Imagem de Jorge Zipperer (foto do acervo do Arquivo Municipal de Rio Negrinho)
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Jorge Zipperer, escrivão civil no Tribunal da Justiça,
coletor estadual, professor de português em escola da Associação das Escolas
Alemãs em São Bento, líder de empreendimentos que impulsionaram a modernização
do quadro econômico da região e resultaram na criação da tradicional fábrica
Móveis Cimo, de Rio Negrinho, músico fundador da banda que, com a sua saída,
seria transformada na Banda Treml.
Filho dos imigrantes Josef Zipperer e Anna Maria
Pscheidt, neto paterno de Anton Zipperer e Elisabeth Mischeck, e neto materno de
Wenzel Pscheidt e Anna Maria Aschenbrenner. Nasceu em São Bento do Sul aos
24.04.1879 e foi batizado no dia 16.05.1879, tendo por padrinhos seus tios
Wenceslau e Bárbara Pscheidt. Casou-se civilmente na mesma cidade aos 13.01.1900
(3C-142v) com Maria Schiessl, nascida em São Bento do Sul no dia 24.11.1880,
filha de Johann Schiessl e Barbara Simet, neta paterna de Josef Schiessl e
Therezia Nagel, e neta paterna de Anna Simet.
Ao terminar os seus estudos, Jorge Zipperer ingressou
como aprendiz na casa comercial da firma Cândido Munhoz, em Papanduva, antigo
nome da localidade de Trigolândia, em Piên. Ainda com 13 anos de idade, por
conselho de seu pai, empregou-se como caixeiro na casa comercial de Pedro da
Silva, na localidade de Rio Preto, onde esteve em convivência com brasileiros
natos e pôde aprender melhor a língua portuguesa. Lá, Jorge desempenhava
atividades como escriturar as compras dos fornecedores e anotar as vendas a
prazo para os fregueses.
Em 1896, Jorge Zipperer foi mordido por uma cobra, cuja
mordida, naquela época, era em geral fatal. Apesar disso, conseguiu sobreviver.
Ao terminar seu aprendizado na casa comercial, Jorge foi escolhido como
professor da escola particular localizar na Estrada das Neves, mantida por
moradores locais. Sua primeira aula aconteceu no dia 13.04.1896. Já no mês
seguinte, aos 04.05.1896, Jorge Zipperer assumia as aulas da escola do centro de
São Bento.
No mesmo ano, Jorge iniciou um diário, com breves
sentenças sobre as suas atividades diárias. Em geral, passava o dia em trabalhos
domésticos, especialmente na roça, e dedicava as horas de lazer às cartas,
bilhar, bolão e leitura, além dos bailes. Manteve as anotações até fevereiro de
1898.
Por essa época, se dirigiu ao Rio de Janeiro em busca
de emprego. Não encontrando, foi para Petrópolis, onde arrumou emprego como
caixeiro na casa comercial de secos e molhados de José de Almeida. Não
conseguindo grandes progressos, e pouco recebendo, Jorge voltou ao Rio de
Janeiro, onde novamente não conseguiu emprego. Voltou para o sul, tendo se
empregado por pouco tempo em Curitiba. Em seguida, foi trabalhar na localidade
de Rio Represo, na serraria de Henrique Moeller, que era Juiz de Paz e
reconheceu em Jorge a capacidade de desenvolver mais atividades do que as
braçais, conseguindo então que ele fosse nomeado escrivão da Coletoria Federal
em São Bento, cargo exercido a partir de novembro de 1899. Aos 18.12.1899, o
governador Felipe Schmidt nomeou também para o cargo de escrivão da Coletoria
Estadual. Jorge permaneceu no cargo até agosto de 1919. Desde 1908 esteve sob os
seus cuidados e responsabilidade todo o estoque de selos, livros e caixas.
Depois de casar em 1900 com Maria Schiessl, Jorge
construiu no ano seguinte a sua primeira casa, localizada na esquina das ruas
Schramm, atual Barão do Rio Branco, e Felipe Schmidt. Posteriormente, construiu
outra na Rua Jorge Lacerda.
Em 1901, foi o secretário da comissão organizada para a
construção de uma nova Igreja Matriz para a paróquia de São Bento do Sul.
Ainda em tempo de criança, Jorge Zipperer demonstrava
gostar de música, tendo aprendido com o colono Kaspar Tauscher a tocar a sanfona
que seu pai lhe comprara. Jorge participou da orquestra da Sociedade Harmonia.
Por volta de 1903, organizou a sua própria banda de música, tendo entre seus
componentes nomes como João Wordell, Hugo Fischer, João Linzmeyer, Guilherme
Beckert, Antônio Beckert, João Treml e Miguel Gschwendtner. Em 1910, estavam
entre seus companheiros de música nomes como Max Jakusch, Adolfo Weber Júnior,
João Treml, Paulo Baum e o irmão Carlos Zipperer. A banda animava especialmente
os eventos da Sociedade dos Atiradores, da qual Jorge Zipperer também fazia
parte. Quando Jorge se decidiu se mudar para Rio Negrinho por conta dos seus
projetos e empreendimentos econômicos, a banda foi entregue a João Treml, que a
reformulou e, a partir dela, formou-se a tradicional Banda Treml.
