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terça-feira, 3 de março de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (48)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 28/11/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.

DIVERSIDADE!

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. DIVERSIDADE. Ao analisarmos o panorama cultural de Rio Negrinho constatamos que a diversidade da nossa cultura, resultado das correntes migratórias que aqui chegaram, aliada ao fato desses povos ocuparem áreas específicas dentro da nossa também diversificada Geografia, propiciou a formação de regiões com identidade cultural própria. Por exemplo: Colônia Olsen é bem diferente de Rio dos Bugres; Colônia Miranda é diferente de Serro Azul; a cidade de Rio Negrinho é muito diferente do Distrito de Volta Grande, isso tudo considerando os aspectos sócio-culturais, econômicos e geográficos.

IGREJA SÃO PEDRO EM COLÔNIA OLSEN, RIO NEGRINHO, SC.-1975. O sucesso alcançado pelo imigrante através do seu trabalho em condições favoráveis de solo, clima e até de paisagens - muitas vezes idênticas as da sua terra natal – propiciou um progresso sistemático, em muitos lugares sem rupturas com o passado e que deveria ser conservado a qualquer custo. Idéias, lugares e povos diferentes levam às diferentes ações. Isto, também acontece numa região toda. Assim o rico Patrimônio histórico-cultural do imigrante em Rio Negrinho e região não é resultado de apogeu e decadência de ciclos econômicos, como também não é a sobra de crescimento desordenado da cidade ou de êxodo rural. Veja como são diferentes as construções nas cidades colonizadas e construídas por diferentes povos. As fotografias contam que cada povo através dos seus costumes, tradições e construções, nos deixou a lembrança viva do lugar de onde veio (Europa). 
IGREJA ENXAIMEL, BENEDITO NOVO, SC.
PRIMEIRA IGREJA CATÓLICA E PRIMEIRA ESCOLA DE RIO NEGRINHO. A escola foi derrubada pelo tornado de 1932. No lugar da igreja de madeira foi construída a atual Igreja Matriz Santo Antonio.
SEGUNDA IGREJA CATÓLICA DE RIO NEGRINHO. A foto mostra o levantamento da Cruz das Santas Missões em 1950. A torre nesta igreja, posteriormente erigida (atual),  descaracterizou seu estilo original.
RIO NEGRINHO NO INÍCIO. Pena que, no transcorrer do desenvolvimento, o Patrimônio deixado pelo imigrante esteja, pouco a pouco, desaparecendo; é lastimável que o progresso não conviva de mãos dadas com as tradições expressas através da arquitetura, da arte, do folclore, do artesanato, das atividades agrícolas e industriais e até no modo de falar do imigrante alemão, do italiano e do polonês. Dentre tantos dissabores sócio-culturais, podemos citar, na área da arquitetura, a demolição de muitas construções que ricamente contariam boa parte da História de Rio Negrinho, como o prédio da Prefeitura na Praça do Avião, a belíssima casa do Dentista Klaumann, a grande e arredondada construção da extinta Móveis Cimo e por muito pouco também a chaminé da Cimo não foi derrubada. Além destas, outras, como o Salão Lampe e a sede da Sociedade Esportiva Ipiranga, que foram consumidas pelo fogo, não mais existem. Quando estas construções vieram abaixo, ouviu-se muito o lamento das pessoas: “que pena!”. Veja um exemplo da força da cultura tradicional de um povo mais culto. No Rio de Janeiro, quando a Avenida Rio Branco estava sendo aberta, já estava programada a demolição da Igreja Candelária, mas o povo protestou energicamente, assim a avenida parou de ser construída exatamente no início do pátio da igreja. Por causa do amor à preservação a grandiosa construção ainda continua lá, em frente à Praça XV e é orgulho do povo carioca. Não é o que vemos acontecer em Rio Negrinho. Basta alguém abrir a boca, alegando qualquer motivo, ás vezes fútil, para que a extinção, remoção ou demolição de um bem patrimonial seja praticada sem pesar na balança o crime contra a herança que nossos antepassados nos deixaram. Isto aconteceu muitas vezes em nossa cidade: construções e peças que justificariam plenamente a preservação histórica foram destruídas, modificadas ou consumidas. 
EDIFICAÇÕES EM MADEIRA DE IMIGRANTES ITALIANOS, EM VIDEIRA, SC. Não só em Rio Negrinho são praticados atos “modernistas” frontalmente contra a preservação da cultura de um povo. Veja o exemplo de Mafra. A linda igreja católica no alto da cidade foi demolida por “progressistas” e, apesar dos protestos populares, no lugar dela construíram um templo no mínimo sem graça. A antiga construção era linda!
CASA DE IMIGRANTES POLONESES EM ITAIÓPOLIS, SC. Ainda hoje existem construções como estas em Itaiópolis, bem conservadas, contando a história da luta de um povo que veio colonizar aquele belo trecho de Santa Catarina. Ali, também, é um reduto de descendentes ucranianos que conservam suas tradições, costumes e língua.
CASA DE IMIGRANTES ALEMÃES EM BLUMENAU, SC. Voltando ao tema Diversidades, podemos citar alguns fatores que as determinam:  o clima e a Geografia do lugar – morros, rios e planícies – levam aos diferentes tipos de construções; as facilidades ou dificuldades físicas do solo proporciona esta ou aquela atividade econômica, como o feitio de roças num lugar, o desenvolvimento de fábricas noutro lugar, a construção de cidades em outro; lugares com paisagens bonitas e específicas estimulam o turismo.
CONSTRUÇÃO LUSO-BRASILEIRA DE MEADOS DO SÉCULO XIX, EM LAGUNA, SC.


CONSIDERAÇÕES FINAIS. Nós somos a herança dos nossos antepassados, caberá a nós selecionarmos o que de melhor existe e somarmos a isso a nossa contribuição para as gerações futuras. Na próxima edição mostraremos algumas edificações que, por força cultural e patrimonial, não poderiam ter sido extintas em Rio Negrinho.
Por hoje é só! Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

Um comentário:

  1. minha mãe Maria Antonia de Carvalho Sales casou-se nesta Igreja, de Santo Antonio em 1943, com Arnoldo Gomes de Sales.

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