de Rio Negrinho-SC, em 26.10.35. Filho de Pedro e Alícia Stoeberl, era casado com Linda Nívea Muller Stoeberl, pai de 5 filhos, Magali, Dircéia, Gilson, Ernani e Simone.

Aos 17 anos de idade, veio trabalhar na cidade de Rio Negrinho, como aprendiz de mecânico. Tendo dentro de si a marca do trabalho e do idealismo, foi galgando degraus, tornando-se um homem respeitado e admirado, proprietário de várias empresas e empreendimentos.

Evaristo Stoeberl junto  aos amigos campeiros (Foto do acervo de Laercio Furst)

Porém, sempre trouxe a humildade e a simplicidade do homem do campo, pois ali foi criado e por isso mesmo sentia-se feliz quando se envolvia com as lidas campeiras.

Nos anos de 1975 a 1977, esteve em alguns rodeios na região, como o de Papanduva do Patrão Nicolai. Naquela época, seu grande amigo Darci da Silva realizou um rodeio em Rio Negrinho e foi o Sr. Evaristo que cedeu o gado e por isso mesmo foi convidado para fazer a abertura do rodeio. Recusou o convite, mas a certa altura do rodeio o Sr. José Pedro de Lima e seu irmão Cláudio de Lima o convidaram para montar um cavalo, de nome de “Cavalo de Aço”. Fazia 23 anos que não tinha montado. Deu umas voltas e nisso lhe entregaram um laço. Relutou, pois embora na juventude aprendeu como poucos o manejo do gado, estava destreinado. No entanto, quando deu por si, soltaram uma rês do brete  e o “cavalo de aço”, ensinado, disparou o Sr. Evaristo boleou o laço e largou sobre o animal, fazendo uma bela armada. O povo aplaudiu e naquele momento, disse para seu amigo Darci: “De hoje em diante vocês tem um concorrente. Vou montar um CTG”. Na mesma hora comprou o “cavalo de aço”, encilhado e assim nasceu o CTG Amor e Tradição, cujo nome foi dado pelo próprio Patrão Evaristo, pelo princípio de quem não Amor, não tem Tradição.

Darci Francisco da Silva e sua esposa Cristina, em março de 1979 (Foto do acervo de Reny Carvalho Rocha)

Já em 1978 realizou-se na Fazenda Rio dos Bugres, um torneio de laço. De lá para cá foram centenas as conquistas e vitórias, recebendo centenas de troféus e medalhas. Na década de 80 o CTG Amor e Tradição, chegou a manter uma invencibilidade de 20 rodeios seguidos, sempre tirando o primeiro lugar. Perdeu depois dessa façanha, para o CTG Mafrense do Patrão Geraldo Machado, de saudosa memória.

Um de seus bravos peões, foi por duas vezes consecutivas, “campeão brasileiro de laço”. O Patrão Evaristo, participou desde o início da criação do MTG-SC, sendo seu vice-presidente e atualmente participava do Conselho Deliberativo.

Atualmente, o CTG Amor e Tradição, possui 12 piquetes de laço, 3 grupos de invernada artística e uma bela sede onde anualmente no mês de abril realiza seu grande rodeio, um dos maiores do sul do País.

A invernada artística sempre foi um sonho do Patrão Evaristo sendo idealizada em 1988 e por isso mesmo é chamado carinhosamente por seus membros de Tio Evaristo.

O CTG Amor e Tradição é cantado em prosa e verso em diversas canções, por diversos grupos e cantores gaúchos, estando presente em vários discos e fitas, homenageando o Patrão e seus peões e prendas. (Texto extraído da “Coletânea de Poesias e Contos de autores Catarinenses” – 1995 – de autoria do CTG Amor e Tradição)

Vista aérea do Rodeio do CTG Amor e Tradição, na Fazenda Evaristo (Fonte: site do CTG Amor e Tradição)

Salão principal da Fazenda Evaristo, sede do CTG Amor e Tradição (Fonte: site do CTG Amor e Tradição)

Entrada principal da Fazenda Evaristo, sede do CTG Amor e Tradição (Fonte: site do CTG Amor e Tradição)

