Nota do Blog: Prosseguimos com a publicação da série “Um Olhar sobre Rio Negrinho”, texto de autoria dos Professores Celso Crispim Carvalho e Mariana Carvalho, a quem agradecemos, e foram publicados originalmente no Jornal do Povo de Rio Negrinho.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Assim como toda cidade, Rio Negrinho
tem muitas histórias para serem contadas. Desde os primórdios da imigração dos
valentes pioneiros até nossos dias foram registradas milhares de transformações
em nosso município, no interior e na cidade. Por exemplo, ruas e lugares estão
hoje completamente irreconhecíveis em comparação com 50 anos atrás. É
interessante, também, reviver fatos, histórias e coisas que fizeram parte da
evolução através dos anos como a história da tora de imbuia depositada ao lado
da chaminé da Cimo, próximo à prefeitura, da qual (a tora) já começamos a falar
na edição passada quando publicamos a foto de dois caminhões estacionados em
frente à Praça do Avião lá pelos idos anos de
1946 ou 1945, quem sabe, talvez até antes. Aquela tora que aparece no
caminhão não é a mesma tora de imbuia da chaminé. As duas tem formatos,
cubagens, comprimentos, pesos e diâmetros diferentes além de que a primeira (do
caminhão) foi trazida em quase trinta anos antes da segunda (da chaminé). As
duas são partes de troncos gigantes de imbuia que outrora existiam em nossas
ricas matas. Veja as fotos.
TORA DE IMBUIA TRAZIDA PARA A MÓVEIS CIMO EM 1946 OU ANTES (FOTO PUBLICADA NA EDIÇÃO ANTERIOR). Esta tora pesa 10 toneladas, sua cubagem é de 5,36m³, tem o comprimento de 2,20 metros e 1,59 metros de diâmetro. Estes dados estão escritos na própria tora.
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TORA TRAZIDA PARA RIO NEGRINHO EM 1972 PARA
ORNAMENTAR A AVENIDA DOS IMIGRANTES. Ela foi colocada no canteiro da
rotatória próximo ao Pavilhão dos Imigrantes para que todos, que por lá passassem,
lembrassem dos tempos áureos de Rio Negrinho quando as principais movimentações
econômicas giravam em torno da Móveis Cimo. Depois o madeiro foi removido para
junto da grande chaminé. Confesso que a prefiro no canteiro da rotatória onde
estava melhor exposta e bem mais facilmente visível. Muita gente que vem de
outras cidades não passa por trás da chaminé e não a vê, enquanto que a
passagem pela Avenida dos Imigrantes é quase obrigatória para todos que entram
e saem da cidade. Um segundo motivo é que a tora vista ao lado da chaminé
insinua uma diminuição do seu real tamanho em comparação com a gigantesca obra
de tijolos, portanto, nesses aspectos, fica menos valorizada.
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A TORA DE 1972 NO SEU LUGAR ATUAL AO LADO DA CHAMINÉ. Compare as duas fotos, esta e a anterior, e perceba que o efeito visual da primeira para a segunda, relacionado ao tamanho da peça, é acentuado. No entanto, de qualquer maneira não deixa de ser um grande e interessante atrativo. |
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EXATO MOMENTO EM QUE A TORA ESTAVA SENDO
DEPOSITADA AO LADO DA CHAMINÉ. Erguer um peso de dez mil quilos não é
tarefa para qualquer máquina, mas o guincho o faz com facilidade. Este segmento
de tronco tem 2,20m de comprimento, 1,59m de diâmetro e sua cubagem é de 5,36
m³. Conforme reportagem do jornal A Gazeta, de 01/10/2013, esta tora
foi trazida de Santa Cecília, da região de Campina Beja. Quem a cortou foi o
torero (cortador de toras no mato) senhor Alinor Belli que hoje, com 80 anos de
idade, mora em São Bento do Sul e posa na fotografia com sua esposa. Conforme
relato de Alinor, a tora estava à beira de um barranco de difícil acesso perto
da casa do seu irmão. Era uma árvore gigante que, com a ajuda de dois
companheiros foi cortada e dela fizeram apenas uma tora, o resto ficou lá
apodrecendo. Porém há, também, um segundo relato sobre a extração da tora. Segundo
a Sra. Juventina Beckert de Souza, que mora em Rio Negrinho, a referida tora
foi extraída da sua propriedade e do seu marido, Sr. Valdomiro Camargo de Souza
(falecido) que ficava na localidade de Campina Beja, no município de Santa
Cecília-SC. Foi cortada em 1972, conforme fotografia a seguir.
