sábado, 31 de março de 2018

GENTE NOSSA: RADAR


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da coluna GENTE NOSSA, focando no clube RADAR, publicado originalmente no Jornal Perfil, ano III, edição nº 135, pág. 7, em 8 de dezembro de 1995. Somente a foto do Radar E.C. foi reproduzida no texto original do Perfil.


Enfocamos nesta semana um conjunto de jovens, que principiaram em Rio Negrinho, como clube a pratica esportiva do vôlei, basquete e futebol de salão, no então RADAR E.C. As informações desta crônica, foram baseados em depoimentos de Mirno Neidert e Felix Briniak, integrantes da fase inicial do clube.  GENTE NOSSA encomendou um trabalho especial a poetisa e contista Glicia M. Neidert sobre o Radar, da qual ela fez parte, por onde iniciamos o trabalho desta semana.

Glicia – “Tem cada idade a sua juventude (Bastos Tigre), mas, sem dúvida, os 16, 17 18 anos é uma época inesquecível. Por volta de 1956, em nossa simpática Rio Negrinho, viviam os jovens cheios de alegria e dinamismo, que cultivam amizades lindas. Como entretenimento, havia o cinema do Sr. “NONO”, onde toda a patota ia às matinês. Entram triunfalmente pelo corredor central, assobiando em coro aos domingos reuniam-se às margens do rio Negrinho, ainda não poluído, no famoso “Poço do Cipó” (atrás do prédio do Banco do Brasil)¹ para nadar e mergulhar. Verdadeira exibição de coragem e músculos.


Poetisa Glicia Murara Neidert (Foto do acervo de Valderi Aci da Silva)


Havia também as dancinhas na “sede”. Usávamos amplos vestidos e dançávamos ao som dos “Miseráveis do Ritmo”.  Eu tinha ordens de meus pais para chegar em casa pontualmente às 18:00 horas... e obedecia! Ah! As serenatas, que lindas e românticas!

Certamente muitos senhores e senhoras que hoje estão lendo este artigo tem boas lembranças daquele tempo. Para diversificar as diversões e canalizar tanta energia os moços resolveram formar um time de voleibol e de basquete e assim surgiu o RADAR E.C., após muito trabalho, dedicação e garra dos jovens, que eram muito unidos.

O Radar E.C. tinha uma bandeira e uniformes, o das moças era: calção azul, blusa branca com emblema criado por Senildo H. Neidert e saia curta pregueada.

Que lindos tempos! Devo confessar que nunca aprendi a jogar voleibol, mas do companheirismo e amizade que era uma constante no meio dos jovens, surgiu um namoro que culminou em casamento. Hoje vivo feliz ao lado do treinador Mirno H. Neidert. (Glicia M. Neidert – 03.12.95).

Primórdios – No final de 1956 ou início de 1957 ², jovens da faixa etária de 16 a 20 anos, buscam uma nova forma de laser, principalmente nos finais de semana, nos quais as opções eram reduzidas ao cinema do simpático “NONO”, bailes, domingueiras na “sede” do Ipiranga ou Salão Dettmer e jogos de futebol. Influenciados por novos esportes, onde estudantes rio-negrinhenses de escolas em centros maiores (principalmente Curitiba), ou do serviço militar, estes jovens constituem informalmente um clube para a prática do voleibol, basquete e futebol de salão.

Para isso encontram um local adequado e central para a quadra esportiva, junto ao terreno de propriedade da família Neidert³, aos fundos da rua Duque de Caxias, margeando o rio Negrinho e a estrada de ferro, terreno grande com pouco aproveitamento que possuía uma pequena faixa mais elevada, onde à base de pás, picaretas, enxadões, e carrinho de mão fazem a quadra, em forma de “L”, de chão batido, com pequeno vestiário de madeira, iluminado posteriormente com holofotes para jogos noturnos, ficando uma pequena elevação lateral para a torcida. 

Somente, quase no final dos trabalhos que a Prefeitura cedeu os maquinários para complementação dos trabalhos da quadra, denominada “Edulindo Gisbert Neidert”.

O nome escolhido para o clube era revolucionário na época – RADAR, o símbolo do átomo foi adotado pelo clube.  As modalidades esportivas adotadas eram também muito pouco conhecidas do grande público. A semente do Radar estava lançada e a quadra de esportes pronta, constituindo-se, o primeiro clube do município do gênero.

