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sábado, 25 de abril de 2020

GENTE NOSSA: QUITO


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando EUCLIDES RIBEIRO, mais conhecido como Quito, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 134, pág. 12, em 01 de dezembro de 1995. Como este artigo foi publicado anteriormente 1996, algumas palavras não estão de acordo com as novas regras ortográficas, em vigor a partir de janeiro de 2016.

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Destacamos nesta semana a figura de Euclides Ribeiro, popularmente conhecido como Quito, com longa e ativa participação política no município, coordenador do SESI local e coordenador das grandes gincanas realizadas até o festejo do centenário do Município. Atualmente, mesmo ao longe, por motivos de saúde, é um apaixonado pela política local, acompanhando ao longe lances e fatos. Registramos a solicitação desta figura nos cumprimentos aos diretores do PERFIL, classificando este semanário como fantástico.

Euclides Ribeiro, mais conhecido como Quito

Aprendiz – Nascido na localidade de Volta Grande, neste Município, em janeiro de 1921, tendo como pais, Leopoldo Ribeiro e Carlota Lampe Ribeiro, fez seus primeiros estudos com o professor Ricardo Hoffmann, deslocando-se em 1935, para Porto Alegre por motivos escolares.

Em 1939, junto ao 13º BC de Joinville, cumpre o serviço militar obrigatório e com a eclosão da 2ª Guerra Mundial, permanece na ativa, até 1945, onde participa efetivamente da operação bélica, ainda que em solo brasileiro, em diversos pontos do País. 

Turma de alunos do Grupo Escolar Profª Marta Tavares de 1935, onde vê-se Quito (último a dir. em pé) (foto do acervo do Arquivo Histórico de Rio Negrinho)

Terminada a Guerra, retorna a Rio Negrinho, onde em 1947, casa-se com Heliete Maria Opuski, da família itajaiense.

Política – A partir de 1947, inicia uma longa trajetória política, primeiro com a formação do diretório da UDN do então distrito de Rio Negrinho. Neste período anterior a emancipação de Rio Negrinho, começam a despontar uma nova geração de jovens políticos, com idéias novas, sonham em tornar Rio Negrinho autônomo, em oposição a alguns velhos líderes políticos e econômicos que teimavam em ficar atrelados a São Bento do Sul. 

Uns dos argumentos dos emancipacionistas era que a sede dava pouquíssimos recursos ao distrito, em contra-partida a arrecadação oriundas principalmente da Móveis Cimo e da Luiz Olsen eram expressivas, muito maior que São Bento do Sul. 

Então por um lado o distrito arrecada e o retorno era pouco, fazendo que os intendentes tornassem figuras, muitas vezes decorativas.

Emancipação – Em 1953 é  o ano do grande embate com vistas a emancipação, primeiro junto a Câmara de Vereadores de São Bento do Sul e posteriormente junto à Assembléia Legislativa Estadual, onde o deputado Antonio Gomes de Almeida (PSD) lidera e assume a luta rio-negrinhense, conseguindo no final do ano a aprovação junto a Assembléia e a Lei é sancionada em 31/12/1953. 

Nesta viagem final à capital juntam-se líderes de diversas tendências políticas, como Herberto Tureck, Dr. Nilo Saldanha Franco, Pedro Jablonski, Benoni H. de Oliveira, Eugenio Ferreira de Lima e Teodoro Hackbart.

Aprovado a emancipação política e instalado o primeiro prefeito (nomeado), Henrique Liebl, em 27 de fevereiro de 1954, inicia-se uma nova fase política no agora município.


Clube de Bolão "Os Intocáveis" numa comemoração de 1º de Maio, ao final década de 1960 (foto do acervo de Bibi Weick)

Quito, líder da UDN, influenciado pelo deputado Antonio Gomes de Almeira, transfere-se para o PSD e as lideranças do PSD, em boa parte mudam-se para a UDN e o PTB é liderado por Herberto Tureck, preparando-se para a primeira eleição de prefeito e vereadores municipais.

