Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no
Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador
deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna
GENTE NOSSA, homenageando FLÁVIO GONÇALVES DE OLIVEIRA, publicado originalmente
no Jornal Perfil, edição nº 153, pág. 18, em 19 de abril de 1996.
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Ferroviário,
esportista, casado com Maria de Deus Simões de Oliveira (Dona Maricota), pai de
02 filhas, GENTE NOSSA focaliza Flávio Gonçalves de Oliveira.
Dona Maricota e Flávio (Foto do acervo de Maria José de Oliveira)
Rosemery Gonçalves de Oliveira, filha de Dona Maricota e Flávio (Foto do acervo de Maria José de Oliveira)
Maria José Gonçalves de Oliveira, filha de Dona Maricota e Flávio (Foto do acervo de Maria José de Oliveira)
Aprendiz – Nascido em Três Barras à 06 de fevereiro de 1914, *Flávio Gonçalves de Oliveira, ainda jovem, com 16 anos vem a Mafra procurando um serviço, devido ao falecimento do pai. Emprega-se numa oficina mecânica para serviços gerais, procurando logo em seguida a aprender a dirigir automóvel, propiciando com isso, após o expediente da oficina viajar como motorista do então prefeito de Mafra – Coronel José Severiano Maia, pelo interior do município.
Ao final de 1932, visita em Rio Negrinho o seu irmão, empregado
da **Rede Ferroviária Federal S/A – RFFSA, junto a estação férrea. Passados
alguns dias treina futebol junto ao “Rio Negrinho Foot Ball Club”, primeiro
clube rio-negrinhense, pois jogava ao Clube Operário de Mafra.
O Rio Negrinho
Foot Ball Club na época era presidido por João de Paula – Chefe da Estação e
por Carlos Weber (vice-presidente), um dos diretores da indústria de móveis
“Jorge Zipperer e Cia.”, estes dois para residir em Rio Negrinho, para jogar no
time, que contava entre outros com Albino Murara, Henrique da Silva, Jorge
Zipperer Jr. (Nono), Vagemiro Jablonski, Paulo Ritzmann, Pedro Jablonski e
Calico Campolim.
Para estabelecer-se na cidade, necessitava de um emprego, quando
o Sr. João de Paula registra Flávio como aprendiz de telegrafista gratuito
junto a estação, no período da manhã, e Carlos Weber o emprega junto a firma
“Zipperer”, no período da tarde, com pequeno vencimento.
Ferroviário –
Passados uns 6 meses, em 1933, através de Luiz Olsen, consegue uma colocação na
coletoria estadual, no cargo de fiscal de barreira, na função de serviço
interno, sempre praticando telegrafia nas horas vagas.
No dia 1º de fevereiro
de 1936 é nomeado telegrafista efetivo da RFFSA, junto a estação de Rio
Negrinho exercendo esta função durante 22 anos, sendo então promovido a Chefe
da Estação de Paula Pereira (entre Mafra e Porto União), retornando depois de 6
meses a Rio Negrinho, na mesma função, na vaga de Militão Koenig, que
aposentou-se.
Mantem-se nesta função durante 12 anos, e quando é promovido a
fiscal de trens de passageiros, no trecho entre São Francisco do Sul e Lages,
permanecendo neste cargo durante 4 anos, sendo novamente promovido a supervisor
de estações, no mesmo trecho, por mais 4 anos, aposentando-se em dezembro de
1977, com 42 de serviços a RFFSA, com orgulho afirmando “sem perder um só dia
de serviço, por motivo de doença, falta ou punição”.
Movimento – Quando
nos deparamos, hoje em dia, com o pequeno movimento de trens, junto a estrada
de ferro, não fazemos ideia que o movimento, já foi muito mais intenso.
Outrora, o movimento de trens de carga era grande, passando diariamente em
média pela estação cerca de 10 trens, com 17 vagões, movida pelas saudosas
“Maria-Fumaça”. Para Rio Negrinho chegavam mercadorias para o comércio local e
embarcavam móveis e erva-mate principalmente, para outros centros. Os depósitos
da estação viviam abarrotados.
