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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO! (42)

Nota do Blog: A presente coluna “Um Olhar Sobre Rio Negrinho”, de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, foi publicada originalmente em 17/10/2014, no "Jornal do Povo" de Rio Negrinho, a quem agradecemos.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Nossa proposta para produzir estas páginas semanalmente, é resgatar a memória histórica do nosso querido município e a trajetória dos feitos históricos de nossos antepassados, filhos adotados por esta terra generosa e maravilhosa.
Somos muito gratos às pessoas solidárias à nossa causa que colaboram nos fornecendo dados, depoimentos valiosos e fotografias para que possamos retratar a nossa querida Rio Negrinho da melhor maneira possível e para que nossos leitores deliciem-se com os nossos textos.
Estamos fazendo o possível para aproximar ao máximo da verdade as datas, os locais, os fatos e os personagens. O tempo passou e com ele, aos poucos, a nossa história vai sendo esquecida e enterrada no meio das transformações. É preciso fazer emergir o passado à lembrança para que dele possamos tirar as melhores lições e, baseados nelas, construamos um futuro promissor e feliz! 

GRUPO DE JOVENS DA MATRIZ SANTO ANTONIO – 1969. Este grupo foi dividido em dois, um masculino liderado por mim, e outro feminino liderado por Mariana.

História nº1. LEITURA BÍBLICA. (Texto de Celso) Corria o ano de 1970. Eu comandava alguns grupos de jovens pertencentes ao “Movimento Jovem” com sede no Salão Paroquial, fundado em nossa cidade pelo Padre Zezinho do Sagrado Coração de Jesus, em 1969.
De tempos em tempos, éramos fiscalizados pelo Padre Aloísio Hellmann (SCJ), nosso superior na região. Fomos comunicados que no sábado seguinte Pe. Aloísio faria uma vistoria espiritual em nosso grupo a fim de verificar o andamento das reuniões bíblicas.
O pessoal do grupo masculino preparou-se da melhor maneira possível e ansiávamos pelo tal encontro. Tentaríamos dar a melhor impressão! Dentro da organização para o evento ler-se-ia alguns trechos da Bíblia para posterior reflexão em conjunto.
Um rapaz, chamado Ilário, alcunha Boiadeiro, ficou encarregado desta tarefa. Preparamos os textos para que ele treinasse e fizesse a leitura com desenvoltura. Tudo pronto, o padre chegou, alguns comentários de boas-vindas ao sacerdote, fizemos a oração inicial e chegou a hora da esperada leitura.
Boiadeiro levantou-se com a Bíblia nas mãos e em pose soberba e solene começou a leitura de um trecho que dizia assim: “ ... e Moisés passou com uma tocha acesa e um braseiro fumegante...!”. Boiadeiro, meio atrapalhado e um pouco nervoso, leu assim: “...e Moisés passou com uma “trocha” acesa e um brasileiro fumegante...!”.
Depois de algumas risadas meio envergonhadas, o rapaz continuou lendo mais um trecho que dizia: “...e Jesus entrou no meio dos pecadores e comeu com eles...!” (para mostrar humildade). Boiadeiro, já mais nervoso ainda, meio gaguejando, mandou ver: “...e Jesus entrou no meio dos pecadores e comeu eles...!”. Penso que a nota “Dez” que almejávamos no conceito do padre a nosso respeito virou fácil, fácil num “Dez abaixo de Zero”!
PADRE ALOISIO HELLMANN (SCJ), COORDENADOR GERAL DO MOVIMENTO JOVEM EM RIO NEGRINHO-1970. Este padre lidava muito bem com os jovens daquele tempo cativando-os com bondade, por isso, o número de adeptos ao movimento fundado pelo Padre Zezinho aumentava semanalmente.
ENSAIO DE UM DOS GRUPOS DE REFLEXÃO VISANDO APRESENTAÇÃO TEATRAL NO SALÃO PAROQUIAL- 1970. Se Padre Aloisio tivesse visto esta reunião sem saber da sua finalidade, provavelmente o grupo inteiro seria expulso do país.
RUA JORGE ZÍPPERER (1970), VISTO DO ALTO DA IGREJA. Veja como era o centro da cidade de Rio Negrinho em 1970. O trânsito de veículos era tão calmo que os automóveis podiam estacionar nos dois lados da rua. Note que apesar de a rua ter mão dupla (vai e vem) os carros estacionam na contramão, tipo mão inglesa. Os carros que mais circulavam naquela época eram Fusca, Kombi, DKW, Aerowillys, Rural e, entre outros, até Gordini. No lado esquerdo da rua, de baixo para cima, depois da ponte, identificamos algumas casas de comércio: Padaria Thieme, Açougue Beckert, Farmácia do Povo, Comercial Miner, Bar Ponto Chic. Poucas pessoas andavam nas ruas. A polícia civil era constituída de dois ou três homens que tinham pouco trabalho com o trânsito e com crimes. O povo era pacato. A maioria das pessoas trabalhava na Móveis Cimo das 7:00 hs até as 17:15, havia poucas lojas que alavancavam o comércio, acidentes de trânsito eram raros, a principal economia do município girava em torno da madeira – serrarias e fábricas de móveis-, o lazer era bom – cinema, teatro, futebol municipal em alta, de vez em quando, parques de diversões e circos. Um deles, o Circo Teatro Irmãos Silva, com o palhaço Tampinha, ficou em Rio Negrinho durante três meses e, quase sempre, com a casa cheia. 
CENTRO DA CIDADE EM 1970, VISTO DO MORRO ONDE HOJE ESTÁ O HOTEL JOÃO DE BARRO. Por esta fotografia pode-se comparar a evolução de Rio Negrinho desde o ano de 1970 até os dias de hoje. Naquele tempo o centro resumia-se neste amontoado de construções que você está vendo.
CENTRO DE RIO NEGRINHO EM 1972.

