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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Curso de Administração e Gerência, na Comercial Miner, em 1976 !


Na imagem acima trás um momento do Curso de Administração e Gerência ministrado pelo Professor Antonio Serrano de La Peña, de duração de uma semana, realizado ao final de agosto de 1976, aos diretores e servidores da então Comercial Miner. Segundo informações extraídas da internet o Professor Antonio é espanhol de nascimento, radicado em Joinville, donde décadas tem ministrado palestras de motivação, qualidade e produtividade. Além de cursos foi consultor de várias empresas joinvillenses. O Curso foi realizado no então Park Hotel, hoje Pousada João de Barro, após o expediente do comércio. Na imagem acima vê-se, em pé, da esq. p/ direita: José Pedro Tabalipa, Adolar Arno Janesch, Eladio Peyerl, Doroti Carmen Muhlbauer (Doti), Valcyr Etelvino, Alvaro Spitzner, Professor de La Peña, Milton Jorge Zipperer, Ivonete Neitzke, Sérgio Milton Zipperer, Martim Zeithammer; sentadas: Lidia Rueckl, Ingrid Schier, Alauci Maria Latocheski e Agnes Zipperer. (Foto: acervo de Diane Mari Peyerl; texto com base em informações de Eládio Peyerl e Alauci Maria Latocheski)

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Missões em 1951 !

Nota do Blog: Apresentamos um texto abordando aspectos da história de Rio Negrinho, sob a ótica do pesquisador Alcides Raimundo Liebl, a quem agradecemos, e foi publicado originalmente no Jornal A GAZETA de São Bento do Sul.
Imagem das missões em 1953, no qual vê-se o Vigário Padre Celso sentado, ladeado pelos dois missionários, e em pé da esq. para a dir., os padres Fernandes, Stolt e João Henrique Probst, então Reitor do Seminário São José (de Rio Negrinho) (Foto: acervo de Nelson e Cecilia Munch).
Missionários no ato de instalação do marco simbólico daquele evento (Foto: acervo de Nelson e Cecilia Munch)
Em 1951, a Paróquia de Santo Antônio de Pádua de Rio Negrinho, contava com o trabalho de dois missionários.
Na época, era vigário o Padre Celso Michels. Nesta foto, de março daquele ano, tirada em frente da casa paroquial que existia ao lado da Igreja, vemos o Padre Celso sentado, ladeado pelos dois missionários. Em pé, da esquerda para a direita, os padres Fernandes, Stolt e João Henrique Probst, este Reitor do Seminário São José (de Rio Negrinho).
Naquela época, num período de pouco mais de cinco anos, a comunidade da pacata Rio Negrinho recebia três grandes obras que, ainda hoje, são destaques na cidade: Seminário São José, Igreja Santo Antônio e o prédio do Colégio Cenecista São José. Todavia devemos lembrar que a Família José Brey, possuidora de uma marcenaria, de forma anônima, deu o suporte necessário para que as coisas acontecessem. Nota do Blog: Como marco a pregação daquelas missões foi erguido um cruzeiro ao lado direito da Igreja, marcando a sua data (18/03/1951).


Imagem da Igreja Matriz Santo Antonio, inaugurada em novembro de 1948 (Foto:  acervo de Nelson e Cecilia Munch)
Imagem do Educandário Santa Terezinha, atual Colégio Cenecista São José, inaugurado em 1952 (Foto: acervo de Ivone Rodrigues)
Imagem do Seminário São José de Rio Negrinho, inaugurado em 1949 (Foto: acervo de Ivone Rodrigues)

terça-feira, 20 de maio de 2014

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO ! (21)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. VIAGEM NO TEMPO. Admirando fotos antigas pode-se fazer uma linda e sensacional viagem no tempo. Basta comprar um ingresso no trem da imaginação e deixá-lo rodar livremente nos trilhos do passado rebuscando os sabores visuais, auditivos e sensitivos dos tempos que não voltam mais! Aliás, voltam sim, na sua viagem imaginária! E se forem boas lembranças o passeio será bem mais gostoso! Muitas pessoas dizem que, quando viajam ao passado pelos caminhos da imaginação, conseguem sentir perfumes e sensações de algumas coisas de tempos longínquos ou, também, quando no presente aspiram um perfume, por exemplo, resgatam automaticamente recordações muito nítidas de uma pessoa com a qual tiveram contato há muitos anos atrás. Tudo isso emerge junto com uma boa dose de saudade: o corpo permanece mas o espírito voa no tempo! Nosso cérebro é uma máquina incrível: com estímulos específicos externos ou internos consegue trazer à tona fulgentes imagens e sensações remotas consideradas perdidas no tempo. Em outras palavras, o cérebro resgata o passado longínquo para o tempo presente em sensações reais. Este é um forte motivo para que não se rebusque passados turbulentos sob pena de sofrimento atual e real.

