Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no
Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador
deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da
coluna GENTE NOSSA, focando no clube RADAR, publicado originalmente no Jornal
Perfil, ano III, edição nº 135, pág. 7, em 8 de dezembro de 1995. Somente a foto
do Radar E.C. foi reproduzida no texto original do Perfil.
Enfocamos nesta semana um conjunto de
jovens, que principiaram em Rio Negrinho, como clube a pratica esportiva do
vôlei, basquete e futebol de salão, no então RADAR E.C. As informações desta
crônica, foram baseados em depoimentos de Mirno Neidert e Felix Briniak,
integrantes da fase inicial do clube.
GENTE NOSSA encomendou um trabalho especial a poetisa e contista Glicia
M. Neidert sobre o Radar, da qual ela fez parte, por onde iniciamos o trabalho
desta semana.
Glicia – “Tem cada idade a
sua juventude (Bastos Tigre), mas, sem dúvida, os 16, 17 18 anos é uma época
inesquecível. Por volta de 1956, em nossa simpática Rio Negrinho, viviam os
jovens cheios de alegria e dinamismo, que cultivam amizades lindas. Como
entretenimento, havia o cinema do Sr. “NONO”, onde toda a patota ia às matinês.
Entram triunfalmente pelo corredor central, assobiando em coro aos domingos
reuniam-se às margens do rio Negrinho, ainda não poluído, no famoso “Poço do
Cipó” (atrás do prédio do Banco do Brasil)¹
para nadar e mergulhar. Verdadeira exibição de coragem e músculos.
Poetisa Glicia Murara Neidert (Foto do acervo de Valderi Aci da Silva)
Havia também
as dancinhas na “sede”. Usávamos
amplos vestidos e dançávamos ao som dos “Miseráveis do Ritmo”. Eu tinha ordens de meus pais para chegar em casa
pontualmente às 18:00 horas... e obedecia! Ah! As serenatas, que lindas e
românticas!
Certamente
muitos senhores e senhoras que hoje estão lendo este artigo tem boas lembranças
daquele tempo. Para diversificar as diversões e canalizar tanta energia os
moços resolveram formar um time de voleibol e de basquete e assim surgiu o
RADAR E.C., após muito trabalho, dedicação e garra dos jovens, que eram muito
unidos.
O Radar
E.C. tinha uma bandeira e uniformes, o das moças era: calção azul, blusa branca
com emblema criado por Senildo H. Neidert e saia curta pregueada.
Que
lindos tempos! Devo confessar que nunca aprendi a jogar voleibol, mas do
companheirismo e amizade que era uma constante no meio dos jovens, surgiu um
namoro que culminou em casamento. Hoje vivo feliz ao lado do treinador Mirno H.
Neidert. (Glicia M. Neidert – 03.12.95).
Primórdios – No
final de 1956 ou início de 1957 ²,
jovens da faixa etária de 16 a 20 anos, buscam uma nova forma de laser,
principalmente nos finais de semana, nos quais as opções eram reduzidas ao
cinema do simpático “NONO”, bailes, domingueiras na “sede” do Ipiranga ou Salão
Dettmer e jogos de futebol. Influenciados por novos esportes, onde estudantes
rio-negrinhenses de escolas em centros maiores (principalmente Curitiba), ou do
serviço militar, estes jovens constituem informalmente um clube para a prática
do voleibol, basquete e futebol de salão.
Para
isso encontram um local adequado e central para a quadra esportiva, junto ao
terreno de propriedade da família Neidert³, aos fundos da rua Duque de Caxias,
margeando o rio Negrinho e a estrada de ferro, terreno grande com pouco
aproveitamento que possuía uma pequena faixa mais elevada, onde à base de pás,
picaretas, enxadões, e carrinho de mão fazem a quadra, em forma de “L”, de chão
batido, com pequeno vestiário de madeira, iluminado posteriormente com
holofotes para jogos noturnos, ficando uma pequena elevação lateral para a
torcida.
Somente,
quase no final dos trabalhos que a Prefeitura cedeu os maquinários para complementação
dos trabalhos da quadra, denominada “Edulindo Gisbert Neidert”.
O nome
escolhido para o clube era revolucionário na época – RADAR, o símbolo do átomo
foi adotado pelo clube. As modalidades
esportivas adotadas eram também muito pouco conhecidas do grande público. A
semente do Radar estava lançada e a quadra de esportes pronta, constituindo-se,
o primeiro clube do município do gênero.