De espírito corajoso e arrojado, Evaristo Stoeberl construiu invejável império, cujo maior prazer não foi desfrutá-lo, com viagens e passeios nacionais e internacionais. Preferiu sim, as lidas do campo, onde vivia e convivia diariamente. Concluímos com pensamento que reproduz bem o amor que tinha por nossa terra – “Todas as conquistas do CTG – Amor e Tradição no Estado e no Brasil são importantes para o CTG, porém da maior importância para Rio Negrinho” (Evaristo Stoeberl *26/10/35 +12/11/95)

Notas complementares do Blog:

 1 – O atual Coordenador do CTG Amor e Tradição é o Patrão Gilson Pedro Stoeberl, filho e sucessor do Patrão Evaristo; sendo, homenageados Evaristo Stoeberl (in memorian) como Patrão de Honra e Linda Mueller Stoeberl, como Patroa de Honra;

Gilson Pedro Stoeberl, coordenador e Patrão do CTG Amor e Tradição (Foto: Redes Sociais) 

 2 – O grande rodeio anual do CTG Amor e Tradição é realizado no mês de abril, por ocasião dos festejos comemorativos de Rio Negrinho, e neste ano de 2020 será a 40ª edição desta festa gauchesca em nossa cidade;

 3 – Por seu empreendedorismo e liderança empresarial Evaristo Stoeberl foi homenageado com a denominação de “Centro de Excelência Evaristo Stoeberl” na atual sede da Secretária de Educação de Rio Negrinho;

Uma das casas do setor hoteleiro na Fazenda Evaristo (Fonte: site do CTG Amor e Tradição)

4 – Os festejos do rodeio anual são realizados na Fazenda Evaristo, situada na localidade Rio dos Bugres, distante 4 km do centro da cidade de Rio Negrinho. Atualmente a Fazenda Evaristo sedia diversos eventos nacionais e até internacionais, e, recentemente inaugurou um novo empreendimento voltado ao setor hoteleiro e turismo rural.

sábado, 15 de agosto de 2020

NOSSA HISTÓRIA: LIMITES E EXTENSÃO DA IMENSA GLEBA DE TERRAS DO BRIGADEIRO FRANCO

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 14/08/2020, na edição nº 5.334 (pág. 9), do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O administrador deste Blog, a partir de 07/08/2020, passou a integrar a equipe de colaboradores deste jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos do nosso município.

Reprodução parcial da coluna "Nossa História" de 14/08/2020 do Jornal Perfil Multi

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Qual a definição dos limites e qual a extensão desta grandiosa gleba de terras pertencente ao Brigadeiro Franco? Vamos tratar desta matéria.

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Com a descrição do documento de posse das terras do Brigadeiro Franco surgiu várias interrogações, a exemplo, de qual é a extensão desta imensa gleba? Quanto ela mede? Até onde atingia os seus limites?

Com objetivo de sanarmos essas dúvidas históricas, buscamos uma parceria técnica com Emerson Miguel Schoeffel (Nino) - engenheiro florestal e agrimensor -, para montagem de um mapa que traduza visualmente a extensão e os limites desta gleba de terras do Brigadeiro Franco, com base no documento de posse.

Esta descrição apresenta pontos naturais, alguns bem claros, como o rio Preto, a barranca do rio Itajaí, a Serra Geral e o rio Negro, e 2 pontos obscuros, o primeiro, a barra do primeiro lageado subindo o rio Preto e o segundo, a barra de um arroio grande em frente das Campinas de Antonio Vaz no rio Negro.

Mapa das terras do Brigadeiro Franco (Crédito Emerson Miguel Schoeffel)

O primeiro ponto obscuro diz respeito ao primeiro lageado subindo pelo rio Preto, a partir da barra do rio Preto, no rio Negro, que, na identificação do agrimensor Emerson Miguel Schoeffel, se trata do lageado da barra do rio Corredeiras, localizado na margem direita do rio Preto, subindo daí por esse rio as divisas por terras rio-negrinhenses.

O segundo ponto obscuro, se trata de identificar “a barra de um arroio grande em frente das Campinas de Antonio Vaz” a partir da “barra do rio Preto, subindo pelo rio Negro”.