RIO NEGRINHO NA DÉCADA DE 60. Na foto meio desfocada vemos a Igreja Matriz Santo Antonio ainda sem torre; vemos os morros não ocupados por construções; vemos a chaminé da fábrica de móveis Afonso Klaumann que ainda era ativa – perto da Igreja de Confissão Luterana. Nossa cidade era pequena e tranqüila. Poucas ações violentas de qualquer ordem aconteciam e quando aconteciam sempre causavam surpresa e estranheza devido à pacatez reinante. Rio Negrinho era assim: de manhã, boa parte dos habitantes ia para o trabalho na Móveis Cimo, em outras indústrias, nas oficinas e no comércio. No final do dia voltava para casa com seus familiares para conversar e escutar rádio que era a principal atração nos dias de semana, pois não havia TV. Nos finais de semana sempre rolava um bom jogo de futebol nos campos de um ou dois dos quatro principais times de futebol de nossa cidade - Omeri, Continental, Ipiranga e Vila Nova - onde a torcida, numa gritaria adoidada, se descabelava toda e torcia frenética e fanaticamente pelo seu time do coração. Os bons jogadores eram bem vistos na sociedade e ganhavam bons empregos. As meninas andavam “de olho” neles porque eram famosos na região. A moça que conseguia namorar ou casar com um deles era invejada pela patota feminina. Também havia cinema nas Quartas, Quintas, Sábados e Domingos. Os filmes do Mazzaropi atraiam multidões que lotavam a sala do Cine Rio Negrinho que tinha 550 poltronas. Fato interessante: quem ficava em pé durante duas horas durante o filme, por falta de lugar para sentar, não reclamava. Pelo contrário, saía satisfeito e elogiando muito o filme. Às vezes as filas para a compra de ingressos contornavam a esquina em frente à praça do avião e o mesmo acontecia no outro lado com a fila que se estendia em direção à Ponte Péricles Virmond, próximo ao Hotel e Salão Dettmer. Nos finais de semana mais atrações divertidas completavam o lazer e o prazer das pessoas: teatros, circos, parques de diversões, corridas de cavalos nas raias (isto mais antigamente), grandes e animadas festas no pátio da Igreja Matriz; a Rádio Rio Negrinho promovia shows musicais no palco do cinema – naquele tempo a Rádio tinha seu próprio auditório onde o público podia ver e aplaudir de perto os cantores e violeiros que lá se apresentavam nos domingos de manhã. A nossa querida Rio Negrinho era divertida, boa e prazerosa para se viver! Já perto dos anos 70 a TV em preto e branco entrou nos lares e as famílias estagnaram para ver o que as emissoras de televisão apresentavam. Daí em diante, gradativamente, os costumes e o modo de vida mudaram, porque os modelos nefastos da mídia fizeram reféns as pessoas que, aqui e ali, os copiavam e faziam suas cabeças. O futebol de campo foi acabando, assim como os freqüentadores do cinema. Até as igrejas perderam muito com o avanço inexorável do comodiso dentro de casa para ver TV. Muita coisa boa se salvou do tiroteio da mídia, mas encurralou-se em trincheiras que, aos poucos, o tempo esmoreceu. 

BAILADO. (foto extraída do Blog Rio Negrinho no Passado). Note um senhor próximo ao palco usando suspensórios, aquelas tiras elásticas por sobre os ombros. Havia um tempo em que este aparato para segurar as calças era comum e moda entre os homens. Vemos, também, outros usando chapéu. Também o chapéu era moda e sempre acompanhava o resto da vestimenta masculina. Os mais educados, ao entrar nas igrejas ou nas casas alheias e quando sentavam à mesas para cear, tiravam o chapéu em sinal de respeito. Aliás, o tal de respeito era praticado como norma obrigatória em todos os segmentos da sociedade. Existia bom senso e cavalheirismo! Maus costumes e hábitos eram corrigidos severamente! Seria muito bom e vantajoso que regras modeladoras para formar pessoas bem educadas voltassem aos nossos modernos tempos que desandaram ao inconseqüente! Nota do Blog: Este bailado, realizado ao início da década de 1950, vai merecer por parte deste Blog uma matéria especial.

PONTE CENTENÁRIO. (foto extraída do Blog Rio Negrinho no Passado)  Esta foto é muito antiga e provavelmente você não reconhece o lugar que hoje está muito mudado, mas é a ponte sobre o rio Negrinho, situada à rua Capitão Osmar Romão da Silva, ao lado do Colégio São José. Veja só como era estreita – mal cabia uma carroça! Chegou a ser interditada para o tráfego de veículos, sendo permitido a travessia a pé. O caminho não era muito mais que um carreiro! A maioria das pontes era feita com o material mais abundante da época: a madeira. Além da facilidade prática e da rapidez na sua construção o custo compensava! Nota do Blog: As obras de retificação do rio e da construção da nova ponte foi durante o transcorrer de 1979 e início de 1980, e foi inaugurada em 24/04/1980, obra do Governo do Estado de SC, pelo então Governador Jorge Konder Bornhausen, no governo municipal do então prefeito Paulo Beckert.
PRIMÓRDIOS. As casas dos primeiros imigrantes eram feitas nesse estilo. Em muitas delas, de tábuas e troncos, não se usava um único prego. Era tudo construído na base do encaixe. Até as telhas eram fabricadas de pequenas chapas de tábuas também encaixadas umas nas outras. Tudo, mas tudo mesmo, o colono tinha que fazer com as próprias mãos! Desde arrancar cepos até a última peça da casa! Em São Bento do Sul ainda há algumas casas desse tipo que sobreviveram às intempéries.
HISTÓRICA FOTO DOS OPERÁRIOS DA MÓVEIS CIMO EM MEADOS DA DÉCADA DE 1930 (foto do Blog Rio Negrinho no Passado, cedida por Ivone Rodrigues). Não me dei ao luxo de contar quantas pessoas há na foto, mas calculo umas quatrocentas! A Móveis Cimo de Rio Negrinho chegou segundo estimativa, nos áureos tempos a mil e quinhentos empregados diretos. Nas pilhas de madeira havia estoque entre 10 e 13 mil metros cúbicos. Como foi que a Cimo foi à falência e para onde foi tanta madeira?
PALÁCIO DE ESPORTES JOSÉ BRUSKY JR "BRISKÃO" SENDO CONSTRUÍDO, EM 1979. Terraplenagem e aterro do terreno. Ali foram instaladas 371 luminárias de 400 watts. O Briskão foi o primeiro ginásio de esportes coberto de Rio Negrinho, inaugurado em 1980. Foi uma obra do Governo de SC, através do Governador Jorge Konder Bonhausen.

ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR RICARDO HOFFMANN. Assim foi o começo da escola que hoje está muito ampliada devido ao grande aumento da clientela. O bairro Industrial Norte aumentou e a escola obrigou-se a acompanhar a demanda. Hoje, próximo dali, já há outra escola e com o passar do tempo mais outras serão construídas.
AMPLIAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL LUCINDA MAROS PSCHEIDT. Também no Bairro Vista Alegre foi necessário ampliar a escola. O progresso do bairro aumentou o número de crianças. E assim vai ser sempre. Tudo se modifica por força natural da evolução.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Olhando para trás sentimo-nos privilegiados. Os avanços trouxeram facilidades. Hoje, em cada bairro há uma unidade de saúde. Construíram-se novas escolas, algumas de grande porte. As ruas estão quase todas asfaltadas. As viaturas policiais fazem rondas pelas ruas visando a segurança pública. Enfim, apesar dos problemas que vieram junto com o progresso, a vida está mais fácil para quem realmente deseja viver melhor! Por hoje é só! Muito obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!
                                                                                                                                                    

segunda-feira, 19 de maio de 2014

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO ! (20)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Nossa cidade de Rio Negrinho comemora 134 anos no dia 24 de abril, cujo ápice dos festejos é o desfile cívico, por parte de estudantes e de entidades de nossa comunidade. No texto de hoje vamos tratar dos desfiles de ontem e hoje.
PELOTÃO DO COLÉGIO SÃO JOSÉ, EM DESFILE CÍVICO DE 7 DE SETEMBRO NOS MEADOS DA DÉCADA DE 60 NA RUA WILLY JUNG. Nesta rua Willy Jung havia até roça de milho e pomares em várias residências. Antes da Rod. BR-280 ser construída, a rua Willy Jung esta via terminava no campo da SEI (Sociedade Esportiva Ipiranga), onde hoje é o trevo da BR com a Rua Willy Jung. Se não me engano, o campo abrangia a área onde atualmente está o Terminal Intermunicipal Rodoviário de Passageiros. Se alguém possuir fotos do referido campo, por favor, mande-as para nós, para que possamos publicá-las nesta página. Seria muito interessante que os rionegrinhenses o conhecessem.
TRANSPORTE DE ALUNOS PARA O DESFILE CÍVICO NA DÉCADA DE 60. Naquela época as leis eram menos rígidas e o pessoal podia ser levado nas carrocerias dos caminhões para lá e para cá. Em vários países ainda hoje este tipo de transporte é válido e praticado livremente. Não querendo estimular idéias contra a lei vigente em nosso país, estive em vários países onde as pessoas viajam de uma cidade para outras sentadas em bancos de madeira nas carrocerias de camionetas e caminhões. Li vários jornais naqueles países e questionei pessoas sobre o assunto. Constatei que não existem acidentes de natureza inerente a esse tipo de transporte, mas sim, acidentes de colisões, como estas que acontecem no Brasil, embora por lá, a incidência sinistra seja muito menor que a brasileira. Chega-se à conclusão de que em nosso país as leis e a preparação do motorista para dirigir são precárias e, muitas delas, “fantasistas”.    
CONJUNTO MUSICAL "OS TEMÍVEIS" - (1967). PRIMEIRO CONJUNTO DE GUITARRAS DE RIO NEGRINHO. Da esquerda para a direita: Marinho Nossol, Celso Carvalho, Virgílio Ricobon e Juarez Garcia.  Nas comemorações do dia 24 de abril deste ano (2014), o Rio Negrinho Fusca Clube desfilou com alguns dos seus fuscas pela Rua Willy Jung homenageando Os Temíveis.    
FUSCA CLUBE APÓS O DESFILE (24.4.2014). Fusca Clube, fundado em 10 de Abril de 2004, entidade pública sem fins lucrativos, está sob a presidência de Cristian Túreck e o secretariado de Ronan Bueno de Oliveira que também é diagramador deste jornal. Enquanto os lindos fusquinhas muito bem cuidados por seus donos passavam pelo Palanque Oficial, narrava-se a seguinte história: -“ No ano de 1967, Celso Carvalho semanalmente, aos sábados à noite, apresentava-se na Rádio Rio Negrinho no Programa Móveis Cimo comandado pelo Coroné César. Com seus instrumentos musicais – bandolim, violão, harmônica, violino, cavaquinho, cítarra e outros - executava melodias da Jovem Guarda que faziam sucesso na televisão e nas rádios brasileiras. Celso convidou um dos seus melhores alunos de música, Virgílio Ricobon, para fazer parceria nos programas de Rádio. Nesse meio tempo, Juarez Garcia e seu amigo Marinho Nossol formaram uma dupla musical com a intenção de compor um conjunto de guitarras aliados a mais alguns instrumentistas de cordas da cidade. Foi então que Juarez e Celso juntaram seus talentos e, com os amigos Virgílio e Marinho, fundaram o primeiro conjunto de Rock em Rio Negrinho, que primeiro chamou-se “Disparada Rítmo” e depois recebeu o nome definitivo: “Os Temíveis” que executava com maestria as melodias dos Incríveis, dos Rollingstones, dos Beatles e de outros conjuntos famosos. Por exemplo, a música “O Milionário”, principal marca dos Incríveis, também foi a principal marca dos Temíveis. Suas primeiras guitarras foram construídas pelos próprios componentes do conjunto. A primeira guitarra, que hoje está num museu em Joinville, foi construída com o que restou do violão de Virgílio que foi pisoteado pelo seu próprio pai revoltado porque seu filho fazia parte de um grupo de “cabeludos” que naquele tempo eram mal vistos pela sociedade. O grupo evoluiu com grandes dificuldades financeiras, mas depois que o famoso conjunto Os Incríveis, com grande sucesso, tocou um baile no Salão Dettmer, Os Temíveis logo foram reconhecidos e os contratos para bailes e eventos começaram a aparecer dentro e fora de Rio Negrinho e a Rádio Rio Negrinho ofereceu-lhes uma hora de programa semanal em horário nobre. Um dos muitos casos inusitados de suas apresentações aconteceu nos estúdios da Rádio que era a única da cidade. Naquele tempo a aparelhagem da emissora funcionava com válvulas, aqueles tubos de vidro que foram substituídos mais tarde pelos transístores e depois pelos circuitos integrados. Os Temíveis instalaram seus aparelhos numa única entrada de som da mesa sonoplasta da Rádio. No meio do programa que os apresentava, uma fumaça escura tomou conta dos estúdios. Alguns componentes da mesa de som não agüentaram a sobrecarga dos aparelhos dos Temíveis. O estrago foi tão grande que a Rádio saiu do ar por quase uma semana. No momento do incidente os integrantes do conjunto rapidamente recolheram seus aparelhos e guitarras e sumiram do mapa por um bom tempo até que a poeira baixasse. Tempos depois tudo foi resolvido, a paz voltou e os Temíveis voltaram aos programas de rádio.
OS TEMÍVEIS (1968). Na ordem, da esquerda para a direita: Marinho Nossol, Celso Carvalho, Virgílio Ricobom e Célio Dums. O conjunto evoluiu e houve, então, necessidade de inserir um cantor no grupo. Foi aí que Célio Dums, completou a turma como vocalista. O conjunto Os Temíveis atuou por longo tempo no meio musical da região. Dois deles, Virgílio e Célio, já faleceram, mas deixaram seus legados artísticos. Célio Dums, Marinho Nossol, Virgílio Ricobon, Juarez Garcia e Celso Carvalho, foram Os Temíveis e já fazem parte da historia de Rio Negrinho”.
UM DOS PRIMEIROS ACIDENTES DE TRÂNSITO COM VÍTIMA FATAL NA BR 280 EM RIO NEGRINHO NA DÉCADA DE 60. Este fusquinha, que transitava em alta velocidade no sentido Rio Negrinho – São Bento do Sul, ao tentar sair da BR direto para a rua Alfredo Greipel, cortou a frente e foi colhido por um caminhão que vinha em sentido contrário. O fusca, que foi recolhido ao pátio da Mecânica Nehring, ficou destruído e seus ocupantes morreram no local do acidente. Lembro que o fato causou estranheza e espanto na população, pois não se era acostumado com acidentes violentos dessa natureza. Até hoje aquele lugar é muito perigoso e pouca coisa verdadeiramente prática foi executada para amenizar o problema.
PARQUE DE DIVERSÕES EM RIO NEGRINHO – DÉCADA DE 60. A foto saiu meio desfocada, mas revela a alegria das pessoas brincando nos aparelhos do parque. Era periódica a instalação de parques e circos. Pena que coisas assim não mais aconteçam com maior freqüência em nossa cidade!
CONSIDERAÇÕES FINAIS. Como viram, a pequena Rio Negrinho era muito tranqüila, as pessoas viviam bem! Com o progresso parte da calma se foi e no lugar do sossego vieram problemas inerentes à evolução. No entanto, conversando com uma pessoa que veio de São Paulo morar em Rio Negrinho ouvi, com grande satisfação, que ela – referindo-se ao nosso pedacinho de chão – não sabia que ainda havia um paraíso para morar. Estava felicíssima em poder andar livremente pela cidade. Pense e analise: Rio Negrinho ainda é acolhedor e é um lugar ótimo para pessoas de bem! Obrigado! Por hoje é só! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Papai e Mamãe do Céu!