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MATEIROS OU TOREROS AO LADO DA IMBUIA
TOMBADA. Da esquerda para a
direita: Alinor (que cortou a tora), em cima da tora um sobrinho da Sra.
Juventina de nome Alorindo, de chapéu preto o Sr. Valdomiro, proprietário do
terreno e por último o Sr. Francisco (Chico Preto) de Rio Negrinho. Os relatos
e algumas fotos nos foram cedidas pelo arquivo histórico do Museu Carlos Lampe
que “rezam” conforme coleta de informações junto às pessoas citadas – Sr.
Alinor e Sra. Juventina. Nestes dois relatos há uma contradição quanto ao
proprietário do terreno de onde a imbuia foi cortada. O Sr. Alinor diz que a
árvore ficava perto da casa do seu irmão e que pertencia ao canteiro de uma
empresa; a Sra. Juventina diz que a árvore estava em sua propriedade. Frente a
esse desencontro de informações, pretendemos na próxima semana elucidar o caso
conversando diretamente com os “proprietários” do terreno.
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TORA SENDO COLOCADA NO CAMINHÃO DO SR.
ANTONIO GOMES. Nesta foto podemos identificar, da esquerda para a direita, Sr.
Francisco Ribas (Chico Preto) e o Sr. Alinor Belli.
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TORA
VISTA PELO MESMO ÂNGULO DAQUELA CORTADA NO MATO. Aqui
detectamos mais uma estranheza: entre as duas toras - a da chaminé, que está em
frente à palmeira, e a do mato em cima do caminhão – há grandes diferenças nos
contornos. Obviamente as duas deveriam ser iguais, se fossem a mesma. Mas, caro
leitor, note que - A) na tora da chaminé há um grande buraco aproximadamente no
centro e na outra o buraco é menor com formato diferente estendendo-se para um
dos lados da beirada. B- Na tora da chaminé há várias rachaduras da extremidade
para o centro formando nove gomos externos em seu contorno. Na do caminhão
estas rachaduras não existem e não há nove gomos. C- Os contornos das duas são
diferentes um do outro. Então? O que você acha? As duas toras são a mesma? Esse
pequeno mistério pretendemos desvendar fazendo algumas pesquisas. Aguardem! |
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RIO
NEGRINHO AO INÍCIO DÉCADA DE 1970. Viram, que tranqüilidade? Que sossego! Cadê os
carros? Nessa época esta rua não era muito utilizada pelos automóveis porque a
rua central- a da Praça do Avião- tinha mão dupla e todo mundo passava por
lá. |
CONSIDERAÇÕES FINAIS. Para quem gosta
de recordar o Rio Negrinho antigo as próximas edições serão um prato cheio de
sabores saudosos com direito à gostosa sobremesa. Pretendemos divulgar muitas
fotos antigas contando, de modo simples, a história da evolução da querida Rio
Negrinho. Agradecemos às servidores municipais Noeli Uchaka e Sandra Tabalipa, da equipe do
Arquivo Histórico de Rio Negrinho por ter-nos atendido com invejável dedicação na oportunidade
em que buscávamos informações sobre a referida tora de imbuia objeto da
reportagem de hoje e parabenizamos-lhes pelo belo e importante trabalho que
desenvolvem junto ao Museu Municipal Carlos Lampe. Por hoje é só! Um grande abraço de Celso e outro de
Mariana! Fique com Mamãe e Papai do Céu!
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