Estação ferroviária de Rio Negrinho (Foto extraída de Rede Social, site Estações Ferroviárias do Brasil)
Estação ferroviária de Rio Negrinho (Foto extraída de Rede Social)
Além disso diariamente passavam dois trens de
passageiros com 4 vagões de passageiros e um de bagagens, exigindo por parte
dos funcionários um trabalho árduo e ininterrupto de 24 horas. Infelizmente o
movimento ferroviário, a partir da década de 1960 começa definhar, em
contraposição com o transporte ferroviário.
Continental – Suas
ligações com o futebol fazem criar as primeiras raízes na cidade, praticando esse
esporte até 1942 e participando da diretoria do Ipiranga.
Rio Bugrense FC (Foto do acervo de Cecilia Minch)
Em 1949 é formado em
Rio Negrinho, um pequeno e humilde time de futebol, denominado – Rio Bugrense
FC, por iniciativa de Juvenal do Rosário. Homem simples, de cor negra,
motorista de caminhão do DNER, que fazia a conservação da Estrada Dona Francisca,
morador de Joinville, dominava a língua alemã, Juvenal era fanático pelo
futebol, formou com alguns jovens da época, o originaria o E.C. Continental em
1956, em companhia de Flávio Gonçalves de Oliveira (1º Presidente do Clube) e
outros amigos, este glorioso clube.
Passeio da Maria-Fumaça pela ABPF de Rio Negrinho (Foto extraída de Rede Social, Christian Hacke / Jornal A Gazeta de SBS)
Passeio da Maria-Fumaça pela ABPF de Rio Negrinho (Foto extraída de Rede Social)
Hoje, aposentado, Flávio é associado a Associação Brasileira de
Preservação Ferroviária – ABPF e do Clube da Maria Fumaça.
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Notas complementares do Blog:
*
Flavio Gonçalves de Oliveira é natural de Três Barras-SC, nascido em 06/02/1913
e falecido em 24/03/1998, filho de Maximiano e Januaria Gonçalves de Oliveira. Casou-se
em 19/12/1942 com Maria de Deus Simões de Oliveira (Dona Maricota), filha de Pedro e Julieta Simões de Oliveira, natural de Rio Negrinho, nascida em 06/02/1920 e falecida em
28/05/1997. Tiveram como filhas Rosemery e Maria José;
Imagem do casamento de Flavio e Maricota em dezembro de 1942 (Foto do acervo de Maria José de Oliveira)
** Erroneamente mencionamos que em 1932 o
nosso homenageado Flavio foi contratado pela Rede Ferroviária Federal
S/A – RFFSA. Vamos restabelecer o fato histórico. A Estrada de
Ferro São Paulo-Rio Grande (EFSPRG), também conhecida como Itararé-Uruguai, foi uma via
ferroviária que interligou a região sudeste à região sul do Brasil, atendendo
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esta empresa funcionou
no período entre 1906 e 1942, sendo sucedida pela Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC), que funcionou entre 1942 e 1975,
e entre 1975 e 1996 pela Rede Férrea Federal S/A (RFFSA). Portanto, o nosso
homenageado, foi contratado em 1932 pela empresa Estrada de Ferro São Paulo-Rio
Grande, e depois empregado das empresas Rede de Viação
Paraná-Santa Catarina e Rede Ferroviária Federal S/A;
***O último trem de
passageiros, na verdade uma litorina diária, passou pelo trecho entre Corupá e
São Francisco do Sul em janeiro de 1991. O trem misto que servia à linha
já não existia desde 1985. Depois disso, apenas alguns trens a vapor turísticos
da ABPF têm percorrido a linha, principalmente na região de Rio Negrinho. O
trecho entre Mafra e Porto União esteve durante anos abandonado, tendo sido
recuperado durante o ano de 2004, mas continua com o tráfego muito escasso. Já
o trecho entre Mafra e São Francisco tem grande movimento de cargueiros da
concessionária ALL (texto extraído do site Estações Ferroviárias do Brasil - página elaborada por Ralph Menucci Giesbrecht, a quem agradecemos).
Litorina defronte a estação ferroviária de Rio Negrinho (Foto extraída de Rede Social, site Estações Ferroviárias do Brasil)