domingo, 18 de maio de 2014

NUM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO ! (19)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. COMO É BOM SER CRIANÇA. Os tempos mudam, tudo evolui para melhor ou para pior, mas nada fica exatamente como está. Fui professor por quase quarenta anos e presenciei as enormes mudanças que aconteceram nesse tempo. Houve transformações radicais. Até uns trinta anos atrás, a maioria das escolas nem muro tinha ou, se tinha, os portões permaneciam abertos o tempo todo sem que houvesse nenhuma preocupação com vândalos, de qualquer espécie. As crianças brincavam livremente nos enormes pátios das escolas. Hoje, os pátios diminuíram de tamanho, tomados por construções como, novas salas de aula, quadras cobertas e os muros altos necessários para proteção contra atentados de toda ordem e, também, para suprir novas necessidades criadas pelo aumento gradativo da clientela. Além disso, o mundo criou novas ameaças que trazem real perigo à segurança mesmo dentro de uma escola. Criaram-se leis e costumes, muitos deles exagerados, que inibem a liberdade infantil. Por exemplo, quase não se vê mais árvores nos pátios escolares, pois pensa-se que, se alguém subir na árvore, poderá cair de lá e ferir-se. Lembro muito bem que apenas uma vez, uma menina caiu de um galho baixo de um pé de pêra que havia no pátio do Educandário Santa Teresinha e apenas arranhou-se um pouco e mesmo durante todo o longo período que lecionei em muitas escolas, nunca vi ninguém cair de uma árvore. Hoje é muito mais perigoso andar nas ruas! E olha que a molecada brincava adoidada nos barrancos e nas árvores. Que tempo maravilhoso quando se podia testar nossas habilidades de criança e melhorar a coordenação motora em todos os sentidos. Observe as duas fotos a seguir, que cliquei, lá pelos anos oitenta, na Escola Lucinda Maros Pscheidt, no bairro Vista Alegre. A escola nem muros tinha e as crianças improvisavam pequenos parques de diversões. Com tijolos e tábuas montavam um precário trampolim onde cada uma ficava numa extremidade da tábua. Uma delas saltava sobre sua extremidade da tábua e a outra, impulsionada pela tábua e pelas próprias pernas elevava-se aos ares num prazeroso, espetacular e fantástico salto. Quando esta caia de volta sobre sua extremidade o mesmo acontecia com a outra criança da outra extremidade. Isso é ser criança livre de influências bobas de adultos medrosos mal preparados para a vida e que impõem suas fraquezas às crianças viçosas que precisam expandir suas potencialidades físicas, mentais e espirituais!
PARQUE IMPROVISADO NA ESCOLA LUCINDA MAROS PSCHEIDT EM 1980. Note alegria e a criatividade das crianças de poder inventar suas próprias brincadeiras que dão de dez a zero naquelas que ficam o dia inteiro “vidradas” na frente de uma TV ou de um vídeo game amolecendo o corpo, espírito e a mente.
COM UMA SIMPLES TÁBUA E UM OU DOIS TIJOLOS AS CRIANÇAS FAZIAM A FESTA À SEU MODO. Para brincar assim, as crianças vinham meia hora antes do começo das aulas e divertiam-se prá valer! Nunca vi nenhuma machucar-se. Se isso acontecer hoje, logo aparecem pais medrosos acusando a escola de irresponsável e, quem sabe, até acionam o Conselho Tutelar! Engraçado: proíbe-se crianças de brincar sadiamente e de desenvolver suas habilidades, mas para vagar nas ruas quebrando vidraças e fazendo outras malandragens não há problema nenhum! E há pais que até defendem o filho diante do erro como, por exemplo, quando o vizinho reclama do vidro quebrado da janela, os pais, no lugar de repreender e castigar o filho, autor do incidente, ofendem-se e ainda xingam o vizinho como se fosse ele o culpado! Obviamente, não são todos que assim agem. Ainda bem! 
ESCOLA LUCINDA MAROS PSCHEIDT EM 1980. Já tinha cerca, mas era de tela simples. Hoje é cercada por muros e vigiada para proteger-se de vandalismos que são comuns contra as escolas.
ALUNOS DO 3º ANO DA PROFESSORA VERA GRIMM EM 1959 NO GRUPO ESCOLAR PROFESSORA MARTA TAVARES. A turma era grande, mas a professora Vera, que aparece na foto, no alto e no meio, dava conta do recado, e muito bem! Em 1957, meus pais matricularam-me no Educandário Santa Terezinha, uma escola de elite. Mas eu, pequeno e medroso, tinha muito medo das freiras que comandavam o colégio. Vendo o problema, meus pais transferiram-me para o “Marta Tavares” e, aí sim, me dei bem com a professora Vera que me tratava com maior flexibilidade que as freiras do colégio que eram muito rígidas com a disciplina. Mais tarde voltei ao Colégio das freiras! Num dia desses, conto como foi minha primeira experiência no colégio das freiras. É prá acabar!
RUA ADOLFO OLSEN EM 1958. Naquele tempo a rua Adolfo Olsen (ao lado do Colégio Estadual Profª Marta Tavares) não era muito mais que um carreiro por onde as pessoas que moravam no morro, onde hoje é o Bairro Cruzeiro, desciam até à cidade para passear ou fazer compras nos mercados e lojas que só existiam no centro ou nos seus arredores. A grande cruz que aparece foi erguida durante as missões dos padres missionários. O Grupo Marta Tavares, à esquerda, ainda tinha um grande pátio, logo após a cruz, onde os alunos passavam os recreios praticando esportes. Era, também, o lugar onde a saudosa professora Selma Teixeira Graboski, esposa do professor Elias Graboski, dava suas aulas de Educação Física. 
RUA ADOLFO OLSEN EM 2014. Vista de quase do mesmo ângulo da foto anterior. No lugar do pátio, o ginásio de esportes. A Cruz que era de madeira foi substituída por uma de concreto em 2007.
AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO EDUCANDÁRIO SANTA TERESINHA EM 1958 (DATA APROXIMADA). Este era um dia de inverno, às sete horas da manhã. Observe a rigidez no desenvolvimento das aulas. Todas as alunas de uniforme, sem proteção contra o frio; movimentos sincronizados, o que significa que as aulas eram bem sérias; o horário (7hs. da manhã) tinha que ser cumprido à risca. Para o pelotão feminino sempre uma professora ministrava as aulas e para o masculino, um professor. O estudo era cobrado com rigor. Ai de quem não soubesse a lição e de quem não trouxesse o dever de casa bem feito! Os estudos eram “fortes” e levados mesmo no sério! Nisso tudo as freiras eram rígidas e levavam tudo na “ponta do lápis!” E se fosse hoje? Não acha que alguns pais “cairiam de pau” em cima das freiras? Ah! tem também esses tais de “Direitos Humanos” que estragam mais que arrumam! Foi, aí nesse pátio, do jeito que a foto mostra, que obtive minhas primeiras impressões de uma escola. Assustado com aquela “casa grandona” – o colégio – inventei minha primeira peraltice fora de casa, e das boas! Conto a proeza noutra edição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS. No processo evolutivo sempre há avanços e retrocessos! Pessoas que viveram nos tempos passados, lembram de muitas coisas boas que não permaneceram, como cinema, teatros, parques, bons bailes, natação em rios limpos, viagens de trem com passagens baratinhas. Nos comboios lotados iam passageiros para Mafra, Corupá, Jaraguá, Joinville e São Francisco do Sul em gostosas e saudosas viagens pela Serra do Mar. Obviamente, hoje, o transporte é bem mais rápido, mas menos seguro. Na guerra do trânsito morre muita gente! É o alto preço que se paga pelo progresso! A impressão é que o ser humano não preparou-se devidamente para acompanhar a evolução! Por hoje é só! Muito obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Papai e Mamãe do Céu!