Eleições – As primeiras eleições municipais são um reflexo da questão emancipacionista, ficando prós e contra a emancipação em campos opostos, formando-se a coligação “Aliança Social Trabalhista” do PSD/PTB e outro lado a UDN, no qual foi eleito Frederico Lampe e a maioria dos Vereadores pela coligação.

Nas eleições de 1958 e 1962 para a Câmara Municipal ocorrem coligações semelhantes, sempre elegendo a maioria dos Vereadores. 

Nas eleições para em 1959, lança-se com sucesso o jovem político Nivaldo Simões de Oliveira pela UDN, então funcionário da Prefeitura Municipal e auxiliar direto do prefeito Frederico Lampe, elegendo-se o novo prefeito. Começa bem a administração e aí a vida política de Rio Negrinho passa por uma fase tumultuada, que culmina primeiro com a licença por 120 dias do Prefeito, em setembro de 1963 e posterior renuncia em 5 de fevereiro de 1964, o recém-eleito presidente da Câmara de Vereadores – Euclides Ribeiro. O futuro ainda esclarecerá quais os motivos e fatos que provocaram tal acontecimento da renúncia. 

Corrida ciclística de 1º de maio promovido pelo SESI, onde vê-se em primeiro plano Quito (dir.) e Antonio de Oliveira (Tonico) a esq.  (foto do acervo de Celso C. Carvalho)

Assumindo o Executivo Euclides Ribeiro apenas complementa o mandato do ex-prefeito, que expira em 15/11/1964, no qual uma das obras foi a construção da ponte “Nery Waltrick”, mais conhecida como ponte “Gibaco”, ao final da Rua Senador Nereu Ramos. 

Nas eleições de 1965, elege-se Vagemiro Jablonski (PRP) apoiado pelo PSD. 

Com a extinção dos partidos políticos pelo Governo Militar, nova mudança política, funde-se o PSD e UDN formando a ARENA e o PTB forma o MDB. Mas as velhas feridas entre PSD e UDN não estão curadas na ARENA, com reflexo nas eleições de 1969 para prefeitos e vereadores, onde aparecem disputas internas de ARENA 1 e ARENA 2, no governo de Álvaro Spitzner e de forma mais renhida no governo de Nivaldo Simões de Oliveira, em seu segundo mandato. 


Participantes do curso de corte e costura promovido pelo SESI, com destaque ao Padre Thomaz Gasser (esq.) e Quito (dir.)  (foto do acervo de Alvino Pscheidt)

Devido a problemas de saúde afasta-se Quito da política local a partir de 1976, quando muda-se para Balneário Camboriú, onde atualmente reside. 


Formatura do Colégio São José, com destaque a Quito (esq.)  (foto do acervo de Celso C. Carvalho)

Teve interferências esporádicas principalmente em eleições a nível estadual, no apoio a Ivan Ranzolin deputado estadual, casado com a sua filha.

Gincanas – Rio Negrinho promoveu até 1980, cerca de 8 grandes gincanas, famosas em todas em nossa região, onde Quito teve papel preponderantemente em sete delas na organização e preparação das tarefas.


Professores participantes da Equipe Arrebenta Trevas, numa das primeiras Grandes Gincanas de Rio Negrinho  (foto do acervo de Helmar Klaumann - em memória)

Muitas vezes acusado injustamente de torcer por determinada equipe, graças a ele, principalmente a última grande gincana do centenário de Rio Negrinho, em 1980, marcou época. 


Participantes de equipe na Grande Gincana de Rio Negrinho de 1979 (foto do acervo de Ivo Rocha - em memória)

As grandes gincanas de Rio Negrinho, sempre vão estar associadas a imagem de Quito.

Participantes de equipe na Grande Gincana de Rio Negrinho de 1979 (foto do acervo de Solange Etelvino)

Carroção típico de transporte de toros, participante do desfile numa das Grandes Gincanas de Rio Negrinho (foto do acervo de Laercio Furst)

Candidatas à Rainha na Grande Gincana de Rio Negrinho de 1977 (foto do acervo de Regis Kretschmer)

Placa decorativa da Equipe Unidos do Beco, na praça próximo à ponte do Gibaco na Grande Gincana de Rio Negrinho de 1975 (foto extraída das redes sociais)

Cartaz da tarefa recebida pela Equipe Nico na Grande Gincana de Rio Negrinho de 1980 (foto do acervo de Sven Hansen)

De longe – Como rio-negrinhense, Quito manifesta-se orgulhoso pela recente viagem da Banda Marcial do Colégio São José ao Chile e do trabalho de 20 anos da professora Naira Naima Buchmann no concurso de Bonecas Vivas, sempre com fins beneficentes. 