Aclareando esta situação, encontramos no livro “100 anos da Guerra do Contestado” (págs. 51/52), de autoria do renomado professor e historiador Antonio Dias Mafra, a afirmação, com base em dados históricos de 1847, que a família de Antonio Vaz residia nas proximidades da foz do rio São Bento. No mesmo livro (pág. 119) o ilustre professor traz a anotação que as terras a oeste do rio São Bento pertenciam ao Brigadeiro Franco.

Também o historiador Carlos Ficker, no seu livro “SÃO BENTO DO SUL – SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA” (pág. 235) trata de uma comissão de engenheiros contratados pelo Governo Imperial para levantaram em nossa região as terras contestadas. Entre as informações do ofício de julho de 1883, extraímos que o “Rio São Bento: Confluente do Rio Negro, banha a esquerda as terras de Franco e a direita as da Colônia São Bento”.

Neste mesmo sentido, o pesquisador histórico e ex prefeito de Rio Negrinho Nivaldo Simões de Oliveira expressa no seu livro “Rio Negrinho – Raízes da Comunidade” (pág. 109), que as terras do Brigadeiro “começavam no rio São Bento”.

Portanto, baseados nesses apontamentos históricos, conclui-se que a divisa leste das terras do Brigadeiro Franco, era o rio São Bento. Esta imensidão territorial, estimada em 24.800 alqueires, que podemos visualizar no mapa acima, salvo outros entendimentos, abrangia boa parte das terras de Rio Negrinho e parte da área territorial de São Bento do Sul. Toda a cidade de Rio Negrinho está inclusa neste terreno e parcialmente a cidade de São Bento do Sul, pois, o rio São Bento, entrecorta o centro dela.

Na próxima edição, daremos seguimento a questão das terras do Brigadeiro Franco e de sua biografia. Obrigado!


domingo, 9 de agosto de 2020

NOSSA HISTÓRIA: O REGISTRO DE NASCIMENTO DE RIO NEGRINHO

Nota do Blog: Apresentamos o texto publicado originalmente na coluna "Nossa História" em 07/08/2020, na edição nº 5.333 (pág. 9), do Jornal Perfil Multi de Rio Negrinho. O administrador deste Blog, a partir desta edição do Jornal Perfil Multi, passou a integrar a equipe de colaboradores deste jornal, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos de nosso município.

Reprodução parcial da coluna "Nossa História" de 07/08/2020 do Jornal Perfil Multi

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Todos nós temos um registro de nascimento e com Rio Negrinho não foi diferente. Vários historiadores e pesquisadores já trataram sobre isso, mas, de maneira sucinta, vamos tratar desta matéria.

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Hoje quando vemos as divisas dos dois Estados do Paraná e SC perfeitamente delineadas e respeitadas por ambos lados, porém, esta definição divisória somente ocorreu em 1916.

Essa disputa territorial entre esses dois Estados, na qual está inserida as terras de Rio Negrinho, é chamada de Questão do Contestado. Não se deve confundir com Guerra do Contestado, aquela que foi a luta fraticida e sangrenta pela posse da terra, que se desenvolveu de 1912 a 1916, na porção centro ocidental do território disputado pelos Estados de Santa Catarina e Paraná.


Mapa da Questão do Contestado

Dentro deste contexto, as terras de nossa região – especialmente Campo Alegre, São Bento do Sul e Rio Negrinho -, desde os meados do século XIX até o início do século XX, encontravam-se dentro de um território com limites considerados ambíguos pelas Províncias do Paraná e SC, que disputavam sua posse, contestado por meio de litígio e outras petições legais.

No contexto desta ambiguidade e cumprindo a Lei de Terras (Lei nº 201/1850 e do Regulamento nº 13/1854), a primeira legislação brasileira após a proclamação da Independência, em 1822, a regular o regime de nossas terras, surge o nosso primeiro proprietário, trata-se do paranaense Manoel de Oliveira Franco, registrando a nossa história como “importante família Franco de Curitiba”.

Esse afirmação histórica veio confirmada em março de 2005, pelos pesquisadores da Universidade do Contestado/UnC – Campus Mafra/Rio Negrinho, na localização no Arquivo Público do Paraná de nosso “registro de nascimento”, que corrobora e comprova que não só grande parte de nosso território de Rio Negrinho, mais parte das terras de São Bento do Sul, pertenceram a Manoel de Oliveira Franco, entre nós conhecido por Brigadeiro Franco, a seguir transcrito:

Arquivo Público do Paraná – Fundo São José dos Pinhais. Localidade Lençol. Ano 1856, livro n. 31, página 1110.