sábado, 17 de maio de 2014

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO ! (18)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. UMA ATENÇÃO ESPECIAL PARA RIO NEGRINHO. Se focarmos com aplicação cuidadosa o nosso pedacinho de Brasil, veremos que Rio Negrinho no presente é um bom lugar para morar, graças a todos que, ao longo do tempo, lutaram por esta cidade. Tijolo por tijolo, tudo foi construído com esforço de muita gente que se empenhou, às vezes com grande sacrifício, para que tudo evoluísse e ficasse agradável como está hoje. A maioria das ruas pavimentadas facilita a integração entre bairros por ônibus, carros, motos, bicicletas e mesmo a pé. Apesar de alguns problemas, nossa cidade ainda é um lugar bem tranqüilo. Se comparado com uma cidade grande, esfumaçada, agitada e violenta, Rio Negrinho é um paraíso! E bonito! Na Edição da semana passada fizemos o convite para que você saia um pouco por aí, num domingo de sol, e aprecie com calma nossas paisagens dentro e fora da cidade e perceba lugares e coisas que antes não se notara. Detenha-se e foque sua atenção nos detalhes, nas diversidades, na arquitetura de algumas construções, nas cores e formas de tudo o que se encontra ao seu redor. Serão momentos bem aproveitados e dotados de lazer, satisfação e orgulho pelo lugar onde você mora. Iniciamos a amostra de fotografias de hoje repetindo e aproveitando o retrato da Rua Jorge Lacerda (Rua do Sapo) de muitas décadas para narrar uma fenomenal briga de bêbados travada nesta rua a 56 anos atrás.
RUA JORGE LACERDA (RUA DO SAPO), EM 1940 (DATA APROXIMADA). A flecha e o círculo mostram o local exato da briga, que aconteceu dezoito anos depois que esta fotografia foi clicada, entre dois exércitos de paus-d’água. Naquele tempo (1958), eu tinha oito anos de idade; duas valetas, uma de cada lado da rua, escoavam as águas vindas dos morros que ladeavam a rua pelos dois lados. Acontece que as valetas e os poucos bueiros existentes ao longo da via não eram suficientes para dar vazão às enxurradas das chuvas que desciam dos morros e que já mostramos em outras reportagens passadas, por isso as enchentes eram comuns. Dava até para andar de canoa e nadar em plena via. Este problema persiste ainda hoje e não vai ser resolvido tão facilmente! Foi nesta mesma rua, numa tarde cinzenta de domingo, que presenciei uma espetacular briga de dois grupos embriagados que partiram de dois bares diferentes e distantes um do outro e se encontraram, em pleno combate, no meio do caminho. Um era o bar do Boelitz, cito em frente à Oficina Mecânica Rio Negrinho na esquina com a Rua do Sapo; o outro, a 500 metros dali, era o bar de Walfrido Carvalho, cito na Rua do Sapo. No bar do Carvalho, uns quinze elementos pinguços, depois de “encher a cara de cachaça”, resolveram “tirar a limpo” todas as dúvidas que queimavam seus neurônios, se é que ainda os tinham. E a solução para aliviar a “carga psicológica” foi “sair no braço”. Nove guerreiros de um lado e seis de outro iniciaram uma peleja de fazer inveja à Guerra do Iraque. Depois de quebrarem os móveis dentro do bar, e por falta de espaço para dar umas voadeiras, pois o bar era pequeno até para dar um bom soco, pois se alguém esticasse o braço demais para trás, a fim de pegar impulso para dar maior força ao sopapo naquele que estava na frente, podia até acertar num amigo da retaguarda que dava-lhe cobertura, resolveram, então, rolar para o meio da rua, mas para isso tiveram que atravessar uma pinguela que ligava a rua ao bar. Havia chovido e o estreito tablado estava liso, uns dois ou três perderam o equilíbrio, abandonaram a tropa e foram beijar o fundo da valeta. Na rua sim, tinha até pedras que serviam como “soco inglês”. Em certo momento vi um dos “atletas” correndo morro acima gritando que ia buscar uma espingarda, só que não mais foi visto durante o pugilato. Acho que ele bateu em “retirada estratégica”! E este pertencia ao grupo menor que agora ficou com apenas cinco defensores contra nove. Então o grupo menor foi cedendo espaço ao grupo maior que ganhava terreno, coice por coice. Pancada prá cá, pancada prá lá e lá foi aquele bolo de gente rolando em direção ao antigo Cartório do Jablonski, na direção do bar do Boelitz. Teve “cabra” que esgotou sua lista de palavrões umas dez vezes. Lembro-me bem, alguns gritavam mais que cego em tiroteio. Lindo de ver era a torcida por trás das cercas de ripas de madeira que cercavam as casas. Nesse mesmo tempo, no bar do Boelitz, outro grupo, também uns quinze malucos com o “sangue cozido”, resolveu “acertar os ponteiros” e extravasar o estresse. A cena foi idêntica ao bar do Carvalho: móveis quebrados e o lugar também era pequeno para tantos “guerreiros” por isso resolveram ocupar a rua para continuar o embate. Às pedradas, socos e pontapés, foram avançando em direção aos heróicos lutadores do bar do Carvalho que, ao mesmo tempo, também ganhavam terreno em direção ao bar do Boelitz. Alguns do bar do Carvalho abandonaram a luta e fugiram em direção ao bar do Boelitz, mas tiveram que voltar porque do outro lado um paredão de aguerridos ainda mais furiosos e violentos vinha em sua direção. Não havia como escapar!  