sexta-feira, 30 de março de 2018

GENTE NOSSA: ALVINO ANTON


Nota do Blog: GENTE NOSSA foi uma coluna publicada no Jornal PERFIL de Rio Negrinho, nos anos de 1995 e 1996, no qual o administrador deste Blog por um período foi colaborador. Apresentamos mais um artigo da mencionada coluna GENTE NOSSA, homenageando Alvino Anton, publicado originalmente no Jornal Perfil, ano III, edição nº 124, pág. 7, em 22 de setembro de 1995. A foto de Alvino Anton extraída do Jornal Perfil é de autoria de Alceu Solano Peyerl. As imagens da Câmara de Vereadores da 4ª legislatura e da Bandinha Anton não foram publicadas no texto original no PERFIL.


Figura conhecida entre nós, tanto por sua atividade profissional, como músico e político da velha geração. GENTE NOSSA desta semana homenageia ALVINO ANTON, de tradicional e numerosa família de nossa cidade. Morador do Bairro São Pedro, atualmente com 82 anos, recolhido às suas lembranças.

ORIGEM – Filho de pai imigrante alemão, Francisco Anton veio ao Brasil com apenas 07 dias, nascido a 03/12/1875, passando a morar na Estrada do Lago, em Lençol – São Bento do Sul, agricultor, vindo mais tarde trabalhar como aprendiz de sapateiro, com Carlos Hantschel em Rio Negrinho. 

Posteriormente adquiriu uma gleba de terras na localidade de São Pedro, onde trabalhou como agricultor e também zelador da estrada Dona Francisca, trecho entre o Rio Preto e Rio Negrinho.  Francisco foi casado com Emilia Kwitschal, teve 12 filhos: Lidia – casada com José Huttl, Olga – casada com Rodolfo Tureck, Frida – casada com Carlos Hantschel Filho, Regina – casada com Emilio Tureck, Elvira – casada com José Pscheidt, Agnes – casada com Antonio Muehlbauer, José, Paulo, Max, Alfredo, Alvino e Ernesto.

PROFISSÃO – Nascido em São Pedro, em 15 de março de 1913, em Rio Negrinho, seu pai muito previdente, aos 16 anos o encaminhou para uma profissão, a de alfaiate, enviando ao mestre – João Augustin, onde residiu durante 03 anos. Fato curioso da época, era que os aprendizes não tinham remuneração, além de pagarem ao mestre oficial pelo aprendizado. De aprendiz passou a trabalhar como empregado de Luiz Grossl, também alfaiate estabelecido, onde sentiu as dificuldades da profissão. 

Alvino Anton (Foto do acervo do Jornal Perfil, 
de autoria de Alceu Solano Peyerl)


Abandonando a profissão aprendida, iniciou na profissão que o acompanharia ao longo dos anos, a de carroceiro. O carroceiro tinha uma importância vital da época, pois não havia automóveis, caminhões, aviões, ônibus, a não ser o ferroviário recentemente implantado. Portanto, o meio de transporte necessariamente era a base de carroças, e o elo de ligação entre os municípios da região era a estrada Dona Francisca. 

Alvino primeiro trabalhou para o irmão – Paulo, depois para o pai e posteriormente para Engelberto Pscheidt. Aos 22 anos, comprou o seu próprio carroção, para uma parelha de 06 cavalos, trabalhando neste ofício até 1969, quando adquiriu um caminhão de fretes, ainda para transporte de toros. 

Casou em 1937, com Frida Jantsch e teve 04 filhos: Lourdes – casada com Adolar Fischer, Alice – casada com Licio Nicacio Schroeder, Alcides – casado com Nilza Peyerl e Eurides – casado com Cacilda Fischer.

VIDA POLÍTICA – Homem ativo, trabalhador, mas somente aos 41 anos com a emancipação do Município em 1954, Alvino foi levado à política, pelas mãos do líder político e sobrinho Herberto Tureck, candidatando-se a vereador pelo antigo PTB, elegendo-se para 1ª Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, com 155 votos, de um total de pouco mais de 3.000 eleitores.

As reuniões da Câmara de Vereadores eram esporádicas, convocadas de tempos em tempos, via telegrama em Correios ou pessoalmente; os suplentes eram convocados na hora, em caso na falta do titular; as reuniões eram realizadas numa sala do prédio da Prefeitura (hoje demolido) na praça Oldegar Olsen Sapucaia.

Para se deslocar de São Pedro até a cidade o meio de transporte era a cavalo, e as vezes, até a pé. Reelegeu-se pela 2ª vez em 1962, também pelo PTB, com 177 votos, vivendo os dias conturbados na gestão do Prefeito Municipal – Sr. Nivaldo Simões de Oliveira.

Em 1965, candidatou-se a Prefeito, no qual concorreram – Helladio Olsen Veiga – advogado e Vagemiro Jablonski – cartorário, tendo este último melhor sorte, hoje de saudosa memória. Panfletos jocosos da época apresentavam caricaturas de Helladio com uma Bíblia debaixo do braço, Alvino com um saco de batatas nas costas e Vagemiro em passo de dança. Não eleito, Alvino retornou em 1967, pela 3ª vez a Câmara de Vereadores, eleito com 211 votos.

Vereadores de Rio Negrinho, da 4ª legislatura, a partir da esq.: Marcos A. von Bathen, Afonso Baum, José Flores de Souza, Sergio Ferreira (secretário da Câmara), Theodoro Junctum, Jorge Quandt, Alvino Anton e Orita Fernandes do Amaral. (Foto do acervo do autor do blog)


Sua época política foi marcada por diversas lideranças locais por disputas ferrenhas entre diversas lideranças como Euclides Ribeiro (Quito), Eugenio Dettmer, Herberto Tureck, Vagemiro Jablonski, além de outros. Num balanço afirma que nada ganhou de pessoal com a política, mas assim mesmo valeu a pena.

Em janeiro de 1995 foi homenageado como presidente de honra do PMDB local e uma placa alusiva pelos trabalhos prestados.

MÚSICA – Desde pequeno foi ligado a música, pois já aos 16 anos participava da Banda Anton, da localidade de São Pedro, que funcionou de 1929 a 1934, sendo composta por: Willy Pscheidt, José Anton, Otto Maros, Max Anton, Francisco Anton, Osvaldo Anton, Antonio Pscheidt e José Liebl. 

A Banda Anton teve como fato marcante a comemoração da vitória Getulista, na revolução de 1930, na festa realizada e liderada por Eduardo Virmond, líder político da época; estava presente retornando então o voluntário nesta revolução – José Hantschel.

Bandinha Anton, por ocasião da comemoração de vitória da revolução getulista em 1930 (Foto do acervo do Blog)


Mais tarde participou da Banda Tureck, durante 20 anos, junto com: Rodolfo Tureck, Herberto Tureck, Salvinus Tureck, Linus Tureck, José Munch, Francisco Kwitschal, Emilio Tureck e Carlos Heinecke, entre 1948 a 1968. (Em fase de preparação, será publicado pelo PERFIL, um trabalho sobre a música em nosso meio, onde vários detalhes e fatos são rememorados por este ilustre rio-negrinhense, hoje aqui lembrado).

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O carroceiro/músico/político Alvino Anton veio a falecer em 08 de outubro de 1998, com a idade de 86 anos, e foi enterrado no Cemitério de Colônia Olsen, em Rio Negrinho.

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