Nota do Blog: O BLOG
RIO NEGRINHO NO PASSADO publicou recentemente três textos sobre os
professores Ricardo Hoffmann, Humberto Hermes Hoffmann e Freya Hoffmann
Wettengel, pai e dois filhos, que estão ligados aos primórdios do ensino
escolar de Rio Negrinho, nos meados da década de 1920.
A atuação destes três
professores em nossa futura cidade tráz consigo várias interrogações, a exemplo:
Como se deu o desenvolvimento do ensino regular em nosso município? Teriam sido
eles os primeiros professores do ensino regular em nosso município? Aonde foram
construídas primeiras escolas?
Este ensaio, sem
maiores pretensões, procura fornecer alguns dados e informações sobre o ensino
regular em nosso município, que por certo merecerá dos estudiosos um amplo estudo
sobre o assunto.
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Para formarmos uma ideia das
atividades escolares no atual território de Rio Negrinho é preciso termos noção
de como se deu a sua ocupação territorial, e a formação de suas diversas
localidades. Obviamente a formação das
diversas comunidades dentro do território de nosso município foi acontecendo
paulatinamente, e na medida de suas formações buscava-se além do sustento e
moradias das famílias, o auxilio espiritual e a formação escolar.
Nos vários escritos existentes
que tratam do funcionamento escolar se dá a impressão que na futura região
central de Rio Negrinho, a partir de 1917, foi a primeira escola existente em
nosso município.
Escola Desdobrada Mista de Rio Negrinho, situada ao lado da Igreja Santo Antonio
Hora, escolas se constroem e se
formam a medida que as comunidades vão se formando. Não existe escola sem
aluno, essa é a lógica. O que se constata a existência de comunidades criadas,
muito antes da comunidade da região central, a exemplo das comunidades de Lagoa
Alto Rio Preto, Salto e Colônia Olsen.
A ocupação das terras de Rio
Negrinho, então parte integrante do território de São Bento do Sul, se dá a
partir do final do século XIX e do começo do século XX.
Em recentes pesquisas no acervo
do Arquivo Histórico de São Bento do Sul, encontramos os registros abaixo descritos,
que por certo ajudarão a dar uma luz inicial da construção das unidades
escolares em nosso município.
Outras comunidades e escolas
ainda não temos as informações, que merecerão outras pesquisas.
Localidade
|
Ano
|
Nº
Alunos
|
Professor
|
Queimados
|
(?)
|
(?)
|
Quiliano Martins
|
Patrimonio Rio dos Bugres
|
(?)
|
(?)
|
Ladislau Mario Stachon
|
Lagoa Alto Rio Preto
|
1899
|
10
|
Serapião Marcondes da Fonseca
|
Salto
|
1913
|
26
|
1941 – Befreir Silveira; 1942 – Alice Carvalho;
e, 1947 – Jacira Simoes da Maia
|
Colonia Olsen
|
1914
|
21
|
Antonio Schiessl
|
Rio Feio
|
1925
|
15
|
Pedro Fernando de Castilho
|
Rio da Veada (Escola Ministro Gaspar Dutra)
|
1943
|
30
|
Eloy Mariano Pereira
|
Corredeira
|
1946
|
22
|
Juvelina M. Nunes
|
Campo Lençol
|
1948
|
36
|
Leonita Brusky
|
Patrimonio do Salto
|
1948
|
(?)
|
Joana Alves de Lima
|
Partindo do pressuposto que
várias outras comunidades já existiam antes da formação da comunidade da futura
região central de nossa cidade, a partir de 1910, trabalho que requer uma
amplitude maior, vamos a partir de agora tratar especificamente dos primórdios
do ensino regular em nosso futuro centro de Rio Negrinho.
Segundo relato da primeira Ata Solene da Comunidade Católica de Rio
Negrinho, lavrada em 07 de junho de 1924, foi relatado que a “localidade de Rio Negrinho existia lá cerca
de 45 anos à margem da Estrada Dona Francisca Km. 103, contendo naqueles anos
apenas três a quatro casas sem manifestar progresso; nos anos de 1910 a 1912
foi construída a Estrada de Ferro, ramal de São Francisco e o lugarejo doado da
Estação de Rio Negrinho; logo o número de casas aumentou, de modo que, em 1918
existiam 12 a 15 casas, entre elas três casas comerciais”.
Portanto, entre 1879 a 1910, na
futura região central de Rio Negrinho, entre os kms. 102 e 103 da antiga
Estrada Dona Francisca, havia 3 a 4 casas.
Somente, a partir de 1910, com a
construção da Estrada de Ferro que o número de casas aumentou, chegando em 1918
a 12 a 15 casas, e, em 1924, 80 e tantas casas, com 600 habitantes.
O futuro centro de Rio Negrinho entre
1910 e 1912, com a construção da Estrada de Ferro, teve muita vida, enquanto
durou a construção da via férrea, declinando logo que foi finalizada esta
importante obra, que foi inaugurada no ano de 1913.
Entre 1910 e 1917 não
encontramos, até a presente data, nenhum registro de atividades escolares nesta
incipiente comunidade. Como eram então atendidas as crianças em idade escolar?
