BERNARDO OLSEN
Bernardo Olsen (Foto: acervo de Luciana Campos Pizzato) |
Nota do Blog: A localidade de Colônia Olsen, situada distante cerca de 7 km. da cidade de Rio Negrinho homenageia Bernardo Olsen, descendente de noruegueses, irmão de Adolfo e Amandus Olsen, que prestou serviços em nosso Município. O presente texto foi extraído do BLOG DISTRITO DE MARCILIO DIAS, de autoria do Professor Antonio Dias Mafra, a quem agradecemos, complementado com outras informações do autor deste Blog.
"Os irmãos de Adolfo, Amandus Olsen e Bernardo Olsen, filhos do imigrante
norueguês Gjert Olsen em Joinville, tiveram um papel de relevância no
desenvolvimento de São Bento do Sul e Rio Negrinho. Enquanto Adolfo e Amandus
se estabeleceram em Rio Negrinho, Bernardo se estabeleceu em São Bento do Sul e
mais tarde em Canoinhas". (texto de autoria do autor do Blog Rio Negrinho no
Passado)
Com a inauguração da ferrovia em 1913, muitos empresários resolveram
investir ao redor das estações em busca de lucros com a venda de lotes
coloniais, erva-mate e madeira. Bernard, nacionalizado para Bernardo Olsen, já
realizava negócios com erva-mate em Canoinhas, desde 1909. Ele conhecia bem o
potencial econômico da região. Após o término da Guerra do Contestado, adquiriu
ao redor da Estação Canoinhas da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, uma
área de 790 alqueires e iniciou a Colônia São Bernardo. Mais tarde ampliou seu
patrimônio adquirindo grandes áreas de terras em Taunay e Major Vieira.
Filho de Gjert Olsen, um dos primeiros noruegueses que chegou a
Joinville em 1851, e casou-se com a imigrante suíça Anna Fischer. Bernardo
nasceu em Joinville em 18 de fevereiro de 1862. Desde muito cedo iniciou com a
atividade comercial negociando cavalos e gado. (Joinville, os Pioneiros, pg.
51). Casou-se com Maria Ritzmann, descendente de suíços e no ano de 1890.
Maria Ritzmann e Bernardo Olsen (Foto: acervo de Luciana Campos Pizzato) |
Bernardo Olsen, registrou na localidade de Lençol, município de São
Bento do Sul, um açougue. Envolveu-se na política e se tornou intendente da
Câmara municipal de São Bento, cargo este correspondente ao de vereador, para o
período de 06/03/1893 a 22/06/1894. Foi nomeado pela junta Governativa do
Estado de Santa Catarina, tomando posse para um segundo período em 27/06/1894.
A partir de 1895 os intendentes passam a se chamar conselheiros, sendo
responsáveis pela administração Municipal. Bernardo Olsen é eleito conselheiro
e toma posse em 16/04/1895.
A partir dessa data se afasta da atividade política, só retornando à
Câmara mais tarde, quando tomou posse em 01/01/1915, para o período de
1915/1918. Apesar de ainda estar residindo em São Bento, já estava envolvido
com negócios de terras na estação Canoinhas da Estrada de Ferro São Paulo-Rio
Grande.
EMPRESÁRIO EM SÃO BENTO E EM RIO NEGRINHO:
No ano de 1903 ampliou suas atividades, registrando um estabelecimento
especializado no comércio da erva-mate em Lençol, cuja razão social era Olsen
& Ritzmann. Foi pioneiro em comercializar a erva-mate de Canoinhas pelo
porto de São Francisco do Sul. Em 27/10/1908 se associou a Carlos Urban e a
Guilherme Bollmann, para impressão do jornal bilíngüe Volks Zeitung, do qual
era redator com notícias da localidade de Lençol. Pelas suas atividades
econômicas e seu poder político regional, era chamado em São Bento pelos seus
adversários políticos de coronel Bernardo Olsen. Em 1909 Aleixo Gonçalves de
Lima, um dos líderes sertanejos do Contestado e um grupo de colonos de São
Bento, atacou o posto fiscal paranaense do Rio Preto. Bernard em seu jornal
elogiou a ação de Aleixo. O Paraná retomou e reforçou esse posto e em
represália prendeu 20 carroças de Bernardo Olsen, carregadas de erva-mate
vindas de Canoinhas, sob acusação de contrabando do produto originário da área
contestada.