Participantes –
Passaram por este clube entre outros: Mirno H. Neidert, Senildo Neidert, Romeo
Zipperer, Felix Briniak, Waldemar Bublitz, Edvaldo Bublitz, Valmor Bublitz,
Arnaldo Lampe, Roland Thieme, Placido Steffen, Alvino Vutzke, Gerold Lichtblau,
Max Reuss, José Cavalheiro Filho (Jeca), Luiz Cavalheiro de Almeida (Camiseta),
Adolar Janesch, Marcio Parreira, Raul Zipperer, Gildo Zipperer, Norberto Murara
e Adolar Kemper. Equipe feminina de
vôlei: Nilce Zipperer, Glicia M. Neidert, Noly e Iria Scaburi, Maurita e Lizi
Parreira, Loni Zipperer, Irene Weick, Glaci Tschoecke, Josefa e Maria Szabunia.
Junta-se a este grupo – Clóvis A. Campos Silva, então funcionário do Banco
Inco, que colabora na organização e preside por um bom tempo no Radar,
formalizando o estatuto e cobranças de mensalidades.
Da esq. p/ direita, em pé: Adolar Kemper, Mirno Neidert, José Cavalheiro Filho (Jeca) e Luiz Cavalheiro de Almeida. Agachados: Waldemar Bublitz, Arnaldo Lampe (Zizi) e Felix Briniak.
Adversário – O
grande problema apresentado após a formação do Radar e conclusão da quadra, e
cansativos treinos era não ter um adversário para disputa de partidas. Passado
um certo tempo, aparece um rival a altura, oriundo do E.C. Continental, que
forma uma equipe de vôlei masculino e feminino.
As disputas entre os dois
clubes são ferrenhas, atraindo uma fanática torcida nos jogos, chegando ao
ponto de cobrança de ingressos. Uma
próxima edição do GENTE NOSSA tratará especialmente deste clube.
Outras
disputas feitas pelo Radar fora do município como pela primeira vez jovens do
município jogam uma partida num ginásio coberto, na Escola Técnica em Curitiba,
onde saem vitoriosos. Além disso fazem jogos na região com São Bento, Mafra e
Joinville. Mas sem sombra de dúvida, o maior e quase sempre imbatível
adversário foi o Continental.
Bailes – As
domingueiras para arrecadação de fundos e diversão na sede eram famosas e
aparecem conjuntos como “Os Miseráveis do Ritmo”, composto Milton Righetto
(acordeão), Sigolf Lichtblau (violino), Luiz Cavalheiro de Almeida ou Guinter
Weber (bateria) e Cristaldo R. Lima (violão elétrico). Chegam-se a promover
bailes com conjuntos famosos como o “Marimba Alma Latina” ou a orquestra
“Cruzeiro do Sul” do nosso município, que vão das 20:00 horas de sábado às 6:00
horas da manhã de domingo.
Lembranças – A
medida que os anos se passam, muitos dos integrantes vão se casando, outros
transferem-se de cidade, fazendo com que o Radar vá definhando pouco a pouco,
encerrando suas atividades por volta de 1962.
Ficou a alegria das disputas, das amizades e os casamentos realizados à
partir do saudoso Radar E.C.
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Nota
complementar do Blog:
1 – Em 1995 a agencia do Banco
do Brasil de Rio Negrinho estava instalada à rua Luiz Scholz;
2 - O Radar foi fundado em
07/12/1956;
3 - A Prefeitura Municipal,
através de Lei nº 1689 de 22/02/2005, sancionada pelo então Prefeito Municipal
Almir José Kalbuch, adquiriu dos herdeiros de Afonso Tschoeke (antes
pertencente a família Neidert) o terreno que abrigou no final da década de 1950
e inicio da década de 1960 o Radar E.C., destinado a abrigar um parque
municipal, denominado de "Parque Municipal Paul Harris", como
homenagem ao fundador do Rotary, em comemoração aos 100 anos de existência e
dos serviços prestados a humanidade pelo Rotary Club Internacional, naquele ano
de 2005; o Parque Municipal Paul Harris foi inaugurado oficialmente em 24/02/2018
numa parceria entre o Rotary Club Rio Negrinho e a Prefeitura Municipal de Rio
Negrinho;
Imagem da inauguração do Parque Municipal Paul Harris em 24/02/2018
(Foto extraída do Jornal do Povo de Rio Negrinho)
4 - Edulindo Gisbert Neidert –
Era filho de Eduardo e Jenny Neidert, nascido em 06/05/1930, de profissão
comerciante, era irmão de Mirno e Senildo Neidert. Faleceu prematuramente em
03/10/1955.
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