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O
comércio atual exige a centralização das vendas em determinada linha de
produtos, seja de alimentos, de móveis, de armarinhos, de material de
construção, de caça e pesca, de limpeza, de auto-peças etc.; enfim reina a
especialização e principalmente a impessoabilidade.
Arlindo Carvalho (foto acervo de Reni Carvalho Rocha)
Bem
diferente das vendas existentes de Rio Negrinho da década de 1940, onde o lado
pessoal do comerciante atraia os fregueses e o comércio tinha que ser
diversificado. A rua Irani, de então, atualmente denominada de Pedro Simões de
Oliveira, elo de ligação entre Rio Negrinho e o Lageado era apenas um
carreador, com duas ou três casas. No mais era um mato cerrado.
Antiga Rua Irani, atual Rua Pedro Simões de Oliveira, defronte ao cemitério municipal (foto acervo de Helmar Klaumann)
Moradores
haviam apenas no trecho entre as ruas Pedro Simões de Oliveira e Willy Jung,
nas atuais ruas Henrique Schwarz, Roberto Lampe, Leoberto Leal e Francisco P.
Araújo, de operários da Indústria Zipperer, futura Móveis Cimo, em casas de
madeira, num estilo bem simples e popular, sendo que algumas persistem
construídas neste estilo até hoje. Era esta a situação encontrada em 1942 e
nestas condições estabeleceu-se ao lado do Cemitério Municipal, o ativo Arlindo
Elpidio de Carvalho.
Rua 7 de Setembro, defronte a Casa comercial de Arlindo Carvalho, década de 1960 (foto acervo de Salete e Ana C. Koehler)
Casa da vila operária da antiga Móveis Cimo, situada à Rua Leoberto Leal (foto do acervo do autor do Blog)
Nascido
à 26 de fevereiro de 1916 na localidade de Posto Carvalho, Distrito de Rio
Preto do Sul – Mafra, teve como pais – Tobias Carvalho Bastos e Ana Carvalho e
irmãos: Olivio, Alceu, Deonil, Osvaldo, Arnaldo Nabor, Tereza, Araci, Helena,
Alice (casada com Eugenio Dettmer), Anita, Leonor, Analice e Rubens. Muitos também se estabeleceram em nossa
cidade, como é o caso de Olivio, Alceu, Deonil, Nabor e Alice, estes dois
últimos já falecidos.
Seu
pai era pecuarista, criador de ovelhas e gado, profissão que exerceu até aos 18
anos, quando foi convocado pelo serviço militar obrigatório, por um ano, no
município de Lages. Ao retornar do serviço militar continua por pouco ao lado
da família nos afazeres da pecuária, vindo para Rio Negrinho, onde se casa com
Erna Linke, filha de Francisco Linke, moça que conheceu ainda menina no
interior do Município, junto a serraria de Max Simm, onde seu futuro sogro
trabalhava como serrador. Afirma um ditado, que por detrás de um bem sucedido
homem está uma grande mulher, e neste caso, sem dúvida é Erna, num casamento
que perdura 56 anos, tendo como filhos: Reni – casada com Ivo Rocha e Renato,
muito conhecido entre nós.
Arlindo Carvalho e Erna Linke Carvalho (esq.) no casamento da filha Reni com Ivo Rocha, em companhia de Amélia e Ewaldo Ritzmann, em 29/11/1958 (foto do acervo de Reni Carvalho Rocha)
Quando
fixou-se em Rio Negrinho, veio desenvolver as atividades no posto da Coletoria
Estadual, que funcionava junto ao casarão existente no atual terreno da igreja
Matriz, que pertencia a família Augustin e morava numa pensão, situada na rua
São Bernardo de propriedade da “frau” Tandler. Arlindo, solicitou remoção para
a “barreira”, ou melhor, o posto fiscal estadual que ficava junto a ponte do
rio Negro, no lado rio-negrinhense. Seu trabalho era reduzido ao movimento da
época, que era principalmente era no sentido do Paraná a Rio Negrinho, no
transporte de toras, dirigidos a Indústria Zipperer.
Mudou-se
para a rua Pedro Simões de Oliveira, em 1942, quando abriu o seu comércio. Sua esposa, a principio apreensiva, pois
achava muito arriscado lançar todas as economias num negócio, então
desconhecido para ambos. Comércios
haviam poucos em Rio Negrinho, como o de Urbano Murara, Francisco Ruckl, Angela
Mallon e o posto de vendas da firma Zipperer, onde se vendia quase tudo, como
vemos similares no interior.
Prédio da casa comercial de Arlindo Carvalho, situado à rua Pedro Simões de Oliveira esq. com a rua Luiz Germano Engel (foto do acervo de Reni Carvalho Rocha)
A
venda de alimentos se dava a granel, não empacotados em sacos plásticos ou
pacotes de papel como se faz hoje; o freguês adquiria produtos em pequenas
quantidades, pesados na sua frente, em
balanças com peso de ferro, desde trigo, arroz, feijão, farinha, açúcar etc.,
que eram armazenados em caixas de madeira com tampas, com divisórias ao meio,
para cada produto; além disso não faltava o “mus”, banha, torresmo, linguiça,
chouriço, carne, tecidos em metro, pois confecções prontas não havia.
Também
a disposição dos fregueses, algumas ferramentas como enxadas, foices, machados,
martelos e alguns utensílios, enfim uma grande variedade, exigência da época. Permaneceu
neste ramo de atividade, cerca de 35 anos.
Característica
nos comércios de então, era a venda por cadernetas, ou seja, o freguês comprava
durante um mês, anotando em uma caderneta que ficava de posse do cliente e
outra anotação semelhante no livro de controle do comerciante, que eram somadas
e quitadas as contas no dia 10 de cada mês subsequente, dia de pagamento dos
operários. Nesta modalidade “seu”
Arlindo atendeu perto de 70 famílias. O horário de atendimento não havia, iniciava-se
ao despertar do dia indo até a noite.
Caderneta utilizada nas vendas à prazo (foto extraída de Rede Social)
Convidado
por líderes locais – Frederico Lampe e Euclides Ribeiro, candidatou-se a
vereador pelo PSD, elegendo-se na 2ª legislatura da Câmara de Vereadores de Rio
Negrinho, em 1958, com 116 votos, provenientes de fregueses, abandonando a vida
política ao término do mandato, apesar da insistência das lideranças políticas
da época.
Atualmente
aposentado, gozando de boa reputação na cidade, encontra-se um pouco adoentado,
vivendo em companhia da esposa, tendo como principal conforto ao seu redor, dos
filhos, netos e bisnetos.
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Nota
complementar do Blog:
Arlindo Carvalho
veio a falecer em 12/09/1996, e encontra-se enterrado no cemitério municipal
de Rio Negrinho. Sua esposa Erna faleceu em 09/03/2003 e também
encontra-se enterrada no cemitério municipal de Rio Negrinho.
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