Mais ou menos em frente à Torrefação de Café, cita onde hoje é o Mercado Neidert, no meio do caminho, os dois grandes grupos se encontraram. Aí foi um “Deus nos acuda”. A Segunda Grande Guerra Mundial foi fichinha perto da Guerra da Rua do Sapo! Eram uns trinta valentões misturados em plena atividade discordante. Ninguém mais sabia quem era quem! Amigos se tornaram inimigos e vice-versa. O jeito era bater em quem estava mais perto. Alguém teve a “feliz” idéia de arrancar uma ripa de cerca para atacar e se defender. Quase todos fizeram o mesmo! Os “espadachins e samurais” distribuíam cacetadas prá todo lado, mesmo porque naquele momento ninguém mais sabia quem era amigo ou inimigo. “Vapt”, “vupt”, “flapt” e muitos outros sons aterradores eram o barulho das ripas nas costas e nas cabeças. Pior eram os carecas que não tinham nenhuma mecha para amaciar a cacetada no próprio “telhado”. Alguns mais arrojados caíam nas valetas e quando conseguiam sair de lá cuspindo barro levavam outra bordoada e voltavam para a valeta. Algumas ripas tinham pregos que machucavam feio! Dentro das casas, por trás das cortinas, a mulherada apavorada apreciava a “Guerra da Rua do Sapo”. No entanto, algumas davam risada. Cena engraçada foi a de um baixinho  que, se viu “amarelo” quando levou umas cinco ripadas dos grandões, correu para dentro de uma casa que estava com a porta aberta. Não deu prá contar até três, saiu de lá voando depois de ter levado uma rodada de vassouradas de uma senhora que, apavorada e furiosa, tentava defender seu território. E todo mundo sabe que mulher com medo vira bicho perigoso! O baixinho voltou para o campo de batalha porque lá era mais confortável. Uma delas, ao reconhecer seu marido no meio da luta, saltou para fora da casa com uma vassoura na mão, embrenhou-se no meio dos brutamontes para defender o amado. Só sei dizer que ela era a que mais gritava e a que mais apanhava! E olha que o rosário de “santas palavras” da “Anita Garibaldi” não era dos menores! Homens bêbados e de “sangue quente” não diferenciam se o que está na sua frente é homem ou mulher, amigo ou inimigo – “sai que lá vai cacetada!” Não lembro o que aconteceu com a heroína, mas lembro como foi o final da briga. Alguém gritou: - “Lá vem a polícia”!... e em poucos segundos não havia mais ninguém na rua, salvo alguns retardatários que tentavam sair das trincheiras (valetas) cobertos de barro. Estes foram levados de braços dado com dois soldados para a delegacia e, provavelmente, pagaram a conta de todo mundo na cadeia, que naquele tempo era onde hoje está a Praça do Avião. Os outros conseguiram fugir porque naquele tempo a polícia perseguia os bandidos de bicicleta! Uma música gaucha diz assim: “...No lugar daquela briga nunca mais nasceu capim...” E eu completo rimando: “...E na Rua do Sapo acho que também foi assim!” Sabe que, no final das contas, Rio Negrinho antigo era bem animado, prá não dizer turbulento! A Rua do Sapo era uma festa! Noutro dia conto mais algumas!
DIPLOMA DE CIRURGIÃO DENTISTA DE LOTHÁRIO KLAUMANN. Emitido em 29/09/1932, pelo Instituto Politécnico de Florianópolis ao Sr. Lothário,  este diploma conferia-lhe todos os direitos de exercer a profissão de Dentista Cirurgião em qualquer parte do país. Assim, Rio Negrinho teve seu primeiro dentista diplomado. No tempo da Segunda Guerra Mundial, muitas pessoas com sobrenomes de origem alemã eram presas, e até maltratadas, mesmo que nada tivessem a ver com a guerra. Assim foi com Lothário. Encarcerado num campo de concentração em Florianópolis, lá ficou preso por quase um ano. Nesse meio tempo, um amigo, companheiro de cela, pintou numa tela a paisagem do campo de concentração e presenteou-a para Lothário. Este guardou com carinho o quadro ganho do amigo. A tela, muito bem conservada, pode ser apreciada no Museu Carlos Lampe em Rio Negrinho. É só ir até lá e vê-la!
CAMPO DE CONCENTRAÇÃO EM FLORIANÓPOLIS ONDE LOTHÁRIO KLAUMANN FOI CONFINADO (foto cedida pelo Museu Municipal Carlos Lampe). Não só lá, mas até em Rio Negrinho, conta-se muitas histórias de maltratos aos “alemães” que aqui viviam. Tempos difíceis! Agora, mais algumas imagens de Rio Negrinho antigo.
MORADORES DA LOCALIDADE DE RIO CASA DE PEDRA EM 1975. Esta foto foi obtida durante a comemoração de Natal na Escola Isolada de Rio Casa de Pedra. São todos agricultores locais e seus filhos. Nesta festa, cada família trazia comida e bebida e fazia-se um grande banquete em homenagem ao Menino Jesus. Coisa linda que deveria ser praticada por todo mundo!
ALUNOS DO 3º ANO PRIMÁRIO DA PROFESSORA VERA GRIMM EM 1959 NO GRUPO ESCOLAR MARTA TAVARES. A turma era grande, mas a professora Vera, que aparece na foto, no alto e no meio, dava conta do recado, e muito bem!
COMPANHIA INDUSTRIAL DE MÓVEIS DE RIO NEGRINHO (CIMO) EM 1950.