Demonstra uma preocupação com a situação reinante junto as empresas do município.  

Mesmo ao longe de nossa terra, pela vida atuante na política, pelo trabalho profissional junto ao SESI local e pelas grandes gincanas, Euclides Ribeiro, merece o destaque de GENTE NOSSA.

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Notas complementares do Blog:

1 - Quito era filho de Leopoldo Ribeiro da Silva e Carlota Lampe, nascido em Volta Grande a 27/01/1921, e faleceu em 16/08/2005 na cidade de Balneário Camboriú, encontra-se enterrado em Itajaí-SC.

2 - Quito casou-se em 25/01/1947, com Heliete Maria Opuski, na cidade de Itajaí-SC. Heliete era natural de Itajaí, nascida em 04/07/1926 e faleceu em 13/07/2005. Tiveram 1 filha de nome Célia Regina.

3 - Em homenagem a Euclides Ribeiro foi denominado de  "Prefeito Euclides Ribeiro - Quito", o Centro Municipal de Educação Infantil - CMEI VILA NOVA, situado à Rua Martinho João de Souza, bairro Vila Nova, nesta cidade, pela Lei nº 2023, de 27/08/2007.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

GENTE NOSSA: AFONSO TSCHOECKE


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando AFONSO TSCHOECKE, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 136, pág. 15, em 15 de dezembro de 1995. Todas as fotos apresentadas nesta matéria não constam da edição publicada originalmente no Jornal Perfil.

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Neste final de semana o grupo Folclórico Germânico Oberland de Rio Negrinho, realizou um festival e baile com danças germânicas, neste sentido já em 1958, realiza-se uma pré-figura do festejado baile atual. Como homenagem ao Grupo Oberland trazemos a figura de Afonso Tschoecke.

Afonso Tschoecke, em 1956 (foto do acervo de Lucio Grutzmacher - em memória)

 Aprendiz – Nascido em São Bento do Sul, em 10/05/1913, Afonso Tschoecke muda-se para Rio Negrinho com a idade de 14 anos, onde torna-se aprendiz de carpinteiro, com seu irmão Alvino Tschoecke, proprietário de uma carpintaria, junto ao galpão de Ignácio Kohlbeck, que tinha uma ferraria, no local onde está atualmente a fábrica de Máquinas Lampe. 

Galpão de Ignácio Kohlbeck, na década de 1930, com destaque a torre de troféu da Igreja Matriz e no alto a Capela Luterana. (Foto do acervo de Dóris Piccinini - em memória)

Carpintaria de Alvino Tschoecke restringia-se a fabricação de carroças, único meio de transporte existente. Afonso, quase um menino, começa então os primeiros contatos com a pequena Vila, e durante 03 anos, como aprendiz, recebendo alguns poucos trocados.

Bolonistas do Clube de Bolão Rio Negrinho, em 1956, com destaque de troféu e medalhas sobre a mesa, vemos, a partir da esq. Arthur Meyer, Afonso Tschoecke, Otto Dettmer, Helmuth Hoffmann e Erico Becker. (Foto do acervo de Lucia Grutzmacher - em memória)

Lazer – Se hoje em dia reclamamos das poucas opções de lazer, imaginemos em 1928 o que havia. Havia uma entidade que era Rio Negrinho FC com muitos aficionados no futebol, mas como outra opção formaram uma equipe de uma modalidade, que foi o punhobol. Um grupo de jovens, como Henrique (Heine) Kwitschal, Ervino Meyer, Afonso Lutz, Ermelindo Ribeiro, José Robl, Aleixo Zipperer, Zépi Zipperer, Luiz Hubl, e a equipe dos mais “velhos”, como Carlos Weber, Luiz G. Engel, Alvino Tschoecke e Martin Schauz. O punhobol, esporte nascente em Rio Negrinho, foi praticado durante 04 a 05 anos e infelizmente somente o futebol permaneceu. Além disso a ginástica outra opção, era ministrada por Bernardo Wolff e posteriormente por Martin Schauz, onde o charme eram as apresentações realizadas antes dos bailes.