Empresário de grande visão, diversificou seus investimentos, em diversos
setores. Ficker, (1965, p. 434) traz a seguinte informação:
“Com um capital de 85 contos de réis, fundou-se (em 1910) a “Empresa
Ferro-Carril Joinvilense” sendo sócios os Srs. Gustavo Grossenbacher, Adolf
Trinks, Luiz Ritzmann e Bernardo Olsen”.Importados da Europa, vieram os
primeiros petrechos já em maio de 1910, inclusive 4 500 metros de trilhos, 8
bondes a tração animal, para passageiros (cada carro continha 6 bancos com
lotação de 16 pessoas e um carroceiro), e mais 8 carros para carga.
Inaugurou-se a primeira linha de Bondes na presença de autoridades, empresários
e grande massa popular. Era o dia 29 de janeiro de 1911, um marco histórico na
vida de Joinville. Constituiu um dos aspectos mais curiosos e pitorescos a
longa fila dos bondinhos percorrendo as ruas dotadas de trilhos, vistosamente
enfeitados e decorados com flores e bandeiras, conduzindo a banda de música e
convidados. O público que assistiu das ruas e suas casas à passagem do cortejo
de bondes, ficou sob a mais alegre impressão”.
Nos primeiro tempos, os bondes rodavam repletos de passageiros e
mercadorias, dando um bom lucro aos proprietários, mas com o passar do tempo os
bondes deixaram de ser novidade e os horários tiveram que ser mais espaçados,
reduzindo o lucro. Com a chegada dos automóveis, os trilhos, numa extensão de 7
quilômetros, forram arrancados e em 10 de abril de 1917 o tráfego a bonde foi
paralisado em Joinville.
Apesar de já estar com empreendimentos econômicos em Rio Negrinho e em
Canoinhas, continuou residindo em Lençol, no município de São Bento. Em 1917,
registrou em Lençol um estabelecimento comercial de 2a ordem,
com venda de bebidas. Na localidade de Estrada do Lago, abriu um comércio com
venda de munição. Na localidade de Ponte dos Vieira abriu um comércio com venda
de drogas.
No ano de 1918 continuou com seu comércio em Lençol e na Estrada do
Lago, e fechou o da Ponte dos Vieira.
Em 1918 registrou em Rio Negrinho, uma casa de comércio de 2a.
ordem, com venda de bebidas e comida feita (restaurante). Em 1919 continuou com
comércio em Rio Negrinho, Campo de Lençol e Lençol.
Em 1920 encontra-se registrada em seu nome, uma casa de comércio em Rio
Negrinho. Era um estabelecimento comercial de 2a. ordem, com bebidas
e munições (sem restaurante) e ainda mantinha o comércio em Lençol, município
de São Bento do Sul.
Sobre Bernardo Olsen, Kormann,(1980, p.66), assim se refere:
“O Sr. Bernardo Olsen, comerciante e açougueiro em Lençol, pessoa
dinâmica e próspera, adquiriu no raiar do século XX uma enorme gleba de terra
da Família Cardoso, as terras desta Família então ainda perfaziam um vasto
latifúndio por entre o Rio dos Bugres, o Rio Preto, a Estrada Dona Francisca e
nesta direção até os atuais limites do Município. Consta que ao fecharem
negócio a Família Cardoso, além das dívidas que ficavam saldadas na loja do Sr.
Bernardo Olsen, apenas reouve um saco de farinha e o terreno todo estava pago.
Parte deste enorme terreno que Bernardo Olsen comprara da Família
Cardoso, ficara para seu irmão Adolfo Olsen, cujos filhos, em parte ainda hoje
o possuem e exploram.
O Sr. Bernardo Olsen que ficara com outra parte, abriu no espigão,
divisor das águas, uma estrada, loteou e vendeu essas terras a filhos de
colonos de São Bento que necessitavam de novas propriedades e formou a Colônia
Olsen, ou seja, São Pedro, como é comumente chamada pelo nome de seu patrono.
Nesta Colônia o Sr. Bernardo Olsen não se esqueceu de doar um lote colonial
para a construção da Igreja, Escola e Cemitério.