CONSIDERAÇÕES FINAIS. Sobre vários assuntos, os quais anunciamos na semana passada, falaremos em próximas edições. São muitas histórias interessantes. Por hoje é só! Obrigado! Um grande abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

UM OLHAR SOBRE RIO NEGRINHO ! (17)

Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho (no meados do mês de abril de 2014, às vésperas da comemoração da festa religiosa da Páscoa).

CONSIDERAÇÕES INICIAIS. PÁSCOA. Muitas vezes, em sala de aula, perguntei aos alunos sobre o significado da Páscoa. A grande maioria imediatamente aliou-a ao coelho, aos chocolates e poucos lembraram da Ressurreição de Jesus. A propaganda da mídia induz crianças e adultos à páscoa de doces e guloseimas e à chegada do coelhinho. Esta tática foi criada pelo comércio e pela indústria para gerar lucros através das vendas. É aí que o verdadeiro Dono da festa é substituído, sem nenhuma compaixão, pelo coelho que bota ovos. O coelho no lugar de Jesus! Essa não! Coelho que bota ovos é prá lá de insano! E tem gente que tenta explicar usando vários subterfúgios ardilosos (não querendo ser redundante) como, por exemplo, “coelho é o símbolo da fertilidade” e esquecem que há vários animais bem mais prolíferos como o rato, a mosca e outros. Há dois tipos de Páscoa: a pagã e a cristã. A pagã lembra chocolate, coelho, cestinhas, comilanças, bebedeiras e farras em geral e tem conotação meramente física, mundana. A cristã – a verdadeira – é reflexiva e lembra a Ressurreição de Cristo. A passagem da morte para a vida tem conotação físico-espiritual. Preferimos comemorar a Cristã. Todo o flagelo extremo de Jesus, sua morte, ressurreição e ascensão ao Céu foi um grande projeto do Pai, sacrificando o próprio Filho, para a salvação da humanidade. Sua Ressurreição, de importância infinitamente maior que coelho e chocolate, lembra que nesta curta passagem, devemos morrer para ressuscitar para a vida eterna e isso deve ser comemorado e transformado em um grande acontecimento na alma de cada um de nós, filhos de Deus. É hora de renovar a fé, de melhorar os propósitos, de renascer bem mais forte para o bem, de fortificar o amor ao próximo e de dar novos passos em direção à Luz. O Dono da festa é Jesus Cristo e é Ele que deve ser lembrado, comemorado e, literalmente, degustado através da santa comunhão! E a Sexta Feira Santa? Não é dia de jejum? A Igreja Católica orienta com toda clareza que o cristão deve fazer pelo menos um pequeno sacrifício por Jesus através de jejum que nem se compara ao extremo sacrifício Dele por nós. No entanto o que acontece? A maioria das pessoas, com melhor posse financeira, compra peixe, que é mais caro que outra carne qualquer, faz um banquete, esquece qualquer tipo de sacrifício, pensa que engana a Deus e acredita que assim cumpre alguma norma religiosa em relação à Sexta Feira Santa. Engraçado: Sexta Santa virou dia de comer peixe, de banquete e de prazeres culinários! Dê uma reviravolta na sua vida, consulte sua consciência!