Vida Dura – Afonso casa-se em 1935 com Paula Simm, mudando-se para a localidade de Corredeiras, onde trabalha como encarregado da serraria de Roberto Lampe, onde a madeira serrada era vendida a compradores de Joinville e posteriormente a exportavam. Com a transferência da Serraria Lampe para outro local, retorna a Rio Negrinho, onde trabalha poucos meses com Paulo Hatschbach na construção de nova área da Indústria Zipperer, transferindo-se a seguir para São Bento do Sul, onde trabalha com Otto Thieme, na padaria. Transfere-se para Rio Vermelho, na firma Engel, onde permanece até 1948.

Retorna em 1948 a Rio Negrinho, onde volta a trabalhar com o irmão Alvino, na carpintaria de carroças e carrocerias de caminhões e ainda neste ano, inicia um negócio por conta própria no ramo, junto a sua residência, até 1960.

Incentivado pela mulher, resolve em 1960, transferir-se para Mafra, onde assume como ecônomo do Clube Zeppelin, permanecendo lá até 1963, quando falece a esposa.

A partir de 1964, já de volta a Rio Negrinho, inicia uma nova fase, como empregado da Móveis Cimo, época que casa-se com Zulmira Meyer.

Bauernball – Idealizado por Marta Mlinarski (Dª Martinha), grande batalhadora e incentivadora da cultura do Município, principalmente teatro e dança, realiza-se um grande baile típico, o Bauernball, em 1958. Com trajes típicos especialmente confeccionados para a festividade, tem como ponto alto a “bauerntanzz” (dança do colono).

Ensaio do "bauerntanzz" em pleno ar livre (foto do acervo de José Luimar Meyer)

Ensaio do "bauerntanzz" em pleno ar livre, com detalhe a frente o casal Adelia e Otto Dettmer (foto do acervo de José Luimar Meyer)

Vale lembrar que o baile foi em comemoração ao dia do colono. Participaram nesta apresentação típica, os casais: Roberto Thieme, Ervino Meyer, Fritz Klostermann, Bertoldo Klitzke, Helmuth Krambeck, Otto Dettmer, Heinz Hauffe, Afonso Tschoecke, José Treml, Engelberto Stiegler,  Helmuth Hoffmann e Alvino Tschoecke. 

Ensaio do "bauerntanzz" em pleno ar livre (foto do acervo de José Luimar Meyer)

O casal Afonso Tschoecke e Sra. recebeu um caneco, pintado a mão, da Ceramarte, com os dizeres: “SAUF’ST STIRB’ST – SAUF’ST NIT – STIRB’ST AA – ALSO SAUF’ST”, traduzindo: "Bebendo você morre, não bebendo, você morre, então beba”.

Nesta foto vemos, a partir da esq., 1ª fila: Marta Mlinarski e Elisabete Klostermann (acordeon); 2ª fila: Dolores e Helmuth Hoffmann, Albertina e José Treml, Mariane e Roberto Thieme; 3ª fila: Elfriede e Engelberto Stiegler, Ludmilla e Alvino Tschoecke, Paula e Afonso Tschoecke, Margarida e Ervino Meyer; 4ª fila: Anelise e Heinz Hauffe, Adelia e Otto Dettmer, Wenanda e Helmuth Krambeck, Vera e Bertoldo Klitzke e Mariane e Fritz Klostermann. (foto do acervo de José Luimar Meyer e informações de Mirete Lang e Elly Norma Olsen)

Bolão e Cinema – Após a fundação do primeiro clube de bolão o Rio Negrinho, outros posteriormente surgiram, como o Clube de Bolão Operário ou o Clube de Bolão São José, que funcionava junto ao Salão Paroquial, que abrigava as figuras de Alfredo Grossl, José Brey, José Bail, Max Jantsch, Eduardo Anton, Rudolfo Brandl e Arno Meyer.

