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domingo, 26 de agosto de 2012

Personalidades de nossa história: professor, músico e empresário Jorge Zipperer !

Imagem de Jorge Zipperer (foto do acervo do Arquivo Municipal de Rio Negrinho)
Imagem do enterro de Jorge Zipperer no momento em que o cortejo fúnebre se deslocava da sua residência à Igreja Matriz. Na foto se vê uma grande parte dos moradores da então Vila de Rio Negrinho participando do cortejo. (foto do acervo de Iza Jung)
Imagem do enterro de Jorge Zipperer no momento em que o cortejo fúnebre se deslocava da Igreja Matriz em direção ao Cemitério Municipal. Na foto se vê uma grande parte dos moradores da então Vila de Rio Negrinho participando do cortejo. (foto do acervo de Iza Jung)
Imagem do enterro de Jorge Zipperer no momento em que o cortejo fúnebre se deslocava da Igreja Matriz em direção ao Cemitério Municipal. Na foto se vê uma grande parte dos moradores da então Vila de Rio Negrinho participando do cortejo, com destaque ao carro fúnebre, então comumente utilizado. (foto do acervo de Iza Jung)
Jorge Zipperer, escrivão civil no Tribunal da Justiça, coletor estadual, professor de português em escola da Associação das Escolas Alemãs em São Bento, líder de empreendimentos que impulsionaram a modernização do quadro econômico da região e resultaram na criação da tradicional fábrica Móveis Cimo, de Rio Negrinho, músico fundador da banda que, com a sua saída, seria transformada na Banda Treml.
Filho dos imigrantes Josef Zipperer e Anna Maria Pscheidt, neto paterno de Anton Zipperer e Elisabeth Mischeck, e neto materno de Wenzel Pscheidt e Anna Maria Aschenbrenner. Nasceu em São Bento do Sul aos 24.04.1879 e foi batizado no dia 16.05.1879, tendo por padrinhos seus tios Wenceslau e Bárbara Pscheidt. Casou-se civilmente na mesma cidade aos 13.01.1900 (3C-142v) com Maria Schiessl, nascida em São Bento do Sul no dia 24.11.1880, filha de Johann Schiessl e Barbara Simet, neta paterna de Josef Schiessl e Therezia Nagel, e neta paterna de Anna Simet.
Ao terminar os seus estudos, Jorge Zipperer ingressou como aprendiz na casa comercial da firma Cândido Munhoz, em Papanduva, antigo nome da localidade de Trigolândia, em Piên. Ainda com 13 anos de idade, por conselho de seu pai, empregou-se como caixeiro na casa comercial de Pedro da Silva, na localidade de Rio Preto, onde esteve em convivência com brasileiros natos e pôde aprender melhor a língua portuguesa. Lá, Jorge desempenhava atividades como escriturar as compras dos fornecedores e anotar as vendas a prazo para os fregueses.
Em 1896, Jorge Zipperer foi mordido por uma cobra, cuja mordida, naquela época, era em geral fatal. Apesar disso, conseguiu sobreviver. Ao terminar seu aprendizado na casa comercial, Jorge foi escolhido como professor da escola particular localizar na Estrada das Neves, mantida por moradores locais. Sua primeira aula aconteceu no dia 13.04.1896. Já no mês seguinte, aos 04.05.1896, Jorge Zipperer assumia as aulas da escola do centro de São Bento.
No mesmo ano, Jorge iniciou um diário, com breves sentenças sobre as suas atividades diárias. Em geral, passava o dia em trabalhos domésticos, especialmente na roça, e dedicava as horas de lazer às cartas, bilhar, bolão e leitura, além dos bailes. Manteve as anotações até fevereiro de 1898.
Por essa época, se dirigiu ao Rio de Janeiro em busca de emprego. Não encontrando, foi para Petrópolis, onde arrumou emprego como caixeiro na casa comercial de secos e molhados de José de Almeida. Não conseguindo grandes progressos, e pouco recebendo, Jorge voltou ao Rio de Janeiro, onde novamente não conseguiu emprego. Voltou para o sul, tendo se empregado por pouco tempo em Curitiba. Em seguida, foi trabalhar na localidade de Rio Represo, na serraria de Henrique Moeller, que era Juiz de Paz e reconheceu em Jorge a capacidade de desenvolver mais atividades do que as braçais, conseguindo então que ele fosse nomeado escrivão da Coletoria Federal em São Bento, cargo exercido a partir de novembro de 1899. Aos 18.12.1899, o governador Felipe Schmidt nomeou também para o cargo de escrivão da Coletoria Estadual. Jorge permaneceu no cargo até agosto de 1919. Desde 1908 esteve sob os seus cuidados e responsabilidade todo o estoque de selos, livros e caixas.
Depois de casar em 1900 com Maria Schiessl, Jorge construiu no ano seguinte a sua primeira casa, localizada na esquina das ruas Schramm, atual Barão do Rio Branco, e Felipe Schmidt. Posteriormente, construiu outra na Rua Jorge Lacerda.
Em 1901, foi o secretário da comissão organizada para a construção de uma nova Igreja Matriz para a paróquia de São Bento do Sul.