História Nº 2. UM “OVO” RUIDOSO. (Texto de Mariana). Aquele palanque que aparece no canto esquerdo superior da fotografia e ocupado por figurões da cidade foi palco de um fato curioso e hilariante. Era ano de eleições e neste mesmo lugar foi montado um palanque para comício eleitoreiro. O pessoal, que estava quase dormindo em pé por conta daqueles blá, blá, blás estafantes dos políticos, de repente foi despertado por algo completamente inesperado. Não se sabe bem ao certo se o microfone falhou ou se não havia aparelhagem sonora instalada no palanque. Um dos candidatos falava em tom ameno com voz um pouco fraca e, lá perto da ponte, um senhor muito conhecido na cidade inconformado gritou: -“Ei, cara, fale mais arto, que eu não OVO naada!” A seguir ouviu-se um estrondo de gargalhadas que mais parecia um trovão. Nem os filmes do Mazzaropi conseguiram arrancar tantas risadas em uma só pancada! Foi a primeira vez na história de Rio Negrinho que tanta gente promoveu tamanho festival de risos. O candidato que discursava tentou ficar sério, mas não conseguiu, até rolou lágrimas dos seus olhos de tanto rir, e a sequência do seu pronunciamento era constantemente interrompida por novos rojões de alegria saídos da boca das pessoas aqui e ali e do próprio político que ora falava grosso e ora fino com voz espremida tentando conter o riso. O tal sujeito, responsável pelo “gargalhaço”, também riu muito achando graça de si mesmo. Depois ele comentou: “Pois, óia, foi de doê o estombo que até me cuspi tudo!”.Todo mundo saiu satisfeitíssimo com o comício! Só não sabemos se aquele político que discursava levou vantagem com tamanha “manifestação popular!”

DIA DE FESTA EM FRENTE À IGREJA MATRIZ NA DÉCADA DE 60. Naquele tempo era costume promover eventos neste lugar porque o espaço entre a igreja Matriz e o Salão Lampe era amplo para reunião de muitas pessoas. Foi aí que aconteceu a história que vamos contar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Finalizamos agradecendo sua leitura. As histórias inserem fatos e detalhes da vida antiga em nossa cidade em várias épocas, mostrando lugares, hábitos, costumes e vestimentas das pessoas e um paralelo entre as diferenças de duas épocas: de antes e de hoje.
Por hoje é só! Um abraço de Celso e outro de Mariana. Fique com Mamãe e Papai do Céu! 

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