Bolonistas do Clube de Bolão Rio Negrinho, com identificação e anotações de Bibi Weick. (Foto do acervo de Bibi Weick)

Os primeiros filmes já eram rodados ainda na década de 20, no Salão Lampe, ainda no cinema mudo, onde o único som era realizado ao vivo pela música de um bandonho. Posteriormente os filmes passaram a ser exibidos na Sociedade de Cantores e só mais tarde no prédio existente na rua Jorge Zipperer.

Muito lúcido e vivaz, do alto dos seus 82 anos, Afonso Tschoecke, merece o respeito e a homenagem de GENTE NOSSA.

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Notas complementares do Blog:

* Afonso Tschoecke, era filho de Alfredo e Martha Tschoeke, nascido em São Bento do Sul a 10/05/1913, falecido encontra-se enterrado em Rio Negrinho-SC.

** Afonso Tschoecke casou-se em primeira núpcias com Paula Simm, em 23/11/1935, em Rio Negrinho, e tiveram 2 filhos de nomes Harry Nelson e Glaci Norma. Paula Simm faleceu em Rio Negro-Pr em 17/01/1963.

*** Afonso Tschoecke casou-se em segunda núpcias com Zulmira Meyer, em 18/07/1964, em Rio Negrinho.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

GENTE NOSSA: GAÚCHO PIPOQUEIRO

Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando ERY KRETSCHMER, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 144, pág. 10, em 16 de dezembro de 1996. No texto original publicado no Jornal Perfil foi publicado apenas a foto do repórter Alceu Solano Peyerl, as demais imagens foram complementadas especialmente para esta edição.

Atualizado em 16/04/2020

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Destacamos nesta semana a figura de Ery Kretschmer, o “Gaúcho Pipoqueiro”,
 como gosta de ser chamado, que adotou Rio Negrinho à quase 42 anos.

Ery Kretschmer (foto de Alceu Solano Peyerl, 
publicada originalmente no Jornal Perfil)

Homenagem – “Eu acho que toda cidade pequena que se preza, tem seu pipoqueiro. A nossa não foge à regra. Nossos filhos já eram seus fregueses e agora nossos netos também o são. Quanta coisa o simpático homem acompanhou no correr anos e anos de portão? Por sua barraquinha passaram tantas crianças, hoje alguns doutores, outros pais de família e outros, quem sabe o que a vida fez com eles? 

Rio Negrinho também tem seu pipoqueiro, que ajuda a enriquecer a infância e deixa doces lembranças. Ele já parte da história da cidade ou melhor, guarda em sua memória. E você sabia? Somos privilegiados, pois o nosso pipoqueiro tem alma de poeta!”.

Ery Kretschmer, em 16/09/2002, defronte ao Colégio Cenecista São José, com os alunos da esq. p/ direita: Bruno Fanes, Renan Treml, André Weick e Sérgio L. Spitzner (foto do acervo de Colégio São José de Rio Negrinho e informações de Bruno Fanes)

Usamos essa introdução, do trabalho de Glicia M. Neidert, publicado pelo PERFIL, de 15/09/95 (pág. 02), na qual retrata bem a importância, principalmente para as crianças de ontem e de hoje, que é o nosso Gaúcho Pipoqueiro.

Caminhões – Ery Kretschmer, ou como gosta de ser chamado de Gaúcho Pipoqueiro, nasceu em Venâncio Aires (RS) em setembro de 1933, filho de agricultores, ficando órfão ainda menino, obrigando sua mãe manda-lo viver numa casa de seu tio, a exemplo de alguns de seus 7 irmãos, para criação. 

Ery foi criado no interior como agricultor, fazendo até hoje, na sua propriedade no bairro Pinheirinho em nossa cidade, com plantação de mandioca, milho e uma extensa horta. Aos 18 anos presta o serviço militar e neste período seu conterrâneo – Carlos Weber, muda-se para Rio Negrinho, onde vem trabalhar na Indústria Zipperer, em franca expansão, atraindo para cá, seu irmão Helmuth Weber, que transportava móveis da empresa. 