Ainda em tempo de criança, Jorge Zipperer demonstrava gostar de música, tendo aprendido com o colono Kaspar Tauscher a tocar a sanfona que seu pai lhe comprara. Jorge participou da orquestra da Sociedade Harmonia. Por volta de 1903, organizou a sua própria banda de música, tendo entre seus componentes nomes como João Wordell, Hugo Fischer, João Linzmeyer, Guilherme Beckert, Antônio Beckert, João Treml e Miguel Gschwendtner. Em 1910, estavam entre seus companheiros de música nomes como Max Jakusch, Adolfo Weber Júnior, João Treml, Paulo Baum e o irmão Carlos Zipperer. A banda animava especialmente os eventos da Sociedade dos Atiradores, da qual Jorge Zipperer também fazia parte. Quando Jorge se decidiu se mudar para Rio Negrinho por conta dos seus projetos e empreendimentos econômicos, a banda foi entregue a João Treml, que a reformulou e, a partir dela, formou-se a tradicional Banda Treml.
No ano de 1910, Jorge Zipperer foi um dos eleitos para o cargo de Conselheiro Municipal em São Bento do Sul, equivalente ao atual vereador.
Jorge fez com que as notas históricas de seu pai Josef Zipperer, constantes de seu diário, fossem publicadas primeiramente em capítulos semanais o jornal “O Catharinense”, entre agosto de 1913 e janeiro de 1914. O responsável pela redação da narrativa de Zipperer foi Otto Welk, professor primário em Oxford.
Em 1913, Jorge foi um dos fundadores, junto com Willy Jung, de uma serraria e fábrica de caixa de frutas, na localidade de Salto, considerada a gênese da tradicional Móveis Cimo. No começo dos anos 20, Jorge e seu irmão Martim montaram uma fábrica de móveis que, além das caixas de laranja, se dedicava à produção de cadeiras e que passou a projetar casas pré-fabricadas e fornecer madeiramento para quartéis do exército e madeiras variadas para o setor da construção civil.
Ainda no começo daquela década, a fábrica se tornou um empreendimento familiar, comandado por Jorge e com a participação de seus irmãos Martim e Carlos Zipperer, e seus genros Francisco Malinowski e Karl Ricardo Weber. A partir de então, “inicia-se um período de prosperidade e progresso contínuo nas atividades da firma”. (HENKELS, 2007, p. 1).
Depois da morte de Jorge Zipperer, no início de 1944, a empresa incorporou diversas outras, com interesses comerciais afins, e passou a ser conhecida como Cia. Industrial de Móveis S/A – Móveis Cimo, projetando-se como a maior fábrica de móveis da América Latina.
A empresa tinha o monopólio na fabricação de móveis para cinemas e auditórios, e passou a se destacar na produção de móveis escolares e linhas institucionais de escritório, de quarto, salas, etc. Dos membros da família Zipperer, Martim atuava como Diretor Superintendente e seu irmão Carlos era um dos diretores adjuntos. No entanto, a sede oficial da empresa passou para Curitiba e as decisões foram sendo tomadas cada vez mais distantes de Rio Negrinho. Mudanças tecnológicas e crises administrativas levariam à falência da empresa em 1982.
Com Willy Jung, Jorge Zipperer também havia sido proprietário de um armazém de secos e molhados na sede de São Bento. Por volta de 1915, o empreendimento por passado para Andreas Ehrl e o irmão Carlos Zipperer, que alguns anos depois se tornou o único proprietário, e a manteve a casa como ponto tradicional de comercio na cidade.
Em 1938, Jorge Zipperer viajou à terra dos ancestrais da família Zipperer, na Boêmia. Chegou, inclusive, a fazer uma palestra em Neuern com o título “A Emigração dos Boêmios para o Brasil e suas causas”. Em seu discurso, Jorge abordou temas como os motivos que levaram os boêmios a imigrarem, a aquisição de terras no Brasil, e o retorno de Josef Rohbacher à Boêmia para trazer novos imigrantes.
Também relatou episódios como a primeira morte em São Bento, a primeira escola, a primeira compra e o primeiro crime. Em suas anotações para o discurso, constam ainda tópicos sobre plantação e colheita, cobras venenosas, relâmpagos, ataques indígenas, luz elétrica, e outros.
Com seu irmão Martim Zipperer, Jorge forneceu subsídios históricos para que o escritor bávaro Josef Blau escrevesse a obra “Baiern in Brasilien” (1958), que destaca o destino de imigrantes da região ao chegar em solo brasileiro. Ainda por volta de 1928, Jorge Zipperer havia sido nomeado vice-cônsul da Tchecolosváquia.
Jorge Zipperer faleceu no dia 31.01.1944, conforme assento anotado em São Bento do Sul (3FR-54v). Seu esquife foi conduzido ao Cemitério de Rio Negrinho na carroça fúnebre idealizada e conduzida por seu primo Frederico Fendrich.
Em sua homenagem, Jorge recebeu o nome de uma escola e uma rua em Rio Negrinho, além de outra rua em São Bento do Sul.
Tamanha foi a importância de Jorge Zipperer para Rio Negrinho que a cidade escolheu a sua data de nascimento, 24 de abril, para comemorar o aniversário municipal. A sua casa naquela cidade foi transformada no Museu Carlos Lampe. Agradecimentos ao amigo Osny Zipperer.  (Fonte: texto originalmente publicado no Blog São Bento no Passado, de autoria de Henrique Fendrich, a quem apresento meus agradecimentos)