Havia várias possibilidades, a
primeira, o de não estudar, a segunda, as famílias mais abastadas de contratar
um professor particular, e a terceira, de irem a outras localidades, como
Lençol ou São Bento do Sul.
Dentro deste quadro populacional,
o início das atividades escolares na área central da pequena Vila de Rio
Negrinho, então parte integrante do território de São Bento do Sul, se dá em
1917, com a criação de uma escola pública, sendo nomeada Maria Dias de
Olliveira como sua professora.
A professora Maria Dias de
Oliveira, nascida em 15 de fevereiro de 1900, era filha de Antonio Dias de
Oliveira e Maria Ignes de Oliveira, e casou-se com 25 de junho de 1918, com
Alexandre de Almeida Milicio, agrimensor, empregado da Estrada de Ferro, na
localidade de Rio Preto, para onde transferiu-se.
Infelizmente, esta escola, com a
transferência da professora Maria Dias de Oliveira para a localidade de Estação
de Rio Preto, município de Mafra, foi transferida para lá, a partir de junho de
1918, ficando a Vila sem o ensino escolar.
Neste vácuo, Martin Ilg, lecionava
pela manhã e a tarde atuava como guarda-livros na firma Jung & Cia., isto
até maio de 1920.
As tratativas para construção de
um prédio escolar na Vila de Rio Negrinho somente veio a acontecer em meados de
dezembro de 1919. Nesta reunião, Luiz Scholz, um dos pioneiros moradores da
Vila de Rio Negrinho ofereceu um terreno com 3.500 metros quadrados, fazendo
frente à rua da “Estação”, atual rua Jorge Zipperer, e ainda, cada um dos
presentes se cotizaram para a construção da nova escola.
Iniciou-se a construção medindo
14 x 10 metros para sala de aulas e residência de professor e família, as
despesas foram pagas dentro de um período de 3 anos. Organizou-se festas
populares em benefício em benefício da obra e buscava-se donativos.
Em abril de 1920 o prédio escolar
estava pronto e em 04 de maio foram iniciadas as aulas. Neste terreno doado por
Luiz Scholz pouco mais tarde foi construída a primeira Igreja Católica.
Em 1923 o prédio escolar foi
deslocado 16 metros em direção ao norte, no mesmo terreno, com o objetivo de
alojar a projetada Igreja Católica. Esse deslocamento foi feito sem ser
desmontado o prédio, conduzido em estaleiros de pau de prumo e teve duração de
3 dias.
Já em 1925 o prédio escolar
original sofreu ampliação, na frente da escola e ligado este destinado a
residência dos professores e familiares, cuja construção era de 2 andares, tudo
de madeira.
Pronto o prédio escolar, foram contratados
dois professores, o professor particular Roberto Hoffmann e como professora
pública Adelaide Ferreira da Costa. A frequência inicial era de 25 alunos, que
na medida do aumento populacional da Vila, tornou-se cada vez maior.
Prédio da Escola Mista de Rio Negrinho, antes de sua ampliação, onde se vê junto aos alunos a professora Adelaide Ferreira da Costa (centro) e a esq. o professor Roberto Hoffmann
A professora Adelaide lecionava de
manhã em português e o professor Hoffmann que residia na própria escola,
lecionava na parte da tarde e em alemão.
Nestes primórdios o alfaiate
Bernardo Wolf, nesta escola, organizou um curso de ginástica.
O alfaiate "professor" de ginástica Bernardo Wolf e os alunos da Escola Desdobrada Mista de Rio Negrinho, depois da ampliação, situada ao lado da Igreja Santo Antonio
Uma sociedade escolar tomou a si
o encargo de organização e do financiamento dos custos gerais.
Na descrição de Jorge Zipperer,
Adelaide Ferreira da Costa, oriunda de Itajaí, era viúva há pouco tempo, com
duas filhinhas, tinha aula das 8 às 12 horas, porém, não tinha muito
conhecimento da matéria, e praticou somente 15 dias no Grupo Escolar Itajaí.
Procurou cumprir o seu dever a todo custo, porém, não conseguiu resultado
satisfatório; e, era paga pelo Governo.
Enquanto, o Professor Roberto
Hoffmann, é qualificado por Jorge Zipperer, com “meu amigo”, bom professor, um
tanto fraco em português, e ainda “muito esquisito”, dava aulas das 13 às 17
horas e percebia a sua remuneração da Sociedade Escolar.
Segundo recentes pesquisas o
Professor Carlos Frederico Roberto Hoffmann, ou simplesmente Roberto Hoffmann,
é filho de Frederico Carlos Roberto e Elisabeth Hoffmann, nascido em 1876, no
bairro de Lichterfelde, na cidade de Berlim, capital alemã. Imigrou para o
Brasil em 1903, com 27 anos, em companhia de seu irmão Ricardo, com 23 anos,
sua irmã Elisabeth, com 25 anos, e sua mãe Elisabeth, com 53 anos. Casou-se aos
40 anos de idade, em São Bento do Sul, em 29 de janeiro de 1916, com Ida
Krause. Lecionou em São Bento do Sul até 1920, quando foi contratado pela
Sociedade Escolar de Rio Negrinho, como professor particular.