Ery Kretschmer (esq.) quando trabalhava na Fazenda de Helmuth Weber, na localidade Rio dos Bugres (foto do acervo de Gilson Kretschmer)

Helmuth Weber, convida para motorista um dos irmãos de Ery, o conhecido Bruno Kretschmer (atualmente funcionário da Ceramarte) que também muda-se para cá. A exemplo dos seus conterrâneos, Ery vem a Rio Negrinho, e instala-se aqui em 1954, onde começa a trabalhar como empregado de Helmuth Weber, na sua propriedade, na localidade de Rio dos Bugres (atualmente parte da Fazenda Evaristo). Lá ajudou principalmente na criação de suínos, onde a produção era destinada a frigoríficos da região.

Ery Kretschmer e sua esposa Olivia Brey

Permanece, como agricultor até 1958, quando casa-se com Olivia Brey, filha de tradicional família. Casado, começa uma nova profissão, a de pedreiro, em companhia de Armin Lehner, seu concunhado, quando o acaso leva a comprar a verdureira do “Fiorelli”, situada na esquina da rua Jorge Zipperer com a rua Carlos Weber, junto a um prédio hoje demolido, em frente a praça Oldegar O. Sapucaia.

Os irmãos Ery e Bruno Kretschmer defronte a quitanda em dezembro de 1961 (foto do acervo de Cila Lehner - em memória)

A compra da verdureira foi incentivada por José Kollross, inclusive que o ajudou fazendo empréstimo do dinheiro. Formou uma boa freguesia, ficando nesta atividade até 1977.

Pipoqueiro – Em 1962, o Bar Ponto Chik, situado no centro da cidade, de propriedade de Marinho Hoenicke, tinha adquirido uma pipoqueira elétrica, ficando posteriormente desativada, o qual foi proposto ao Gaúcho que a adquirisse, relutando a princípio a compra, e por fim adquirindo, iniciando assim uma atividade que vem desenvolvendo a quase 34 anos, a de pipoqueiro.

Ery Kretschmer defronte a Igreja Matriz em março de 1996 (foto do acervo do autor do Blog)

Com uma freguesia constante, principalmente de crianças cujos pais, quando crianças, foram seus fregueses. Seu ponto tradicional, em frente a Igreja Matriz Santo Antonio, com sua barraquinha azul, aos domingos ou durante a semana, no portão do Colégio São José. Afirma que, graças a persistência e confiança tem se mantido nesta profissão. Também durante aproximadamente 15 anos, atuou com uma “filial” de venda de pipocas em São Bento do Sul, onde até hoje sua presença é sempre lembrada.

Ery Kretschmer no campo esportivo do Ipiranga numa comemoração de 1º de maio (foto do acervo de Gilson Kretschmer)

Os irmãos Ery e Bruno Kretschmer na comemoração anual do Clube de Bolão Tudo Azul (foto do acervo de Gilson Kretschmer)

Cronista – Gaúcho Pipoqueiro tem se revelado um cronista de grandes qualidades, despertando a atenção dos rionegrinhenses, principalmente dos ouvintes da Rádio Rio Negrinho, com a transmissão do incentivador e radialista – Ivo Stoeberl, onde suas crônicas são divulgadas no programa aos sábados, por volta das 21:45 horas, com boa receptividade e audiência.

Gilson, filho de Ery Kretschmer segue na trilha da profissão do pai (foto do acervo do autor do Blog)

Tratando de assuntos dos mais diversos entre tantos, o tempo ainda saberá reconhece-lo, com seus escritos despretensiosos, mas cheios de conteúdo e sabor, e como diz D. Glícia, com a alma de poeta, improvisa para esta coluna, onde expõe, um pouco de si: “Gosto de crianças e de flores, acho que as duas coisas mais lindas e inocentes que Deus criou, cabe a nós adultos de cuidá-las”.