SANTA CEIA. Na quinta-feira, na noite anterior à sua crucificação, enquanto ceava com os apóstolos, Jesus predisse sua morte e afirmou que no terceiro dia iria ressuscitar. É essa Ressurreição que comemoramos na Páscoa.
FREDERICO LAMPE E LOTHÁRIO ERNESTO KLAUMANN EM 1970. Dois personagens importantes já falecidos que fazem parte da História de Rio Negrinho. O primeiro – na esquerda - Frederico Lampe, foi o primeiro Prefeito eleito de Rio Negrinho com mandato de novembro de 1954 até novembro de 1959. Antes, Rio Negrinho era distrito de São Bento do Sul até 1953, quando tornou-se independente politicamente e teve seu primeiro Prefeito, Henrique Liebl, nomeado pelo Governador do Estado, Irineu Bornhausen. Henrique Liebl teve um curto mandato de 27 de fevereiro de 1954 até 15 de novembro do mesmo ano. Em 15 de novembro de 1954 Frederico Lampe foi eleito e governou nosso município durante cinco anos. Frederico, conhecido por EDI Lampe, foi dono do Salão Lampe que, mais tarde, passou a chamar-se Salão Dettmer que foi destruído pelo fogo no exato lugar onde, hoje, está o Banco Bradesco, em frente à Igreja Matriz Santo Antonio de Pádua. Foi dono de comércio de secos e molhados, ferragens e armarinhos. Nos anos 60 foi padrinho dos times de futebol São Paulo e Corinthians de Rio Negrinho entre tantos outros feitos. Nasceu em 31 de maio de 1900 e morreu em 14 de janeiro de 1974, portanto, aos 74 anos de idade. O segundo – na direita - Lothário Ernesto Klaumann, nascido em São Bento do Sul em 20 de maio de 1913, foi o primeiro dentista cirurgião diplomado de Rio Negrinho formado pelo Instituto Politécnico de Florianópolis em 29 de setembro de 1932. Casado com Alda teve três filhos: Helmar, Ilka e Itamar, este último já falecido. Clinicava no consultório montado na sua própria residência na esquina da rua Jorge Zípperer com a rua Duque de Caxias, casa esta que foi, infelizmente, derrubada para dar lugar à Loja MM, próximo à via férrea. Era uma linda casa que merecia ser conservada como patrimônio histórico de Rio Negrinho! COMENTÁRIO: assim como esta, muitas outras belas residências foram derrubadas para dar lugar a outras construções modernas. Com isso – casas antigas destruídas e modificadas - Rio Negrinho perde, passo a passo, sua identidade e suas raízes culturais. Em futuras edições pretendemos mostrar algumas edificações em Rio Negrinho que ainda permanecem como eram e, também, alguns dados interessantes sobre o dentista Klaumann.  Vejamos, a seguir, algumas fotos antigas de partes de Rio Negrinho, comparadas às atuais. 
CONFLUÊNCIA DAS RUAS DOM PIO DE FREITAS COM A RUA JORGE LACERDA  EM 19...(DATA INDEFINIDA). Lá pelos anos 40, esta área era uma curva da estrada Dona Francisca dentro da cidade onde começava a Rua Jorge Lacerda (rua do Sapo). Na esquerda, vemos parte do bar de Hans Carlos Roberto Boelitz, conhecido como João Boelitz, no outro lado da rua, a antiga Oficina Mecânica Rio Negrinho, que deu nome ao time de futebol OMERI FC e, bem ao lado, a casa de José Carlos Pscheidt, dono e um dos fundadores da referida oficina. Neste espaço, na rua, várias brigas de homens embriagados aconteceram. Na rua a pavimentação era de pedregulhos que esfolavam a pele daqueles que nela caiam. Observe, lá no alto da fotografia, uma igreja feita de madeira, trata-se da Capela Lutherana, situada à rua Adolfo Olsen, nas proximidades do Cruzeiro lá instalado. No centro da rua, cá em baixo, o ciclista na maior tranqüilidade sem nada para atrapalhar suas pedaladas. Uma fenomenal briga de valentões com a “cara cheia de cachaça” será assunto para a próxima edição.
VISTA AÉREA DA MESMA CONFLUÊNCIA, EM 2014. Aqui temos uma visão mais ampla da área nos tempos atuais, já pavimentada com asfalto tornou-se uma esquina perigosa, pois o movimento de veículos automotores é intenso em vários momentos do dia.
CONSTRUÇÃO DA TORRE DA IGREJA LUTERANA. A Igreja Lutherana situada à rua do Seminário, foi inaugurada em 27 de abril de 1958, e o primeiro culto nesta Igreja foi oficiado pelo Pastor Rolf Guder (foto cedida por Luiza Hubner ao Blog Rio Negrinho no Passado).
IGREJA LUTHERANA DE RIO NEGRINHO, EM 2014. Agora, construiu-se um edifício ao lado da igreja, obstruindo parcialmente a visão da bela casa de Deus.
FINAL DA RUA JORGE ZIPPERER NA DÉCADA DE 1970. Aquela bonita casa com sacada na frente, a última da rua no lado direito, antes da via férrea, era a residência do dentista Lothário Klaumann, onde cliquei a segunda fotografia desta página. Note que, mais acima, num terreno da rua José Zipperer Neto, há uma roça de milho, no centro da cidade.
DESFILE NA CURVA DA PRAÇA DO AVIÃO – Provavelmente por volta de 1950. No caminhão Ford, já atrás do motorista, o painel com fotografias ampliadas, está ornamentado por ramagens que dão um toque artístico especial à demonstração. Uma coisa é certa: naquele tempo as coisas eram bem feitas, com gosto e dedicação! Até os estudos nas escolas eram melhor aproveitados pelos alunos. Num desfile desses o povo comparecia em massa. (Nota do Blog: este desfile tem um motivo especial, os 30 anos da fundação da Móveis Cimo, realizado em 1951. Este Blog fará uma matéria especial sobre este evento, num futuro próximo). Por hoje é só! Um abraço de Celso e outro de Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!