O professor Roberto permaneceu
como professor até dezembro de 1924, quando “renunciou” o cargo. A última notícia
que temos dele foi de 06 de maio de 1928, como morador na localidade de Rio do
Salto, por ocasião do registro do falecimento de um de seus filhos. Após esta não temos outra informação do seu
paradeiro.
Com a “renúncia” do professor
Roberto Hoffmann de Rio Negrinho, em dezembro de 1924, e da remoção da professora
Adelaide da Costa, no início de 1925, para a localidade de Avencal, município
de Mafra, assumiu as atividades de magistério o professor Ricardo Hoffmann, em
04 de junho de 1925.
Professor Ricardo Hoffmann (foto do acervo de Yara Maria de Goss)
Professor Ricardo lecionou a
partir de 04 de junho de 1925, aos 56 alunos, que até outubro desse ano, subiu
para 80 alunos, quando a escola foi desdobrada. Além de professor do ensino
regular, foi professor de língua alemã.
Professor Humberto Hermes Hoffmann (foto da EEB Humberto H. Hoffmann)
Em março de 1927 foi nomeado
professor Humberto Hermes Hoffmann, então com 16 anos de idade, filho do
professor Ricardo, da 2ª escola pública, que funcionava no mesmo prédio. O
professor Humberto Hermes permaneceu em Rio Negrinho até 18 de abril de 1929, quando
foi removido para Brusque, assumindo no seu lugar a sua irmã Freya, com apenas
15 anos de idade.
Professora Freya Hoffmann Wettengel (foto do acervo de Yara Maria de Goss)
As matrículas subiram em 1929 até
170 alunos, e em 1932 foi de 139 alunos.
Em 22 de maio de 1932, domingo, um tufão se abateu sobre a Vila, que
prejudicou grandemente a comunidade, inclusive destruindo o edifício escolar. A
escola funcionou no pequeno salão Brusky.
Escola destruída pelo tufão em 22/02/1932 (foto do acervo de Doris Piccinini)
Com o prédio escolar destruído o
Governo do Estado tomou a decisão de estadualizar a escola, e construir um novo
prédio, livre das enchentes, situado no atual bairro Cruzeiro, com 4 salas de
aula, o futuro Grupo Escolar Professora Marta Tavares, inaugurado em 17 de
setembro de 1933.
Imagem antiga do Grupo Escolar Professora Marta Tavares
Imagem da EEB Professora Marta Tavares
Em setembro de 1948, data do 75º
Aniversário de São Bento do Sul, o número de alunos do Grupo Escolar Professora
Marta Tavares era 400 a 500 alunos e era dirigido pelo Professor Arthur
Sichmann.
Imagem externa do EEB Professor Jorge Zipperer (foto extraída da Rede Social)
Imagem interna do EEB Professor Jorge Zipperer (foto extraída da Rede Social)
A segunda unidade escolar
da cidade de Rio Negrinho foi implantada no Bairro Vila Nova, que iniciou suas
atividades em 07 de maio de 1945, com o nome de Escola Pública Mista Estadual
de Vila Nova, na rua 21 de abril. Contava com apenas com uma professora chamada
Leopoldina Rosa Soares, com duas turmas, num total de 45 alunos. Em 04/05/1958,
a escola foi transferida para a rua Carlos Speicher, denominada: Escola Reunida
Professor Jorge Zipperer, tendo como diretor o professor Alberto Tomelin. A
escola atendia inicialmente aos alunos de 1ª a 4ª séries.
Imagem de uma das primeiras turmas de alunas do Educandário Santa Terezinha (foto do acervo de Glicia Neidert)
Imagem do Educandário Santa Terezinha (foto do acervo de Glicia Neidert)
A
terceira escola, em 1947, foi o Educandário Santa Terezinha, incentivado pelo padre
Celso Michels, primeiro vigário de Rio Negrinho, com objetivo de trazer uma
nova opção educacional, através das irmãs da “Congregação das Irmãs de São
José de Chambéry”, sediadas em Curitiba, se estabelecem em Rio Negrinho com a criação de um
Jardim de Infância. Depois de uma série de transformações é o atual Colégio
Cenecista São José.
Outras
escolas foram sendo implantadas a medida que a cidade foi crescendo e se
expandindo, como no Bairro Bela Vista, no Bairro São Pedro, no Bairro São
Rafael, no Bairro Vista Alegre, e no Bairro Industrial Norte, entre outras, que
merecerão um trabalho futuro mais acurado.
Fontes:
ARQUIVO HISTÓRICO DE
SÃO BENTO DO SUL.
ATA SOLENE DA
COMUNIDADE CATÓLICA DE RIO NEGRINHO, 1924
KORMANN José. Rio
Negrinho que eu conheci, 1980, págs. 94 e 95 e 158 a 160.
SITE DO COLÉGIO CENECISTA SÃO
JOSÉ DE RIO NEGRINHO.
SITE FAMILY SEARCH.
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