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Notas complementares do Blog:

* Ery Kretschmer faleceu em 05/03/2006, e encontra-se enterrado no Cemitério Jardim Parque da Colina de Rio Negrinho-SC.

** Ery Kretschmer foi casado com Olivia Brey, e teve 2 filhos de nomes Gilson e Marcos.

*** As crônicas de Ery Kretschmer foram publicadas, em 2010, no livro “O AMANHECER” de autoria do Prof. Marcos Alberto von Bathen.

**** Como homenagem ao cronista Ery Kretschmer foi escolhido como Patrono da Cadeira 38 da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina - Seccional Rio Negrinho (ALBSC-RIO NEGRINHO), pela sua ocupante sra. Dolores Maria Vellasques, desde 07/04/2018.

domingo, 12 de abril de 2020

GENTE NOSSA: HELMUTH WEBER

Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, homenageando HELMUTH WEBER, publicado originalmente no Jornal Perfil, edição nº 149, pág. 10, em 22 de março de 1996. A foto publicada originalmente no Jornal Perfil é de autoria do repórter Alceu Solano Peyerl.

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Transportador aposentado e bolonista inveterado, GENTE NOSSA
 homenageia Helmuth Weber.


Vinda Gaúcho de Venâncio Aires, nascido na Picada Santa Emília, em 14 de setembro de 1910, filho de pais comerciantes originários da Alemanha (Saxônia), Helmuth Weber* permanece até os 36 anos, como empregado do comércio na cidade natal. Doente, é aconselhado por médico a transferir-se de região, a princípio para Corupá, mas instado pelo seu irmão Carlos, já morador do então Distrito de Rio Negrinho, vem à nossa cidade.


Helmuth Weber (imagem de Alceu Solano Peyerl)

Carlos Weber (umas das ruas centrais é em sua homenagem), já aqui estabelecido, desde 1921, quando vem trabalhar na Indústria Zipperer) futura Móveis Cimo) no pátio da estação ferroviária, no trabalho bruto de madeiras e toras. A vida de Carlos, muda bastante, quando resolve comprar um terreno, precisando da fiança de Jorge Zipperer, fundador da empresa, que ao verificar a boa caligrafia o requisita junto ao comércio da empresa. Mais tarde veio a casar-se com Maria, uma das filhas de Jorge Zipperer, chegado a ser sócio e diretor da Indústria Zipperer, ora em pleno desenvolvimento, falecendo prematuramente em 1951. 

Estabelecendo-se em Rio Negrinho, em fevereiro de 1946, Helmuth em companhia da esposa Hilma** e do filho Guenter, passa a residir com o irmão, na casa ao lado do Hospital.

Caminhões – Preocupado com o sustento da família, toma a decisão de adquirir um caminhão Ford F-14, transportando os primeiros fretes de madeira serrada, para a firma de Luiz Olsen à Joinville, retornando de lá, com peixe e banana, que ele próprio vendia no varejo, além de outros produtos para o incipiente comércio local. Nesta época uma viagem de caminhão à Joinville demorava quase um dia.

Em 1949, adquire um segundo caminhão, um Ford F-8, trazendo de Venâncio Aires, outro conterrâneo nosso conhecido Bruno Kretschmer, para o trabalho de motorista. Importante frisar que Helmuth aprendeu a dirigir bem mais tarde, sempre empregando motoristas. Com o frete garantido da Indústria Zipperer, aumenta aos poucos a sua frota de caminhões, adquirindo um Mercedes-Benz, um BWUSING e um Ford F-8, formando uma frota de 5 caminhões, uma verdadeira transportadora para os padrões da época. 


Bruno Kretschmer e Helmuth Weber 
(foto publicada no Facebook por Bibi Weick em 06/04/2020)

Realiza em 1950, a primeira viagem de móveis diretamente da empresa a uma loja de São Paulo, na qual demoram dois dias e duas noites, deparando-se assustados com o tamanho da capital paulista já naquela época. Com o decorrer dos anos, em 1954, traz a Rio Negrinho, outro conterrâneo, Ery Kretschmer (Gaúcho Pipoqueiro), para os trabalhos em uma propriedade rural, situada em Rio dos Bugres, atualmente incorporada a Fazenda Evaristo, cuja atividade principal era a granja de suínos, que eram vendidos principalmente à Pomerode. Depois de quase 30 anos de transportes, Helmuth se aposenta, vendendo os caminhões em 1975, com o senso do dever cumprido.