"Ainda sobre Bernardo Olsen encontramos uma citação na “EDIÇÃO
COMEMORATIVA AO 75º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO DE SÃO BENTO HOJE SERRA ALTA”,
publicada em 27/09/1948, assim descrita:
“Em 1910, foi iniciada em nossa zona a construção da estrada de ferro
São Paulo-Rio Grande, ramal São Francisco-Porto União, hoje, Rede Viação
Paraná-Santa Catarina. Na localidade de Rio Negrinho, e para construir o leito
desta via férrea entre São Bento e Rio Preto, localizou-se aqui a importante
Empresa Varela. Nesta época firmaram residência em Rio Negrinho José Grossl,
Victor Soares, Capitão Alfredo Pinto de Oliveira, Bernardo Olsen, gerenciada pelo Snr. Paulo Welmuth.......”. (grifo
nosso). (texto acrescido pelo autor do Blog Rio Negrinho no Passado)
Pelos registros consultados no Arquivo Histórico de São Bento do Sul,
somente por volta de 1920, é que ele foi residir em Marcilio Dias, acompanhado
de sua esposa Maria e seus filhos Francisco Waldemiro, Wiegando, Elfriede,
Luiza, Emílio Líbero e Rodolpho. Deixou em Rio Negrinho cuidando dos seus
negócios, além do Irmão Georg Joahannes Adolf, ou Adolfo Olsen, como era
conhecido e seu filho Luís Bernardo.
“Pelo que se deduz Bernardo Olsen nunca residiu em Rio Negrinho, mas é
incontestável a sua influência no desenvolvimento nos primórdios em nossa
terra, com o comércio de secos e molhados, negócio de erva-mate ou no ramo
imobiliário, que originou a Localidade de Colônia Olsen. Muito mais, com o
seguimento dos empreendimentos realizados pelo seu filho Luiz Bernardo Olsen”. (comentários
do autor do Blog Rio Negrinho no Passado)
EMPRESÁRIO EM CANOINHAS:
Na Colônia São Bernardo, estação de Canoinhas, instalou um comércio de
secos e molhados e depósito de erva-mate, ao lado norte da atual casa da
família Olsen.
Em 1919 inaugurou o serviço de lancha pelo rio Canoinhas, transportando
erva-mate de Major Vieira, até o porto de Marcilio Dias, localizado um pouco
abaixo da ponte metálica da estrada de ferro e já dentro do pátio da serraria
Wiegando Olsen. Do porto do rio Canoinhas, a erva-mate era transportada até a
estação ferroviária, para ser despachada para Joinville ou Curitiba pela
ferrovia. Vendendo terras, exportando erva-mate e beneficiando a madeira,
ampliou sua fortuna e se tornou o mais importante líder da Colônia São
Bernardo, com participação política na Câmara de Canoinhas.
Ao fazer um pequeno histórico da maior serraria que existiu em Marcilio
Dias, a Wiegando Olsen S.A., Koslow, (1983, p.3), informa:
“Por volta de 1914, chegava a Marcilio Dias, município de Canoinhas, a
inconfundível figura de Bernardo Olsen, e já em 1926, precisamente a 25 de
março uma chaminé e o ruído característico de uma pequeno quadro de serrar,
assinalavam o início das atividades industriais da Wiegando Olsen S.A. no
município."
Túmulo de Maria e Bernardo Olsen no cemitério da localidade de Marcilio Dias - Canoinhas (Foto: acervo de Antonio Dias Mafra) |
“Bernardo Olsen faleceu em 30/06/1935 na Colônia São Bernardo, no
município de Canoinhas, com 73 anos, deixando como filhos: Ana com 44 anos,
Emilio com 43 anos, Luiz Bernardo com 40 anos, Rodolfo com 37 anos, Waldomiro
com 36 anos, Wigando com 33 anos e Elfrida com 32 anos”. (texto acrescido pelo
autor do Blog Rio Negrinho no Passado)
No mausoléu da família no Distrito de Marcilio Dias, próximo ao túmulo
do casal Bernardo e Maria Olsen, estão sepultados os filhos: Luiza Olsen
Trinks, e seu esposo Paulo Guilherme Trinks; Emílio Olsen, Francisco Waldemiro
Olsen; Há ainda um túmulo sem identificação, cujos dados foram extraídos, por
um ato de vandalismo.
Nesta foto do autor (Prof. Mafra), os rostos em bronze do casal Olsen
ainda estavam fixados no túmulo.
Texto do Professor Antonio Dias
Mafra.
Consultas:
KOSLOW, Mario. TCC sobre a Empresa Wiegando
Olsen S.A. Canoinhas: UnC, 1983, p.3.
FICKER, Carlos. Historia de
Joinville. Joinville: Impressora Ipiranga, 1965, p. 434.
Arquivo Histórico de São Bento do
Sul. Pesquisas do autor.
KORMANN, José. Rio Negrinho que eu
conheci. Rio Negrinho: Ed. Do autor. 1980.
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