Participantes – Passaram por este clube entre outros: Mirno H. Neidert, Senildo Neidert, Romeo Zipperer, Felix Briniak, Waldemar Bublitz, Edvaldo Bublitz, Valmor Bublitz, Arnaldo Lampe, Roland Thieme, Placido Steffen, Alvino Vutzke, Gerold Lichtblau, Max Reuss, José Cavalheiro Filho (Jeca), Luiz Cavalheiro de Almeida (Camiseta), Adolar Janesch, Marcio Parreira, Raul Zipperer, Gildo Zipperer, Norberto Murara e Adolar Kemper.  Equipe feminina de vôlei: Nilce Zipperer, Glicia M. Neidert, Noly e Iria Scaburi, Maurita e Lizi Parreira, Loni Zipperer, Irene Weick, Glaci Tschoecke, Josefa e Maria Szabunia. Junta-se a este grupo – Clóvis A. Campos Silva, então funcionário do Banco Inco, que colabora na organização e preside por um bom tempo no Radar, formalizando o estatuto e cobranças de mensalidades.

Da esq. p/ direita, em pé: Adolar Kemper, Mirno Neidert, José Cavalheiro Filho (Jeca) e Luiz Cavalheiro de Almeida.  Agachados: Waldemar Bublitz, Arnaldo Lampe (Zizi) e Felix Briniak.


Adversário – O grande problema apresentado após a formação do Radar e conclusão da quadra, e cansativos treinos era não ter um adversário para disputa de partidas. Passado um certo tempo, aparece um rival a altura, oriundo do E.C. Continental, que forma uma equipe de vôlei masculino e feminino. 

As disputas entre os dois clubes são ferrenhas, atraindo uma fanática torcida nos jogos, chegando ao ponto de cobrança de ingressos.  Uma próxima edição do GENTE NOSSA tratará especialmente deste clube. 

Outras disputas feitas pelo Radar fora do município como pela primeira vez jovens do município jogam uma partida num ginásio coberto, na Escola Técnica em Curitiba, onde saem vitoriosos. Além disso fazem jogos na região com São Bento, Mafra e Joinville. Mas sem sombra de dúvida, o maior e quase sempre imbatível adversário foi o Continental.

Bailes – As domingueiras para arrecadação de fundos e diversão na sede eram famosas e aparecem conjuntos como “Os Miseráveis do Ritmo”, composto Milton Righetto (acordeão), Sigolf Lichtblau (violino), Luiz Cavalheiro de Almeida ou Guinter Weber (bateria) e Cristaldo R. Lima (violão elétrico). Chegam-se a promover bailes com conjuntos famosos como o “Marimba Alma Latina” ou a orquestra “Cruzeiro do Sul” do nosso município, que vão das 20:00 horas de sábado às 6:00 horas da manhã de domingo.

Lembranças – A medida que os anos se passam, muitos dos integrantes vão se casando, outros transferem-se de cidade, fazendo com que o Radar vá definhando pouco a pouco, encerrando suas atividades por volta de 1962.  Ficou a alegria das disputas, das amizades e os casamentos realizados à partir do saudoso Radar E.C.


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Nota complementar do Blog:

1 – Em 1995 a agencia do Banco do Brasil de Rio Negrinho estava instalada à rua Luiz Scholz;

2 - O Radar foi fundado em 07/12/1956;

3 - A Prefeitura Municipal, através de Lei nº 1689 de 22/02/2005, sancionada pelo então Prefeito Municipal Almir José Kalbuch, adquiriu dos herdeiros de Afonso Tschoeke (antes pertencente a família Neidert) o terreno que abrigou no final da década de 1950 e inicio da década de 1960 o Radar E.C., destinado a abrigar um parque municipal, denominado de "Parque Municipal Paul Harris", como homenagem ao fundador do Rotary, em comemoração aos 100 anos de existência e dos serviços prestados a humanidade pelo Rotary Club Internacional, naquele ano de 2005; o Parque Municipal Paul Harris foi inaugurado oficialmente em 24/02/2018 numa parceria entre o Rotary Club Rio Negrinho e a Prefeitura Municipal de Rio Negrinho;

Imagem da inauguração do Parque Municipal Paul Harris em 24/02/2018
 (Foto extraída do Jornal do Povo de Rio Negrinho)

4 - Edulindo Gisbert Neidert – Era filho de Eduardo e Jenny Neidert, nascido em 06/05/1930, de profissão comerciante, era irmão de Mirno e Senildo Neidert. Faleceu prematuramente em 03/10/1955.

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