Bolão – Bolonista inveterado, um dos maiores orgulhos é ter pertencido, durante quase 40 anos ao Clube de Bolão Rio Negrinho. Convidado, não pode participar da fundação do Clube, em 16 de novembro de 1946, por motivo de doença em família, integrando-se efetivamente, dois meses após, com os fundadores do clube: Alvino Tschoecke, Luiz G. Engel, Kurt Wolff, José Zipperer Neto (Zépi), Aleixo Zipperer, Jorge Zipperer Jr. (Nono), Emilio Olsen, Victor Buchmann, Arthur Meyer, Francisco Ruckl, Carlos Weber, Joseph Strenzel e Julio Seibt (1º Presidente), ainda na cancha do Roberto Thieme (atual Confeitaria Thieme)***.

Helmuth Weber (esq.) na festa do Rei do Bolão do Clube de Bolão RN
(foto do acervo de Lucia Grutzmacher - em memória)

Um dos mais antigos e tradicionais clubes de bolão da cidade, Helmuth, ajudou o Clube de Bolão Rio Negrinho a colecionar inúmeros troféus, dos que podemos verificar junto à Sociedade Musical Rio Negrinho. Trabalho futuro deverá enfocar, com mais amplitude, um histórico de todos os valorosos clubes de bolão, como o Tudo Azul Bolão Clube, Todos os Nove, Clube de Bolão Lira, Clube de Bolão Elite, Clube de Bolão Misto “Os Incríveis” e o Clube de Bolão XV de Agosto (o mais antigo da cidade, fundado em 15/08/1946).

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Notas complementares do Blog:

* Helmuth Weber é falecido e encontra-se enterrado em Rio Negrinho-SC.
** Helmuth Weber foi casado com Hilma Schwinn, nascida em Venâncio Aires-RS, em 29/10/1908, filha de Carlos Henrique e Gertrudes Schwinn, faleceu em 29/12/1993, e tiveram apenas 1 filho de nome Guenter, já falecido.
*** A Confeitaria Thieme era situada à rua Jorge Zipperer, no Centro de Rio Negrinho.

DO MEU AMIGO BIBI WEICK: SÉRIE CAMINHÕES DE TRANSPORTE (8)

Nota do BlogContinuamos a reproduzir a série de imagens "CAMINHÕES DE TRANSPORTES" publicadas originalmente no Facebook de autoria de Bibi Weick.

Bibi Weick, sócio diretor do tradicional ateliê Foto Weick, além das suas atividades comerciais, tem-se se mostrado um pesquisador incansável dos registros históricos de nosso município de Rio Negrinho.

A mais de 10 anos, como responsável do Blog Rio Negrinho no Passado, tem-se mantido com Bibi e a Foto Weick uma frutuosa parceria com os fins de pesquisa histórica.

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Publicamos a seguir o texto original com a respectiva imagem, editado no dia 09/04/2020, e complementados com alguns comentários do Blog:

Caminhões em Rio Negrinho (8)

Fotos 1 e 2, década de 1950, acervo de Lenice Carvalho Bastos e cessão de Osmair Bail. - Foto 3 e 4, década de 1960, acervo de Angelita Duffeck e cessão de Nilson Fleischmann.



Comentários complementares:

Imagens 1 e 2 - As duas imagens mostram os caminhões de transportes já carregados com móveis dentro do páteo de Móveis Cimo, antes do início da viagem. Transportadores ficaram conhecidos nas décadas de 1950 e 1960 como Aloisio Wermuth, Helmuth Weber, Bruno Kretschmer e Nabor Carvalho Bastos entre outros.

Imagens 3 e 4 - As duas imagens mostram os caminhões de transportes já carregados com toros na rua Senador Nereu Ramos, defronte ao ateliê de fotos Weick. Infelizmente não há identificação dos personagens das fotos.