Número novecentos e noventa e nove. Apresentado nesta Vila do Patrocínio de São José dos Pinhais, aos vinte e sete dias do mês de maio de mil oitocentos e cinquenta e seis. O Vigário encomendado João Baptista Ferreira Bello - terras que possui Manoel de Oliveira Franco no Distrito desta Vila de São José dos Pinhais. Eu Manoel de Oliveira Franco, abaixo assinado, em virtude da Lei número duzentos e um, de dezoito de setembro de mil oitocentos e cinquenta e artigo noventa e um do Regulamento número mil trezentos e dezoito de 30 de janeiro de mil oitocentos e cinquenta e quatro, declaro que sou senhor e legitimo possuidor de uma parte de terras no lugar denominado Lençol, com campos, matos, avencais, faxinais, descobertas em vinte e dois de junho de mil oitocentos e quarenta e nove, e tem as divisas seguintes: tomando a barranca do rio Negro, por ponto de partida, subindo pelo rio Preto, até a primeira barra de um lageado que está acima da barra do mesmo rio, e diante subindo por este lageado até a sua cabeceira e desta costeando ao rumo Sul até a barranca do Rio Itajaí, descendo este até a Serra Geral. Da barra do rio Preto, subindo pelo rio Negro até a barra de um arroio grande em frente das Campinas de Antonio Vaz e por este acima até suas cabeceiras e desta a rumo sueste até a Serra Geral e desta o rio Itajaí. Villa Capital, 27 de maio de 1856. Manoel de Oliveira Franco. (grifos nossos)

Como notamos, na parte inicial do documento, essa imensa gleba de terras do Brigadeiro Franco, foi declarada como situada na localidade de Lençol, no Distrito da Vila de São José dos Pinhais, na área territorial da então Província do Paraná. Ficou patente a localização de nosso território na Questão do Contestado.

Na próxima edição, pretendemos apresentar a extensão dessas terras e até atingia esta grande gleba. Obrigado!


Osmair Bail, um rio-negrinhense de raízes

Nota do Blog: Ao final do mês de julho passado, fui convidado pelo Jornal Perfil Multi, sucedâneo do Jornal Perfil, para integrar sua equipe colaboradores, na apresentação de uma coluna semanal de abordagem de aspectos históricos de nosso município, com a denominação de "Nossa História". Este convite foi motivo de satisfação e de alegria, pois, já nos anos de 1995 e 1996 fui colaborador da coluna semanal denominada de "GENTE NOSSA" publicada semanalmente neste Jornal PERFIL. Nosso objetivo é de publicarmos neste Blog, todas as publicações da coluna "Nossa História". Apresentamos a seguir a nossa entrevista publicada originalmente no Jornal Perfil Multi (Edição nº 5.332) de 31/07 a 07/08/2020, como apresentação da mencionada coluna.


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Osmair Bail apresentando recortes da coluna Gente Nossa (Crédito: Gabriel Bail Meyer)


Jornal Perfil: Quem é Osmair Bail?

 Osmair Bail: Nasci em de Rio Negrinho, em 22 de maio de 1954, filho de Laurindo e Maria Bail, sou casado desde 1980 com Maria Eliza Junctum e tenho 4 filhas, Elisabeth Maria, Angelica Beatriz, Ana Leticia e Caroline Patricia e um neto, o Gabriel. Estudei o curso primário no “Grupo Escolar Profª Marta Tavares”, o curso ginasial no “Ginásio Cenecista São José” e no “Curso Normal Profº David de Amaral” e o 2º grau no Curso Técnico de Contabilidade, do “Colégio Cenecista São José”. Entre 1970 e meados de 1972 fiz o curso técnico de móveis no Centro de Treinamento da Móveis Cimo.  Concursado trabalhei na Prefeitura de Rio Negrinho desde 1975 e lá me aposentei em 2008, exercendo o cargo de Secretário Municipal de Saúde e de Administração. Fui Vereador entre 1993 e 1996. Atualmente sou corretor de imóveis e despachante imobiliário.