No ano de 1910, Jorge Zipperer foi um dos eleitos para
o cargo de Conselheiro Municipal em São Bento do Sul, equivalente ao atual
vereador.
Jorge fez com que as notas históricas de seu pai Josef
Zipperer, constantes de seu diário, fossem publicadas primeiramente em capítulos
semanais o jornal “O Catharinense”, entre agosto de 1913 e janeiro de 1914. O
responsável pela redação da narrativa de Zipperer foi Otto Welk, professor
primário em Oxford.
Em 1913, Jorge foi um dos fundadores, junto com Willy
Jung, de uma serraria e fábrica de caixa de frutas, na localidade de Salto,
considerada a gênese da tradicional Móveis Cimo. No começo dos anos 20, Jorge e
seu irmão Martim montaram uma fábrica de móveis que, além das caixas de laranja,
se dedicava à produção de cadeiras e que passou a projetar casas pré-fabricadas
e fornecer madeiramento para quartéis do exército e madeiras variadas para o
setor da construção civil.
Ainda no começo daquela década, a fábrica se tornou
um empreendimento familiar, comandado por Jorge e com a participação de seus
irmãos Martim e Carlos Zipperer, e seus genros Francisco Malinowski e Karl
Ricardo Weber. A partir de então, “inicia-se um período de prosperidade e
progresso contínuo nas atividades da firma”. (HENKELS, 2007, p. 1).
Depois da morte de Jorge Zipperer, no início de 1944, a
empresa incorporou diversas outras, com interesses comerciais afins, e passou a
ser conhecida como Cia. Industrial de Móveis S/A – Móveis Cimo, projetando-se
como a maior fábrica de móveis da América Latina.
A empresa tinha o monopólio na
fabricação de móveis para cinemas e auditórios, e passou a se destacar na
produção de móveis escolares e linhas institucionais de escritório, de quarto,
salas, etc. Dos membros da família Zipperer, Martim atuava como Diretor
Superintendente e seu irmão Carlos era um dos diretores adjuntos. No entanto, a
sede oficial da empresa passou para Curitiba e as decisões foram sendo tomadas
cada vez mais distantes de Rio Negrinho. Mudanças tecnológicas e crises
administrativas levariam à falência da empresa em 1982.
Com Willy Jung, Jorge Zipperer também havia sido
proprietário de um armazém de secos e molhados na sede de São Bento. Por volta de
1915, o empreendimento por passado para Andreas Ehrl e o irmão Carlos Zipperer,
que alguns anos depois se tornou o único proprietário, e a manteve a casa como
ponto tradicional de comercio na cidade.
Em 1938, Jorge Zipperer viajou à terra dos ancestrais
da família Zipperer, na Boêmia. Chegou, inclusive, a fazer uma palestra em
Neuern com o título “A Emigração dos Boêmios para o Brasil e suas causas”. Em
seu discurso, Jorge abordou temas como os motivos que levaram os boêmios a
imigrarem, a aquisição de terras no Brasil, e o retorno de Josef Rohbacher à
Boêmia para trazer novos imigrantes.
Também relatou episódios como a primeira
morte em São Bento, a primeira escola, a primeira compra e o primeiro crime. Em
suas anotações para o discurso, constam ainda tópicos sobre plantação e
colheita, cobras venenosas, relâmpagos, ataques indígenas, luz elétrica, e
outros.
Com seu irmão Martim Zipperer, Jorge forneceu subsídios
históricos para que o escritor bávaro Josef Blau escrevesse a obra “Baiern in
Brasilien” (1958), que destaca o destino de imigrantes da região ao chegar em
solo brasileiro. Ainda por volta de 1928, Jorge Zipperer havia sido nomeado
vice-cônsul da Tchecolosváquia.
Jorge Zipperer faleceu no dia 31.01.1944, conforme
assento anotado em São Bento do Sul (3FR-54v). Seu esquife foi conduzido ao
Cemitério de Rio Negrinho na carroça fúnebre idealizada e conduzida por seu
primo Frederico Fendrich.
Em sua homenagem, Jorge recebeu o nome de uma escola e
uma rua em Rio Negrinho, além de outra rua em São Bento do Sul.
Tamanha foi a
importância de Jorge Zipperer para Rio Negrinho que a cidade escolheu a sua data
de nascimento, 24 de abril, para comemorar o aniversário municipal. A sua casa
naquela cidade foi transformada no Museu Carlos Lampe. Agradecimentos ao amigo Osny Zipperer. (Fonte: texto originalmente publicado no Blog São Bento no Passado, de autoria de Henrique Fendrich, a quem apresento meus agradecimentos)
Muito bom, parabéns!
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