Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 28/11/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.
DIVERSIDADE!
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS. DIVERSIDADE. Ao analisarmos
o panorama cultural de Rio Negrinho constatamos que a diversidade da nossa
cultura, resultado das correntes migratórias que aqui chegaram, aliada ao fato
desses povos ocuparem áreas específicas dentro da nossa também diversificada
Geografia, propiciou a formação de regiões com identidade cultural própria. Por
exemplo: Colônia Olsen é bem diferente de Rio dos Bugres; Colônia Miranda é
diferente de Serro Azul; a cidade de Rio Negrinho é muito diferente do Distrito
de Volta Grande, isso tudo considerando os aspectos sócio-culturais, econômicos
e geográficos.
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IGREJA
SÃO PEDRO EM COLÔNIA OLSEN, RIO NEGRINHO, SC.-1975. O
sucesso alcançado pelo imigrante através do seu trabalho em condições
favoráveis de solo, clima e até de paisagens - muitas vezes idênticas as da sua
terra natal – propiciou um progresso sistemático, em muitos lugares sem rupturas
com o passado e que deveria ser conservado a qualquer custo. Idéias, lugares e
povos diferentes levam às diferentes ações. Isto, também acontece numa região
toda. Assim o rico Patrimônio histórico-cultural do imigrante em Rio Negrinho e
região não é resultado de apogeu e decadência de ciclos econômicos, como também
não é a sobra de crescimento desordenado da cidade ou de êxodo rural. Veja como
são diferentes as construções nas cidades colonizadas e construídas por
diferentes povos. As fotografias contam que cada povo através dos seus costumes,
tradições e construções, nos deixou a lembrança viva do lugar de onde veio
(Europa). |
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IGREJA
ENXAIMEL, BENEDITO NOVO, SC. |
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PRIMEIRA
IGREJA CATÓLICA E PRIMEIRA ESCOLA DE RIO NEGRINHO. A
escola foi derrubada pelo tornado de 1932. No lugar da igreja de madeira foi
construída a atual Igreja Matriz Santo Antonio. |
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SEGUNDA
IGREJA CATÓLICA DE RIO NEGRINHO. A foto mostra o levantamento da Cruz das
Santas Missões em 1950. A torre nesta igreja, posteriormente erigida (atual), descaracterizou seu estilo original. |
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RIO
NEGRINHO NO INÍCIO. Pena que, no transcorrer do desenvolvimento, o
Patrimônio deixado pelo imigrante esteja, pouco a pouco, desaparecendo; é
lastimável que o progresso não conviva de mãos dadas com as tradições expressas
através da arquitetura, da arte, do folclore, do artesanato, das atividades
agrícolas e industriais e até no modo de falar do imigrante alemão, do italiano
e do polonês. Dentre tantos dissabores sócio-culturais, podemos citar, na área
da arquitetura, a demolição de muitas construções que ricamente contariam boa
parte da História de Rio Negrinho, como o prédio da Prefeitura na Praça do
Avião, a belíssima casa do Dentista Klaumann, a grande e arredondada construção
da extinta Móveis Cimo e por muito pouco também a chaminé da Cimo não foi
derrubada. Além destas, outras, como o Salão Lampe e a sede da Sociedade
Esportiva Ipiranga, que foram consumidas pelo fogo, não mais existem. Quando
estas construções vieram abaixo, ouviu-se muito o lamento das pessoas: “que
pena!”. Veja um exemplo da força da cultura tradicional de um povo mais culto.
No Rio de Janeiro, quando a Avenida Rio Branco estava sendo aberta, já estava
programada a demolição da Igreja Candelária, mas o povo protestou
energicamente, assim a avenida parou de ser construída exatamente no início do
pátio da igreja. Por causa do amor à preservação a grandiosa construção ainda
continua lá, em frente à Praça XV e é
orgulho do povo carioca. Não é o que vemos acontecer em Rio Negrinho. Basta
alguém abrir a boca, alegando qualquer motivo, ás vezes fútil, para que a
extinção, remoção ou demolição de um bem patrimonial seja praticada sem pesar
na balança o crime contra a herança que nossos antepassados nos deixaram. Isto
aconteceu muitas vezes em nossa cidade: construções e peças que justificariam
plenamente a preservação histórica foram destruídas, modificadas ou consumidas. |
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EDIFICAÇÕES
EM MADEIRA DE IMIGRANTES ITALIANOS, EM VIDEIRA, SC. Não
só em Rio Negrinho são praticados atos “modernistas” frontalmente contra a
preservação da cultura de um povo. Veja o exemplo de Mafra. A linda igreja
católica no alto da cidade foi demolida por “progressistas” e, apesar dos
protestos populares, no lugar dela construíram um templo no mínimo sem graça. A
antiga construção era linda! |
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CASA
DE IMIGRANTES POLONESES EM ITAIÓPOLIS, SC. Ainda hoje existem
construções como estas em Itaiópolis, bem conservadas, contando a história da
luta de um povo que veio colonizar aquele belo trecho de Santa Catarina. Ali,
também, é um reduto de descendentes ucranianos que conservam suas tradições,
costumes e língua. |
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CASA
DE IMIGRANTES ALEMÃES EM BLUMENAU, SC. Voltando ao tema Diversidades, podemos citar
alguns fatores que as determinam: o
clima e a Geografia do lugar – morros, rios e planícies – levam aos diferentes
tipos de construções; as facilidades ou dificuldades físicas do solo
proporciona esta ou aquela atividade econômica, como o feitio de roças num
lugar, o desenvolvimento de fábricas noutro lugar, a construção de cidades em
outro; lugares com paisagens bonitas e específicas estimulam o turismo. |
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CONSTRUÇÃO LUSO-BRASILEIRA DE MEADOS DO SÉCULO XIX, EM
LAGUNA, SC. |
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Nós somos a herança dos nossos antepassados, caberá a nós selecionarmos o que de
melhor existe e somarmos a isso a nossa contribuição para as gerações futuras. Na
próxima edição mostraremos algumas edificações que, por força cultural e
patrimonial, não poderiam ter sido extintas em Rio Negrinho.
Por hoje é só!
Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai
do Céu!
minha mãe Maria Antonia de Carvalho Sales casou-se nesta Igreja, de Santo Antonio em 1943, com Arnoldo Gomes de Sales.
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