 

Jornal Perfil: Paixão pela história de Rio Negrinho, como começou?

 Osmair Bail: Devo muito o meu gosto pela História ao professor Dr. José Kormann, ainda nos tempos de ginásio.  Os meus primeiros trabalhos de pesquisa histórica deram-se entre 1984/85, quando fui diretor do museu, onde realizei os primeiros contatos com pessoas, os quais a grande maioria já não se encontra entre nós. Quando me aposentei da Prefeitura em 2009, por sugestão do deputado Mauro Mariani, iniciei um trabalho de pesquisa histórica de nosso município, que não se alongou tanto eu desejaria, porém, já tem-se um contorno geral.  Me considero um pesquisador histórico, e tenho como objetivo principal de incentivar, ajudar e fomentar a pesquisa histórica de nossa cidade, no sentido de se apresentar uma história mais completa, que abranja desde os nossos primórdios até os nossos dias. Rio Negrinho se ressente de um material bibliográfico deste porte. Como fruto prático, criei e administro desde outubro de 2009 o blog “Rio Negrinho no Passado”, onde procuro trazer fatos e fotos de nossa história. Também coletei fotos de nossa cidade, onde tenho um acervo digital de aproximadamente 4.500 imagens, muitas em parceria com o amigo Bibi Weick. Atualmente estou reproduzindo os textos de minha autoria publicados na coluna “Gente Nossa”, do Jornal Perfil, no qual fui colaborador entre 1995 e 1996.

 

Jornal Perfil: Como é buscar a história de Rio Negrinho?

Osmair Bail: Rio Negrinho se ressente muito de material bibliográfico sobre sua história. Basta conversamos com bibliotecários, professores, alunos, e mesmos nossos moradores, que não encontram muitos livros sobre a nossa história.  Os existentes tratam somente de aspectos de nossa história. Dentro deste contexto, é importante, que os historiadores e pesquisadores, tratem de trazer a lume, uma visão do conjunto de nossa história, dos nossos primórdios, até nossos dias. Me insiro, dentro deste espírito, dando uma modesta contribuição. Cabe também ao Poder Público dar uma importante contribuição para isto.

Osmair Bail em visita ao Jornal Perfil Multi (Crédito: Pricila Pires da Maia)

Jornal Perfil: Qual sua visão da cidade hoje? Mudou muito, em variados aspectos? Econômico, social, turístico?

 Osmair Bail: Infelizmente nossa cidade ainda não conseguiu superar todos os efeitos da crise mundial que se instalou a partir de 2008. Nossa população de 42.000 regrediu para 37.000 habitantes em 2010. Pessoas migraram para outras cidades em busca de emprego. Hoje, temos novamente pouco mais de 42.000 habitantes. Torcemos por Rio Negrinho, para que empresários e Poder Público se unam e busquem os mecanismos para uma maior diversificação de nossa indústria, prestadores de serviços e incentive as atividades dos serviços de turismo.

 

Fale sobre a sua coluna que escrevia e como ela era e agora seu retorno no jornal?

Osmair Bail: Em 1995, a convite do Diretor do Jornal Perfil João Paulo Ferreira, iniciei uma coluna denominada de Gente Nossa, que teve como objetivo de apresentar a vida de pessoas de nossa comunidade, que por anos a fio prestaram serviços a nossa cidade e nunca e tiveram uma palavra de reconhecimento público. Durante 2 anos fizemos este trabalho, que em boa parte encontra-se reproduzido no Blog Rio Negrinho no Passado. Estou alegre e satisfeito, 25 anos depois, ser convidado pelo Jornal Perfil, para apresentar novamente aos nossos conterrâneos, através de uma coluna semanal, aspectos de nossa história. Obrigado.

 

Mensagem:

Osmair BailNasci, vivi e brigo por esta cidade. Todos nós devemos ter sonhos e objetivos na vida. Para mim, um deles é a realização deste trabalho da pesquisa e da busca de nossa história. Estou procurando fazer uma pequena parcela, mas com alegria vejo que além do meu trabalho, outros historiadores e pesquisadores estão trabalhando neste sentido. Não somos concorrentes e sim trabalhamos num objetivo comum.